quinta-feira, 22 de setembro de 2016

DOENÇAS E PRAGAS DA AMORA




+DOENÇAS E PRAGAS DA AMOREIRA


Uma das principais doenças da cultura é a antracnose [(Elsinoe veneta (Burkh) Jenkins, fase imperfeita Sphaceloma necator (Elis e Everh.)], podendo levar à morte das hastes de frutificação (TRAVIS & RYTTER, 1991).Outra doença bastante importante na cultura é chamada de enrosetamento (Cercosporella rubi (G. Wint) Plakidas), que ataca cultivares eretas e decumbentes, sendo limitante para o gênero Rubus. Os sintomas são o aparecimento de rosetas que podem resultar numa mudança de fenótipo da planta, provocando redução de produção, da qualidade das frutas e em casos severos, até a morte da haste (SMITH & FOX, 1991).Nas condições do Rio Grande do Sul, foi verificada a presença de ferrugem nas folhas e podridões causadas por Botrytis nas frutas, além da incidência de ácaros e lagartas que causam enrolamento das folhas (BASSOLS, 1980; RASEIRA et al., 1984).Segundo MOORE et al. (1974 a,b), as cultivares Cherokee e Comanche são moderadamente resistentes à antracnose causada por Elsinoe veneta veneta, não sendo observado a ocorrência de ferrugem (Kunkelia

Doenças fúngicas

Estudos relacionados à ocorrência de doenças fúngicas em amoreira-preta são importantes na identificação e controle das mesmas. Porém ainda, os estudos sobre as doenças que ocorrem nessa cultura são muito incipientes, tornando necessários trabalhos de levantamento e monitoramento dos problemas fitossanitários, que podem ou poderão ocasionar perdas na produção dessas fruteiras. 

A melhor estratégia de controle de doenças está na prevenção, evitando a sua introdução em uma área com histórico de problemas. Como a cultura da amoreira-preta ainda é pouco difundida no Brasil, o trabalho de prevenção de doenças se torna mais fácil. 

Uma vez feita a identificação, foram feitas propostas de controle, baseadas em informações de outras culturas que apresentem problemas similares ou iguais, determinando a melhor estratégia de manejo para a redução dos danos provocado pela doença. 
Materiais vegetais apresentando sintomas foram coletados de caules, folhas, flores e frutos de variedades de amoreira-preta e amoreira nativa.
Os principais gêneros de fungos identificados foram:



Cultura
Parte da Planta
Fungo
amoreira-pretafolhaTrichoderma sp
florAspergillus spp
Trichoderma sp
frutoBotrytis sp
cauleAlternaria sp
Amoreira nativafolhaPestalotia sp
frutoColletotrichum spp
cauleAlternaria sp
amoreira-preta sem espinhofolhaBotrytis sp
Pestalotia sp
florTrichoderma sp
Botrytis sp
frutoColletotrichum spp
caulePestalotia sp




Fontes dos materiais coletados no Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Embrapa Clima Temperado.
Sintomas, comportamento e controle dos fungos encontrados:

Alternaria spp:

Sintomas: no caule, lesões e manchas concêntricas pardas; nas folhas, estas lesões e manchas podem chegar a 2 cm de diâmetro; nas flores causam necroses florais e deformações (Figura 1, 2, 3 e 4).
Comportamento: a disseminação do patógeno é feita pelas sementes, pelo vento e mudas. Pode sobreviver em restos de cultura e em vários hospedeiros. Se desenvolve em temperaturas entre 2 e 36 ºC, com um ótimo em torno de 28 ºC. Em condições ótimas, o ciclo se desenvolve em cerca de 5 dias.
Controle: até o presente momento não há resultados de pesquisa que permitam a recomendação de medidas adequadas para o seu controle.

Aspergillus spp:

Sintomas: presença de esporulação preta pulverulenta de fácil remoção. Sintoma tipo mancha (Figura 5 e 6).
Comportamento: a infecção da planta pode ocorrer no transporte ou durante o armazenamento, pelo contato entre os frutos, pelo manuseio, por ferimentos mecânicos ou por disseminação dos esporos por corrente de ar. Umidade e temperatura elevadas favorecem o crescimento e a disseminação do fungo.
Controle: redução de injúrias durante as operações de colheita, classificação, armazenamento. Embalagem e transporte; armazenamento em locais com boa aeração; manter o local de armazenamento limpo e sanitizado, à baixa temperatura e umidade relativa.

