sexta-feira, 24 de julho de 2015

Condução, poda e raleio das Ameixas


Tratos culturais

A localização do pomar de ameixeira constitui-se no fator primordial para o sucesso do empreendimento. A escolha inadequada impede que sejam realizados tratos culturais essenciais ao desenvolvimento da cultura e pode acarretar sérios prejuízos às plantas. Torna-se imprescindível avaliar as condições locais em relação a pomares já existentes, observando-se a adaptação das plantas, seu desenvolvimento, vigor e produtividade.
A poda é uma operação importante no manejo das plantas, uma vez que estimula a formação de novas áreas de produção, livra a árvore de ramos doentes, fracos e "ladrões", proporciona um certo equilíbrio entre o crescimento vegetativo e a produção, estimula a produção de frutos de melhor qualidade, diminui a alternância de produção, conduz a planta a forma desejada e controla a altura da mesma, facilitando os tratos culturais.

Condução inicial da muda

Normalmente, as mudas de ameixeira são plantadas em haste única, com comprimento variável e niveladas, posteriormente, à altura de 70 cm do solo.
Dependendo da cultivar e do clima da região, em meados de agosto/setembro iniciam as brotações das gemas vegetativas localizadas em toda a haste principal da muda. Como norma geral, tem-se procurado reduzir gastos desnecessários de energia pela planta, na formação de ramos, que não serão aproveitados. Deve-se proceder, então, a retirada de todas as brotações situadas na porção inferior da muda, até a altura de aproximadamente 40 cm do solo (Figuras 21 e 22). Entretanto, todos os ramos situados na porção superior devem permanecer na planta, sem que ocorra qualquer interferência.
Tem-se observado que em ramos estruturais selecionados durante o primeiro período vegetativo é grande a possibilidade de ocorrer perda devido ao ataque de pragas, de doenças, de roedores (lebre), por acidentes mecânicos e, principalmente, quebra ocasionada pelo vento devido à fragilidade da união dos ramos ao tronco, durante os primeiros estágios de desenvolvimento da planta. Em muitos casos, tem-se numerosa ramificação na porção superior da muda. Entretanto, não há necessidade de maiores preocupações porque poderão ser retiradas na poda de inverno. Desta forma estarão favorecendo o fortalecimento do tronco e raízes, possibilitando uma planta bem estabelecida.
A seleção dos ramos que formarão as pernadas da planta, em número de quatro, é realizada apenas durante o período de repouso vegetativo, na poda de inverno. Nessa ocasião, todos os ramos desnecessários devem ser eliminados.
A poda é uma operação importante no manejo das plantas, uma vez que visa estimular a formação de novas áreas de produção, livrar a árvore de ramos doentes, fracos e "ladrões", proporcionar equilíbrio entre o crescimento vegetativo e a produção, estimular a produção de frutos de melhor qualidade, diminuir a alternância de produção, conduzir a planta a forma desejada e controlar a altura da mesma, facilitando os tratos culturais.
Para que se possa podar adequadamente a ameixeira, deve-se considerar o seu hábito de frutificação que nos dois grupos básicos é bem diferenciado. As ameixeiras européias frutificam sobre esporões (ramos curtos, de crescimento determinado e especializado em produção de flores e frutos). Aquelas do grupo japonês e seus híbridos possuem, além de esporões, ramos mistos, isto é, ramos que possuem gemas floríferas e vegetativas. A ameixeira produz frutos lateralmente, em ramos de um ano ou em esporões vigorosos sobre madeira mais velha. A poda seca ou de inverno é feita durante o período de repouso vegetativo. Dependendo da cultivar e região onde é cultivada a ameixeira, a poda é realizada de junho até agosto.


Sistema de Condução

Os sistemas de condução mais utilizados na cultura da ameixeira são o sistema de vaso e pião central. Enquanto para a ameixeira do tipo japonesa é de uso mais comum e facilitado o sistema de vaso, para a ameixeira européia podem ser utilizados ambos os sistemas, além do sistema denominado de palmeta ou espaldeira. O espaçamento e a formação da planta varia conforme o sistema utilizado. Os primeiros 2 ou 3 anos são necessários para formar a estrutura da planta. A ameixa européia frutifica em ramos de, no mínimo, dois anos, por isso não devem ser feitas podas muito drásticas, de modo a ser formado um maior número de esporões frutificativos em menor tempo. Cortam-se somente os ramos que não tem função, doentes ou em excesso. Para estimular o crescimento de ramos que não se desenvolveram satisfatoriamente, faz-se o encurtamento desses ramos no inverno.

O desenvolvimento de uma planta de ameixeira européia é diferente da ameixeira japonesa. Se o inverno for irregular, a brotação da ameixeira européia será desuniforme e deficiente. Por isso, há necessidade de usar a quebra de dormência em algum ciclo, principalmente na cultivar Stanley. Para evitar que haja pouca brotação de ramos laterais no primeiro ano (que é o mais importante), recomenda-se deixar as mudas na câmara fria para garantir a quebra de dormência e ocorra boa emissão de ramos laterais.


