quarta-feira, 22 de julho de 2015

Cultivares de ameixas


Cultivares

Observações fenológicas em plantas de coleções existentes na Embrapa Clima Temperado, em Pelotas e Vacaria, no Rio Grande do Sul, bem como de pomares nesses municípios, permitem indicações quanto ao comportamento das diversas cultivares, ainda que preliminarmente.
Para regiões de clima semelhante ao município de Pelotas - RS, com aproximadamente 400 horas de frio hibernal, as cultivares que melhor comportam-se são: Amarelinha, Pluma 7, Reubennel, Irati, Letícia e Wade.
Para regiões de clima semelhante ao do município de Vacaria - RS, onde se verifica mais de 700 horas de frio hibernal, vem sendo destaques as cultivares diplóides (japonesas): Santa Rosa, Wade, Golden Japan, América, Methley e as hexaplóides (europeias) D`Agen e Stanley.

Características das frutas de algumas das principais cultivares

Amarelinha: Película de cor predominante amarela com manchas vermelhas, com polpa amarela. Amadurece na segunda semana de janeiro. (Figura 4).
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 4. Cultivar Amarelinha
América: Película facilmente removível, amarga, fina, forte, vermelho intenso sobre fundo amarelo. Polpa amarela, muito densa, sucosa, doce acidulada, aromática. Apresenta grande flutuação na produtividade. Exigente em polinização cruzada para que ocorra frutificação. (Figuras 5 A e 5 B).
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 5A. Cultivar América
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 5B. Cultivar América

Golden Japan: As frutas são de tamanho pequeno a médio, cordiforme, epiderme 100% amarela, medianamente firme e sabor regular. Amadurece entre o fim de dezembro e início de janeiro. (Figura 6).
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 6. Cultivar Golden Japan
Letícia: Película de cor vermelho vivo. Polpa amarela. Caroço solto. Resistente à bacteriose. Auto-incompatível.
Methley: Frutas de tamanho pequeno, muito precoce, epiderme 80 a 100% vermelha. Amadurece em princípios de dezembro.
Pluma 7: Frutas de tamanho médio a grande, epiderme 100% vermelha. A polpa é firme, 100% vermelho-escuro. A planta é altamente suscetível à bacteriose. Deve ser cultivada em locais de exposição norte, abrigados do vento. Amadurece em princípio de janeiro (Figura 7).
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 7. Cultivar Pluma
Reubennel: Epiderme amarelo-esverdeada com 10 a 20% de vermelho. A polpa é amarela, firme, doce levemente ácida e bom sabor. Amadurece em fins de janeiro. A planta é vigorosa, semi-aberta e suscetível à bacteriose. (Figura 8).
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 8. Cultivar Reubennel
Santa Rosa: Produz frutas de tamanho médio, redondas, com epiderme 100% vermelha. A polpa é firme, amarela, aromática e de muito bom sabor. A maturação ocorre no final de dezembro. (Figura 9).
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 9. Cultivar Santa Rosa
Wade: Epiderme 100% vermelha e firmeza média. A polpa é amarelo-avermelhada. Amadurece em meados a fim de dezembro.
D`Agen: Epiderme roxa-clara, pruinosa e atrativa. Polpa amarela, firme, massuda, doce, muito bom sabor. Amadurece na segunda quinzena de janeiro. Polinizadora: Sugar, Imperial Epineuse ou President. Pertence ao grupo das ameixas européias, sendo muito exigente em frio hibernal. (Figura 10).
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 10. Cultivar Santa Rosa D`Agen
Stanley: Epiderme 100% azulada pruinosa e muito atrativa. Polpa amarelo-esverdeada, firme, massuda, de regular sabor. Amadurece na segunda quinzena de fevereiro. Pertence ao grupo das ameixas européias, sendo muito exigente em frio hibernal. (Figura 11 A e B).
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 11A. Cultivar Stanley - specto geral da planta.
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 11B. Cultivar Stanley - aspecto geral do fruto.

Polinização

A maioria das cultivares diplóides e as hexaplóides são auto-inférteis e necessitam de polinizadoras. Interplantar, pelo menos, 25% de uma ou mais polinizadoras torna-se uma medida obrigatória para o sucesso do empreendimento (Tabela 3).

Polinização

A maioria das cultivares diplóides e as hexaplóides são auto-inférteis e necessitam de polinizadoras. Interplantar, pelo menos, 25% de uma ou mais polinizadoras torna-se uma medida obrigatória para o sucesso do empreendimento  Com base em diversos experimentos e observações pode-se dizer que as cultivares Methley, Harry Pickstone, Rosa Mineira e Reubennel, apresentam moderada autofertilidade, podendo, em locais onde florescem abundantemente, produzir uma colheita comercial, mesmo sem polinizadora. Entretanto, de um modo geral, elas se beneficiam pela presença de polinizadora.
A cultivar The First deve ser utilizada, preferentemente à Santa Rita, como polinizadora da cv. Santa Rosa. A cv. Methley pode ser polinizada por The First ou Santa Rosa.
Wade pode ser polinizada por Methley ou por Harry Pickstone; Ozark Premier por Burbank; Pluma 7 por Amarelinha e Sanguínea; Irati por Reubennel ou 15 de Novembro e Reubennel por Rosa Mineira.
Em regiões com inverno mais frio e uniforme, como a área serrana do RS, Reubennel coincide plenamente, com a cv. América e pode ser utilizada como polinizadora desta. Em climas semelhantes à Encosta do Sudeste do RS, é interessante a utilização de uma segunda, uma vez que em vários anos, a florada da cultivar Reubennel coincide apenas com a primeira parte da floração da América.
Devido à grande variabilidade das condições de clima, principalmente, temperatura, é aconselhável o uso de mais de uma polinizadora por cultivar comercial, uma vez que sob determinadas condições, a coincidência de floração pode não ser completa.