Botrytis sp:

Sintomas: os frutos podem ser afetados em qualquer estágio de desenvolvimento. No início, a podridão se apresenta como mancha de tamanho variável, de cor marrom claro, com uma consistência mole, mas não aquosa, que evolui rapidamente por todo fruto apodrecendo-o completamente. Este, finalmente se apresenta seco e firme, recoberto com um bolor cinzento, constituído por conidióforos e conídios do fungo. Eventualmente, os frutos podem se tornar mumificados. O fungo afeta também outras partes da planta com características semelhantes (Figura 7 e 8).
Comportamento: é um agente patogênico que causa podridões em várias espécies vegetais. É um parasita facultativo que pode se desenvolver saprofiticamente em restos de matéria orgânica, onde forma escleródios e micélio dormente que lhe permite sobreviver às condições desfavoráveis. Os conídios do fungo, formados na superfície dos fungos, são facilmente disseminados dentro da cultura, pelo vento. As melhores condições para o aparecimento da doença são de alta umidade e temperatura ao redor de 20ºC.
Controle: recomenda-se o plantio em locais e épocas não sujeitos a cerrações (neblina).

Colletotrichum spp:

Sintomas: mancha necrótica, preta, deprimida, com os bordos ligeiramente elevados e apresentando, sob condições favoráveis, os acérvulos do fungo. Estes produzem grande massa de conídios que podem ser vistos, macroscopicamente, como uma massa de coloração rósea. A mancha necrótica, inicialmente pequena, desenvolve-se rapidamente no sentido longitudinal do órgão e mais lentamente no transversal.
Comportamento: o fungo esporula, em condições favoráveis, na superfície das lesões, dando grande quantidade de inóculo dentro da cultura. Temperaturas mais elevadas parecem favorecer o desenvolvimento do agente. Este fungo é causador da doença conhecida como antracnose.
Controle: durante a produção de frutos, deve-se tomar os mesmos cuidados para o controle das podridões de frutos (antes da colheita: no campo; após a colheita: durante a comercialização).

Pestalotia sp:

Sintomas: caracterizado por pequenas manchas necróticas, quase circulares quando distribuídas no limbo foliar (por isso o nome da doença causada pela Pestalotia se chamar Mancha Foliar), e maiores, quando localizadas no ápice e bordo das folhas. As manchas são de coloração pardo-acinzentada, com bordo mais escuro em relação à parte central. Os frutos afetados apresentam lesões necróticas escuras e deprimidas. Sua disseminação é feita, principalmente, pelo vento, insetos e respingos de chuva (Figura 9, 10 e 11).
Comportamento: favorecido por regiões com umidade elevada e alta temperatura. Controle: espaçamento adequado, exposição da área, podas, retirada e enterrio de frutos, queima de ramos podados.

Rhizopus sp:

Sintomas: os tecidos afetados apresentam-se com coloração marrom, macios ao tato e encharcados, ocorrendo ainda a formação abundante de um micélio branco apresentando pontos escuros.
Comportamento: sua importância se dá no processo de comercialização, onde o fungo pode depreciar o produto. A infecção e a deterioração são extremamente influenciadas por condições ambientais durante o transporte e o armazenamento. A infecção geralmente ocorre em umidade relativa de 75 a 85%. Uma atmosfera mais seca inibe o fungo.
Controle: evitar ferimentos durante as operações de colheita, classificação, armazenamento, embalagem e transporte, separando e descartando os frutos contaminados. Efetuar a limpeza e sanitização dos ambientes onde são realizadas as operações pós-colheita, bem como as embalagens, fazendo uso de detergentes e sanitizantes específicos. Controlar a temperatura e a umidade, pois baixa umidade e temperatura no ambiente onde são armazenadas as frutas, diminui sensivelmente a ocorrência da doença. 

Trichoderma sp:

É um fungo saprofítico em solo ou madeira, muito comum, algumas espécies são relatadas como parasitas de outros fungos, por isso usadas como controle biológico.



