quinta-feira, 24 de março de 2016

Mercado e Comercialização da Banana



Comercialização no mercado interno

A falta de cuidados na fase de comercialização é responsável por aproximadamente 40% de perdas do total de banana produzida no Brasil. As perdas são maiores nas Regiões Norte e Nordeste, onde a atividade é menos organizada. Nas Regiões Sul e Sudeste, as perdas são menores. As perdas estão assim distribuídas: na lavoura (mais de 5%); no processo de embalagem (mais de 2%); no atacado (6 a 10%); no varejo (10 a 15%); e, no consumidor (5 a 8%).
No processo de comercialização, a etapa do transporte destaca-se como uma das mais importantes. A produção brasileira de banana e platano, quando destinada ao mercado interno, é geralmente transportada de forma inadequada, contribuindo para perdas substancias na fase de comercialização e o rebaixamento no padrão de qualidade da fruta. Nas Regiões Norte e Nordeste, o intermediário que transporta o maior volume da produção com destino aos grandes centros consumidores, não o faz de forma adequada: os cachos ou as pencas são amontoadas diretamente nas carrocerias dos caminhões, sem nenhuma proteção.
Em relação à forma de comercialização, os negócios com banana no Brasil são de três tipos: i) transações com banana verde, em cachos a granel ou em pencas em caixas; ii) transação com banana madura no atacado, em caixas ou em cachos; e, iii) transação com banana madura no varejo, em dúzias ou por peso.
Entre as diversas categorias de comerciantes que operam no mercado atacadista doméstico de banana e platano, destacam-se: caminhoneiros, barqueiros, atacadistas (inclusive cooperativas) e feirantes com estufas para maturação. Os caminhoneiros e barqueiros geralmente se relacionam diretamente com os produtores na operação de compra, para depois revender o produto, pois raramente possuem instalações para maturação. Os atacadistas localizam-se, geralmente, em mercados terminais ou em armazéns próprios.
O produto climatizado alcança melhores preços no comércio varejista. Em vista disso, produtores e cooperativas têm construído câmaras de maturação e, em pequena escala, fornecem aos atacadistas a banana já climatizada. Também os feirantes, num processo de integração vertical, constróem estufas onde procedem a maturação da fruta, em geral, nas próprias residências, executando os serviços e absorvendo as margens de comercialização dos atacadistas.
Quanto ao comércio varejista, o maior percentual é realizado por feirantes, em quase todas as capitais dos estados e mesmo em muitas das maiores cidades do interior. Outros tipos de estabelecimentos que integram a cadeia de comercialização de banana no Brasil, com diferentes graus de participação em cada região, são: supermercados, ambulantes, mercearias, quitandas e armazéns/empórios.
Em algumas regiões produtoras do Nordeste e do Norte de Minas Gerais, o acesso ao conjunto dos agentes de comercialização denominados sacolões, supermercados, redes de supermercados e grandes varejistas é restrito aos grandes produtores tecnificados. Somente esses também têm acesso aos sacolões, que são agentes de comercialização especializados na venda de hortifrutigranjeiros. A venda do produto em feiras livres e a pequenos varejistas do tipo quitandas é praticada principalmente por pequenos e médios produtores não tecnificados.

Variação estacional de preços

Um aspecto de fundamental importância no processo de comercialização reside no conhecimento do comportamento dos preços do produto ao longo do tempo. De posse desta informação, os produtores e os diversos agentes envolvidos na comercialização passam a conhecer melhor os sinais de oferta e demanda do produto no mercado.
A seguir são apresentados os resultados da análise de sazonalidade de preços para as cultivares de banana mais comercializadas no Brasil: Prata, Nanica e Terra. A análise é feita para as quatro maiores capitais do País: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte. O tipo de banana escolhido é o que tem maior expressividade em volume comercializado nas respectivas localidades.
A época de melhores preços da banana ‘Prata’ em Salvador ocorre entre os meses de maio e setembro, em virtude da menor oferta do produto, que tem como principal fornecedor a região cacaueira do Estado da Bahia. Nesta época do ano (maio a setembro) ocorre a combinação entre os maiores índices pluviométricos e a forte redução da temperatura média regional. Em Belo Horizonte, os melhores preços ocorrem de janeiro a março, voltando a crescer de junho a setembro. Preços inferiores a média ocorrem de outubro a dezembro. No Rio de Janeiro, o comportamento dos preços observados de maio a setembro é similar ao ocorrido em Belo Horizonte, quando os preços estão acima da média anual. De modo geral, nos demais períodos, os preços não são os mais atrativos por estarem abaixo da média. Em São Paulo, o comportamento dos preços apresenta um padrão mais estável, com suaves oscilações em torno da média.
Em relação aos preços da banana ‘Nanica´ nas cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, eles apresentam um comportamento semelhante nas três cidades, estando acima da média nos meses de julho a outubro. No período compreendido entre novembro a março, os preços são menores, situando-se abaixo da médio anual.
Os preços para o platano no mercado de Salvador, onde o volume comercializado da fruta é expressivo, apresenta um padrão bem definido, estando abaixo da média no primeiro semestre e acima dela no segundo.
Comercialização da banana no Médio Paranapanema: o caso da COOPABAN

