Pragas
A ameixeira européia apresenta basicamente duas pragas economicamente importantes: grafolita e moscas-das-frutas.
Grafolita ou broca-dos-ponteiros (Grapholita molesta - Lepidoptera: Tortricidae)
A grafolita (Figura 1) é uma das mais importante praga da ameixeira européia. O dano ocorre tanto nos ponteiros quanto em frutos. O ataque em ponteiros afeta principalmente plantas em formação enquanto que em plantas adultas esse dano apenas reduz o crescimento. Em frutos o ataque da praga ocorre principalmente até o período de início da maturação.
Fig. 1. Adulto de grafolita.
Foto: Hokko S.A.
Monitoramento
O monitoramento é efetuado com armadilhas Delta utilizando como atrativo o feromônio sexual sintético numa distribuição de uma armadilha para 5 ha e pelo menos, duas armadilhas na área monitorada.
A troca do feromônio deve ser feito cada 30 dias e o piso adesivo quando este perder a adesividade.
As avaliações (leituras) das armadilhas devem ser efetuadas duas vezes por semana, contando os exemplares, anotando em planilha e retirando do piso adesivo os insetos presos.
Controle
Controle Caseiro
O controle pode ser feito através da técnica da confusão sexual ou da aplicação de inseticidas.
Uso de confusão sexual
É uma técnica que utiliza o ferônomo sexual sintético em alta concentração na área (pomar) impedindo o acasalamento, reduzindo a multiplicação da praga.
Atualmente, está disponível no mercado esse feromônio para o controle de grafolita em áreas comerciais. A aplicação deve ser realizada no início da segunda geração da praga. Requer cuidados especiais em relação a disperção de fêmeas grávidas de outras áreas (pomares vizinhos ou pomares caseiros). Controle Químico
O controle químico é recomendado quando se observar uma captura média de 20 machos/armadilha/semana. Quando o nível populacional estiver baixo recomenda-se o controle químico quando a soma das médias de várias semanas ultrapassar 30 machos/armadilha. O controle deve ser efetuado sempre com produtos registrados para a cultura e obedecendo a carência dos mesmos para evitar resíduos na fruta colhida.
Mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus - Diptera: Tephritidae)
A mosca-das-frutas (Figura 2) ataca todas as fruteiras temperadas. O dano na ameixa européia, quando ocorre, é observado no período de maturação dos frutos. Na cultivar "Stanley", em vários anos de observação, foi observado um ataque muito leve da mosca-das-frutas em anos de alta população no período de maturação. Na maioria dos anos não tem sido observado dano por mosca-das-frutas na cultivar. Em condições de laboratório obteve-se insfestação, oferecendo frutos em maturação para fêmeas em idade de oviposição. Isto define o potencial de ataqueda praga demonstrando a necessidade do monitoramento para indicar a presença da praga.
Figura 2. Adulto de mosca-das-frutas.
Foto: Eduardo Hickel
Monitoramento
O monitoramento deve ser efetuado com armadilhas caça-mosca modelo McPhail (Figura 3) utilizando suco de uva a 25% (diluído em água) ou proteína hidrolisada a 5% (diluído em água).
Figura 3. Armadilha tipo McPhail empregada no monitoramento da mosca-das-frutas.
Foto: M. Botton
As avaliações devem ser realizadas duas vezes por semana, peneirando os insetos, e contando o número de moscas capturadas (machos + fêmeas).
Recomenda-se trocar o suco semanalmente e apenas completando o volume na avaliação intermediária. O número de armadilhas deve variar em função do tamanho e localização do pomar. Pomares pequenos requerem mais armadilhas (por exemplo, em um pomar de um ha o produtor deve instalar 4 armadilhas) assim como pomares próximo a áreas nativas.
Controle
O controle deve iniciar quando observar-se mais de 0,5 mosca/frasco/dia e o fruto estiver na fase de maturação.
Recomenda-se aplicações de isca tóxica para reduzir a infestação. Além da isca tóxica é necessário efetuar tratamentos complementares com inseticidas que apresentam ação de profundidade. Aplicar somente os produtos registrados para a cultura (intervalo entrea última aplicação e colheita) e observar o residual (intervalo entre aplicação dos inseticidas) e a carência para evitar resíduos na fruta colhida.