Insetos pragas e seu controle


Dentre os fatores que comprometem a produção de amora-preta na região Sul do Brasil destacam-se os insetos-praga. No entanto, a implementação do Manejo Integrado de Pragas nesta cultura ainda não é possível devido a carência de trabalhos com informações sobre a entomofauna dos pomares, tanto sobre insetos-praga quanto inimigos naturais; informações sobre bioecologia; estabelecimento de formas de monitoramento e níveis de controle, estudos sobre manejo e métodos de controle.
Desta forma, as alternativas disponíveis aos produtores e técnicos para o manejo de pragas tornam-se restritas e baseadas no conhecimento prático, com poucas informações geradas pela pesquisa. No caso do controle químico, embora em outros países existam vários iseticidas autorizados, no Brasil todo uso é ilegal.
Neste capítulo, constam informações sobre as principais pragas da amoreira-preta, visando auxiliar os técnicos e produtores na identificação das espécies e no estabelecimento de estratégias de manejo.

Broca-da-amora - Eulechriops rubi Hespenheide, 2005 (Coleoptera: Curculionidae).

Descrito recentemente, este curculionídeo é conhecido pelos produtores como broca-da-amoreira. Seu surgimento como praga da cultura se deve provavelmente à implantação de pomares em novas áreas, usadas anteriormente com campo nativo. É considerada a principal praga da cultura na região dos Campos de Cima da Serra, comprometendo significativamente a produção.
Descrição: Os adultos medem cerca de 3mm de comprimento e possuem coloração preta com manchas brancas e marrons. A larva do tipo curculioniforme possui coloração esbranquiçada e cabeça distinta do corpo, com coloração geralmente marron (Figura 1).

Bioecologia: No campo, os adultos podem ser visualizados principalmente na face abaxial das folhas da amoreira, onde se alimentam deixando pontos que necrosam e formam numerosos orifícios circulares (Figura 2).

A reprodução é sexuada dos insetos, e não apresentam horário específico para acasalamento. Após a cópula a fêmea deposita os ovos nos tecidos das plantas (postura endofítica) de forma individualizada, em locais tenros como inserção de folíolos e brotações novas. Neste local, a larva eclode e inicia sua alimentação, causando o amarelecimento das folhas. Este sintoma pode ser facilmente confundido com a senescência natural das folhas (Figura 3). 

Ao se alimentar, a larva se dirije em direção a haste principal onde permanece até a emergência do adulto, que abre um orifício circular no lenho possibilitando sua saída e completando o ciclo biológico.
A presença dos adultos no campo começa a ser observada nas plantas na fase de floração (outubro), estendendo-se até março. Durante o inverno, as larvas se refugiam no interior dos ramos do ano, que serão responsáveis pela produção na próxima safra, em restos culturais deixados no pomar. Este fato dificulta o manejo da praga e permite ao inseto sobreviver durante o inverno.
Dano: A formação das galerías nos ramos destrói os tecidos internos da planta, dificultando a translocação de seiva. As plantas crescem com menos vigor e os ramos começam a secar, culminando com a morte da planta (Figura 4). É na fase de larva que a praga causa o maior dano à planta, pela abertura de galerias que percorrem o interior da haste em sentido descendente (Figura 5). As galerias são resultante da alimentação e deslocamento das larvas. Não foi observado ataque do inseto nas raízes.

Monitoramento e manejo: O monitoramento da praga no pomar deve ser realizado através da observação da presença de galerias nas hastes, ou de adultos na face abaxial de folhas jovens. Não há nível de controle estabelecido para a praga. Porém devido ao potencial de dano, recomenda-se o manejo quando o inseto for observado nos pomares.
Uma das principais medidas indicada para o controle é a realização da poda pós-colheita, retirada dos ramos do local e posterior queima deste material, com a finalidade de reduzir a população da praga. Outro fator importante para diminuir o dano é a realização de adubação adequada, aumentando o vigor das plantas.
Os inseticidas químicos malationa, fenitrotiona, clorpirifós e deltametrina tiveram seu efeito avaliado em laboratório, através de pulverização sobre adultos, proporcionando um controle acima de 90%. No entanto, quando aplicados em pomares comerciais, devido à dificuldade para atingir os insetos adultos, que se abrigam sob as folhas e às larvas, protegidas dentro das hastes, o emprego dos inseticidas não foi eficaz.
Uma medida importante na implementação dos pomares é a utilização de mudas procedentes de viveiros que utilizem materiais vegetativos de pomares sem a presença da praga. 
Em casos de alta infestação, uma medida drástica que pode ser adotada é a colheita antecipada e roçada total da área, com eliminação do material cortado. Desta forma, ocorre uma redução da fonte de inócuo e a planta neste mesmo ano emitirá novos ramos para a produção do ano seguinte com menor infestação.

