domingo, 24 de dezembro de 2017

Doenças do Cajueiro


1-Oídio

O oídio causado pelo fungo Oidium anacardii Noack, até poucos anos atrás, foi considerado uma doença secundária na cajucultura do Brasil, pois os sintomas ocorriam em folhas maduras formando um revestimento ralo, branco-acinzentado e pulverulento nas duas faces das folhas (Figura 1). No entanto, nos últimos anos tem-se verificado uma maior ocorrência da doença, principalmente nas brotações novas e maturis do cajueiro. O oídio tem prejudicado totalmente a produção e a qualidade do pedúnculo. Atualmente, a doença tem sido observada em diferentes clones de cajueiro.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 1. Sintomas de oídio na sua forma menos agressiva, comumente encontrada em folhas maduras.
Sintomas
O sintoma clássico do oídio no Brasil é a formação de um revestimento ralo, branco-acinzentado e pulverulento sobre o limbo foliar, assemelhando-se à tonalidade cinza (Figura 2). As folhas adultas são predominantemente as mais atacadas. Nas condições epidêmicas descritas na África, os sintomas não diferem muito dos sintomas clássicos descritos no Brasil; porém, observa-se uma predominância de ataque nos tecidos juvenis, inflorescências, pedúnculos e frutos, causando abortamento de flores, deformações, rachaduras e varíolas nos pedúnculos e frutos. Por essa razão, os danos causados tornam-se muito mais preocupantes, uma vez que tanto o pedúnculo quanto a castanha, que são os principais produtos comercializados, são severamente afetados. Nos botões e flores, o fungo causa uma queima na superfície, podendo ser observada a presença de um aveludado branco (Figura 3). Quando em fase muito avançada, o sintoma se assemelha a uma queima causada pelo frio e, em alguns casos, pode ocorrer deformação desses botões florais (Figura 4). Nos maturis, os sintomas ocorrem principalmente sobre a castanha, visualizando-se o crescimento aveludado do fungo (Figura 5). Nos frutos, não é comum observar o crescimento do fungo, mas as cicatrizes deixadas na superfície revelam o efeito da doença (Figura 6). Os sintomas no pedúnculo são ranhuras e rachaduras na superfície do mesmo. Não se observam sinais do fungo no pedúnculo, mas apenas cicatrizes (Figura 7).
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 2. Sintomas de oídio em folhas novas do cajueiro, semelhante àquela descrita na África Oriental.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 3. Sintomas de oídio nos botões e flores do cajueiro.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 4. Deformação dos botões florais ocasionada pelo oídio.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 5. Sintoma generalizado do oídio na superfície do maturi.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 6. Sintomas de oídio nas castanhas.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 7. Rachadura do pedúnculo causada pelo oídio.
Em viveiro, ocorre também a infecção do fungo nas mudas do cajueiro, e os sintomas são observados nas folhas novas prejudicando o desenvolvimento das mudas (Figura 8). Condições de umidade relativa alta e temperaturas amenas (22 ºC a 25 ºC) podem intensificar a reprodução do fungo. Mudas infectadas ficam debilitadas, e, no campo, os sintomas tendem a evoluir (Figura 9).
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 8. Sintomas de oídio em mudas de cajueiro.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 9. Muda de cajueiro em pomar, apresentando os sintomas ocasionados pelo oídio.

Manejo da doença

Em viveiros, é necessário afastar as mudas que estão muito próximas, manejar a irrigação e utilizar fungicida à base de enxofre em pulverizações.
A partir de experimentos, verificou-se que moléculas de enxofre exercem excelente efeito no controle do oídio do cajueiro. O uso do fungicida Kumulus® DF, na dose de 5 gramas do produto comercial por litro de água, é eficiente no controle da doença quando pulverizado nas panículas. São necessárias cerca de três aplicações a intervalo de 15 dias. O enxofre natural pode ser usado com sucesso, quando aplicado preventivamente via povilhadeira.
Pesquisas em andamento utilizando alguns clones de cajueiro-anão têm revelado potencial de resistência.

