sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Irrigação no Mirtilo

Para que o pomar de mirtilo tenha um bom desenvolvimento, as plantas devem ter suas necessidades hídricas supridas adequadamente. A irrigação é um fator determinante para o crescimento e produção do mirtilo, pois em função das características do sistema radicular, superficial e de poucos pêlos radiculares, a capacidade de absorção é reduzida. Mingeau et al. (2001) verificaram, para variedades do grupo highbush, que o diâmetro de ramos é afetado pelo déficit hídrico principalmente na fase de crescimento vegetativo. Os autores verificaram ainda que o crescimento dos ramos é afetado principalmente em estiagens longas, visto que a planta possui capacidade de retomar as taxas de crescimento, quando cessado o período de estresse. Pode-se definir duas fases criticas em relação à disponibilidade de água no solo para a cultura: A primeira diz respeito à fase de implantação e formação do pomar. Nos dois primeiros anos, a prioridade é a formação de estrutura vegetativa (ramos) e principalmente do sistema radicular (pois é esta estrutura que será perene no pomar, em virtude de periodicamente os ramos serem podados e substituídos por novos lançamentos). Nesta fase, deve-se disponibilizar adequadamente água, especialmente nos períodos onde as chuvas são insuficientes para fornecimento adequado de água às plantas. A segunda fase critica diz respeito a produção de frutos. Conforme Mingeau et al. (2001), deficiência hídrica reduz a produção e o número de frutos. Se esta for moderada, ocorrida em qualquer fase fenológica da planta, a redução é próxima a 20%. Sob restrição severa, a redução pode ser de 31 a 49%, se ocorrer na fase de crescimento vegetativo ou maturação de frutos respectivamente. Esta redução é influenciada, principalmente, pela redução ao peso médio dos frutos (17% para restrição moderada e de 30% a 39% sob restrição severa ocorrida na floração ou no período vegetativo, respectivamente), visto que a queda de frutos, número de flores e frutos e formação deste não é afetada. Outra característica da espécie é que não apresenta boa resistência ou adaptação à terrenos encharcados, o que deve ser evitado por ocasião da implantação do pomar. Entre os tipos de cultivo, variedades do grupo highbush são mais sensíveis à falta de água no solo, enquanto as do grupo habitteye são mais tolerantes, porém também são afetadas por este fator. A cultura se adapta bem aos vários métodos de irrigação, desde os de superfície até os localizados (Figura 51 e 52), largamente utilizados nas regiões de maior plantio, como Argentina, Chile e Uruguai. Seu requerimento de água é variável conforme o desenvolvimento da planta e às condições do clima que determinam a demanda atmosférica por água. Mingeau et al. (2001) manejando a água próximo à capacidade de campo do solo atingiram as maiores produtividades. Holzapfel et al. (2004) trabalhando na Estação Experimental de Concepción, no Chile, avaliaram durante 7 anos dois sistemas de irrigação (gotejamento e microaspersão) e níveis de aplicação de água, na variedade Bluetta, e verificaram que a maior produção de frutos (10,3 t.ha-¹) foi obtida com a aplicação de 6.200 m³ .ha-¹ e que a produção foi crescente com o aumento de água até este volume, porém verificou que volumes maiores reduziam a produtividade. Deficiência hídrica em mirtilo também afeta a produtividade da próxima safra, ou seja, reduz o potencial produtivo do pomar para os próximos anos. Mingeau et al. (2001) verificaram que, apesar da planta reduzir o número de novos ramos, modificando a arquitetura da planta, a evapotranspiração não é influenciada. Por outro lado, os fatores de produção são afetados com a restrição hídrica. Forte estresse hídrico, ocorrido após a colheita, reduz o número de frutos em 43 % no próximo ciclo e 23% para estresse moderado. O tamanho dos frutos pode diminuir quase 60% para forte estresse e 21% para moderado. Quando a falta de água ocorre no período de crescimento do fruto, a redução da produção é de 27%.
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 1.  Irrigação superficial de mirtilo.
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 2. Irrigação localizada através de tubo gotejador.


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