segunda-feira, 20 de julho de 2015

Clima para Ameixas



Introdução

Apresentação O Brasil atualmente produz somente ameixas do tipo Japonesa, de menor exigência em frio e mais adaptadas às condições dos invernos do Sul do Brasil. Já a ameixa do tipo Européia, com maior exigência em frio para quebra da dormência, constituem a principal espécie de ameixeira cultivada no mundo e são a base tanto para a oferta de frutas para consumo 'in natura' como também para a produção de ameixas desidratadas. No Brasil, a Embrapa vem desenvolvendo desde a década de 1980 experimentos com ameixeiras européias, pois trata-se de uma espécie que pode adaptar-se a algumas regiões serranas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ampliando a matriz varietal de ameixas e sobretudo para proporcionar condições de produção nacional de ameixas desidratadas, hoje integralmente abastecidas com frutas importadas. Como resultado deste trabalho, conduzido em parceria entre a Embrapa Uva e Vinho e Embrapa Clima Temperado, elaborou-se este Sistema de Produção, cujo enfoque consiste na obtenção de frutas de qualidade superior mediante a adoção de tecnologia de produção adequada à exigência do mercado consumidor. De uma forma didática, simples e instrutiva, são apresentadas as principais tecnologias atualmente recomendadas de ameixas européias para consumo 'in natura' e processamento, nas diferentes etapas do desenvolvimento da planta e do manejo da fruta, para as condições de regiões com alta disponibilidade de frio para quebra da dormência. 

É, portanto, um importante documento orientador que tem como finalidade orientar outros produtores para que possam obter ameixas saudáveis, de qualidade e compatíveis com a tão necessária competitividade e viabilidade econômica do empreendimento. 



Clima



A ameixeira é uma planta de clima temperado que entra em dormência no inverno devido as baixas temperaturas. Necessita para o seu desenvolvimento vegetativo e produtivo, invernos frios, primaveras amenas e bem ensolaradas e verões quentes e secos a fim de favorecer a sanidade e coloração dos frutos (Grellmann & Simonetto, 1996). 

Chuvas, nevoeiros e dias nublados durante o período de floração são prejudiciais à polinização, uma vez que limitam as atividades dos insetos polinizadores além de favorecer infecções iniciais de doenças fúngicas,principalmente a podridão parda. As geadas tardias são prejudiciais pois afetam a flor/ou o fruto recém formado (Raseira, 1987). 

O clima do Rio Grande do Sul, de um modo geral, é mais favorável às cultivares de ameixeira do grupo japonês, por serem menos exigentes quanto ao frio hibernal. Já as cultivares de ameixeira européia são mais exigentes em frio, sendo indicadas para as regiões mais frias do Estado, como nos Campos de Cima da Serra (Grellmann & Simonetto, 1996). 

O clima do Rio Grande foi classificado por Moreno (1961), sendo nos Campos de Cima da Serra temperado de fórmula Cfb, segundo a classificação climática de Köppen. Esse tipo climático apresenta precipitação total de 1.538 mm (média do período 1961-1990 para o município de Vacaria, RS) bem distribuídos em todos os meses do ano e com verão fresco, sendo a temperatura média dos meses mais quentes janeiro e fevereiro inferior a 19,5°C e a do meses mais frios, junho e julho, com temperatura inferior a 10,5°C. 

A temperatura máxima média no verão atinge os 26,5°C, em janeiro, e no inverno a temperatura mínima média alcança 5,7°C em julho. 

O somatório anual do número de horas de brilho solar é de 2.264 horas, sendo 583 h na primavera e 653 h no verão.



O sucesso na exploração de um pomar de ameixeira depende muito de sua localização. A escolha de local impróprio é um erro sério, que, geralmente, não pode ser corrigido sem grandes perdas. A instalação requer um cuidadoso exame da infra-estrutura existente e das condições ambientais. Entre as condições ambientais, o clima e o solo são fatores determinantes.


Condições de Clima

A ameixa geralmente atinge melhor qualidade em áreas onde as temperaturas, no verão (principalmente próximo à safra), são relativamente altas durante o dia e amenas no período noturno. Secas prolongadas durante o plantio e antes da colheita trazem considerável prejuízo à cultura. Ventos fortes também são, prejudiciais pois causam danos mecânicos, dilacerando as folhas e contribuindo para a propagação de doenças, principalmente bacterianas. Recomenda-se a utilização de quebra-ventos, instalando-os perpendicularmente, às direções de maior predominância dos ventos. Deve-se deixar uma distância das primeiras plantas, para evitar sombreamento, quando o mesmo for instalado na posição Norte.
O frio é classificado como o parâmetro de maior importância, tanto para eliminar a dormência, como após a floração. Quando as necessidades de frio não são satisfeitas, ocorre florescimento e brotação desuniformes e insuficientes, conduzindo a planta a um fenômeno conhecido por "erratismo". A quantidade de frio é muito variável entre as cultivares, havendo as que necessitam em torno de 200 horas, enquanto outras precisam até 1500 ou mais horas de frio hibernal. De modo geral, as cultivares de ameixeira do tipo européia (Prunus domestica) necessitam mais frio hibernal do que as cultivares japonesas (Prunus salicina). Para as condições do Sul do Brasil, o tratamento recomendado para compensar a falta parcial de frio hibernal consiste no uso de cianamida hidrogenada (0,25 ou 0,50 %), óleo mineral a 1,0 % (saturação >90 %) utilizando, como veículo, água limpa, até formar volume total de 100 litros.
Dos fenômenos climáticos que causam danos à produção merecem destaque as geadas, os ventos fortes e as secas. O controle das geadas consiste em reduzir a concentração do frio na área a ser protegida, existindo vários métodos que vêm sendo empregados como, nebulização, aquecimento, ventilação e irrigação das plantas por aspersão.
O efeito de ventos é indireto: induz o fechamento dos estômatos, reduzindo a atividade fotossintética e o crescimento, além de poder causar estresse hídrico pelo aumento da demanda evaporativa. Em caso de ocorrência de estresse hídrico, pode ocorrer redução na produção. Além disso,causa prejuízo na produção do ano seguinte, influindo na diferenciação floral. A ameixeira necessita de cerca de 600 mm de água para completar o ciclo.

Condições de Solo

Em relação ao solo, a ameixeira desenvolve-se bem nos profundos, permeáveis e bem drenados. As raízes precisam de boa aeração para realizarem, adequadamente, as atividades metabólicas. Por essa razão, boa drenagem é um dos principais aspectos a ser considerado ao escolher-se a área para instalação do pomar. Solos que possibilitam o crescimento das raízes até um metro de profundidade, proporcionam a formação de árvores maiores, mais produtivas e de maior longevidade. O pH favorável situa-se ao redor de 6,0. Entretanto, a ameixeira também cresce em solos com variações nesses parâmetros de profundidade e acidez, dentro de faixa limite dos valores ótimos referidos.
É importante selecionar um local com elevação e bem exposto ao sol. Áreas onduladas ou encostas com declive não muito acentuado são as mais convenientes. As margens dos arroios e rios, o fundo dos vales e áreas baixas, por estarem sujeitos a geadas, são desaconselháveis. É necessário que o ar frio seja drenado para áreas localizadas em níveis mais baixos. As últimas fileiras de árvores não devem ser plantadas a menos de 20 metros de desnível da base da elevação. Uma diferença de nível de 50 a 100 metros pode significar uma variação de 2° a 6°C.





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