2-Antracnose

Esta é uma das mais severas doenças do cajueiro no Brasil, seja pela sua ocorrência em todas as regiões produtoras, seja pelo volume de danos econômicos que provoca; causa prejuízos, indistintamente, tanto em pomares diversificados do ponto de vista genético como em campos onde são utilizados clones melhorados. A doença torna-se importante quando as condições climáticas são favoráveis e o cajueiro encontra-se na fase de lançamento foliar ou floral. Perdas de 40% do volume total da produção já foram registradas; entretanto, perdas na qualidade do produto e redução do rendimento industrial podem elevar ainda mais esse percentual.
A doença é causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides (Penz) Penz. & Sacc e caracteriza-se por lesões numerosas que podem ocorrer em ambas as faces das folhas, ramos, flores, frutos e pedúnculos.
A antracnose é muito severa em tecidos jovens que brotam durante ou imediatamente após o período chuvoso. Quando o período de elevada umidade prolonga-se até o início da frutificação, os danos à produção são bastante significativos.
Esse fungo pode sobreviver em restos de cultura do cajueiro ou em folhas presas à planta. O fungo pode ser disseminado pelo vento ou principalmente pela água da chuva ou da irrigação. A alta umidade relativa do ar e o orvalho que causa o molhamento das folhas são fatores climáticos importantes para a infecção do fungo nos tecidos da planta. A planta pode estar infectada dentro de um período de aproximadamente 2 dias, mas o agricultor só vai visualizar os sintomas dentro de 3 a 5 dias. A partir daí, a intensidade de doença dentro da área pode aumentar e prejudicar toda a brotação nova da planta.
Sintomas
Os sintomas da antracnose no cajueiro são de fácil reconhecimento devido às lesões causadas, sendo mais encontrados em folhas novas.
No início, os sintomas são manchas irregulares e de coloração parda nas folhas novas (Figura 10), tornando-se avermelhadas à medida que as folhas envelhecem (Figura 11).
Em infecções severas, todas as folhas novas ficam retorcidas e deformadas (Figura 12). Nessa situação, parece que houve uma queima nas brotações e, em condições bastante favoráveis, todas as brotações da planta pode expressar esse sintoma. As lesões também podem ocorrer no eixo das inflorescências apresentando coloração marrom-escura, em formato ovalado ou arredondado e, às vezes, com surgimento de goma (Figura 13).
Nas panículas, observam-se lesões da doença sobre extensa superfície, inclusive nos botões e flores (Figura 14).
No maturi, é observado o escurecimento (Figura 15), e nas castanhas e pedúnculos, observam-se lesões escuras, eventualmente arredondadas. As rachaduras causadas pela antracnose (Figura 16) não devem ser confundidas com as provocadas pelo oídio pelo fato de que, quando se trata da antracnose, a lesão rachada fica escura.
À medida que as folhas atingem a maturidade, tornam-se resistentes à antracnose. Os sintomas são visíveis, mas não evoluem como nos tecidos novos (Figura 17). Por isso, a presença de sintomas da antracnose nessas folhas é indicativa de infecções ocorridas anteriormente e não apresentam uma ameaça imediata ao cajueiro.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 10. Sintomas de antracnose em brotações novas do cajueiro.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 11. Sintomas de antracnose em folhas maduras do cajueiro.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 12. Infecção severa de antracnose em brotações novas do cajueiro.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 13. Sintomas de antracnose no eixo da inflorescência do cajueiro.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 14. Lesões causadas pela antracnose na panícula do cajueiro.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 15. Sintoma de antracnose no maturi do cajueiro.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 16. Sintoma de antracnose no pedúnculo do caju caracterizado por lesão escura e rachada.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 17. Folhas velhas do cajueiro infectadas pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides.

Manejo da doença

Além de ocorrer no campo, os sintomas podem ser observados em viveiros produtores de mudas. Assim, o manejo da doença em viveiro não deve ser negligenciado, e ações como aumento do espaçamento entre as mudas, eliminação de folhas doentes, manejo da irrigação e pulverizações com fungicidas registrados podem diminuir a incidência da doença.
Para o manejo da antracnose no campo, algumas recomendações podem ser seguidas, como a eliminação de restos de culturas infectados (por exemplo, poda de limpeza, remoção e destruição de restos culturais) e controle químico preventivo nas brotações novas e inflorescências com oxicloreto de cobre na dose de 4 g de produto comercial por litro de água. Nessas aplicações, é necessário utilizar espalhante adesivo na calda de pulverização. Recomenda-se realizar três aplicações em intervalos semanais.

