segunda-feira, 21 de setembro de 2015

CULTIVO DAS ANONÁCEAS


ANONÁCEAS
Englobam um grupo de plantas frutíferas de importância econômica no Brasil e em algumas regiões do mundo, pertencentes aos gêneros Rollinia a Annona.

A família Anonácea engloba um grupo de plantas frutíferas de importância econômica no Brasil e em algumas regiões do mundo, composta principalmente por plantas tropicais, sendo muitas nativas do Brasil exceções as de clima temperado. São relatadas mais de 2000 espécies, dentre elas as comestíveis utilizadas em plantios comerciais, as de uso medicinal, industrial, como planta exótica e em reflorestamentos. A similaridade e o número de espécies causa confusão na identificação popular, principalmente devido a denominações regionais. Saiba Quem é Quem na família das principais Anonáceas no Brasil. 



Classificação Botânica:

Reino: Vegetal
Divisão: Angiospermae
Classe: Dicotyledoneae
Ordem: Magnoliales
Família: Annonaceae
Subfamília: Annonoideae
Gêneros: ±120 Annona, Rollinia, Aberonoa
Espécies: + 2000
Rollinia: R. mucosa, R. jimenezii, R. sensoniana, R. sylvatica e R. emarginata.
Frutos conhecidos como biribás e ou araticuns (folha-miúda e cagão).
Características: inflorescência trilobada, forma de hélice usados como porta-enxerto.
Annona: principais espécies cultivadas, composta de 5 grupos:
Guanabani: grupo das graviolas
Bilaeflorae: anonas com ceras
Acutiflorae: pétalas afiladas
Annonellae: anonas anãs
Attae: anonas comuns (A. squamosa, reticulata, cherimola e atemoya)
Annonas: 118 espécies (108 da América Tropical e 10 da África Tropical)
13 comestíveis;
9 são normalmente cultivadas e 5 destas importantes: fruta-do-conde, atemoya, cherimoya, graviola e condessa.
Importância Econômica:
Cherimoya – importante em várias regiões: Chile, Espanha, Portugal, Califórnia. Pequenas áreas: Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Israel, África do Sul.
Fruta-do-Conde - países e regiões tropicais como Brasil.
Graviola - países americanos, Índia, países asiáticos.
Atemoya – países tropicais e subtropicais, condições intermediárias entre fruta-do-conde e cherimoya.
Cultivo no Brasil
Fruta-do-conde
10.000 ha (NE, SP e outros estados)
produção = 80.000 t
Graviola 2.500 ha
Atemóia 500 ha
Cherimóia 120 ha
Produção em função das chuvas
Fevereiro - Março - SP
Abril - Maio - Bahia
Junho – Julho - Alagoas

MELHORAMENTO GENETICO - Objetiva: Qualidade interna do fruto: aroma, sabor, textura fina, não arenosa, sem fibras, semente solta, poucas e alto rendimento em polpa;
Aparência do fruto: forma simétrica, desenho atrativo da casca, cor clara e brilhante, sem defeitos ou manchas;
Consistência do fruto: casca dura, resistente ao ataque de insetos e sol, boa capacidade de armazenamento sob refrigeração;
Resistência da planta: vigorosa, sadia, de bom crescimento, resistente a pragas e doenças, frio, sol e seca, compatibilidade com porta-enxertos;
Viabilidade do pólen: ser fértil e efetivo;
Flores: numerosas, com aroma atrativo e polinizadores;
Facilidade de cultivo: adaptação a solo e clima, ramos não necessitem muita poda, fácil colheita, fruto mostre o ponto de colheita, sem amolecer;
Época de produção: fora da época normal de colheita de outras cultivares ou espécies da mesma família – oferta durante ano inteiro;
Produção: produtiva e sem alternância.