Cultivares

As cultivares de Prunus domestica mais plantadas em todo o mundo são: D'Agen, D'Ente 707, Sugar, President, Stanley, Magnific e Bluefree, entre outras. Essas cultivares são de dupla finalidade, servindo para o consumo in natura e para industrialização. 

As informações disponíveis no Brasil referem-se em especial a parcelas experimentais, visto serem praticamente inexistentes as áreas de plantio comercial. Na Embrapa Uva e Vinho/Estação Experimental de Fruticultura Temperada, localizada em Vacaria, RS, foram avaliadas as cultivares D'Agen, Stanley, Magnific e President durante 10 anos. Pelas avaliações realizadas, as cultivares que melhor se desenvolveram e tiveram uma produção mais uniforme foram 'Stanley' e a 'D'Agen'. Essas cultivares são consideradas auto-compatíveis, mas a presença de uma cultivar polinizadora favorece o aumento da produção.



Descrição das cultivares

Stanley
É originária da Estação Experimental do Estado de Nova York, USA. Essa cultivar é a que melhor se desenvolveu e apresentou maior média de produção ao longo dos anos. Produz, em média, 14 toneladas por hectare, com alternância de produção entre ciclos, especialmente em função das condições climáticas de cada safra. Quando o inverno é irregular, a brotação e a floração são desuniformes e escassas. A quebra de dormência ajuda se tiver um mínimo de frio para que haja o efeito positivo, como ocorre com a maçã. A planta apresenta hábito de crescimento ereto, vigor médio e entra em produção no terceiro ano. A frutificação se dá em ramos de, no mínimo, dois anos, em esporões que ficam agrupados ou em brindilas curtas. O fruto apresenta coloração azul escura na película e a polpa verde-amarelada. É autocompatível, porém com uma polinizadora há maior produção. Boas polinizadoras são a President e a Bluefree. A floração da 'D'Agen' normalmente coincide com 'Stanley'. A floração varia de 20 de setembro até final de outubro, dependendo do ano. Em 2003/2004 a floração da Stanley se deu de 17/10 a 04/11, mostrando que há uma grande variação no período de floração. A maturação se dá entre 5 e 15 de fevereiro para consumo in natura. O fruto apresenta-se alongado com uma sutura ao longo do fruto e o seu peso é médio (36 a 60g, sendo a média de 44 g). É a cultivar que tem maior quantidade de açúcar, em torno de 17 graus Brix e acidez elevada quando não maduro. Apresenta excelente sabor quando os frutos estão maduros e doces. Para consumo in natura, o fruto é colhido quando está quase maduro, mas ainda firme, com vários repasses. Para industrialização, deve ser colhido quando ainda tem acidez e pode ser colhido em um só repasse. Para industrialização pode ser colhido mecanicamente com vibrador que derruba os frutos da árvore e uma lona no chão ou uma esteira. Essa cultivar não é a mais utilizada pelos outros países para a elaboração de ameixa seca, porém como no Brasil tem se mostrado mais produtiva, o fruto é de maior tamanho do que o 'D'Agen', além de ser bem aceita para consumo como fruta fresca e amadurecer em uma época de baixa oferta de ameixas japonesas no mercado interno. Outra vantagem adicional dessa cultivar é a sua resistência a doenças. É resistente a Xanthomonas sp., doença limitante para as cultivares de ameixa japonesa no Sul do Brasil. A única doença de importância é a podridão parda, quando perto da maturação. Se for produzida para industrialização, entretanto, esta doença não é importante, porque é colhida antes do ataque. Avaliações antigas mostraram que parece não ser muito atacada pela mosca das frutas.
Figura 1. Floração
Foto: João Bernardi

D'Agen
Essa cultivar apresenta um produção média de 12 toneladas por hectare. Apresenta um fruto menor do que a Stanley, em torno de 35 g. A quantidade de açúcar é de 16 graus Brix. É a cultivar mais utilizada nos países produtores de ameixa seca, nos quais mais de 70% pertencem a essa cultivar. Para consumo in natura pode ter uma certa dificuldade de venda por causa do pequeno tamanho da fruta. È resistente a Xanthomonas sp . Apresenta um vigor maior que 'Stanley', originando plantas com elevada altura. A floração varia de 04 a 30 de setembro. Em 2003/2004, porém a floração foi de 01 a 19/10. A maturação ocorre entre 4 a 15 de janeiro. A coloração da epiderme é roxa e a da polpa é amarela.
Magnific
Essa é uma cultivar de excelente sabor. A floração varia de 15/09 a 02/10 e a maturação ocorre entre 05 a 18 de janeiro. É resistente a Xanthomonas sp. Apresenta o fruto de tamanho médio, 51 g. A maturação dessa cultivar não seria a melhor época porque compete com outras frutas de maior tamanho de fruto e bom sabor como a cv. Reubennel. A coloração da epiderme é roxa e a da polpa é amarela.
President
Essa é uma cultivar que em outros países é produtiva e usada também para desidratação. Nas avaliações feitas em Vacaria, RS, apresentaram baixa produção, em torno de 7 toneladas por hectare. Apresenta um fruto de tamanho grande, 70g. A coloração da epiderme é roxa e a da polpa é amarela. A floração varia de 15/09 a 10/10, podendo ser utilizada como polinizadora para a cultivar Stanley. A maturação ocorre entre 15 a 23 de janeiro. É resistente a Xanthomonas sp. Essa pode ser uma cultivar promissora, em função do tamanho da fruta, para consumo in natura e desidratação. A polinização pode ser feita com a cv. Stanley. A quantidade de açúcar é de 15 graus Brix.



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