Pragas e métodos de controle
Os danos causados pelos insetos à ameixeira são variáveis e podem ser observados em todas partes do tecido vegetal. Vários insetos podem sugar a seiva de caules, ramos, folhas e frutos, causando o definhamento das plantas. Podem injetar substâncias tóxicas, produzindo alterações no desenvolvimento dos tecidos, comprometendo a produção. Alguns são vetores de doenças, principalmente viroses, causando prejuízos irrecuperáveis à lavoura. Existem insetos que utilizam partes da planta e principalmente os frutos para reprodução, inutilizando-os para comercialização. Vários insetos têm importância para esta cultura. Os mais importantes são relatados a seguir.
Grafolita - Grapholita molesta
Os adultos da grafolita são pequenas mariposas de cor cinza escura, com distintas manchas escuras nas asas, medindo de 6 a 7 mm de comprimento.
As lagartas, quando jovens (cerca de 4 mm de comprimento), são de cor branco-creme a levemente amarelada quando bem desenvolvidas (cerca de 14 mm de comprimento) adquirem cor branco-rosada. A cabeça é bem distinta e escura.
As lagartas penetram no fruto, próximo à cavidade peduncular, perfurando uma galeria em direção ao seu centro. O controle consiste principalmente na interrupcão do desenvolvimento de futuras gerações, evitando-se uma posterior investida aos frutos.
A armadilha usada para a captura da mosca da fruta também aprisiona o adulto da grafolita. Porém, é importante saber distinguir a mariposa. Ela fica, normalmente, na superfície do suco na armadilha, com as asas abertas. A cor das asas, geralmente, é cinza-escura, passando a cinza-clara, quando perdem as escamas.
Mosca das frutas - Anastrepha fraterculus
A mosca das frutas é de cor amarelada, corpo amarelo mais escuro e asas transparentes, com manchas escuras de desenho característico.
A larva varia da cor branca à branco-amarelada e têm corpo liso, sem pernas, não se distinguindo claramente a cabeça, que fica na parte fina do corpo. A parte posterior termina abruptamente, sem afilar. As larvas, quando totalmente desenvolvidas, medem cerca de 7 a 9 mm de comprimento.
O dano causado pela mosca das frutas ocorre exclusivamente no fruto. A larva forma galerias que, posteriormente, se transformam em uma área úmida, em decomposição, de cor marrom (Figura 31).
Algumas medidas podem ser tomadas fora e dentro do pomar como forma de auxílio no controle da mosca das frutas, a seguir relacionadas:
> Eliminar plantas silvestres que sejam, constantemente, infestadas pela mosca, ou usar seus frutos para preparar suco para isca ou alimentação animal.
> Usar isca tóxica e/ou armadilha nas plantas silvestres infestadas.
Retirar os frutos temporões. Nunca deixá-los amadurecer na planta, pois, certamente, serão atacados pela mosca e constituirão foco de infestação. Esses frutos podem, entretanto, funcionar como armadilhas, pois, sendo atacados e depois eliminados, interromperão o ciclo da mosca.
> Eliminar do pomar os frutos caídos ou refugados. Aconselha-se enterrar tais frutos cerca de 20 a 30 centímetros de profundidade. Esses fruto, também podem ser usados para elaboração do suco para as armadilhas ou da isca tóxica.
Em ameixa, o ataque inicia-se logo no começo do desenvolvimento dos frutos (frutos com 2-3 cm de diâmetro). Quando o ataque ocorre neste estágio, não há o desenvolvimento da larva no interior do fruto, mas provoca, entretanto, a queda deste.
A isca tóxica constitui-se de uma solução de açúcar ou sucos de fruta, com a adição de um inseticida. Sucos de laranja, pêssego, nêspera, ameixa, entre outros, adoçados na razão de 5kg de açúcar cristal para 100 litros de líquido, constituem-se em excelentes veículos para a aplicação de isca tóxica. Os melhores inseticidas para uso em isca tóxica são: diazinon, dimetoato, etion, fenitrotion, fention, malation, mevinfós e triclorfon. A aplicação deve dar-se diretamente sobre as folhas, numa faixa de cerca de 1m de largura e no lado do sol da manhã. Aproximadamente 150 ml de isca tóxica são suficientes para se cobrir essa faixa da planta. Aplica-se com pulverizadores comuns, com gota de pulverização grossa. Isso se consegue aumentando a saída de líquido e diminuindo-se a pressão do pulverizador.
