terça-feira, 21 de julho de 2015

Metodos de preparo de mudas de ameixa


Produção e Obtenção de Mudas

A importância da muda em fruticultura não é desconhecida e quanto maior for o esclarecimento e o conhecimento em relação a essa atividade, maior será o sucesso assegurado, além de existir um conjunto de conhecimentos, isto porque relacionados com essa prática, existem outros específicos relacionados a cada espécie e a cada cultivar.
Atualmente, a expansão da fruticultura é marcante, aumentando a necessidade de dispor-se de mudas que colaborem para o sucesso de empreendimentos realizados no setor. A produção de mudas de ameixeira com alta qualidade, com elevados padrões fitossanitários e características homogêneas é fundamental.
A obtenção de mudas de ameixeira está baseada em um processo utilizado na multiplicação vegetativa de plantas lenhosas, denominado enxertia de gema, que envolve três aspectos básicos:

Escolha do local para implantação do viveiro

Na escolha do local para implantação do viveiro de ameixeira deve-se levar em consideração a declividade do terreno, a exposição solar, a disponibilidade de água, as características do solo e o isolamento da área. De maneira geral deve-se dar preferência a lugares levemente inclinados e regulares, não sujeitos a encharcamentos, apresentando, portanto, solo com adequadas características físicas, principalmente no que se refere à drenagem. Deve-se considerar também a profundidade, que não deve ser inferior a 30 centímetros, assim como sua fertilidade, sendo aconselhável solos ricos em matéria orgânica.
Uma boa exposição solar é fundamental, evitando-se locais sujeitos a sombreamento ou com ventos fortes, capazes de causar sérios prejuízos às mudas. É importante utilizar locais onde não tenha havido cultivo de frutíferas em período recente, principalmente aquelas que apresentem parentesco com a espécie, assim como locais já utilizados anteriormente para viveiro. A proximidade de fonte de água é de fundamental importância devido à necessidade freqüente de irrigações na etapa inicial de desenvolvimento das mudas, em locais onde as chuvas são irregulares. Terrenos com declividade superior a 3% poderão ser utilizados, desde que sejam marcadas curvas de nível com gradiente de declividade entre 0,5 e 1,0%, onde serão construídos terraços. Outro fator a considerar é o isolamento da área, evitando-se que pomares existentes nas proximidades, geralmente fontes de pragas e de doenças, venham a se constituir na causa de problemas irreparáveis para as mudas.

