terça-feira, 28 de julho de 2015

Doenças da Ameixeira




Doenças
A ameixeira européia pertence à espécie Prunus domestica L., seus frutos são utilizados preferencialmente para secagem e são infectadas pela maioria dos patógenos que causam doenças nas outras fruteiras de caroço. As doenças mais freqüentes nas ameixeiras no país e outras que têm importância potencial serão apresentadas a seguir.

Doenças e métodos de controle

Várias enfermidades causam prejuízos e representam ameaça à produção de frutas no Brasil. Entre estas, encontram-se as causadas por bactérias, vírus, fungos, nematóides e outros microrganismos, cujos efeitos refletem-se diretamente sobre a produtividade, principalmente por ocasionar redução no desenvolvimento das plantas, depreciação da produção e, até mesmo morte da planta. Para a diagnose dessas doenças, existem vários processos que vão desde o exame microscópico de tecidos até o uso de técnicas como sorologia, imunofluorescência, hibridação e PCR.
Duas doenças bacterianas causam sérios problemas à cultura e têm com agente causal as bacterias Xylella fastidiosa Wells e Xanthomonas arboricola pv. pruni Smith. Com relação às viroses, a literatura internacional descreve aproximadamente 60 vírus infectando Prunus, sendo que alguns estão associados formando complexos. Cinco ou seis viroses destacam-se como problemas de importância econômica. Entretanto, apenas três viroses principais têm sido diagnosticadas em nossas regiões produtoras. Os fungos são microrganismos não-fotossintéticos, alimentando-se por absorção. Na ameixeira, incidem nas raízes, ramos, folhas, flores e frutos durante o desenvolvimento, pré-colheita e comercialização. No inverno, o inóculo pode permanecer nos frutos secos pendurados na planta ou caídos no chão, em cancros de ramos e/ou nas gemas. Podem ser destacadas três doenças fúngicas como principais: podridão parda (Monilinia fructicola (Wint.) Honey), ferrugem (Tranzchelia discolor (Funckel) Tranz & Livt) e podridão mole (Rhyzopus stolonifer (Ehr. Fr.) Vuill). Problemas causados por nematóides assumem grande importância devido aos sérios prejuízos causados às plantas e à lucratividade do pomar. Estes organismos afetam o desenvolvimento das espécies vegetais devido à sua ação direta e nociva sobre o sistema radicular, podendo, também, predispor a planta a outras doenças e a estresses ambientais.
Entretanto, de maneira geral, a severidade com que as doenças ocorrem varia em função de condições climáticas, cultivar, localização do pomar, fatores que interagem com o tipo de solo, tratos culturais, ataque de insetos e estado nutricional das plantas.

Doenças causadas por bactérias

Escaldadura das folhas da ameixeira - Xylella fastidiosa Wells
Entre as principais doenças causadas por bactérias limitadas ao xilema, destaca-se a escaldadura das folhas da ameixeira.
Materiais propagativos infectados se constituem no principal modo de transmissão. Estacas, borbulhas e garfos disseminam a doença a curtas distâncias, enquanto que mudas produzidas de matrizes infectadas disseminam a doença a longas distâncias. É de extrema importância o uso de mudas sadias, provenientes de matrizes indexadas.
O sintoma inicial da enfermidade é uma leve clorose irregular nos bordos das folhas. Posteriormente a clorose inicial se intensifica, produzindo, no final do ciclo vegetativo, um dessecamento dos bordos, que penetra de forma irregular no limbo, rodeada por uma clorose fraca que invade a lâmina foliar (Figura 25).
Foto: Luis Antônio Suita de Castro

Figura 25. Sintomas provocados porXylella fastidiosaem folhas de ameixeira.
Os sintomas são muito semelhantes aos ocasionados por deficiência de potássio e aparecem em qualquer lugar da copa, com exceção das folhas novas e ramos da última brotação. Nas plantas muito atacadas ocorre queda antecipada de folhas, o crescimento geral diminui, os ramos superiores se tornam quebradiços e seu ângulo de inserção é mais aberto (Figura 26), os frutos e a produção diminuem, e finalmente, ocorre a morte da planta.


