quarta-feira, 22 de julho de 2015

Cultura do Bacuri



Nome científico : Platonia insignis
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malpighiales
Família: Clusiaceae
Gênero: Platonia
Espécie: Platonia insignis

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A Platonia insignis é uma árvore nativa da Amazônia que tem como principal consumidor e produtor o estado do Pará. Sua madeira, bastante resistente e utilizada em construções e na fabricação de móveis, faz com que Paragominas (PA) seja um pólo madeireiro da região. 
Esta planta, típica de áreas abertas e clareiras, atinge aproximadamente 35 metros de altura e 1 m de diâmetro. Dos ferimentos da casca de seu tronco, o látex aparece. Este, de cor amarelada, é utilizado como cola e também como emplasto para o tratamento de eczema, herpes e outras doenças cutâneas. 
Possui folhas grandes, rígidas e brilhantes. Sua flor é de cor vermelha, rosa ou branca. Ela dá origem a um fruto oval do tipo baga, com casca espessa, cor amarelada e polpa branca. 
Este, conhecido por “bacuri” ou “landirana”, só forma após dez anos de existência da planta. Possui sabor ácido e adocicado e é rico em fósforo, cálcio, ferro e vitamina C. Bastante apreciado na culinária na forma de sorvetes, licores, tortas, geléias, dentre outros produtos, é digestivo, diurético e cicatrizante. Seu nome, em tupi, significa: "o que cai logo que amadurece" – e é por este motivo que o fruto é colhido somente quando é desprendido naturalmente da árvore. 
Cada bacuri possui de um a cinco sementes, de cor amarronzada. Destas, óleo e farelo protéico podem ser extraídos. O primeiro é utilizado na medicina tradicional como antiinflamatório, cicatrizante e para tratamento de doenças cutâneas.


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OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DO BACURIZEIRO


É o fruto do bacurizeiro, árvore frondosa, geralmente com até 35 metros de altura, magnífica quando coberta de flores róseas ou, raramente, brancas. 

Folhas grades, rígidas, verdes, lisas e brilhantes. 
Flores róseas e avermelhadas. 
Frutos tipo baga, de forma oval, de casca resinosa cor amarelada. Polpa esbranquiçada, muito saborosa, com uma ou duas sementes 
Fructificação de dezembro a avril. Apanham-se os frutos depois da queda das folhas. 
O Bacuri é, em geral, pouco maior que uma laranja graúda. Tem casca grossa e resinosa de cor amarelada. Dentro encontramos duas a três sementes grandes, revestidas de polpa branca perfumada. 
Seu uso é muito variado, com presença marcante em refrescos, sorvetes, licores, geléias, tortas, cremes, bolos, recheios, mousses, balas e inúmeros outros doces saborosos.
O bacurizeiro é espécie frutífera promissora, devido as amplas possibilidades que apresenta como planta de uso múltiplo (madeira e fruto), podendo vir a se constituir, em breve, em nova alternativa de cultura perene para a Amazônia. A ocorrência e a distribuição geográfica do bacurizeiro, apresentadas neste trabalho, baseiam-se em grande parte nos levantamentos sobre vegetação efetuados pela Comissão Executora do Projeto Radambrasil, por levantamentos em herbários, além de informações em inventários florísticos contidos na literatura. O objetivo deste trabalho foi registrar a distribuição geográfica do bacurizeiro, visando a estudos de disponibilidade genética e coleta de material para definir procedimentos adequados para seu cultivo e conseqüente redução de pressão sobre as populações nativas. Não existem dúvidas sobre a origem amazônica do bacurizeiro, sendo encontrado, no início do século vinte, tanto na margem esquerda como na margem direita do Rio Pará, abundante na costa sudeste da ilha do Marajó, onde se constitui em árvore característica das matas marginais. Em toda a Amazônia, a área de maior concentração da espécie é o estuário do Rio Amazonas. Do Estado do Pará, dispersou-se em direção ao nordeste do Brasil, alcançando os cerrados e chapadões dos Estados do Maranhão e Piauí. Na direção sul, a dispersão atingiu os Estados de Tocantins e Mato Grosso, chegando a romper as fronteiras do Brasil. Na direção norte, atingiu o Estado do Amapá, ocorrendo também, embora de forma rara, no Estado do Amazonas. 