FRUTA-DO-CONDE, Pinha ou Ata ( Annona squamosa L.)
Origem: Antilhas na América tropical, provavelmente Ilha Trindade.
Propagação: predominantemente sexuada, grande variação.
Melhoramento: maior pegamento flores, menor taxa de malformação dos frutos, maior resistência a pragas e doenças, frutos com maior n.º de carpelos, lisos e de coloração verde-escuro, intercarpelos rosados, menor tendência a rachamento, doce, pouca ou nenhuma célula pétrea.
Porte: pequeno, até 5 m, esgalhada.
Sistema Radicular: pivotante, proporcionalmente maior que a parte aérea.
Crescimento: SP em 6 meses/ano = 10-70cm, tronco e inserções frágeis.
Folha: lanceolada, 5-15 x 2-6cm, cerosa, alternas, caem p/ liberar gemas.
Flores: únicas ou em pencas, com 3 sépalas que recobrem as 3 pétalas. Na base interna numerosos estames e pistilos, gineceu com 50-150 carpelos.
Frutos: codiforme, arredondado, composto por segmentos salientes e individualizados (carpelos) lisos ou rugosos, verde escuro a amarelo-esverdeado separados por tecido intercarpelar de cor creme até róseo. Internamente, carpelos de coloração branca consistente com e sem sementes e um enchimento de cor creme claro com células pétreas.
Composição média: Frutos 250-350g, 53% casca e talo, 41% polpa comestível e 6% sementes (65), pH 4,5, brix 24º, SST 20-28%, acidez 0,3-0,9%.
Ciclo: novo após cada período de repouso, intensa brotação (folhas, ramos e flores) após a queda das folhas.
Polinização: dicogamia protogínica (amadurecimento das estruturas femininas só depois das masculinas), autopolinização praticamente nula, entomofílica.
Colheita: 110-120 dias; plantas bem nutridas até 4 ciclos de florescimento.
Produtividade: média 3,2 t/ha, SP até 8,0 t/ha.

ATEMOYA, Atemoia, Atemolia ( Annona squamosa L. x Annona cherimola Mill) Propagação: predominantemente assexuada, enxertia e estaquia.
Melhoramento: maior % pegamento, menor taxa de malformação frutos, maior resistência a pragas e doenças, frutos arredondados, simétricos, alta relação polpa/semente, produtividade, doces, baixa acidez, resistente.
Porte: e conformação variável, até 10 m de altura e diâmetro, ramos fracos e longos.
Crescimento: rápido e muito vigorosa quando bem nutrida, requer podas.
Folhas: variam de forma em uma mesma planta, 10-20 x 4-8cm, caem no inverno.
Flores: únicas ou em pencas, composta de 3 pétalas carnosas nas axilas das folhas recém nascidas ou em ramos do ano anterior.
Frutos: formato variável com a variedade: cordiforme, cônicos ou ovados, lisos ou com protuberâncias, cor verde-amarelado, polpa branca, doce, ligeiramente ácida, sucosa, mais saborosa que a pinha, muitos carpelos sem sementes, em média com 150 a 500g.
Ciclo: novo após cada período de repouso, intensa brotação após queda de folhas.
Polinização: dicogamia protogínica, autopolinização praticamente nula, entomofílica.
Colheita: aos 120 dias; variando com a variedade de março a agosto.
Produtividade: média 100 frutos/ano, 6 a 8 caixetas/planta.

GRAVIOLA (Annona muricata L.) Origem: América tropical, América Central e vales peruanos.
Propagação: sementes ou enxertia.
Melhoramento: maior % pegamento, menor taxa de malformação, maior tolerância pragas e doenças (brocas), frutos grandes, polpa c/ altos teores de açucares.
Porte: pequeno, 3,5 a 8m, folhagem compacta e coloração verde intenso, ramos e inserções frágeis.
Sistema Radicular: pivotante.
Folhas: ovadas, elípticas, 5-18 x 2-7cm, cerosas, verde brilhante.
Flores: únicas ou em pencas, formato subgloboso (capulho), em ramos ou no tronco, composta de 3 sépalas que recobrem 6 pétalas. Internamente: grande número de estames e pistilos e o gineceu.
Frutos: compostos, ovóides e muito variável, grandes 1-10 kg, carpelos separados por sulco fino, casca verde-escura, quando desenvolvido verde-clara brilhante, pseudo-espinhos recurvados, fácil de descascar, polpa suculenta, branca, odor agradável, rica em vitaminas A e C, com 95 a 180 sementes/fruto.
Ciclo: algumas regiões floresce e vegeta quase o ano todo, necessita de um período de estresse na formação e vingamento dos frutos.
Polinização: dicogamia protogínica, autopolinização praticamente nula, entomofílica (Colatus truncatus).
Colheita: aos 180 dias.
Produtividade: média de 1,2 a 8 t/ha.