3-Mofo-preto do cajueiro

O mofo-preto é uma doença de importância crescente no litoral nordestino, principalmente com a expansão da área cultivada com o cajueiro-anão. O fungo Pilgeriella anacardii Arx & Müller é o agente causal do mofo-preto. Os sintomas da doença são caracterizados pelo crescimento do fungo na página inferior da folha, que assume uma forma de feltro, de coloração marrom-escura. A doença ocorre a partir do início do período chuvoso e atinge o ponto mais elevado exatamente ao término desse período, que coincide com o início do lançamento foliar do cajueiro. A doença inicialmente estava restrita ao litoral oeste do Ceará. No entanto, foram constatadas ocorrências ao longo do litoral do Nordeste e na região central do Brasil, como os municípios de Barreiras, BA, e Palmas, TO. No Semiárido, raramente é observada em decorrência da baixa umidade do ar e do baixo volume de chuvas.
Sintomas
O fungo é um parasita obrigatório que penetra via estômatos e cresce somente na página inferior da folha. Inicialmente, se observam lesões pequenas (Figura 18) que evoluem até cobrir completamente a folha, que tende a ficar com uma coloração verde pálida (Figura 19). Ataques severos causam acentuada queda das folhas (Figura 20). Plantas muito atacadas têm sua produtividade significativamente reduzida. Não há registro de que o fungo infecta inflorescência, castanha e pedúnculos. A produção final da planta pode ficar comprometida devido ao ataque do fungo.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 18. Sintomas iniciais do mofo-preto nas folhas do cajueiro.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 19. Sintoma avançado do mofo-preto nas folhas do cajueiro.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 20. Plantas apresentando ataque severo do mofo-preto, intercaladas a outras tratadas com oxicloreto de cobre.

Manejo da doença

O controle do mofo-preto tem sido preconizado pelo uso de fungicidas. O controle químico foi eficiente com os produtos à base de oxicloreto de cobre, que exerce proteção contra a infecção do fungo (Figura 20). As pulverizações devem ser realizadas antes do início da estação chuvosa e preventivamente à chegada da doença nas plantas. No entanto, novos estudos precisam ser conduzidos quanto ao manejo dessa doença no campo.
Além do controle químico, existem evidências que os clones comerciais ‘CCP 06’, ‘BRS 253’, ‘BRS 274’ e ‘BRS 275’ são resistentes ao mofo-preto; porém, mais estudos deverão ser realizados para a seleção de clones de cajueiro-anão com resistência à doença.

4-Resinose

A resinose do cajueiro é uma doença muito importante no semiárido nordestino. Ela foi descrita pela primeira vez no Brasil, no Nordeste, precisamente em Alto Santo, CE. A doença é causada pelo fungo Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griffon, que pode infectar também outras fruteiras tropicais como a mangueira, a ateira, a gravioleira, o coqueiro, a cajazeira, a aceroleira, o sapotizeiro, etc. A doença tem sua importância praticamente restrita à região do Semiárido, onde representa uma ameaça para o cajueiro pelo caráter destrutivo dos sintomas. A disseminação pode se dar pelas sementes, propágulos vegetativos e porta-enxertos, sem sintomas. Essa doença tem sido constatada como muito agressiva na microrregião produtora do sudeste do Piauí e nos estados do Rio Grande do Norte e Tocantins. Nas regiões litorâneas, essa doença ainda não foi encontrada.
Sintomas
Os primeiros sintomas da doença já podem ser detectados logo após o primeiro ano de plantio (Figura 21), e se caracterizam pelo surgimento de lesões escuras nos ramos (Figura 22), que com a sua evolução ficam intumescidas e rachadas (Figura 23), formando cancros pronunciados no tronco e ramos lenhosos, seguidas de intensa exsudação de goma (Figura 24). Sob a casca, observa-se um escurecimento dos tecidos, o qual se estende até atingir a região cortical e o câmbio vascular. Com o avanço da doença, sintomas de deficiências nutricionais, murcha, queda de folhas, morte descendente e seca dos ramos (Figura 25) são observados, até o colapso total da planta (Figura 26). Alta incidência dessa doença na área promove uma redução expressiva no estande das plantas e consequentemente redução acentuada na produtividade da lavoura.
Severas epidemias da resinose foram observadas no semiárido nordestino, principalmente devido à expansão do cultivo do clone susceptível ‘CCP 76’ e o provável estresse hídrico que predispõe as plantas à infecção do fungo. O estresse hídrico e a amplitude térmica (≥8 oC) têm sido apontados como fatores importantes para a ocorrência da doença.
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Figura 21. Sintoma de resinose em cajueiro com 1 ano de idade.
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Figura 22. Lesões escuras da resinose no ramo do cajueiro.
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Figura 23. Ramo de cajueiro intumescido com rachadura na casca causado pela resinose.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 24. Cancro no tronco do cajueiro formado pela infecção de Lasiodiplodia theobromae.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 25. Morte e seca do ramo do cajueiro causado pela resinose.
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Figura 26. Amarelecimento e morte do cajueiro infectado por Lasiodiplodia theobromae.

