quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Variedades de Mangas


A mangueira, uma espécie originária do continente asiático, foi introduzida no Brasil em dois momentos distintos da história da humanidade: inicialmente pelos portugueses, provavelmente, durante a colonização de nosso território, com cultivares do tronco filipínico e, posteriormente, no século 20 com cultivares procedentes da Flórida, nos Estados Unidos, que têm origem indiana.
A escolha da cultivar de mangueira em um determinado pomar deve considerar a preferência do mercado consumidor, ao potencial produtivo da região, a suscetibilidade a pragas, a doenças e à deterioração, que é constatada imediatamente após a colheita e, principalmente, a provável projeção de comercialização verificada a longo prazo. Um eventual erro na escolha da cultivar certamente acarretará enormes prejuízos ao mangicultor. Pode-se afirmar que a escolha da cultivar representa uma das decisões econômicas mais importantes para o estabelecimento competitivo da mangicultura, uma vez que a rejeição do fruto pela comunidade à qual foi destinado inviabiliza a manutenção do pomar.
As cultivares encontradas com maior frequência na região do Submédio do Vale do São Francisco são a ‘Tommy Atkins’, a ‘Haden’, a ‘Keitt’, a ‘Kent’, a ‘Palmer’, a ‘Rosa’ e a ‘Espada’. Enquanto as cinco primeiras têm foco, principalmente, no mercado consumidor internacional, as duas últimas são direcionadas, sobretudo, aos diversos mercados consumidores nacionais. As principais características das referidas cultivares são:

Tommy Atkins

A tradicional cultivar Tommy Atkins é, atualmente, a mais encontrada nas propriedades localizadas no Submédio do Vale do São Francisco, ocupando aproximadamente 95% da área total dos pomares destinados à cultura; predominância que já havia sido constatada há alguns anos. A ‘Tommy Atkins’, originada na Flórida, Estados Unidos, na década de 1920, é uma cultivar monoembriônica, vigorosa e precoce, cuja copa é bastante densa. Ela apresenta elevada produtividade, regularidade na produção e uma considerável resistência tanto aos impactos mecânicos, podendo assim ser facilmente transportada, como também à deterioração após a colheita, sendo, portanto, muito menos perecível que as demais cultivares para os mercados internacionais. A ‘Tommy Atkins’ é parcialmente resistente à antracnose; contudo, muito suscetível à morte descendente, à malformação floral e ao colapso interno. A cultivar responde bem ao processo de indução floral. Os frutos apresentam aproximadamente 500 gramas, coloração alaranjada, amarelada, avermelhada ou púrpura, polpa consistente, firme e suculenta, casca aderente, médio teor de fibras e 17 ºBrix, um valor inferior ao verificado em outras cultivares direcionadas aos mercados externos (Figura 1).
Fotos: Trindade, D. C. G.


Figura 1 . Detalhe de coloração da casca e polpa da cultivar Tommy Atkins.

Haden

A cultivar Haden, genitora da ‘Tommy Atkins’, é igualmente originária da Flórida, Estados Unidos, em 1910. Ela é monoembriônica, precoce como a ‘Tommy Atkins’ e suscetível à antracnose, à malformação floral, à deterioração após a colheita, sensível ao transporte, ao manuseio e ao colapso interno, distúrbio fisiológico ao qual outras cultivares para a exportação também são vulneráveis. Apresenta copa muito densa, elevada alternância de produção e uma acentuada taxa de autoincompatibilidade que, gerando muitas irregularidades na frutificação, cria a necessidade do uso de outras cultivares para polinizá-la nos pomares localizados no Submédio do Vale do São Francisco e associados ao sistema de produção integrada. A cultivar apresenta porte alto e seus frutos podem pesar aproximadamente 700 gramas, com atrativa coloração avermelhada, laivos amarelos, lenticelas grandes, polpa consistente, suave e moderada quantidade de fibras e 21 ºBrix (Figura 2).
Fotos: Trindade, D. C. G.


Figura 2. Detalhe de coloração da casca e polpa da cultivar Haden.

Palmer

A cultivar Palmer foi originada de parentais desconhecidos na Flórida, no ano de 1945. Com porte considerado intermediário e hábito de crescimento aberto, ela é monoembriônica, muito produtiva, tardia em relação à ‘Tommy Atkins’ e à ‘Haden’ e suscetível à antracnose, apresentando, entretanto, uma vulnerabilidade ao colapso interno inferior àquela constatada nas outras cultivares encontradas no Submédio do Vale do são Francisco, sobretudo a ‘Tommy Atkins’. A cultivar também apresenta um vigor moderado e regularidade na produção. Mesmo sendo bem aceita, normalmente no mercado interno para o consumo direto, ela é também aproveitada pelas indústrias de processamento para o beneficiamento, o que certamente tem lhe proporcionado um expressivo aumento na área cultivada. Os frutos da ‘Palmer’ são, além de grandes, podendo pesar até 900 gramas, bastante aromáticos, compridos, firmes e praticamente desprovidos de fibras, esverdeados ou arroxeados quando imaturos e muito vermelhos quando já totalmente maduros, apresentando polpa bem amarelada e 19 ºBrix (Figura 3).
Fotos: Trindade, D. C. G.