Termos para indexação: dispersão, frutífera nativa, população, Platonia insignis Mart .
O bacurizeiro (Platonia insignis Mart.) é espécie arbórea nativa da Amazônia, sendo seu provável centro de diversidade genética o Estado do Pará (Cavalcante, 1996). Os frutos dessa espécie pelo sabor e aroma peculiar, são bastante utilizados para elaboração de suco, sorvete, creme, doce, compota ou mesmo consumidos in natura pela população da Amazônia e de parte do Nordeste do Brasil, particularmente nos Estados do Maranhão e Piauí, onde é também encontrado em estado nativo (Figura 1).



O fruto do bacurizeiro ocupa posição de destaque na preferência dos consumidores de Belém, enquadrando-se, juntamente com o açaí, cupuaçu, pupunha, abacaxi e a graviola, como os de maior aceitação dentre os frutos nativos da Amazônia (Cavalcante, 1996). Na Amazônia brasileira a polpa congelada de bacuri atinge o mais alto preço, independentemente da época do ano, quando comparada com produto similar de outras frutas tropicais. Não obstante, a produção de frutos é decorrente, na quase totalidade, de atividade extrativista, sendo raros os pomares com essa espécie. Tal fato é devido às dificuldades de propagação, ao longo período de juvenilidade da planta, que pode alcançar mais de 10 anos para o início da frutificação, especialmente quando propagada por sementes, e ao baixo rendimento de polpa. No início da década de 40, Pesce (1941) já chamava a atenção para o fato de que a planta não era cultivada, devido ao seu desenvolvimento demorado, conquanto, já naquela época, os frutos eram muito procurados pelas fábricas de doces, bem como consumidos pela população.



Embora a espécie Platonia insignis seja mais conhecida como planta frutífera, o bacurizeiro também apresenta madeira com boa característica físico-mecânica e multiplicidade de usos, podendo ser utilizada na fabricação de móveis, caibros, ripas, estacas, dormentes, embalagens pesadas e tacos (Loureiro et al., 1979; Mainieri & Loureiro, 1964; Mainieri & Chimelo, 1989; Paula & Alves, 1997). Convém ressaltar que, no pólo madeireiro de Paragominas-PA, segundo Lisboa et al. (1991), o volume de madeira serrada dessa espécie, no final dos anos 80, superava aos de outras essências florestais bem mais conhecidas, tais como o marupá (Simaruba amara), a andiroba (Carapa guianensis) e o acapu (Vouacapoua americana).



Além das possibilidades como planta frutífera e madeireira, as sementes podem ser utilizadas para extração de óleo, dando ainda como subproduto, farelo, com 16% de proteína (Pesce, 1941). O aproveitamento, tanto do óleo como do farelo, ainda necessita de pesquisas que definam procedimentos adequados para a remoção da substância resinosa presente nas sementes, que conferem ao óleo extraído a coloração escura, e ao farelo, sabor um tanto quanto amargo. Nos últimos anos, o bacurizeiro tem sido freqüentemente citado como espécie promissora, pelas amplas possibilidades que apresenta como espécie de uso múltiplo (Prance, 1992; Moraes et al., 1994; Villachica et al., 1996), podendo vir a se constituir, em breve, em nova alternativa de cultura perene para a Amazônia. Para tanto, é necessário que se intensifiquem os trabalhos de pesquisa concernentes à coleta e avaliação de germoplasma, métodos de propagação, sistemas reprodutivo, técnicas de cultivo e processamento do fruto, de tal forma que culminem com a domesticação da espécie. O objetivo do trabalho foi de registar a distribuição geográfica do bacurizeiro, visando a estudos de disponibilidade genética e coleta de material para definir procedimentos adequados para o seu cultivo e conseqüente redução da pressão sobre as populações nativas.



Na concepção de Huber (1904), não existem dúvidas sobre a origem amazônica do bacurizeiro, assinalando ainda que, no início do século vinte, era encontrado tanto na margem esquerda como na margem direita do Rio Pará, sendo abundante na costa sudeste da ilha do Marajó, onde se constitui em árvore característica das matas marginais e dos tesos e campos altos. Cavalcante (1996) postulava a origem paraense, pelo fato de que, em toda a Amazônia, a área de maior concentração da espécie é o estuário do Rio Amazonas, com ocorrência mais acentuada na microrregião do Salgado e na ilha do Marajó, principalmente na microrregião do Arari. Nesses locais, o bacurizeiro prolifera em tal intensidade, formando maciços, que praticamente domina a fisionomia da paisagem, chegando, em alguns casos, a ser considerada invasora de difícil erradicação, haja vista sua notável capacidade de regeneração, tanto a partir de sementes como por brotação de raízes (Calzavara, 1970; Cavalcante, 1996). A regeneração a partir de brotações de raízes é particularmente exuberante após a derrubada da planta-mãe, em alguns casos, após a derrubada simultânea de diversas árvores, as brotações chegam a cobrir completamente a superfície do solo.