Material vegetal

Porta-enxertos
Atualmente, os porta-enxertos mais utilizados pelos viveiristas são pessegueiros oriundos de sementes, de variedades comerciais, pela facilidade de obtenção de caroços nas fábricas de conserva. Outros podem ser utilizados como o pessegueiro Okinawa, por apresentar certo grau de resistência a algumas espécies de nematóides causadores de galhas nas raízes. Também as ameixeiras Brompton e Damas l869 são utilizadas pela fácil propagação vegetativa, além de diversas cultivares de pessegueiro disponíveis regionalmente. Tem-se, ainda, o porta enxerto "Mirabolano"(Prunus cerasifera), que é utilizado em regiões frias devido ao fácil enraizamento o "San Julian" (Prunus juliana), por apresentar rebrote intenso e boa adaptação às cultivares européias, e o "Mariana", por adaptar-se perfeitamente às cultivares japonesas. No caso de ameixeiras sobre porta-enxerto de pessegueiro, pode-se verificar florescimento mais intenso, produção mais precoce e longevidade menor. Entretanto, há necessidade de estudos complementares que indiquem porta-enxertos mais adaptados aos diferentes locais e cultivares, pois os atualmente existentes mostram níveis variáveis de compatibilidade com as cultivares disponíveis.
O processo mais fácil de se obter porta-enxerto para ameixeira consiste na germinação de caroços resultantes do processo de industrialização de pêssegos de conserva. Os caroços são colhidos logo após o descaroçamento, limpando-os de forma que não permaneçam com porções de polpa aderidas, para evitar a ocorrência de fermentações prejudiciais à germinação. No processo de limpeza, os caroços são espalhados em camadas com altura de aproximadamente 20 centímetros, à sombra, fazendo-se duas remoções diárias, de forma que os caroços façam atrito entre si, forçando o desprendimento da polpa. Este processo deve durar entre três a sete dias, de acordo com a necessidade, utilizando-se água abundantemente para facilitar a limpeza. Após este período, os caroços devem ser colocados na sementeira ou permanecerem à sombra, no máximo até o final de abril, quando deverão ser semeados, mantendo-se a umidade constante durante o período.
As mudinhas são retiradas da sementeira e levadas para o viveiro logo após a germinação, ainda com os cotilédones. Quanto mais cedo forem transplantadas menores serão os danos ocasionados, influindo diretamente na pega. No viveiro, deve ser utilizado o espaçamento de 15 cm entre plantas e de 1,0 a 1,2 metros entre linhas.
No plantio deve-se cuidar para que as raízes fiquem bem distribuídas, sem dobras, colocando-se as plantas na cova, na mesma profundidade em que estavam na sementeira.
Outra alternativa é o plantio direto dos caroços no viveiro, colocando-os em sulcos, nas linhas, logo após o período de estratificação. Deve ser respeitado o distanciamento normal entre linhas (1,0 a 1,4 metros), distribuídos uniformemente, de forma bastante densa, podendo ter de 170 a 200 caroços por metro linear, semeados a uma profundidade não superior a 3 cm e cobertos com terra. Após a germinação, em locais onde o percentual de germinação foi elevado, faz-se o raleio de mudas. Os cuidados necessários ao viveiro, após o plantio ou germinação das mudas, são idênticos.
Devem ser realizadas adubações periódicas (normalmente 30kg de N/ha) aplicando-se em duas faixas paralelas à linha de plantas, distante cerca de 20 cm destas, para evitar problemas de desidratação e morte dos porta-enxertos. A primeira adubação nitrogenada é realizada 40 dias após o transplante e a Segunda em torno de 50 dias após a primeira.
Deve-se manter o viveiro livre de plantas invasoras, controlar pragas e doenças e irrigar sempre que necessário. Devem ser feitas escarificações periódicas, tutoramente de plantas e eliminação de ramificações indesejáveis com o objetivo de obter porta-enxerto bem formados para receber o enxerto durante os primeiros dias do mês de dezembro.
Copas
O material a ser enxertado é conseqüência das exigências locais em determinada espécie ou cultivar. Dessa forma, os interesses de consumo in natura ou de industrialização dos frutos de determinada cultivar em cada região se constitui no principal fator a ser observado na produção de mudas. Atualmente, é grande o número de cultivares disponíveis, satisfazendo as mais variadas exigências do mercado, por apresentarem boas características varietais.
Escolhida a cultivar a ser propagada e estando o viveiro preparado adequadamente, o processo normalmente utilizado na multiplicação é o de enxertia que facilita a uniformização do pomar pelo uso de plantas geneticamente iguais e sistema radicular adequado às diferentes características dos solos regionais. O processo de enxertia mais usado é o de gema viva, por ser o mais rápido e prático para obtenção de mudas em grande escala. Este modelo é realizado, geralmente, no final da primavera. Isto permite a produção de mudas padronizadas em apenas um ciclo vegetativo, devendo-se realizar a enxertia o mais cedo possível, dando-se preferência ao final do mês de novembro ou início de dezembro, quando os porta-enxertos atingem em torno de 70 cm de altura e, aproximadamente, 6 mm de diâmetro, estando aptos a receber o enxerto, obtendo-se até 90% de mudas uniformes.
No momento da enxertia, o porta-enxerto deve ter sofrido limpeza das brotações laterais até a altura de 30 mm. Coletam-se ramos da planta matriz com diâmetro aproximado de 10 mm e se utilizam as gemas localizadas no terço médio do ramo. Deve-se observar que a coleta de ramos seja realizada por pessoa experiente, que saiba diferenciar gemas vegetativas de gemas frutíferas. Devem ser retirados ramos de plantas que já tenham frutificado, evitando a produção de mudas que podem apresentar rejuvenescimento fisiológico, com conseqüente atraso no início da frutificação. Ao ser colhido o ramo, devem ser eliminadas as extremidades superior e inferior, assim como as folhas, cortando-as logo abaixo da base do limbo, deixando o pecíolo com aproximadamente 10 milímetros de comprimento, preso à haste. Os ramos, logo após cortados e desprovidos de folhas devem ser mantidos à sombra, com a base mergulhada em água, sendo aconselhável retirar somente o material que será utilizado no dia. Entretanto, há a possibilidade de armazenar os ramos por alguns dias, desde que estes sejam agrupados em fardos com diâmetro não superior a 30 cm, embrulhados em papel úmido e envolvidos por plástico conservando-os em temperatura entre 6º e 8ºC, cuidando-se que sejam devidamente identificados.
No processo de enxertia, depois de ser realizada a limpeza da haste do porta-enxerto (Figura 12), faz-se uma incisão com o canivete de enxertia em forma de "T" invertido, à altura de 30 cm do solo. A borbulha é retirada do ramo colhido no pomar de plantas matrizes (Figura 13), na forma de um pequeno escudo de casca, com comprimento variável, tendo o lenho removido. Este escudo é introduzido na incisão em forma de "T" invertido, sob a casca do porta-enxerto, com o auxílio do canivete (Figura 14). Corta-se a porção do escudo que sobressaiu ao corte horizontal do "T". Amarra-se firmemente com fita de polietileno número 8, iniciando-se o amarrio de baixo para cima, de maneira que cada volta da fita ao redor da haste do porta-enxerto ocorra uma pequena sobreposição à faixa anterior (Figura 15). O objetivo é evitar a penetração de água no corte, responsável pela morte de enxertos. A etapa seguinte deverá ser executada até cinco dias após o processo de enxertia quebra parcial da haste do porta-enxerto a cerca de 10 centímetros acima do ponto de enxertia, para o lado oposto, de maneira que fique ligada por uma porção de casca e lenho ao restante da planta. Evita-se assim, que a dominância apical influa sobre o enxerto, inibindo o início da brotação. Entretanto, há necessidade que a copa permaneça ligada ao restante da planta, pois as folhas continuarão a elaborar hormônios e nutrientes que serão levados ao enxerto, induzindo sua rápida brotação. Duas semanas depois do tombamento da copa, realiza-se a retirada total, cortando-se um pouco acima do local da enxertia, eliminando-se as brotações maiores que tenham se desenvolvido abaixo da região de enxertia. Posteriormente, quando o enxerto apresenta crescimento superior a 10 cm é realizado o esladroamento total. A retirada definitiva da porção existente acima do enxerto ocorre 20 dias após a enxertia, com o corte da haste em bisel, de modo que o atilho seja cortado na mesma operação. Em condições normais, as mudas atingirão o desenvolvimento adequado em meados do mês de junho (Figura 16), finalizando o primeiro ciclo vegetativo com a queda de folhas e a entrada no período de dormência.
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 12. Porta-enxerto antes do processo de retirada das ramificações basais.
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 13. Retirada da borbulha da cultivar a ser enxertada.
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 14. Colocação da borbulha na incisão em "T" invertido realizada previamente no porta-enxerto.
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 15. Amarração do enxerto.
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 16. Desenvolvimento das mudas no viveiro.
Outros tipos de enxertia poderão ser realizados em caso de não ser possível a enxertia de gema viva. Porém, são processos mais trabalhosos e demorados. A enxertia de gema dormente é executada no fim do verão. Sendo muito semelhante à enxertia de gema viva. O corte da copa do porta-enxerto em bisel só é realizado no fim do inverno seguinte, necessitando dois ciclos vegetativos para obter-se a muda formada. A enxertia de garfagem só é recomendada quando se quer aproveitar mão-de-obra ou porta-enxertos, sendo o tipo mais recomendado o de fenda dupla.