Figura 3. Detalhe de coloração da casca e polpa da cultivar Palmer.

Keitt

A cultivar Keitt originou-se em 1939, sendo, provavelmente, uma meia-irmã da ‘Haden’. Ela é monoembriônica, muito produtiva, tardia em comparação à ‘Tommy Atkins’ e à ‘Haden’ e medianamente resistente à antracnose. Os frutos da ‘Keitt’ pesam, geralmente, mais de 700 gramas, sendo praticamente desprovidos de fibras, as quais se concentram apenas ao redor da semente e apresentando, além de tolerância aos danos causados durante o transporte e ao manuseio após a colheita, coloração esverdeada a amarelada, com laivos avermelhados, e 21 °Brix (Figura 4).
Fotos: Trindade, D. C. G.



Figura 4. Detalhe de coloração da casca e polpa da cultivar Keitt.

Kent

A cultivar Kent originou-se também na Flórida, em 1944. Ela é muito vigorosa, produtiva, tardia em relação à ‘Tommy Atkins’ e à ‘Haden’, monoembriônica, suscetível à antracnose e ao colapso interno, e vulnerável a danos causados durante o transporte. A copa é compacta e arredondada, ao passo que os frutos são grandes, pesando geralmente até 1 quilo, totalmente desprovidos de fibras e aromáticos, apresentando numerosas pequenas lenticelas, polpa bastante alaranjada, aproximadamente 19 ºBrix e, quando ainda estão imaturos, uma coloração predominantemente esverdeada que, com o amadurecimento, gradualmente adquire tonalidade avermelhada (Figura 5).
Fotos: Trindade, D. C. G.


Figura 5. Detalhe de coloração da casca e polpa da cultivar Kent.

Espada

A tradicional manga ‘Espada’, poliembriônica, é considerada pela literatura uma cultivar nacional, apresentando muito vigor, porte elevado, copa densa e elevada produtividade. A ‘Espada’ normalmente produz duas vezes por ano, sendo muito requerida pelo consumidor brasileiro em virtude do sabor, e comumente aproveitada como porta-enxerto em diversas regiões de nosso território, por causa da sua rusticidade. Ela expressa precocidade, possibilitando a antecipação do investimento econômico, e resistência à antracnose, à morte descendente e ao colapso interno. Os frutos, geralmente, apresentam intensa coloração verde ou um equilíbrio entre matizes amarelados e esverdeados, casca lisa e espessa, polpa amarelada, formato oblongo, tamanho intermediário, pesando até, aproximadamente, 300 gramas, uma significativa porcentagem de fibras e 17 ºBrix a 20 ºBrix. (Figura 6).
Foto: Trindade, D. C. G.
Figura 6. Detalhe de coloração da casca e polpa da cultivar Espada.

Rosa

A ‘Rosa’, cuja copa é arredondada, também é considerada uma cultivar nacional, apresentando sementes predominantemente poliembriônicas, assim como a ‘Espada’. É classificada como uma cultivar relativamente vigorosa, no entanto, apresenta crescimento lento, porte médio, suscetibilidade à antracnose, produtividade inferior às outras variedades tradicionalmente cultivadas e alternância de produção. Em compensação, verifica-se que o florescimento da ‘Rosa’ é muito intenso, o que lhe proporciona, assim, respostas satisfatórias ao processo de indução floral. A cultivar é ainda considerada tardia e moderadamente resistente à morte descendente. Aproveitada em determinadas regiões como porta-enxerto em decorrência da disponibilidade de sementes, a ‘Rosa’ é também muito conhecida, consequentemente muito comercializada, principalmente para o consumo in natura. Os frutos pesam, aproximadamente, 300 a 350 gramas, apresentando coloração amarelada ou rosada a avermelhada, formato oblongo a cordiforme, casca lisa, espessa e aderente, polpa bem amarela, 14 ºBrix a 16 ºBrix e uma quantidade expressiva de fibras (Figura 7).
Fotos: Trindade, D. C. G.



Figura 7. Detalhe de coloração da casca e polpa da cultivar Rosa.

Manga Ubá: Manga Ubá é variedade brasileira originada da cidade de Ubá, MG. Semente poliembriônica, ciclo semi-tardio, sabor excepcional, muito produtiva mas não regular. É a principal variedade para produção de suco no Brasil.





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