sábado, 15 de agosto de 2015

Alternativas para a propagação do Araçá-Boi



A espécie Eugenia stipitata, conhecida popularmente como araçá-boi, é uma arbórea nativa da Amazônia, que está sendo introduzida na agricultura moderna, devido ao potencial de comercialização de seus frutos. Embora sua propagação convencional não apresente grandes problemas, os métodos biotecnológicos de produção de mudas podem incrementar sua produção, em termos quantitativos e qualitativos. Trata-se de uma fruteira da familia Myrtaceae originada da Amazônia Peruana, usualmente cultivada no Brasil, Peru e Bolívia. A planta é um arbusto de três a cinco metros de altura e ramificação densa. O fruto é uma baga globosa, com casca fina, cor amarelo-canário quando maduro, e aveludada, pesando de 50 a 800 g, diâmetro longitudinal de 5 a 10 cm e transversal de 5 a 12 cm. A polpa é suculenta, amarelo-clara, pouco fibrosa, ácida, porém com sabor e aroma agradáveis. As sementes, em número de 6 a 12 por fruto, são oblongas, com 2,5 cm de comprimento. O período entre a fecundação e a maturação dos frutos é de cerca de 34 dias.
A acidez do fruto do araçá-boi limita seu consumo in natura, mas sua polpa apresenta grande potencial na agroindústria para a fabricação de suco concentrado, sorvete, doces e geléias. Produz mais de 23 t/ha com manejo adequado em solos pobres, com uma razão polpa/descarte de 63-85%. Seu sabor e aparência são atraentes para os mercados internacionais e conferem-lhe grande potencial para o processamento. Algumas características tendem a facilitar o desenvolvimento deste cultivo na Amazônia: a existência de tecnologia agronômica e de industrialização, a precocidade da produção, a alta produtividade de frutos e a alta proporção de polpa nos frutos, bem como a adaptação das plantas a solos ácidos e pobres.
A propagação é geralmente feita através de sementes, as quais são abundantes nos frutos. Estas têm seu máximo poder germinativo aos dez dias após extraídas de frutos completamente maduros. Dada a precocidade do araçá-boi para iniciar a produção, não se justifica sua propagação por enxerto em termos de ganho de tempo. Porém, quando se deseja a propagação clonal, a partir de ecotipos selecionados por sua produtividade, o enxerto pode ser de grande utilidade.
Atualmente, a biotecnologia tem sido utilizada para viabilizar a propagação de mudas de espécies vegetais em larga escala e em curto espaço de tempo, sendo importante para as culturas de ciclo relativamente longo. O melhoramento de espécies cujo potencial genético ainda não foi explorado pode ser viabilizado ou acelerado através da utilização de técnicas da cultura de tecidos vegetais. Além disso, a cultura de tecidos pode clonar variedades melhoradas, que possuam pouco material e necessitem ser propagadas rápida e massivamente, com a finalidade de produção de mudas. A manutenção da qualidade genética, através da clonagem de indivíduos selecionados e a precocidade da produção são algumas das possibilidades apresentadas pela cultura de tecidos vegetais. A seguir, são apresentadas algumas alternativas com potencial para a propagação in vitro do araçá-boi:
- Cultura de anteras: o cultivo de anteras é uma ferramenta importante no melhoramento, pois possibilita a obtenção de linhas homozigotas em curto espaço de tempo. A obtenção de plantas puras em gerações segregantes acelera o processo de obtenção de novos cultivares em vários anos. As plantas haplóides, possuidoras da metade do número de cromossomos característico da espécie, ficam livres dos problemas de dominância e recessividade.
- Proliferação de gemas axilares: este método de micropropagação envolve o isolamento de órgãos meristemáticos pré-formados e a quebra da dominância apical com a aplicação de citocinina no meio de cultura. O explante pode ser uma brotação, contendo uma ou mais gemas (regiões meristemáticas) ou a própria gema, individualizada. Trata-se de um método relativamente simples e é indicado para espécies lenhosas.
- Indução de gemas adventícias: gemas adventícias podem ser formadas diretamente, a partir de tecidos que apresentam potencial morfogenético (como câmbio vascular, base de pecíolo em dicotiledôneas, base de folhas e escamas em bulbos de monocotiledôneas), ou indiretamente, a partir de calos. Neste caso, as multiplicações sucessivas podem dar-se pela subdivisão do calo e manutenção de um sistema adventício, ou pela alteração do processo para a proliferação axilar.
- Embriogênese somática: também pode ser direta ou indireta. A maioria dos sistemas de embriogênese somática ocorre pela via indireta, onde calos embriogênicos são induzidos e mantidos ao longo da multiplicação. A grande vantagem deste método é que grandes quantidades de embriões podem ser formados com um mínimo de manipulação e espaço físico de laboratório. A desvantagem é a possibilidade de se introduzir no processo uma variabilidade genética indesejável.
As possibilidades aqui apresentadas são especulações. O estabelecimento de um sistema de propagação efetivo depende de estudos laboratoriais que validem este sistema. A Embrapa Rondônia está implantando um Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais, onde serão estudadas perspectivas alternativas para a propagação de espécies nativas, visando à valorização da biodiversidade regional.





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Um comentário:

  1. Ganhei uma fruta pequena, com apenas duas semntes, congelda.
    A semnte congelada é viável?
    Quantos dias leva para a germinação?
    Posso planta-las incialmente em vaso bem pequeno (como os de violeta)?
    A fruta é maravilhosa. Fiz uma geleia que lembra em muito os doces de marmelo, à exceção da cor. anizaura@yahoo.com.br

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