Mosca-das-frutas sul-americana - Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830) (Diptera: Tephritidae)

As variedades de amoreira-preta cultivadas atualmente são resultado de um processo de melhoramento vegetal, e os frutos quando maduros, apresentam características como alto teor de açúcar, baixa acidez e elevada presença de aroma. Desta forma, os frutos maduros tornam-se atrativos à mosca-das-frutas, sendo Anastrepha fraterculus a espécie mais comum associada à amoreira-preta. O ataque desta praga tem aumentado nos últimos anos causando grandes perdas na produção.
Descrição:
Os adultos são vistosos medindo cerca de 8 mm de comprimento, coloração amarelada e asas maculadas (Figura 6). Os ovos são postos no interior dos frutos, são fusiformes, levemente curvados e de coloração branca. Geralmente são postos de 1 a 3 ovos por cavidade. As larvas são do tipo vermiforme, ou seja, ápodas, com coloração branco-amarelada. As pupas desenvolvem-se no solo.

Dano: O principal dano causado é devido à oviposição realizada nos frutos. Neste local, ocorre extravasamento do líquido, escurecimento e apodrecimento, o que inviabiliza o consumo. 
Além disso, quando a amora-preta é colhida contendo larvas de mosca, estas tendem a deslocar-se para a superfície no fruto em baixas temperaturas (câmaras-frias de transporte, por exemplo). A presença das larvas pode comprometer não só o produto onde estão presentes, mas também toda a carga, principalmente quando destinado ao mercado internacional.
Monitoramento e manejo: O monitoramento pode ser realizado por meio de armadilhas bola contendo suco de uva ou proteína hidrolisada (5%) como atrativo (Figura 7). Caso não haja disponibilidade de tais armadilhas, estas podem ser confeccionadas pelo produtor com garrafas PET perfuradas.
Ao se constatar a presença de mosca-das-frutas nas armadilhas, uma das medidas de controle é a utilização de isca tóxica na vegetação que circunda os pomares. A isca deve ser preparada com proteína hidrolisada a 5% associada a um inseticida fosforado. A isca é aplicada com gotas grossas, principalmente nos troncos das árvores e vegetação que circunda o pomar.
A principal medida para o manejo da mosca nos pomares é a prevenção, ou seja, a realização da colheita dos frutos na idade fisiológica recomendada e nas primeiras horas do dia, considerando que o ataque se dá em frutos muito maduros presentes no pomar. 
Em anos chuvosos, a atenção deve ser maior, pois os frutos tornam-se mais sensíveis ao rompimento, devido à maior umidade, o que aumenta a atratividade para as moscas. Além disso, o mau tempo pode dificultar a colheita e aumentar o número de frutos muito maduros no pomar.
Outra medida indicada é aplicação de cálcio com o objetivo de tornar a epiderme do fruto mais resistente, diminuindo assim a ocorrência do extravasamento natural da polpa devido ao excesso de líquido presente no fruto.

Besouros desfolhadores

Neste grupo de insetos destacam-se Maecolaspis spp. (Coleoptera: Chrysomelidae) e Diabrotica speciosa (Germar, 1824) (Coleoptera: Chrysomelidae).
Descrição: D. speciosa é um pequeno coleóptero de coloração verde, com três manchas amarelas em cada élitro, o que lhe confere o nome vulgar pelo qual também é conhecida, “brasileirinho”. Possui em média 5-6mm de comprimento e cabeça de cor castanha (Figura 8). A fêmea põe cerca de 420 ovos que se desenvolvem em 6 a 8 dias. As larvas possuem corpo vermiforme (fino e alongado) com cabeça e escudo anal marrons. Atingem até 12mm de comprimento quando completamente desenvolvidas e passam por três ínstares (Figura 9).
O gênero Maecolaspis compreende várias espécies, sendo que as mais comuns associadas à cultura da amoreira-preta sãoMaecolaspis trivialis (Boheman, 1858) e Maecolaspis aenea (Fabricius, 1801). Os adultos são pequenos besouros de aproximadamente 7-8 mm de comprimento, com coloração verde-metálica brilhante nos élitros e azul escuro brilhante no protórax.
Bioecologia:
A fêmea de D. speciosa realiza postura no solo em fendas ou junto às raízes. Cerca de 13 dias após a postura eclodem as larvas, que também se desenvolvem no solo.
Dano:
Tanto D. speciosa quanto Maecolaspis são insetos polífagos de importância econômica em várias culturas. Na amoreira, o dano é causado pelos adultos que ao se alimentarem das folhas (Figura 10) causam destruição do limbo foliar e, conseqüentemente, redução da área fotossintética da planta. Mesmo sendo característica da planta o alto vigor, em ataque intenso tais insetos podem causar prejuízos consideráveis. Não há registro das larvas atacando as raízes da planta, como ocorre em outras culturas.