Do Estado do Pará, segundo Cavalcante (1996), dispersou-se em direção do nordeste do Brasil, alcançando os cerrados e chapadões dos Estados do Maranhão e do Piauí, onde também forma povoamentos relativamente densos. Na direção sul, a dispersão atingiu o Paraguai. Na direção norte o Estado do Amapá, a Guiana Francesa, o Suriname e a Guiana, ocorrendo também, embora de forma rara, no Estado do Amazonas.
Na distribuição proposta por Cavalcante (1996), alguns pontos merecem consideração especial, particularmente no que concerne à presença da espécie no Paraguai e a não- consideração de áreas onde é encontrada em estado nativo. Estudos efetuados nas cartas elaboradas pela Comissão Executora do Projeto Radambrasil, em herbários, em levantamentos florísticos efetuados em diversas regiões da Amazônia, indicam dispersão bem mais ampla, chegando a atingir os Estados de Roraima e Acre, não sendo tão inexpressiva a ocorrência no Estado do Amazonas (Brasil, 1975; 1977). Nesses locais, o bacurizeiro é encontrado em áreas de floresta densa, com densidade muito inferior a um indivíduo por hectare, o que é comum quando a espécie ocorre em floresta primária. Considerando-se os locais em que efetivamente há registro de ocorrência da espécie em estado espontâneo, pode-se admitir a distribuição geográfica apresentada na Figura 2.
O bacurizeiro é predominantemente encontrado na mesorregião Nordeste Paraense, sendo particularmente abundante nas microrregiões do Salgado, Bragantina e Cametá e mais raramente nas microrregiões de Tomé-Açu e Guamá; na mesorregião Marajó, é mais freqüente na microrregião Arari. Embora em abundância, na mesorregião Nordeste Paraense, as plantas encontram-se mais dispersas, com densidade de 50 a 100 indivíduos adultos por hectare. Já na mesorregião Marajó, é freqüentemente encontrada formando populações densas, geralmente com número de indivíduos adultos entre 100 e 200 ou até mais por hectare. Nas microrregiões do Salgado, Bragantina, Cametá e Arari, o bacurizeiro ocupa predominantemente áreas próximas ao ecossistema de campos naturais (Calzavara, 1970).



Na mesorregião metropolitana de Belém, a ocorrência é maior nas ilhas de Outeiro, Mosqueiro e Barcarena. Nesses locais, as plantas de bacurizeiro ocorrem predominantemente em áreas de vegetação aberta de transição (Cavalcante, 1996), enquanto nas mesorregiões do baixo Amazonas (microrregião de Santarém) e sudeste paraense (microrregião Tucuruí e Paragominas), é encontrado em áreas de floresta densa.
Na Amazônia brasileira, a dispersão atingiu os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Roraima e Tocantins. Nos quatro primeiros Estados, a ocorrência é sempre em áreas de floresta primária e com reduzidíssimo número de indivíduos por hectare. No Estado de Tocantins, a espécie Platonia insignis é encontrada tanto em áreas de floresta primária quanto em floresta secundária. Nesse último caso, é encontrada formando aglomerados, particularmente nos municípios de Araguatins, Tocantinópolis, Luzinópolis, Darcinópolis, Maurilândia e Cachoeirinha, todos no norte do Estado (Brasil , 1977).
Na direção da região nordeste do Brasil, a dispersão alcançou os Estados do Maranhão e do Piauí. No primeiro Estado, ocorre nas áreas limítrofes aos Estados do Tocantins, entre os municípios de Carolina e Imperatriz, acompanhando o curso dos rios Tocantins e Pará e continuando no curso do Rio Gurupi. Também é encontrada no município de São Luís e na região mais ao leste do Estado, particularmente nos municípios de Mirador, Matões, Timo, Caxias, Aldeias altas e Coelho Neto dentre outros. No Estado do Piauí, a distribuição do bacurizeiro está limitada à região norte do Estado, ocorrendo com maior freqüência nos municípios de Luizilândia, Batalha, Barras, Matias Olímpio e Campo maior. Em muitos sítios de ocorrência do bacurizeiro, ou em áreas próximas, nos Estados do Piauí e principalmente do Maranhão, são encontradas outras espécies da Hiléia Amazônica, em particular dos táxons Cecropia, Cedrela, Copaifera, Dipteryx, Genipa, Lecythis, Parkia e Schizolobium (Brasil, 1975, 1977).
Nos Estados do Ceará e de Pernambuco, são encontrados alguns exemplares de Platonia insignis isolados, particularmente nas serras úmidas (Braga, 1976; Guimarães et al., 1993), mas provavelmente não são produtos de dispersão natural e, sim, de introduções efetuadas por nordestinos que, durante o ciclo da borracha, dirigiram-se para a Amazônia e, ao retornarem, levaram sementes ou mudas de algumas espécies dessa região. Tal afirmativa é baseada no fato de que, nesses dois Estados, particularmente no Ceará, os indivíduos encontrados estão isolados, normalmente em áreas com forte ação antrópica, convivendo com outras espécies nativas da Amazônia, como, por exemplo: o cacaueiro (Theobroma cação L.), a pupunheira (Bactris gasipaes Kunth) e a seringueira (Hevea brasiliensis), e mesmo com espécies exóticas cultivadas na Amazônia, como é o caso do abricoteiro (Mammea americana L.) e da pimenteira-do-reino (Piper nigrum L.).