Manejo da doença

O manejo da resinose deve ser realizado de forma integrada por meio de práticas que contribuam para a redução, bem como no atraso da chegada da doença na área. Práticas isoladas não têm apresentado efeito no controle da resinose.
Para o manejo, recomenda-se utilizar mudas produzidas com sementes e propágulos obtidos de plantas sadias, além de desinfestar ferramentas com solução de hipoclorito de sódio (1:1- água:água sanitária) para reduzir a transmissibilidade do fungo durante a execução de poda e limpeza da planta.
Ressalta-se que tem sido observado em algumas propriedades que cirurgias no tronco (remoção dos tecidos atacados) com posterior pincelamento com calda bordalesa, apresentam certo efeito positivo no controle da doença.
Devido à grande dificuldade para conter o avanço da doença no campo pelas práticas sugeridas acima, buscou-se pelo melhoramento genético vegetal obter clones de cajueiro-anão com resistência à resinose. Após seleção em populações submetidas a grande pressão da doença, o clone ‘BRS 226’ foi considerado como resistente. Posteriormente, o clone ‘Embrapa 51` também foi identificado como resistente. Portanto, o plantio desses clones representa uma alternativa para o cultivo do cajueiro na região do semiárido nordestino.

5-Podridão-preta-da-haste (PPH)

Causada também por Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griffon (o mesmo fungo da resinose), a podridão-preta-da-haste foi observada em pomares irrigados de cajueiro no Estado do Ceará, no Município de Beberibe no final da década de 1990. A doença também foi observada no Município de Pio IX, PI, em pomares comerciais de sequeiro, porém em menor severidade. Em outros estados como Bahia, Rio Grande do Norte e Tocantins, também tem sido observada a ocorrência dessa doença. Na região dos municípios de Gurupi e Palmas, TO, o PPH foi relatado como uma doença muito agressiva com reflexos negativos na produção do cajueiro. O surgimento nos últimos anos, em caráter epidêmico, do PPH na microrregião de Barreiras, BA, e Palmas, TO, provocaram significativos danos para a cultura. Tais epidemias foram atribuídas à expansão da cultura em regiões sujeitas às condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do patógeno. As condições de elevada umidade (chuva e umidade relativa do ar) e a temperatura amena durante as noites são tidas como altamente favoráveis ao surgimento e ao progresso da doença.
Sintomas
A doença tem esse nome em resposta aos sintomas expressos pela planta, os quais se caracterizam pelo escurecimento dos tecidos da haste terminal do cajueiro (Figura 27). Em estádios mais avançados, pode ser observada a exsudação de uma goma no broto terminal (Figura 28). O sintoma avança até a necrose total (podridão preta) (Figura 29), queima e seca descendente do ramo, tornando a copa parcialmente destruída pela doença (Figura 30). Plantas com sintomas de PPH apresentam muitas brotações secas sobre toda a planta (Figura 31). O agricultor deve tomar cuidado para não confundir esse sintoma com aquele ocasionado pela broca das pontas do cajueiro (ver Capítulo sobre Pragas do cajueiro).
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 27. Sintoma inicial da podridão-preta-da-haste no ramo terminal do cajueiro.
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Figura 28. Exsudação de goma na brotação terminal do cajueiro infectada por Lasiodiplodiatheobromae.
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Figura 29. Sintoma de necrose no ramo terminal do cajueiro causado por Lasiodiplodia theobromae.
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Figura 30. Sintoma avançado da podridão-preta-da-haste na copa do cajueiro.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 31. Planta de cajueiro-anão (‘CCP 76’) com inúmeros ramos secos provocados pela podridão-preta-da-haste.

Manejo da doença

O manejo da doença tem sido obtido, experimentalmente, por meio da poda dos ramos afetados seguida da aplicação de fungicidas, porém a eficiência desses procedimentos ainda é limitada quando as condições de umidade e temperatura são favoráveis. Novos estudos necessitam ser realizados com moléculas mais modernas existentes hoje no mercado. Quanto à resistência genética, os clones resistentes à resinose também têm se revelado resistentes à PPH.