Acondicionamento, conservação e transporte de mudas

Durante a retirada das plantas do viveiro, deve-se inicialmente efetuar o corte de todos os ramos laterais, deixando-se apenas a haste principal, a qual é encurtada na altura de 70 centímetros acima do ponto de enxertia. Posteriormente, é realizado o arrancamento das mudas com o auxílio de uma pá que é introduzida abaixo das raízes, forçando-as para cima com o conseqüente afrouxamento do solo. Faz-se, a seguir, uma poda para regularização do sistema radicular, eliminando-se raízes com comprimento excessivo, mal localizadas, mal formadas ou danificadas. Deve-se evitar que as mudas fiquem com o sistema radicular exposto ao sol, dando-se preferência aos dias nublados para arranquio.
Posteriormente, até o momento do plantio definitivo, as mudas devem ter o sistema radicular enterrado, em local fresco e bem-drenado, mantendo-se a umidade com irrigações periódicas (Figura 17).
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 17. Acondicionamento das mudas de ameixeira após a retirada do viveiro.
Quando houver necessidade do transporte das mudas a grande distância, estas deverão ter seu sistema radicular preparado convenientemente, tomando-se muda por muda e mergulhando suas raízes em uma pasta mole, feita com solo argiloso e esterco curtido, na proporção de 3:1, até a altura do coleto. Posteriormente, as plantas serão enfardadas em feixes envoltos em palha, amarrando-se aos poucos, de baixo para cima, com barbante ou outro material. O transporte deverá ser realizado com os fardos mantidos dentro de caixas ou engradados, em local arejado e ao abrigo do sol.