Época de maturação de algumas anonáceas


Julho a agosto = entrada de cherimóia importada no Brasil
Tempo da Antese à Colheita (dias)
Atemóia
120 - 150 em SP
Cherimóia
150 - 180 em SP
Fruta-do-conde
110 - 120 em SP
90 - 100 na Bahia

CLIMA Limitante para exploração comercial, preferência climas amenos, áreas livres de geadas, com inverno seco e chuvas bem distribuídas, Temperatura-27 ºC e UR-80% favorecem melhor pegamento dos frutos.
Cherimoia: requer climas subtropicais (clima seco e fresco), acima 600m altitude suscetível a geadas e frio quando não em repouso, altas temperaturas afetam o desenvolvimento e produção.
Fruta-do-conde: requer climas tropicais (temperatura e umidade elevadas) requer um período anual de repouso.
Atemoya: exigências intermediárias.
African Pride – Temperaturas amenas, igual e maior crescimento vegetativo e produtividade
PR-3 – semelhante a fruta-do-conde
Gefner – intermediária
Graviola: tipicamente tropical ou subtropical úmido, não suporta frio
Ventos fortes danificam frutos, escurecimento da casca, chilling em pinha, quebra de galhos em geral e tombamento de plantas em cherimóia

SOLO - solos profundos
- drenados
- textura leve ( arenosos são recomendados )
Fruta-do-conde = sistema radicular até 6 m de profundidade
Atemóia e Cherimóia - sistema radicular superficial

VARIEDADES
Fruta-do-conde: inexistem variedades melhoradas no Brasil
Há um tipo sem sementes (mutação), pouco produtivo e frutos pequenos
Cherimóia: inexistem variedades comerciais selecionadas p/ Brasil
White, Lisa, Booth, Fino de Jete, Golden Russet, Campa, outras.
Atemoya: diversos híbridos naturais interessantes no mundo
Gefner – carpelos pequenos, salientes, individualizados na extremidade superior, 150-650g, poucas sementes, copa aberta, maturação mediana
Bradley – carpelos individualizados e separados, com 150 a 450g, poucas sementes, maior % de frutos defeituosos, copa compacta, precoce
African Pride – carpelos bem unidos e saliências, com 250 a 750g, poucas sementes, copa semelhante a Bradley, tardia
PR-3 – carpelos grandes e salientes na extremidade superior, com 250 a 750g com muitas sementes, copa compacta, mediana
Graviola: vários acessos no Brasil sendo avaliados no mundo
Seleções: Graviola A, B, Blanca, FAO II, Lisa, Morada, Graviola I e II


PORTA-ENXERTOS Fungos de Solo: Phytophthora, Pythium, Calonectria, Rhizoctonia, 
Cylindrocladium e bactérias Pseudomonas.

Pinha – desenvolvimento rápido no viveiro, induz a plantas compactas, recomendado para FC e atemoya.
Condessa – rápido no viveiro, produz plantas vigorosas, maior desenvolvimento do tronco do PE/copa, rachaduras e casos de morte (incompatibilidade).
Araticum-de-folha-miúda - de clima ameno, desenvolvimento lento, induz a plantas compactas, aparentemente sem problemas de incompatibilidade, tolerante a Phytophthora.
Anona glabra – induz a ananicamento e recomendada para áreas úmidas
Porta-enxertos recomendados:
Cherimoia: condessa, araticum, pinha, cherimoia
Fruta-do-conde: pinha, condessa, (atemoia, anona do brejo)
Graviola: condessa, anona do brejo, araticum, biribá, graviola
Atemoia: condessa, araticum, atemoia

PROPAGAÇÃO Recomenda-se enxertia e alguns casos por semente.
Cherimoia: borbulhia em janela, T normal, garfagem de topo e lateral
Fruta-do-conde: T invertido, placa, garfagem e escudo
Atemoia: borbulhia em placa, garfagem
Graviola: borbulhia T normal e placa, fenda cheia e garfagem inglês simples