6-Mancha-de-xanthomonas

Além das doenças fúngicas do cajueiro, tem sido constatado recentemente uma doença causada por uma bactéria. A primeira confirmação ocorreu no Município de Pio IX, PI. A mancha-de-xanthomonas, como é denominada, é causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. mangiferaeindicae. Essa doença pode tornar-se importante em função das alterações climáticas, principalmente em regiões de ventos fortes, úmidas e com temperaturas noturnas mais baixas. A doença também tem sido detectada nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará.
A mancha-de-xanthomonas exige água livre em níveis ótimos para que ocorra a infecção. Em viveiro, o excesso de irrigação pode favorecer a ocorrência da doença. No campo, mesmo em épocas mais secas, o orvalho noturno contribui para a infecção pela bactéria.
Sintomas
Os sintomas podem ser observados nas folhas e castanhas. Nas folhas, as manchas são marrom-escuras e, geralmente, se desenvolvem primeiro na nervura central da folha (Figura 32). Em casos mais avançados, distribuem-se também para as nervuras laterais (Figura 33). Com o progresso da doença, as lesões se espalham severamente em todas as direções da folha causando amarelecimento (Figura 34), necrose (morte do tecido) (Figura 35) e queda da folha. A bactéria também tem se revelado muito agressiva em mudas de cajueiro, comprometendo o seu desenvolvimento no campo, fato constatado no Estado do Rio Grande do Norte (Figura 36). A ocorrência dessa doença em mudas de cajueiro mostra também a sua importância no viveiro.
Nos frutos, a doença causa manchas aquosas, encharcadas (semelhantes a uma mancha oleosa) nas castanhas ainda verdes (Figura 37). Essas manchas podem se juntar (coalescer), aumentar de tamanho, escurecer com a evolução da doença e tornar-se deprimidas após a maturação da castanha. As castanhas desenvolvidas, quando atacadas, mostram uma lesão úmida e de coloração cinza-clara (Figura 38).
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 32. Folha de cajueiro com sintoma da mancha-de-xanthomonas na nervura central.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 33. Sintoma da mancha-de-xanthomonas na nervura lateral da folha do cajueiro.
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Figura 34. Amarelecimento de folha do cajueiro causado pela bactéria Xanthomonas campestris pv. mangiferaeindicae.
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Figura 35. Sintoma avançado da mancha-de-xanthomonas na folha do cajueiro, causando morte do tecido.
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Figura 36. Muda de cajueiro em campo infectadas por Xanthomonas campestris pv. mangiferaeindicae.
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Figura 37. Fruto (castanha) infectado por Xanthomonas campestris pv. mangiferaeindicae.
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Figura 38. Sintomas da bacteriose em fruto maduro infectado por Xanthomonas campestris pv. mangiferaeindicae.

Manejo da doença

Para o manejo dessa doença em viveiro, recomenda-se aumentar o espaçamento entre as plantas e evitar irrigação por aspersão em caso de incidência da doença. Nesse caso, devem-se eliminar plantas doentes do viveiro e utilizar fungicidas à base de cobre preventivamente. No campo, podem ser empregadas poda de limpeza e pulverizações preventivas semanais com o fungicida oxicloreto de cobre nas épocas mais favoráveis à doença.

7-Mancha-angular

Essa doença, de ocorrência endêmica e secundária para o cajueiro, pode futuramente se tornar problema para as regiões produtoras. Anteriormente conhecida como “cercosporiose”, em função de ser causada pela espécie Cercospora anacardii, é atualmente relatada como causada pelo fungo Septoria anacardii Freire. Essa doença vem crescendo em importância, devido a observações feitas em viveiros e em alguns pomares no Ceará, no Piauí e no Rio Grande do Norte.
Sintomas
Os sintomas ocorrem somente nas folhas e são observados inicialmente em folhas jovens como lesões pequenas e arredondadas (Figura 39) que evoluem para manchas angulares em folhas maduras do cajueiro (Figura 40).
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 39. Sintomas iniciais da mancha-angular em folha jovem do cajueiro.
Foto: Marlon Vagner Valentim Martins
Figura 40. Lesões angulares causadas pelo fungo em folhas maduras do cajueiro.

Manejo da doença

Nenhuma medida de manejo tem sido ainda preconizada para essa doença, mas acredita-se que medidas utilizadas tanto para a antracnose quanto para o mofo-preto poderiam ter efeito também para essa doença. No entanto, alguns estudos ainda necessitam ser realizados para o conhecimento mais aprofundado da doença.

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