  
Obtenção e plantio da muda


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A qualidade da muda é essencial para o estabelecimento de um pomar produtivo, capaz de produzir frutos de alto padrão durante longo tempo e rentável para o produtor. A escolha de uma muda de baixa qualidade, mesmo que inicialmente proporcione redução no custo de implantação do pomar, poderá trazer sérios problemas futuros. Daí a necessidade da obtenção de muda de viveiristas qualificados e devidamente registrados pela Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA). 

A muda de qualidade tem identidade varietal, vigor da parte aérea e do sistema radicular boa, soldadura da enxertia, ausência de anormalidades fisiológicas, idade para plantio e sanidade certificada quanto a fungos, bactérias, vírus e insetos. 

Um dos principais problemas relativos à qualidade da muda de ameixeira refere-se à presença de bactéria causadora da escaldadura (xillela fastidiosa), cujos sintomas normalmente são detectados cerca de 3 a 4 anos após o plantio da muda no pomar. Portanto, é fundamental dar atenção à origem das borbulhas, sendo que as mesmas devem ser oriundas de matrizes certificadas, livres do patógeno. 

A aquisição da muda ou a produção da mesma pelo próprio fruticultor é uma decisão importante a ser tomada quando definida a implantação do pomar. Para tomada desta decisão, alguns critérios devem ser considerados:

  • custo de aquisição ou de produção da muda;
  • possibilidade de obter material propagativo (caroços ou estacas de porta-enxertos e borbulhas) com sanidade certificada;
  • estrutura de produção para viveiro (mão-de-obra, instalações, área adequada, irrigação, dentre outros);
  • registro de viveirista junto à SAA e definição de responsável técnico pelo viveiro, no caso de interesse de comercializar as mudas produzidas. A lei 10.711 de 05/08/2003 exige o registro das matrizes e da viveira no RENASEM/Decreto 5153 de julho de 2004.
A não existência de qualquer um destes fatores implica em limitações técnicas para a produção de mudas de qualidade, razão pela qual, neste caso, deve-se optar pela aquisição da muda. Além disso, em função da produção de mudas em escala comercial pelo viveirista, freqüentemente é mais viável adquirir a muda ao invés de produzí-la.

Obtenção de muda de viveiristas


Caso a decisão do produtor seja adquirir a muda, é necessário buscá-las junto a viveiristas idôneos, qualificados e registrados junto à SAA e no RENASEM. Normalmente, é feita a encomenda da muda antes da fase de enxertia, que ocorre a partir de novembro. Esta encomenda é importante para evitar a falta de mudas ou a aquisição de mudas de baixo padrão qualitativo. 

As mudas deverão atender aos requisitos mínimos de qualidade, estabelecidos na legislação da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Rio Grande do Sul (Portaria N° 302/98). Os padrões mínimos de uma muda de ameixeira estão mencionados na Tabela 1.

Tabela 1. Padrões mínimos legais para mudas de ameixeira.

Altura do enxerto 

10 a 20 cm, medidos a partir do colo da planta

Diâmetro mínimo acima do ponto de enxertia 

1 cm, medido a 5 cm do ponto de enxertia

Diferença máxima de diâmetro entre enxerto e porta-enxerto 

0,6 cm, medidos a 5 cm do ponto de enxertia

Altura mínima da haste principal 

50 cm, medidos a partir do colo da planta

Comprimento mínimo das pernadas (se houver) 

25 cm, não lascadas

Sistema radicular 

Bem desenvolvido, raiz principal com mínimo de 20 cm de comprimento e raízes secundárias abundantes, não enoveladas ou torcidas