Monitoramento e Manejo: Para o monitoramento e manejo de D. speciosa podem ser utilizadas armadilhas contendo o atrativo cucurbitacina. As armadilhas podem ser confeccionadas com garrafa plástica (PET) transparente, descartável, fazendo perfurações de 0,5 cm de diâmetro em toda garrafa, com distância de 2 cm entre furos, preservando apenas a parte do fundo da garrafa com 5 cm de altura. Coloca-se no fundo da garrafa água com detergente, para a captura dos insetos que entrarem na armadilha. O atrativo pode ser adquirido em saches e pendurado no lado de fora da armadilha (Figura 11).

Formigas Cortadeiras

As formigas cortadeiras, tanto as saúvas ( Atta spp.) quanto as quenquéns ( Acromyrmex spp.), são pragas importantes para a cultura na fase de implantação do pomar. Neste período, quando as mudas são transplantadas e o solo permanece descoberto devido ao preparo, em poucas horas o ataque das formigas pode consumir completamente a reduzida área foliar das plantas.
Bioecologia
São insetos sociais, que vivem em formigueiros subterrâneos constituídos de câmaras e galerias. Cortam as partes verdes das plantas e as transportam até o interior dos ninhos, onde as utilizam como substrato para o desenvolvimento de determinados fungos, utilizados para a alimentação da colônia.
Monitoramento e manejo
Algumas espécies de quenquéns têm o hábito de forragear à noite, não deixando trilha que leve até os ninhos como fazem as saúvas. Estas formigas são mais facilmente controladas quando se localiza o ninho, porém, muitas vezes, como os mesmos não estão acompanhados dos montículos de terra, torna-se difícil a aplicação de formicidas de forma localizada. Desta forma, o monitoramento deve ser realizado através de observações diárias do produtor, verificando a presença de formigas, trilhas, plantas danificadas ou formigueiros.
Dentre os principais métodos de controle de formigas, destacam-se as iscas formicidas e o emprego de inseticidas em pó. As iscas formicidas (Tabela 1) devem ser utilizadas diretamente da embalagem, distribuindo os grânulos ao lado dos carreiros, próximo aos olheiros. A aplicação deve ser realizada com tempo seco para evitar que ocorra degradação dos grânulos devido à umidade. As iscas não devem ser armazenadas com outros produtos químicos nem tocadas diretamente com as mãos, sob o risco de perda de atratividade (formiga não carrega). Os inseticidas em pó (Tabela 1) devem ser aplicados diretamente nos ninhos, através de insufladores.
Passado este período inicial, quando a cobertura vegetal já está estabelecida e as plantas adquirem porte maior, não é mais observado o ataque de formigas aos pomares de amora.




Tabela 1: Inseticidas empregados no controle de formigas cortadeiras.
Ingrediente Ativo
Nome Comercial
Dose
Formulação
Sulfluramida Mirex SS=8-10g/m2 formigueiro
Isca
QQ=10-12g/formigueiro
 FluramimS=6-10g/m2 formigueiro
Isca
QQ=10-30g/formigueiro
 Formicida Gran.Dinagro-SS=6-10g/m2 formigueiro
Isca
 Formicida Gran.Pikapau-SS=6-10g/m2 formigueiro
Isca
 Isca Formicida Atta Mex-SS=6-10g/m2 formigueiro
Isca
 Isca Tamanduá Bandeira-SS=6-10g/m2 formigueiro
Isca
Fipronil BlitzS=10g/m2; QQ=5g/form.
Isca
Clorpirifós Isca Formicida LandrinQQ=8-10g/formigueiro
Isca
 Isca Formicida PyrineusS=5-10g/m2 formigueiro
Isca
 Isca FormifosS=10g/m2 formigueiro
Isca
Deltametrina K-Othrine 2 PS e QQ=10g/m2 formigueiro