A pulverização em cobertura total das plantas deve ser adotada quando o ataque acontecer logo no inicio do desenvolvimento dos frutos. Para esse tipo de aplicação, usa-se um inseticida que tenha ação de profundidade, ou seja, que mate as larvas nascidas e as que venham a nascer no interior do fruto nos dias seguintes à pulverização. Dentre os inseticidas recomendados para esse tipo de pulverização, destacam-se: dimetoato, fenitrotion, fention, formation, mevinfós e triclorfon. É necessário observar, rigorosamente, o período de carência do produto, ou seja, o número de dias que devem ocorrer entre a aplicação e o início da colheita.
Pulgão - Myzus persicae
O pulgão, Myzus persicae é de coloração verde e corpo mole, liso e brilhante, com manchas. Há formas aladas (mais escuras) e não-aladas. As ninfas são de coloração verde a marrom-avermelhada. Os danos causados pelos pulgões são muito variáveis. Não há dúvida de que, em plantas jovens (de um a dois anos) e em viveiros, ocorram maiores prejuízos. Essas plantas podem ter sua formação e desenvolvimento comprometidos, uma vez que os brotos infestados não se desenvolvem.
O controle com inseticidas é muito fácil para os pulgões em geral. Porém, é fundamental que a aplicação do defensivo ocorra no momento certo. Após as folhas estarem encarquilhadas e fechadas, dificilmente o inseticida terá o mesmo efeito que com a planta sadia. Assim, é necessário identificar o início da infestação e, localizadamente, efetuar-se o controle.
Escolito - Scolytus rugulosus
Existem várias espécies de coleobrocas que atacam plantas frutíferas, além do Scolytus rugulosus. Os adultos são pequenos besouros (2,0 a 2,5 mm de comprimento), de coloração marrom-escura a preta, com as pernas e as antenas marrons (Figura 32). Os machos são menores do que as fêmeas.
Plantas de ameixeira, durante o ataque inicial do inseto, mostram desuniformidade de brotação e floração. Estes sintomas evoluem para a morte de ramos e, conseqüentemente, morte da planta.
O controle tardio é extremamente difícil, devido ao hábito de ataque, multiplicação e, sobretudo, pelo desconhecimento das características de comportamento e ciclo de vida da praga. O controle através da remoção de ramos atacados pode ser uma ajuda importante para evitar a disseminação da praga no pomar. Os resíduos da poda e partes atacadas devem ser queimados, pois, de outro modo, podem servir como foco de multiplicação de escolitos. A eficiência do controle químico depende da forma de aplicação. Para se matar o inseto, o inseticida (piretroides, fosforados) tem que penetrar no orifício em quantidade razoável. Isso é possível através de injeção dirigida no orifício ou pincelamento do tronco e ramos mais grossos.
Formigas - Atta spp, Acromyrmes spp e Mycocepurus spp
As formigas cortadeiras, conhecidas, vulgarmente, por saúvas (Atta spp, Acromyrmes spp) e quenquém (Mycocepurus spp), são pragas ocasionais nas fruteiras, tanto no viveiro como no pomar.
O controle com barreiras físicas na planta que impeçam a subida das formigas pode resolver, temporariamente, a situação. Tais barreiras incluem faixa com graxa, pedaços de lã, esponja com inseticida etc. ao redor do tronco. O controle com inseticida-formicida propicia melhor resultado quando o produto for aplicado em formigueiros recém formados, ou seja, quanto menor o formigueiro, mais fácil será o controle. Após a localização do formigueiro, deve-se abrir o ninho com uma enxada até se chegar à terra firme e polvilhá-lo com formicida abundantemente ou regá-lo com uma solução de inseticida e água. A forma mais prática de controle é através da isca tóxica granulada, pois as próprias formigas carregam os grânulos para o formigueiro. A isca deve ser depositada ao longo dos carreiros e, de preferência, à tardinha.
Caso se observe movimento ordenado de formigas no carreiro após três a quatro dias da primeira aplicação é conveniente reaplicar a isca, fazer-se polvilhamento ou, ainda, a fumigação.
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