Figura 26. Sintomas provocados por Xylella fastidiosa em ramos de ameixeira.
Sintomas típicos normalmente são visíveis em plantas com três anos ou mais: os primeiros sintomas foliares aparecem nos meses de janeiro e fevereiro. As plantas atacadas há vários anos apresentam seca de ponteiros e pouco enfolhamento. Dos sintomas aparecem inicialmente nas folhas da base, progredindo para as mais novas, podendo ocorrer ramos ladrões sem sintomas e haver casos de plantas sem sintomas entre plantas doentes.
Entre as medidas de controle deve-se levar em consideração a tolerância e resistência varietal, a erradicação dos focos iniciais, através de inspeções realizadas nos meses de janeiro e fevereiro, e, principalmente, a utilização de mudas comprovadamente sadias, que por se constituir no principal modo de disseminação do patógeno, constitui-se também no principal modo de controle. Mudas produzidas de matrizes infectadas disseminam a doença a longas distâncias. Plantas que apresentam sintomas da enfermidade já no primeiro ano de plantio provavelmente foram produzidas a partir de matrizes contaminadas.
Bacteriose da ameixeira - Xanthomonas arboricola Pv. pruni (Smith)
Também conhecida como "mancha bacteriana", essa doença pode afetar toda a parte aérea da planta, como folhas, ramos e frutos (Figura 27). Sobre as folhas, inicialmente, se desenvolvem pequenas manchas cloróticas (verde pálido) de formato irregular. Com a evolução do sintoma as manchas adquirem formato angular, circundadas por um halo amarelo e com a porção interna necrótica, podendo destacar-se e adquirir aparência rendilhada. Pode ocorrer desfolhamento e, conseqüentemente, enfraquecimento da planta, tornando-a predisposta a injúrias e ataque de outros patógenos. Nos ramos e nos frutos, o sintoma se caracteriza pela formação de cancros (aberturas longitudinais).

Figura 27. Sintomas de Bacteriose Xanthomonas arboricola Pv.pruni em ameixas.
As medidas de controle são de caráter preventivo como, a eliminação de ramos com cancros, frutos e folhas manchadas e pulverizacões com calda bordalesa após a poda de inverno. A pulverização deve ser com boa cobertura, isto é, todas as partes da planta devem receber o produto. Na formação de pomares, deve-se escolher o local adequado, utilizar cortina vegetal (quebra vento) e escolher cultivares menos suscetíveis à bacteriose.

Doenças causadas por fungos


Podridão parda = Monilinia fructicola (Wint.) Honey
É causada pelo mesmo fungo que ataca o pessegueiro, provocando sintomas semelhantes, tanto nos ramos como nas flores e frutos. É mais importante nas cultivares Reubennel, Harry Pickstone, Amarelinha e Rosa Mineira.
Ataca as flores, que ficam com pequenas manchas marrom-claro. Quando não controlada, a doença passa para os ramos causando cancros, onde poderá perpetuar-se na planta, se não forem eliminados na ocasião da poda. Nos frutos produzem manchas marrom que aumentam de tamanho e produzem abundante quantidade de esporos, que podem disseminar a doença pelo pomar, através dos insetos, chuvas e vento. Em estágios avançados, ocorre a mumificação dos frutos (Figura 28). Na pré-colheita, os frutos tornam-se mais suscetíveis, pelo aumento da sensibilidade a danos mecânicos ou por insetos. A doença pode causar grandes perdas na pós-colheita. O controle deve ser iniciado na floração (Tabela 6).
Cuidados durante a colheita, como limpeza das caixas de colheita com hipoclorito de sódio 0,5% e armazenamento em locais frescos, contribuem para
Ferrugem = Tranzchelia discolor (Funckel) Tranz & Livt
Está disseminada nas regiões produtoras de ameixeira, embora ocorra esporadicamente, e pode causar sérios problemas. Provoca o desfolhamento precoce da planta debilitando-a ao longo dos anos e tornando-a mais suscetível a outras doenças, podendo estimular a floração precoce. Em anos muito úmidos e quentes durante o período de desenvolvimento das plantas, pode incidir com grande intensidade. Este fungo provoca lesões nas folhas, que podem ser abundantes e visíveis, de coloração amarelo-ferruginoso. O tratamento deve iniciar com o aparecimento das primeiras manchas (Tabela 6).
Podridão mole - Rhyzopus stolonifer (Ehr. Fr.) Vuill
Produz uma podridão aquosa, durante o armazenamento e comercialização. O fungo, ao desenvolver-se sobre o fruto, produz um micélio, inicialmente esbranquiçado; depois, com a produção de esporos, fica escuro.
O fungo sobrevive no solo e em restos de culturas. Cuidados durante a colheita são muito importantes, tais como desinfestar as caixas de colheita e não colocar nas mesmas caixas frutos que, ao serem colhidos, caíram no chão. Tratamentos pré-colheita auxiliam no controle (Tabela 6).
Sarna = Cladosporium carpophilum Thum
Ataca frutos, ramos e folhas, produzindo manchas de cor verde-oliva. Causa os maiores problemas nos frutos. Neles as manchas geralmente se localizam em torno da inserção do pedúnculo, e passam da cor verde-oliva ao preto. O ataque inicia na queda das sépalas, podendo ocasionar a queda dos frutos ainda pequenos.
Elevada umidade do ar e temperatura entre 20 °C e 25 °C favorecem o desenvolvimento da doença. O fungo sobrevive, no inverno, em cancros nos ramos. O controle deve ser iniciado no estágio de queda das sépalas (Tabela 6)