Idade máxima da muda 

27 meses

Características gerais 

muda de raiz nua com raízes protegidas com material úmido e não fermentável ausência de sintomas de pragas ou doenças método de propagação: enxertia, estaquia ou micropropagação

Fonte: Embrapa Uva e Vinho

Produção da muda


Embora a ameixeira possa ser propagada por diversos métodos, comercialmente, a obtenção de mudas é totalmente feita pela enxertia da cultivar produtora sobre um porta-enxerto proveniente de sementes ou estacas. Este método de propagação apresenta muitas vantagens, como a facilidade de obtenção da muda, o vigor do porta-enxerto, a longevidade da planta e, principalmente, o rendimento em viveiro. Entretanto, vários são os inconvenientes, como necessidade de enxertador com habilidade, tempo para obtenção da muda, variabilidade das plantas em função da propagação sexuada do porta-enxerto, dentre outros. 

Esse fato tem induzido à realização de muitos trabalhos visando alterar o método de propagação convencional, tais como a estaquia da cultivar-copa e/ou do porta-enxerto, a seleção de porta-enxertos clonais e a micropropagação. Tais alterações, embora promissoras e com algumas experiências positivas em outros países, ainda não foram incorporadas ao sistema de produção de mudas de ameixeira no Brasil, possivelmente pelos resultados variáveis em função da cultivar e da própria necessidade de investimentos em infra-estrutura do viveiro para obtenção de resultados economicamente viáveis.

A seguir, está apresentado o procedimento para produção de mudas pelo método convencional.

Produção do porta-enxerto


No Rio Grande do Sul, pela proximidade de indústrias processadoras de pêssegos, predomina a utilização de caroços de cultivares tardias, como 'Magno' e 'BR-6' após seu descarte pela indústria. A preferência por estas cultivares deve-se ao tempo mais prolongado para maturação do embrião durante o desenvolvimento do fruto, já que cultivares muito precoces tendem a apresentar problemas de germinação e baixo vigor das plântulas. O desempenho dos porta-enxertos provenientes de cultivares tardias tem sido bom, embora a mistura de cultivares, quando do plantio dos caroços no viveiro, possa acarretar desuniformidade das futuras mudas no pomar. 

Normalmente, faz-se referência a cultivares como Aldrighi e Capdeboscq para esta finalidade, porém, com o surgimento de cultivares mais competitivas para a indústria, a obtenção de caroços destas cultivares é menos freqüente, razão pela qual o uso de outras cultivares tardias tem aumentado nos últimos anos. 

Um bom porta-enxerto é aquele que é de fácil propagação, apresenta rápido desenvolvimento, é tolerante a pragas e doenças, é compatível com a cultivar-copa e confere boas características à planta enxertada. Normalmente, a compatibilidade da ameixeira com o pessegueiro é satisfatória, não apresentando limitações para a produção de mudas. Com a utilização de outros porta-enxertos, entretanto, podem ocorrer algumas dificuldades de pegamento e desenvolvimento da muda. 

Na região Sudeste do Brasil, predomina o uso do porta-enxerto 'Okinawa', devido à sua resistência a nematóides, principalmente aos do gênero Meloidogyne; elevada produtividade e capacidade de germinação, bem como o bom desempenho como porta-enxerto para ameixeira, além de pessegueiro e nectarineira. 

Embora já existam diversos trabalhos de pesquisa no Brasil, uma das maiores dificuldades com relação à produção de mudas é a falta de opções de materiais que possam ser usados como porta-enxertos, principalmente levando-se em consideração as variações nas condições edafoclimáticas que existem entre as principais regiões produtoras. Em outros países, como Itália, França, Estados Unidos, Espanha e Chile, existem dezenas de materiais, clonais ou propagados por sementes, que podem ser utilizados como porta-enxertos. 