S = Saúva 

QQ = Quem Quem 

Ácaros
Os ácaros fitófagos são pragas importantes de várias culturas. Nas pequenas frutas, destacam-se o ácaro-branco [Polyphagotarsonemus latus (Banks, 1904)] (Figura 12) e o ácaro-rajado [ Tetranychus urticae (Koch, 1836)] (Figura 13). Embora não existam relatos de ataque intenso de ácaros por parte dos produtores da região, levantamentos sistemáticos em pomares de amora-preta no município de Ilópolis, RS, comprovaram a presença de ácaros fitófagos em maior proporção em relação aos predadores.
Descrição:
As fêmeas do ácaro-branco são brancas ou amareladas, não tecem teia e apresentam 4 pares de pernas, sendo o quarto par atrofiado. Medem cerca de 0,2 mm de comprimento. Os machos são menores e o quarto par de pernas termina em uma clava, servindo para auxiliá-los a carregar as pupas de fêmeas. Os ovos medem cerca de 0,1 mm de comprimento, são esbranquiçados, com manchas brancas e pegajosos. Dos ovos eclodem as larvas, com três pares de pernas e de coloração branco-leitosa. No final da fase, as larvas permanecem em repouso, estágio de pupa.
O ácaro rajado produz teia aonde realiza a postura entre os fios na página inferior das folhas. Os ovos são esféricos e de tonalidade amarelada. As fêmeas possuem duas manchas verde-escuras no dorso, uma de cada lado. Existe um acentuado dimorfismo sexual, sendo as fêmeas ovaladas e os machos com a extremidade posterior do abdome mais estreita.
Bioecologia: O ciclo biológico (ovo-adulto) do ácaro branco varia de 4 a 7 dias e o seu desenvolvimento é favorecido nos períodos mais quentes e úmidos do ano. Para o ácaro rajado, o ciclo biológico dura em média 20 dias e prefere períodos mais secos. Devido ao seu hábito característico, há o aparecimento de manchas avermelhadas nos locais opostos aos das colônias, que vivem na página inferior das folhas.
Controle: Embora não haja muitos problemas com altas populações de ácaros fitófagos, é importante atentar para a preservação das populações de ácaros predadores presentes nos pomares, de forma a garantir o equilíbrio, evitando que ácaros fitófagos atinjam níveis que causem prejuízos à cultura. Este equilíbrio pode ser facilmente comprometido por aplicações excessivas de inseticidas e fungicidas prejudiciais às espécies predadoras. Caso a população aumente e cause dano econômico, recomenda-se a aplicação de acaricidas específicos (registrados).