Rompendo as fronteiras do Brasil, o bacurizeiro é encontrado, embora de forma rara, na Amazônia peruana, venezuelana, colombiana e na Guiana Francesa. Com relação à ocorrência no Paraguai, não há registros que comprovem a presença da espécie, tanto em estado nativo como cultivado, podendo-se admitir que, na direção sul, a dispersão atingiu somente o Estado do Mato Grosso, onde são encontrados diminutos números de indivíduos, nas margens do Rio Guaporé, conforme constatou Macedo (1995), havendo também o registro em herbário de coleta de material botânico no município de Poconé (MT). No Paraguai, ocorre uma espécie que também recebe a denominação de bacuri, mas trata-se de uma Arecaceae, com denominação científica de Attalea phalerata (Lorenzi et al., 1996). De acordo com o mapa de tipos climáticos da Amazônia, citado por Bastos (1982), o bacurizeiro concentra-se principalmente em regiões com tipos climáticos Ami (clima de transição entre Afi e Awi, com estação seca de dois a três meses, porém com precipitação pluviométrica igual ou superior a 2.000 mm anuais) e clima Awi (com nítida estação seca de cinco a seis meses, e precipitação pluviométrica anual inferior a 2.000 mm), embora ocorrendo em pequena concentração em clima Afi (precipitação pluviométrica anual superior a 2.000 mm) , segundo a classificação de Köeppen.
Até o início da década de 80, essa Clusiaceae foi considerada espécie com riscos mínimo de erosão genética, tendo em vista a característica de emitir abundantes brotações de raízes, mesmo após a derrubada da planta-mãe. No entanto, já no final da década de 80 e início da década de 90, a utilização do bacurizeiro com finalidade madeireira começou a colocar em risco seu patrimônio genético. Além disso, em áreas onde se concentram importantes populações de bacurizeiros, a atividade da pecuária tem impedido a regeneração natural das plantas, tanto pelo pisoteio quanto pelo pastejo das brotações oriundas de raízes. Mais recentemente, a expansão da área urbana de cidades situadas nas regiões litorâneas dos Estados dos Pará e Maranhão, onde a espécies ocorre formando maciços quase homogêneos, é outro fator que tem contribuído para o comprometimento da variabilidade genética do bacurizeiro. A coleta, a conservação ex situ e a avaliação de germoplasma constituem-se em atividade essencial para resguardar o patrimônio genético e para subsidiar programas de melhoramento que levem a sua completa domesticação.



CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DE UM TIPO DE BACURI SEM SEMENTES

Efetuou-se a caracterização física e química de um tipo de bacuri sem sementes proveniente de uma planta estabelecida em população nativa, no município de Vigia, Pará, Brasil. Os frutos foram coletados após desprenderem-se, naturalmente, da planta-mãe e caracterizados quanto aos seguintes aspectos: peso, comprimento, diâmetro, coloração e formato do fruto, espessura da casca e rendimentos percentuais (p/p) de casca, polpa e do conjunto representado pela coluna placentária e óvulos abortados. Para a polpa, determinaram-se os teores de umidade e de sólidos solúveis totais (°Brix), o pH, a acidez total titulável e a relação sólidos solúveis totais/acidez total titulável. O bacuri sem sementes analisado apresentou tamanho diminuto, com peso médio de 89,24g, casca espessa, formato ovalado e epicarpo de cor amarela, quando completamente maduro. Os rendimentos percentuais de casca, polpa e da porção óvulos abortados mais coluna placentária foram: 81,66%, 18,13% e 0,21%, respectivamente. A polpa apresentou baixo teor de sólidos solúveis totais (10,2°B) e acidez total titulável de 1,12%. Essas características indicam que esse tipo de bacuri tem pouco valor, tanto para o consumo como fruta fresca, como para utilização industrial. 