Sistema em vaso

A poda de formação consiste em retirar os ramos que estão abaixo de 40 cm, deixando de 4 a 6 ramificações, distribuídas ao longo da haste principal. Essas ramificações são conduzidas de tal forma que a copa da planta se abra. Isto pode ser obtido com a poda dos ramos principais logo acima do broto lateral ou arqueando os ramos principais com taquaras. É neste sistema de condução que são encontradas a maior parte das informações de pesquisa, além de ser de fácil condução e domínio, visto ser utilizado também em outras espécies. A distribuição uniforme das pernadas em diversas direções e o pequeno tamanho e diâmetro dos ramos produtivos permite uma elevada insolação de toda copa, bem como uma alta capacidade de produção por planta. O espaçamento pode ser de 2,5-3,0 metros entre plantas e 4,5-5 metros entre filas.

Sistema em pião ou líder central

A ameixeira européia adapta-se bem a esse sistema, o qual pode ser usado principalmente em pomares de alta densidade. Consiste em deixar ramos laterais, a partir de 50 cm de altura do solo, ao longo do tronco principal, em distâncias de 20 a 30 cm de cada um em forma de espiral para que não existam ramos superpostos que causem sombreamento entre ramos e, posteriormente, entre frutos. Esses ramos laterais darão origem aos ramos de produção. Para esse sistema, são utilizados espaçamentos menores entre as plantas e é necessária maior conhecimento técnico para sua aplicação, em relação ao sistema anterior. O espaçamento pode ser de 1,5-2,0 metros entre plantas e 4-4,5 metros entre filas.

Sistema palmeta ou espaldeira

Esse sistema é de maior complexidade em relação aos dois anteriores e deve ser utilizado por quem tem maior conhecimento e experiência com manejo de plantas, pois exige trabalho mais detalhado e em maior intensidade. É usado em espaçamento menor do que o em vaso e necessita o uso de arames para inclinar os ramos que brotam da haste principal. Os ramos laterais são amarrados nos arames, nos dois lados da planta na direção da fila das plantas e em sentidos opostos, a partir de 50 cm do solo. A quantidade de ramos laterais depende da altura da espaldeira, mas pode ser de 8 ramos de cada lado da planta. Esses ramos darão origem aos ramos de produção. O espaçamento para esse sistema deve ser de 1,5 a 2,0 metros entre plantas e 4 a 4,5m entre filas.

Poda

Poda de formação

Visa orientar a formação da copa para sustentar futuras produções, aproveitando melhor o potencial de produção da planta. É executada desde o plantio da muda até que a planta tome o tamanho e o formato desejável. Deve ser realizada em um ou dois anos, para formação de um dos tipos de copa: vaso ou taça, líder central e palmeta ou espaldeira.

A poda de formação da ameixeira européia pode ser executada conforme segue:
Ano Época Operação
1 Julho-Agosto Plantio e desponte da muda na altura desejada conforme o sistema de condução. Brotações existentes abaixo de 40 a 50 cm devem ser eliminadas.
1 Setembro-Dezembro Com o desenvolvimento das brotações, são escolhidos 4 a 6 ramos bem distribuídos no tronco separados de 10 a 15 cm no caso do sistema de vaso. No período vegetativo, as pernadas devem ser inclinadas com ângulo de 45º em relação à horizontal (com auxílio de varas ou amarras). As demais brotações que surgirem são indesejáveis e devem ser eliminadas. Para os outros sistemas arquear os ramos conforme necessidade de cada sistema.
2 Julho As pernadas são encurtadas em 10% se forem fracas e, em 25%, se vigorosas. Esta poda deve ser feita junto a uma gema vegetativa situada na parte de baixo do ramo ou, de preferência, junto a um ramo secundário inclinado. O desponte dos ramos vegetativos pode ser feito em plantas jovens (1 a 2 anos) para obter-se a altura adequada da planta, no caso do sistema de condução em vaso. Para os outros sistemas não há necessidade de poda porque os ramos em excesso ou com problemas foram retirados no outono ou verão.
2 Setembro-Dezembro Até a altura de 0,4 a 0,5 m da inserção com o tronco, todas as brotações que surgirem deverão ser eliminadas. Se a planta for vigorosa, a poda verde poderá ser realizada visando adiantar a formação da planta, no caso do sistema em vaso. Para os outros sistemas também deve-se podar ramos que não têm função, mal localizados ou em excesso.
2 Julho As pernadas são novamente encurtadas e conduzidas, conforme o princípio utilizado no ano anterior, porém com ângulos de aberturas maiores (até 20º em relação à horizontal). Quando os ramos de duas plantas vizinhas encontrarem-se próximos, está terminada a poda de formação, no caso do sistema em vaso. Para os outros sistemas pouca poda deve ser feita porque não deverá ter ramos com problemas, mas produtivos.


Poda de frutificação ou poda de inverno


A ameixa européia frutifica em ramos de dois ou mais anos em agrupamento de esporões e por isso a poda no inverno é destinada principalmente para renovar ramos quando a planta está com ramos frutificativos fracos e envelhecidos.