Doenças causadas por vírus

Poucas viroses têm sido relatadas na ameixeira. Plantas infectadas por Prune Dwarf Virus desenvolvem folhas estreitas e mais espessas que as normais, os internós ficam dispostos em forma de roseta no início da primavera, adquirindo a forma normal no final desta estação, sendo que a disseminação ocorre através do pólen, da semente e, principalmente, através do uso de material vegetal contaminado, durante a produção de mudas. Alguns strains do Prunus Necrotic Ringspot Virus não induzem sintomas aparentes, entretanto, podem ser diagnosticados com o uso de plantas indicadoras, como por exemplo a cerejeira Shirofugen ou através de testes sorológicos, principalmente o teste ELISA. Outras variações desse vírus podem ocasionar lesões necróticas no primeiro ano, seguindo clorose crônica das folhas com necrose, deformações e maturação tardia de frutos. É transmitido através do pólen, podendo infectar sementes. O Plum Line Pattern Ilarvirus é transmitido mecanicamente entre cultivares de ameixeira através da enxertia de material de propagação infectado. Em algumas cultivares a sintomatologia inicia por linhas amarelas ou amarelo-esverdeado, na primavera, e evolui para o branco, durante o verão (Figura 29). Outras cultivares podem não apresentar sintomas aparentes.
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 29. Sintomas de Plum Line Pattern Ilarvirus em plantas de ameixeira cultivar Golden Japan.

Doenças causadas por nematoides

Diversas frutíferas sofrem prejuízos causados por nematoides fitoparasitas. Dentre as fruteiras de caroço, como a ameixeira, as espécies de nematóides mais importantes e associadas com o declínio das plantas são: Meloidogyne spp.,Mesocriconema spp., Xiphinema spp. e Pratylenchus spp. Estes nematoides podem reduzir o vigor e produção da planta e, ocasionalmente, em conjunto com outros fatores, causar sua morte.
Nos Estados Unidos da América, Europa e alguns países da América do Sul, algumas espécies ou híbridos de ameixeiras são utilizados como porta-enxerto, por apresentarem boa resistência ao ataque de nematoides e serem bastante tolerantes a solos encharcados. No Brasil, a ameixeira é enxertada principalmente sobre pessegueiro (Prunus persica) (Figura 30). Portanto, os estudos desenvolvidos na área de nematologia com a cultura da ameixeira estão intimamente relacionados com a cultura do pessegueiro.
Foto: Luis Antônio Suita de Castro
Figura 30. Sintoma do ataque de nematóides em raízes do porta-enxerto Capdebosq.
O plantio de mudas certificadas, isentas de nematóides, é a medida de controle mais importante. A produção delas ou desse material deve ser realizada em locais isentos de nematóides. Plantas contaminadas são importantes agentes de disseminação do patógeno e de outras doenças, comprometendo a sanidade futura do pomar. Antes da instalação do viveiro é importante o envio de amostra de raízes e do solo, para um laboratório especializado, visando a determinação da presença e identificação de possíveis nematóides fitoparasitas. Sendo detectados nematóides prejudiciais à ameixeira, é necessário proceder a rotação de culturas, no mínimo por dois anos consecutivos, ou realizar a desinfestação do solo com fumigante, antes do plantio.
A rotação de culturas, além de melhorar a estrutura do solo, é boa opção para áreas altamente infestadas com nematóides. O cultivo alternado de espécies antagônicas de inverno e de verão, por um período mínimo de dois anos, permite a reutilização da área onde foi detectada a presença do nematoide.
A utilizaçõ de porta-enxertos resistentes ou tolerantes é uma alternativa de baixo custo que pode ser adotada, quando detectada a presença do nematoide no local do plantio.




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