INTRODUÇÃO

O bacurizeiro (Platonia insignis Mart.) é uma espécie madeireira e frutífera nativa da Amazônia oriental brasileira (Cavalcante, 1996). Os frutos dessa Clusiaceae têm grande aceitação nas áreas de ocorrência natural da espécie, principalmente no Estado do Pará, que se constitui no maior produtor e principal consumidor. Estimativas indicam que somente na cidade de Belém-PA, são comercializados, anualmente, sete milhões de frutos, com valor total de U$ 1,61 milhão (Shanley, 2000).
O bacuri é uma baga uniloculada, com formato arredondado, ovalado ou achatado (Cavalcante, 1996; Guimarães et al., 1992) e peso médio de 257,9g, 326,0g e 346,3g, respectivamente, para frutos oriundos dos Estados do Maranhão, Piauí e Pará (Mourão, 1992; Santos, 1982; Guimarães et al., 1992). Alguns tipos produzem frutos bem maiores, com peso superior a 1.000g (Calzavara, 1970). O número de sementes por fruto, geralmente, varia de um a cinco, com média de 2-4 sementes (Villachica et al., 1996; Carvalho et al., 1998). Em casos raros, são encontrados frutos contendo seis sementes (Mourão, 1992) ou desprovidos de sementes (Calzavara, 1970).
Em termos percentuais, a maior parte do bacuri é representada pelo epicarpo e mesocarpo, popularmente denominado de casca, sendo as sementes o segundo componente. A polpa, que corresponde ao endocarpo (Mourão, 1992), é o componente que ocorre em menor proporção. Resultados obtidos em amostras de frutos de tipos com sementes, oriundos de diversas matrizes, mostraram valores médios para os rendimentos percentuais de casca, polpa e sementes variando entre 63,0% e 75,0%; entre 9,7% e 17,3%; e entre 13,0% e 26,0%, respectivamente (Pesce, 1941; Calzavara, 1970; Barbosa et al., 1979; Guimarães et al., 1992; Alcoforado et al., 1996; Santos, 1982; Cruz, 1988; Teixeira, 2000).
A ocorrência de bacuri sem sementes foi primeiramente assinalada por Calzavara (1970), que identificou, na ilha de Marajó, uma planta que produzia frutos partenocárpicos, sem, no entanto, caracterizá-los, salientando, apenas, que o formato era arredondado. Moraes et al. (1994) afirmam que o rendimento percentual de polpa do bacuri sem sementes situa-se entre 20% e 21%, enquanto Souza et al. (2000) relatam que os frutos são de tamanho diminuto, com casca espessa e reduzida quantidade de polpa.
Este trabalho teve por objetivo efetuar a caracterização física e físico-química de um tipo de bacuri sem sementes, oriundo de uma planta estabelecida em uma população natural, no município de Vigia-PA. Os frutos foram coletados no mês de junho de 2000, após desprenderem-se naturalmente da planta-mãe e caracterizados cinco dias após a coleta.
A caracterização física foi efetuada em uma amostra de 50 frutos, considerando-se as seguintes variáveis: peso, comprimento, diâmetro, coloração e formato do fruto, espessura da casca e rendimentos percentuais de casca, polpa e do conjunto representado pela coluna placentária e óvulos abortados.
As características químicas da polpa foram determinadas em amostra retirada dos 50 frutos utilizados na etapa de caracterização física. Foram consideradas as seguintes variáveis: teor de umidade, pH, acidez total titulável, sólidos solúveis totais e a relação sólidos solúveis totais / acidez total titulável.
O teor de umidade da polpa foi determinado pelo método de estufa a 1053°C, com base em duas subamostras de 10 g, expressando-se o resultado em base úmida. As leituras de pH e teor de sólidos solúveis foram efetuadas, respectivamente, em potenciômetro, previamente calibrado com os padrões 4 e 7, e em refratômetro de mesa. Para essas duas determinações, a polpa foi previamente diluída em água na proporção de 1:3 (p/v), multiplicando-se, no caso do teor de sólidos solúveis total, o valor da leitura por quatro. A acidez total titulável foi quantificada em duas subamostras de 5 g de polpa diluída com 50 ml de água, pelo método titulométrico com solução de NaOH a 0,1N fatorada, usando como indicador solução de fenolftaleína a 1%.
O tipo de bacuri sem sementes analisado apresentou características físicas bem diferentes da maioria dos tipos com sementes, principalmente no que concerne ao tamanho e peso dos frutos, que são bem menores. O peso médio dos frutos foi de apenas 89,24 g, com limites mínimo e máximo de 52,04 g e 129,61 g (Tabela 1), enquanto nos tipos com sementes o peso dos frutos é quase sempre superior a 180 g (Mourão, 1972; Santos, 1982; Guimarães et al., 1992) podendo, em alguns genótipos, atingir até 1.000g (Calzavara, 1970).