Nematoides fitoparasitas

Apesar da grande rusticidade da amoreira-preta a doenças e pragas, esta cultura é afetada por algumas espécies de fitonematoides como o nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.), o nematoide-das-lesões (Pratylenchus sp.) e o nematoide-adaga (Xiphinema spp.) os quais podem limitar a produção (Rich, 2006).
O gênero Meloidogyne pode causar danos em Rubus spp., especialmente em solos arenosos. Plantas infectadas pelo nematoide apresentam engrossamento (galhas) nas raízes, o que diferencia de um sistema radicular sadio. No Brasil, são relatadas as espécies M. incognita (Lordello & Lordello, 1991) e M. hapla associado a galhas nas raízes possivelmente causadas por Agrobacterium (Rossi & Ferraz, 2005a) no estado de São Paulo. Entretanto não há registro de perdas nos locais onde o nematoide foi detectado.
Danos decorrentes do ataque P. vulnus e P. penetrans no gênero Rubus são freqüentemente registrados em países como os EUA e na Europa (Nyczepir & Halbrendt, 1993). Porém, no Brasil, não há registro destas espécies na amoreira-preta. Uma vez que as raízes são infectadas por Pratylenchus spp., ao se alimentar, o nematoide locomove-se nos tecidos causando necroses, apodrecimentos e, conseqüentemente, o declínio da mesma (Rich, 2006). Em, levantamento nematológico realizado no Rio Grande do Sul, Gomes et al. (2006) verificaram a presença de níveis populacionais de 70-80 nematoides/10g de raízes de amoreira-preta cv. Tupy para P. zeae e P. jordanensis, respectivamente. Diante desses resultados, os autores ressaltam a falta de informação e a necessidade de estudos relacionados à patogenicidade e à resistência genética a diferentes espécies de Pratylenchus na cultura.
Algumas espécies de Xiphinema também podem parasitar a amoreira-preta. Diferentes viroses recentemente detectadas nesta frutífera são transmitidas pelo nematoide-adaga e podem causar redução significativa do crescimento e produção (Martin et al., 2004). O Tomato ringspot nepovirus (ToRSV) ataca muitas espécies de plantas perenes, causando drásticas reduções na produtividade, sendo considerado uma praga de impacto econômico e ambiental para várias culturas. Na amoreira-preta causa perdas na produção que podem chegar em até 80% (CABI, 2000). Apesar do ToRSV ser classificado como uma praga exótica (Marinho et al, 2006) esse vírus é transmitido por X. americanum (BROWN et al. 2004) que está amplamente disseminado no Rio Grande do Sul (Sperandio, 1992), Estado que apresenta maior área cultivada com amora no país.
Em estudo recente realizado no Brasil, Rossi & Ferraz, (2005b) detectaram a presença de X. elongatum em São Paulo. Conforme BROWN et al., (2004), esta espécie pode transmitir Raspberry Ringspot e Tomato Black Ring, que são viroses associadas ao gênero Rubus. Portanto, medidas preventivas no sentido de evitar o plantio de amoreira-preta infectado com estas viroses podem restringir contaminações futuras, especialmente pela produção de mudas em local infestado com o nematoide.
Outros fitonematoides como Mesocriconema xenoplax, Discocriconemella degrissei e Scutellonema brachyurus (Rossi & Ferraz, 2005a; Rossi & Ferraz, 2005b) foram relatados em amora-preta no Brasil, entretanto não foram descritas evidências de danos causados por estas espécies no referido hospedeiro.
Por ser uma cultura perene, as medidas de controle de nematoides empregadas devem ser eminentemente preventivas, sendo iniciadas já na instalação do pomar, após análise nematológica do solo para implantação das mudas (livres de nematoides). Esta prática é recomendada tanto para nematoides-praga que já existem em território nacional (nematoide das galhas e das lesões), quanto para pragas exóticas, caso de várias espécies de Xiphinema que podem ser transmissoras de algumas viroses potencialmente danosas à cultura da amoreira-preta.



6 comentários:

  1. Adorei o Blog,muito bem ilustrado!Minha amoreira apresenta as folhas com queimaduras marrons nas pontas,ela cresceu bastante,nao ha acaros colchonilha nem pulgão. Ja esta dando flor,mas as tais manchas progridem...Por favor alguem pode me ajudar?Tenho uma varanda linda com Roma,Pitanga,acerola,goiaba e minha amora custou a pegar e agora esta crescida!abs
    helenise

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    1. A queimadura marrom nas pontas das folhas podem ser em decorrência de deficiência nutricional de potássio.

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  2. Adorei o bolg,queria uma ajuda minha amoreira tem as folhas com queimaduras marrons nas pontas.O que pode ser? Nao ha pulgoes nem larvas,so estas manchas que prejudicam a planta.grata
    Helenise

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  3. Adorei o bolg,queria uma ajuda minha amoreira tem as folhas com queimaduras marrons nas pontas.O que pode ser? Nao ha pulgoes nem larvas,so estas manchas que prejudicam a planta.grata
    Helenise

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  4. Adorei o bolg,queria uma ajuda minha amoreira tem as folhas com queimaduras marrons nas pontas.O que pode ser? Nao ha pulgoes nem larvas,so estas manchas que prejudicam a planta.grata
    Helenise

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  5. Adorei o bolg,queria uma ajuda minha amoreira tem as folhas com queimaduras marrons nas pontas.O que pode ser? Nao ha pulgoes nem larvas,so estas manchas que prejudicam a planta.grata
    Helenise

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