ESPAÇAMENTO
Em função das condições climáticas locais, espécie e porta-enxerto.
Cherimoia: USA e Espanha 5x7 a 7x7, Br 6x8 m
Fruta-do-conde: 4x6 a 5x7 m
Graviola: 4x4,5; 6x7,5; 7x8; 8x8 m
Atemoia: 6x4 em pinha, 6x7 a 6x8 m

PLANTIO
Análise de solo e calagem p/ V%= 70-80
Preparo do solo: subsolagem, aração e gradagem

COVA
Sulcar nas linhas
Aplicar
200g calcário/m.linear
30 litros esterco curral curtido/cova
10g Bórax e 20g Sulf. Zinco / cova (solos baixo teor)
ou Covas 40 x 40 x 40 cm
Molhar
Aguardar 30 dias
Plantar
Irrigar

ADUBAÇÃO
1) 30 dias - 50g de nitrocalcio, repetir a cada 60 dias
2º ano: 100g nitrocalcio, 5 x ano
a partir 3º ano função da produtividade esperada
2) formação: 50g de 10-10-10 até 300g em 4 x
Produção: 600g/pl de 12-6-12
outubro/novembro
dezembro/janeiro
janeiro/fevereiro + 75 g KCl
fevereiro/março + 75 g KCl
Pulverização Foliar:
Ácido Bórico 50 g
Sulf. De Zinco 250 g
Sulf. De Manganês 200 g
Uréia 500 g
Água 100 L (3 x/ano)

IRRIGAÇÃO
Gotejamento
Aspersão
Microaspersão
Kc = 0,70 a 0,95

PODA
- Formação: 40 cm (somente no inverno)
- 3 - 4 pernadas
- encurtamento de ramos (no inverno)
- conformação da copa - compacta (poda verde no verão)
- Anualmente: poda de limpeza e abertura da copa
=> Inicio da brotação, após repouso hibernal
Graviola: poda de limpeza após a colheita

DESBASTE
Atemoia: frutos com 1,5 a 3 cm, deixar 80 e 60 frutos nas 2 safras do ano
FC: frutos com 1,5 cm, deixar 50 e 30 frutos

PRAGAS E DOENÇAS
Broca-do-tronco: Cratosomus spp
Coleoptero, galerias no tronco, exudação de escura e serragem
Controle: injeções com inseticidas nos orificíos e pulverizações dirigidas
Broca-do-fruto: Cerconota anonella
Lepidoptera, roe a casca e penetra na polpa, qualquer tamanho,
deformação, enegrecidos, caem
Controle: catação de frutos, pulverizações dirigidas 15 em 15 dias
Broca-da-semente: Bephratelloides maculicolis
Hymenoptera, perfura da casca e faz postura diretamente nas sementes,
larva destroi fruto, sai do fruto vespa adulta
Se fecundada = machos e fêmeas
Se não fecundada = machos
Controle: pulverizações dirigidas 15 em 15 dias
Cochonilhas: Fosforado com óleo mineral
Mosca-branca, Ácaros
Não pulverizar durante as floradas
Nematoide: Radopholus similis
Antracnose: Colletotrichum gloeosporioides
Frutos a partir do florescimento e folhas
Frutos novos pretos e presos na planta = mumificados
Controle: Cúpricos e Benomyl
Cancrose: Calonectria rigidiuscula
A partir de bifurcação de ramos até morte do ramo
Controle: eliminação e queima do ramos
Outras: Cercosporiose, Botryodiplodia
Fungos de Solo: raízes e tronco
Phytophthora nicotianeae
Pythium sp
Rhizoctonia solani
Cylindrocladium
outros
bactérias Pseudomonas

PRODUÇÃO
Cherimoia: SP, de Março a Julho
Atemoia: SP, de Março a Agosto
FC: SP, a partir de Janeiro até Julho-Agosto
Pico: Janeiro a Março
Caixa 3,7 kg = 2 a 30 U$ (Fev-Out)
Graviola: praticamente o ano todo

PRODUTIVIDADE
Atemoia e Cherimoia - 12 t/ha
Fruta-do-conde - 8 t/ha
Graviola - 15 t/ha

CUSTO DE PRODUÇÃO
Mão-de-obra
Goiaba de mesa ensacam./podas = 100 pls/ha/homem
Fruta-do-conde poda/desbaste, poliniz. = 300 pls/ha/homem.




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