 A ausência de sementes teve pouco significado no incremento do rendimento de polpa que foi de apenas 18,13%, valor este bem próximo ao relatado por Moraes et al. (1994) para frutos com essa característica. Esse rendimento de polpa pode ser considerado baixo, pois alguns tipos de bacuri com sementes apresentam rendimento semelhante ou até mesmo muito superior, em alguns genótipos atingindo valor de 30% (Guimarães et al., 1992; Teixeira, 2000).
Considerando-se que, em média, a participação percentual do conjunto polpa e sementes representa cerca de 30,3% do peso do fruto, teoricamente, poder-se-ia esperar que o rendimento de polpa no bacuri sem sementes atingisse esse valor. Para o tipo analisado, tal fato não foi verificado, em função de a casca ser bastante espessa, principalmente em relação ao tamanho do fruto (Tabela 1), o que implica pequeno volume da cavidade interna. Enquanto, nos tipos com sementes, a participação relativa da casca, na composição do fruto, varia entre 63,0% e 75,0% (Pesce, 1941; Calzavara, 1970; Barbosa et al., 1979; Guimarães et al; 1992; Alcoforado et al., 1996; Santos, 1982; Cruz, 1988; Teixeira, 2000), no bacuri sem sementes, essa participação foi bem maior, atingindo valor de 81,66%.Em todos os frutos, foram observados resquícios de óvulos abortados, de coloração marrom-escura, quase preta, na maioria dos casos de tamanho diminuto e aderidos à porção basal da coluna placentária (Figura 1a). Em alguns frutos, essas estruturas apresentavam integumentos ligeiramente desenvolvidos, com comprimento de 1,3 cm e largura de 0,3cm (Figura 1b). Os óvulos abortados, juntamente com a coluna placentária, representaram, em média, apenas 0,21% do peso do fruto (Tabela 1).




 O fruto apresentou formato ovalado (Figura 1) e epicarpo de cor amarela uniforme, quando completamente maduro. O formato, diferente do relatado por Calzavara (1970), sugere a existência de mais de um tipo de bacuri sem sementes, pois essa característica é bastante uniforme em frutos oriundos de um mesmo genótipo e constitui-se em caráter com forte componente genético (Mourão, 1992). Convém ressaltar, ainda, que todos os frutos produzidos pela planta eram desprovidos de sementes, ao contrário do observado por Souza et al. (2000) em bacurizeiros de populações nativas da região Meio-Norte do Brasil que, embora produzindo predominantemente frutos sem sementes, também desenvolviam frutos com sementes, estes sempre de maior tamanho.
Os valores de pH e acidez total titulável (Tabela 2) foram semelhantes aos encontrados para a polpa de tipos de bacuri com sementes (Barbosa et al., 1979; Santos, 1982; Guimarães et al., 1992), embora, em relação à acidez total titulável, Cruz (1988) e Teixeira (2000) tenham registrado valores bem menores na polpa de frutos procedentes dos Estados do Maranhão e Piauí, respectivamente.


 O teor de sólidos solúveis totais na polpa e a relação sólidos solúveis totais / acidez total titulável foram baixos (Tabela 2). Muitos tipos de bacuri com sementes apresentam polpa com teor de sólidos solúveis superior a 15°Brix, em alguns casos atingindo até 21°Brix e relação sólidos solúveis totais/acidez total titulável superior a 20 (Santos, 1982; Guimarães et al., 1992; Teixeira, 2000).
O tipo de bacuri sem sementes analisado tem pouco valor tanto para o consumo e fruta fresca, como para utilização agroindustrial, pois os frutos são de tamanho diminuto, com casca espessa e polpa com baixo teor de sólidos solúveis totais.




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