Para a obtenção do porta-enxerto, devem ser observadas as seguintes etapas:

  1. Coleta e preparo da semente
    As sementes devem ser coletadas, preferencialmente, de plantas matrizes sadias, produtivas e de cultivares tardias ou de meia-estação. Os frutos devem ser maduros, bem formados e sadios, o que favorece a qualidade fisiológica da semente. Após a colheita dos frutos, os caroços são extraídos manualmente (quando estes forem obtidos de cultivares com polpa não-aderente ao caroço) ou com uso de descaroçador manual (quando de polpa aderente ao caroço). Convém não armazenar caroços com resto de polpa por longo tempo, pois a fermentação pode elevar a temperatura das sementes e aumentar a contaminação com fungos e bactérias, desfavorecendo a qualidade das mesmas. Por isso, é conveniente lavar os caroços logo após a sua extração, retirando os restos de polpa aderidos. Outra maneira de se efetuar a limpeza dos caroços consiste em espalhá-los em camadas com cerca de 20 cm de altura, fazendo duas remoções diárias das camadas de caroços, durante 3 a 7 dias. A seguir, os caroços são submetidos ao tratamento para quebra de dormência.
  2. Quebra de dormência
    As sementes das espécies frutíferas de clima temperado necessitam de um período de estratificação sob frio úmido, que varia de espécie para espécie e também entre cultivares (dormência fisiológica). Além da dormência fisiológica, as sementes de pessegueiro apresentam dormência física, devido à presença do envoltório duro e impermeável do caroço. Assim, para se obterem mudas de qualidade, torna-se necessária a estratificação das sementes (caroços ou amêndoas) em substrato umedecido à temperatura de 5-12ºC por algumas semanas, antes da sua semeadura. Há, principalmente, dois métodos para quebra de dormência:
    • estratificação de caroços - utilizam-se caixas com dimensões em torno de 60 x 40 x 50 cm, apresentando no fundo orifícios com aproximadamente 1 cm de diâmetro, para drenagem da água de irrigação. Dentro das caixas, os caroços são colocados em camadas alternadas com o substrato (areia, serragem curtida e de madeira não-tratada com conservantes de madeira ou solo misturado com areia ou serragem), tratando-se cada camada com um fungicida (Captan 240 g/100l, Tebuconazole 100 ml/100l) e, em seguida, as caixas são colocadas em geladeira ou em câmara fria ou, ainda, deixadas em locais sombreados. O substrato deve ser umedecido periodicamente e após um período de aproximadamente 60 dias, os caroços são retirados, procedendo em seguida à quebra do endocarpo (caroço) para obtenção da amêndoa, com auxílio de um torno manual ou martelo. Em regiões frias e úmidas, a estratificação dos caroços também pode ser realizada à sombra de árvores ou no interior de pequenas matas, onde os caroços são colocados em camadas com, no máximo, 20 cm de altura, até serem levados para a sementeira ou viveiro.
  3. Semeadura e manejo do porta-enxerto

    Tão logo for quebrada a dormência, procede-se à semeadura, a qual pode ser feita utilizando-se os caroços ou as amêndoas. O método preferencial é o uso de amêndoas, devido à germinação ocorrer em menor tempo e com uma maior uniformidade do que quando usados caroços. O tratamento das amêndoas com fungicidas, conforme mencionado no item anterior, antes da semeadura é recomendável. 
    As sementeiras devem apresentar largura de 1 a 1,2 m e comprimento variável. É recomendável ainda a solarização do solo antes da semeadura. A adubação da sementeira deve ser realizada com cautela, evitando-se excessos, principalmente de nitrogênio. A semeadura é feita em sulcos com 2-3 cm de profundidade, espaçados entre si de 20 cm, sendo as amêndoas espaçadas de 8 a 10 cm e os caroços colocados lado a lado. Logo após a semeadura, procede-se à cobertura das sementes com areia e a cobertura do solo com palha. Tão logo inicie-se a emergência, a palha deve ser retirada. 
    A semeadura em recipiente é utilizada especialmente para amêndoas, podendo-se utilizar tubetes, bandejas de isopor e sacos plásticos. Neste caso o preparo do substrato deve receber atenção especial, o qual deve ser suficientemente poroso e capaz de reter água em quantidade adequada, bem como não conter inóculos de patógenos ou propágulos de invasoras. Normalmente, utiliza-se solo, areia e esterco curtido, na proporção de 2:1:1. 
    A semeadura direta em viveiro é utilizada para o plantio de caroços, sendo utilizados um espaçamento entre linhas de 1 a 1,40 m e 170 a 200 caroços/metro linear. Após a emergência, faz-se um raleio das plantas, observando, dentro do possível, um espaçamento de 0,20 m entre plantas. 
    No caso da sementeira ou da utilização das mudas descartadas no raleio, a repicagem para o viveiro deve ser realizada logo após a emergência, ainda com os cotilédones e tomando-se cuidado para que as raízes fiquem bem distribuídas, sem dobras, sendo as mudas plantadas na mesma profundidade que se encontravam na sementeira. 
    As mudas produzidas em recipientes, por serem repicadas com torrão, podem ser levadas ao viveiro com altura em torno de 15 cm, utilizando espaçamento de 0,20 m a 0,40 m x 0,80 m a 1,0 m.

