sábado, 22 de abril de 2017

Cultura da Fruta Pão (Artocarpus altílis)




Aspectos gerais:
Originária da Indomalásia (Java ou Sumatra) ou da Malásia; o fruto é base alimentar para povos ilhéus da Polinésia (Oceano Pacifico). Além de fruteira é tida como ornamental.
Seu nome cientifico é Artocarpus altílis (Parks) Fosberg, Moraceae, Dicotyledonae; duas variedades destacam-se: Apyrena - cujo fruto não tem sementes, é chamada fruta-pão de massa e Seminifera - cujo fruto possui sementes, é chamada fruta-pão de caroço.

  • A fruta-pão é árvore que vive 80 anos; alcança 25-30m. de altura tem copa relativamente frondosa com folhas grandes e recortadas de cor verde escura, flores amareladas e frutos globosos com 20-25 cm. de diâmetro e 1-3 Kg de peso.
  • Desenvolve-se bem em clima tropical úmido - preferencialmente em regiões baixas e chuvosas. No Brasil pode ser cultivado desde São Paulo ao Pará sendo muito encontrado em pomares de quintais do litoral dos estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.


Usos:
A polpa do fruta-pão de massa é rica em calorias, carboidratos, água, vit. B1, B2, C, cálcio, fósforo, ferro e tem baixo teor de gorduras. Industrialmente a polpa foi aproveitada como fruta seca e farinha panificável além de fonte para extração do amido e de farinha granulada semelhante ao "sagu". Em uso caseiro a polpa - quase madura - pode ser cozida, assada, transformada em purê ou cortada em fatias consumidas fritas (como a batatinha) com manteiga, mel ou melaço. Cortada em fatias (de 50-10 mm de espessura) secas ao sol ou em fornos a polpa é usada para o preparo de raspas ou crueiras ou aparas e de farinhas que, misturadas à farinha de trigo, podem compor o pão caseiro. Madura a polpa é aproveitada na fabricação de doces.
Sementes - As sementes do fruta-pão de caroço podem ser consumidas assadas, torradas, ou fervidas em água e sal; outrossim possibilitam a extração de farinha alimentícia bastante nutritiva. Em alguns estados brasileiros usa-se as sementes - em substituição ao feijão - para preparar guisados e ensopados. As sementes são consumidas, facilmente, pelo gado em geral.
Árvore - O gado consome facilmente as folhas e muitas vezes casca do tronco de plantas jovens. Ramos novos macerados liberam fibras empregadas na fabricação de cordas e esteiras.
A madeira, de cerne amarelado que passa a castanho após cortada, é resistente a insetos, é fácil de trabalhar, é utilizada na fabricação de forros, portas, instrumentos musicais e marcenaria; também produz carvão utilizável no preparo da pólvora.
O látex - do fruto e do tronco - por sua viscosidade, é utilizado para capturar pássaros, para fabricação de colas e em associação com fibras, usado para calefetar barcos.
Uso medicinal - A farmacopéia popular tem utilizado:
Raiz: como antidiarréica; seu cozimento torna-a útil contra reumatismo, beribéri e entorpecimento de pernas dos humanos
Flores novas (frescas) são emolientes e base de conserva acídula e comestível.
Polpa do fruto reduzida a pasta quente é supurativo para tumores e furúnculos.
Sementes são tônico para estômago e rins. Látex usado como cicatrizante de feridas.


Necessidades da planta:
A fruta-pão gosta de sol, requer clima tropical úmido, temperatura média anual em 25ºC, chuvas anuais ao redor de 1.500 mm - bem distribuídos - umidade relativa do ar entre 75% e 80%. A planta é sensível a longos períodos de seca, portanto, em locais sujeitos à seca deve-se plantar o fruta-pão próximo a aguadas ou rios. Solos devem ser férteis, com bom teor de matéria orgânica, profundos, bem drenados, não sujeitos a encharcamentos.


Variedade com sementes: logo após retiradas dos frutos as sementes devem ser lançadas em canteiros de 1 m de largura e 20 cm de altura cujo leito contenha mistura bem peneirada de terra vegetal e cinza de madeira - proporção 2:1 são necessários 4 Kg de sementes - 560 unidades - para semeio de 1 m2 de sementeira em filas contínuas de 4 cm de profundidade e 5 cm de espaçamento entre elas. Quando as plantinhas alcançarem 5-10 cm de altura são colocadas em sacolas - 18 x 30 - de polietileno cheias com mistura de terra vegetal, esterco de curral curtido, areia e cinza - proporção 4:2:1:1 - e mantidas sob meia sombra.
Variedades sem sementes: reproduzida por brotações ou rebentos das raízes ou por pedaços (estacas) de raízes. Estes materiais só devem ser retirados da planta em dias de chuvosos.
Brotações: retiradas das raízes devem ser "encanteiradas" - sob sombra - no solo em embalagens - sacos de polietileno 20 x 30 - previamente cheias com mistura recomendada para sementeira.
Estacas: estaquia de raízes (método de Wester, Filipinas).
Em local a meia sombra preparar canteiro com mistura de areia grossa e terriço - 1:1 -; retirar a estaca - com 20 cm de comprimento e 1,2 a 6 cm de diâmetro - de planta vigorosa e sadia. Abrir sulcos nos canteiros, colocar estaca - com parte mais grossa para cima - inclinada deixando 4-6 cm para fora da terra; já bem enraizada a estaca é transferida para sacola de polietileno - 20 x 30 - cheia com mistura para sementeira. Após bom desenvolvimento de raízes e folhas a muda estará pronta e apta ao plantio em local definitivo.

Plantio:
Espaçamento 8 x 8 m a 10 x 10 m, cova com dimensões de 50 x 50 x 50 cm. Com antecipação de 25 dias ao plantio encher a cova com terra de superfície misturada a 15 litros de esterco mais 300 g de superfosfato simples e 500 g de calcário dolomitico (este no fundo da cova); retirar invólucro da embalagem da muda colocá-la na cova (nivelando superfície do torrão da muda com o solo), comprimir bem a terra em volta e irrigar com 20 litros de água. Colocar cobertura morta em torno da muda por dois anos.


Tratos culturais e fitossanitários:
Nos dois primeiros anos efetuar capinas em "coroamento" e roçar a área restante sem retirar as raízes da erva; na época seca do ano podar ramos secos e doentes. No período chuvoso adubar, em cobertura, dose anual dividida em três parcelas - planta/vez após a capina e no "coroamento" - do 1º, 2º 3º e 4º ano com fórmula 12:12:12 com 100 g, 150 g, 200 g e 300 g, respectivamente, adicionados de 15 litros de esterco/ano e 100 g de calcário/ano. A partir do 5º ano utilizar mistura 15:15:15 aplicando 300-600 g por planta/ano adicionadas de 200 g de calcário/ano e 15 l. de esterco/ano.
As pragas são representadas por cochonilhas, brocas e pulgões (sem danos econômicos); a doença que preocupa é a podridão das raízes que acontece em solos encharcados e pode matar a planta.

Colheita:
Início entre 3º e 5º ano de vida; para a fruta-pão de massa; o momento de colheita é indicado quando a casca torna-se amarelada e começa a exsudar seiva leitosa e o fruto produz som "fofo" quando nele se bate. Fruto com semente simplesmente cai ao chão. Os frutos conservam-se bem sob clima ambiente e podem ser transportados a longas distâncias.



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