Os principais objetivos da poda de frutificação são:

  • deixar um número adequado de ramos produtivos, para obter equilíbrio entre a produção e a vegetação;
  • manter a produção mais próxima dos ramos principais;
  • obter maior quantidade de frutos com boa qualidade para comercialização;
  • eliminar ramos com problemas ou mal localizados;
  • formar novos ramos produtivos para o ciclo seguinte;
  • controlar a estrutura e a altura das plantas;
  • facilitar o manejo fitossanitário da planta, promovendo melhor insolação e arejamento da copa;
  • em plantas jovens (1 a 2 anos), desenvolver ramificações primárias fortes e bem localizadas;
Preferencialmente, a poda de frutificação, realizada nesta época, deve ser uma complementação da poda de outono, para evitar cortes severos neste período, o que provoca brotações vigorosas e, por consequência, o desequilíbrio da planta. Se bem realizada a poda de outono, a poda de frutificação consiste em poucos cortes.
Devem ser evitados cortes de ramos grossos, no caso do sistema em vaso, pois isto pode desequilibrar a planta, prejudicando a sua capacidade produtiva. Em plantas adultas, não se deve despontar o ramo da ponta da pernada, para favorecer a brotação melhor distribuída, principalmente na região mediana da planta. Caso contrário, haverá crescimento dominante na parte superior da pernada, fazendo com que os ramos novos, que são produtivos, fiquem localizados predominantemente na periferia da copa.

Poda de outono

A poda de outono serve para dar uma estrutura adequada à planta, com ramos bem distribuídos em toda planta para que produza o máximo com a melhor qualidade e auxilia muito no estabelecimento do equilíbrio entre vegetação e frutificação. Além disso, antecipa, com vantagens, os cortes que seriam feitos no inverno, já que os cortes feitos nesta época não resultam em brotações vigorosas, ao contrário do que ocorre com a poda hibernal.
A poda de outono deve ser feita logo após a colheita ou no máximo até final do mês de abril e tem por objetivos eliminar:
  • ramos mal localizados
  • ramos com cancros
  • ramos "ladrões"
  • ramos que sombreiam outras partes da planta.
A poda de outono deve ser efetuada conforme segue:
  • Analisar o vigor da planta e a presença de ramos grossos (mais de 2 cm de diâmetro)
  • Retirar ramos "ladrões" (com crescimento vegetativo em excesso)
  • Retirar ramos doentes e em posição inadequada
  • Nos cortes feitos nessa época a brotação, na primavera, ocorre com menos vigor do que se forem feitos no inverno
A proteção dos cortes com algum produto fungicida é uma prática importante contra a entrada de doenças que causam cancros e gomose. O produto para passar nos cortes deve ser uma pasta, a qual pode ser passada com um pincel, recobrindo toda parte cortada. Esta pasta pode ser feita uma das seguintes preparações:
  • Mistura de Benlate ( 10g ) e tinta plástica (1 litro);
  • Mistura de sulfato (2kg), cal (2kg) e água (10 litros);
  • Mistura de calda bordalesa ("verderame") (10ml) e tinta plástica (1 litro);
  • Outras pastas caseiras ou encontradas no mercado.
O cobre não deve ser passado puro ou em alta concentração nas feridas, principalmente nos ramos novos porque provoca exsudação e com isso haverá retirada da pasta ou pode causar alguma fitotoxidez.
Após a poda, os ramos podados deverão ser retirados do pomar, de modo a não se tornarem foco para proliferação de doenças. Preferencialmente, estes ramos devem ser queimados ou enterrados. Uma alternativa à retirada dos ramos é a roçada com trituração dos ramos, facilitando o seu apodrecimento e redução do risco de contaminação das plantas.

Poda verde

Esta poda é feita na fase vegetativa da planta com o objetivo de melhorar a qualidade dos frutos e a produtividade das plantas. A poda verde é necessária para retirar brotos vigorosos voltados para o interior da copa que causam sombreamento da planta e ramos "ladrões" com o objetivo de aumentar a aeração e entrada de luz. Com essa poda procura-se manter uma produção nas camadas inferiores.

Raleio de frutos

Na ameixeira européia, como é o caso da Stanley, o raleio é feito de acordo com o objetivo da produção. Se for para consumo in natura o raleio é importante porque há formação de cachopas com 5 a 7 frutos devido ao hábito de frutificação dessa cultivar. A frutificação em agrupamentos dará origem a frutos de pequeno tamanho, prejudicando a comercialização. Porém, no caso de produção de ameixas secas, o tamanho da fruta tem importância secundária.
Como os frutos competem entre si e também com o crescimento vegetativo por água e nutrientes, o desenvolvimento das plantas e dos frutos fica prejudicado com o excesso de frutos.


Os objetivos do raleio são:
  • aumentar o tamanho e a qualidade dos frutos, pois, com o raleio, a competição entre frutos é reduzida;
  • padronizar a qualidade dos frutos na colheita, pela eliminação de frutos danificados por pragas ou doenças ou com algum defeito;
  • manter equilíbrio entre a vegetação e a frutificação da planta;
  • diminuir o ataque de pragas e doenças pelo aumento do espaço entre um fruto e outro;
  • melhorar a eficiência dos tratamentos contra pragas e doenças.


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