    Os principais cuidados na condução das mudas são: desbaste das mudas em excesso e pouco desenvolvidas; desbrotas para condução em haste única; adubações nitrogenadas aplicadas em torno de 30 a 80 dias após a replicagem; controle de plantas invasoras, de pragas e de doenças; irrigações, quando necessário.
Produção da muda enxertada


O método de enxertia mais utilizado na propagação da ameixeira é a borbulhia de gema ativa realizada no período de primavera-verão, utilizando-se o método de T invertido. Antes da realização da enxertia, os porta-enxertos, que devem estar com aproximadamente 70 cm de altura e 6 mm de diâmetro, devem sofrer uma toalete, devendo ser retiradas as brotações até uma altura de 30-40 cm. Antes ou durante a enxertia, faz-se o tombamento da copa do porta-enxerto, a 10 cm do ponto de enxertia. Em torno de 20 a 30 dias após a enxertia, faz-se o corte definitivo da copa do porta-enxerto e remoção da fita plástica. Após, efetuam-se os tratos culturais necessários para o bom desenvolvimento das mudas, como adubações, capinas, controle de pragas e doenças e irrigações. Em geral, a muda em raiz nua é comercializada no inverno seguinte. 

Alternativamente, podem ser realizadas as enxertias de gema dormente (durante o outono) ou de garfagem (durante o inverno). Ambos os casos são adotados visando o aproveitamento de porta-enxertos cuja enxertia de primavera-verão não teve êxito ou não apresentavam diâmetro adequado ou ainda para a maximização do uso de material propagativo da cultivar-copa. Na borbulhia de gema dormente, ocorre o pegamento, porém não há brotação, a qual somente ocorrerá após a saída da dormência, durante o ciclo seguinte. O pegamento normalmente é elevado, porém a gema pode morrer durante o inverno, especialmente se, pela ocorrência de temperaturas elevadas durante o outono, ocorrer a brotação antecipada da cultivar-copa. Já a garfagem apresenta o inconveniente de estar associada à ocorrência de gomose na muda, o que pode comprometer a sua sobrevivência. 

Em média, o tempo de produção da muda no Rio Grande do Sul é de 7 meses para a borbulhia de gema ativa (entre novembro e julho), 15 meses para a borbulhia de gema dormente (entre março e julho do ano seguinte) e 12 meses para a garfagem.


Plantio da muda


Entre o arranquio das mudas do viveiro e o plantio, deve transcorrer o menor intervalo possível. Durante este período, deve-se manter as mudas umedecidas e em local sombreado, preferentemente com as raízes em areia úmida. 

A época mais adequada para o plantio é entre julho e agosto, quando as mudas encontram-se em repouso vegetativo, pois provoca-se menor estresse por falta de água, reduzindo a perda de mudas após o plantio, uma vez que a muda é plantada de raiz nua. Não se recomenda a abertura de covas para o plantio em substituição ao preparo do solo (subsolagem, aração e gradagem), pois isto limita o desenvolvimento das raízes, e por conseqüência, da produção.




3 comentários:

  1. Feliz ano novo. Excelente explanação, sobre a produção de mudas de ameixas.Conheço municipios no sudoeste baiano própicios tanto a produção de amixas, quanto pêssegos.Tel/7734231929. RGS(pesquisador).

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  2. bom dia amigo:
    feliz por seu comentário,em trabalhos realizados na EPAMIG,mas precisamente em Caldas,chegamos à conclusão que a a Ameixa se adapta muito bem em várias situações climáticas(semelhante ùva)acredito que com mais alguns trabalhos de seleção, encontraremos o material adequado,mas como estou aposentado, abola da vez é sua, mas com certeza terá nossa humilde colaboração se solicitado.
    abraços.carlos ferreira
    viçosa mg
    email-carlospenamg@ibest.com.br

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  3. gostaria de comprar mudas de frutas não transgenica ?
    onde comprar .

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