            A produção brasileira de banana em 2004 foi estimada em 6,6 milhões de toneladas, o que corresponde a 9,3% da produção mundial. A área no país diminuiu de 513 mil hectares em 2003 para 496 mil hectares em 20041
            O Brasil é o segundo produtor mundial de banana (gráfico1), com um consumo domiciliar per capita relativamente baixo, quando comparado com outros países produtores. O brasileiro consome 7 kg de banana/ano, segundo os dados da última 'Pesquisa de Orçamento Familiar' (POF) 2002/2003, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)2.


Gráfico 1 – Produção mundial de banana em 2004
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Fonte: FAO, 2004

            São Paulo é o maior estado produtor de banana, com 1,06 milhão de toneladas, seguido de Bahia (785.484 t.), Santa Catarina (657.495 t.) e Minas Gerais (561.851 t.)3. Em São Paulo, a área cultivada é estimada em 49 mil hectares (10% da área nacional) e o valor de produção é avaliado em mais de 430 milhões de reais. 
            Segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), as regiões maiores produtoras são Fernandópolis e Jales, no caso da variedade Maçã, e Registro, São Paulo, Pindamonhangaba e Avaré quando as variedades são Nanica e Nanicão. O Pólo Regional de Registro é responsável por mais de 50% do valor da produção de banana no Estado de São Paulo.

Região do Médio Paranapanema

            Em 2004, o Médio Paranapanema, centro-oeste do estado, ficou entre as cinco maiores em área plantada de banana em São Paulo, com 2.733 hectares (área em produção e área nova) e 42.953 toneladas/ano4. As características edafoclimáticas da região favorecem a fruticultura, em especial a bananicultura, que começou a ser desenvolvida na década de 90 com o objetivo de substituir e diversificar as atividades agrícolas tradicionais como o cultivo de soja, milho e mandioca. 
            A área nova de plantio de banana aumentou 81% em 2004, em relação a 2000 (gráfico 2). A redução da área em produção observada deve-se à incidência de doenças como a Sigatoka Amarela (Mycosphaerella musicola Leach), a Sigatoka Negra (Mycosphaerella fijiensis Morelet) e o Mal do Panamá (Fusarium oxysporum f. sp. cubense), que têm limitado o pleno desenvolvimento da cultura da banana maçã na região. Alguns produtores estão optando pela redução da área plantada de banana maçã, com o aumento do plantio de banana nanica, por essa variedade ser mais tolerante a doenças.


Gráfico 2 – Bananicultura no Médio Paranapanema, Estado de São Paulo – Área nova e área em produção, período 2000 a 2004
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Fonte: Série Informações Estatísticas da Agricultura, 2001 a 2005
            Apesar da diminuição da área em produção no Médio Paranapanema em 2004, a produtividade regional é boa quando comparada com as demais regiões produtoras. De acordo com os dados da Série Informações Estatísticas da Agricultura, no período de 2000 a 2004, as melhores médias de produtividade no Estado de São Paulo foram obtidas nas seguintes regiões: Médio Paranapanema (25 toneladas por hectare), Registro (22 t/ha), Catanduva (21 t/ha), São Paulo (19 t/ha), Andradina (15 t/ha), Pindamonhangaba (12 t/ha), Jales (12 t/ha) e Fernandópolis (8 t/ha) (gráfico 3).

Gráfico 3 – Produtividade de banana (t/ha), Estado de São Paulo, período 2000 a 2004.
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Fonte: Série Informações Estatísticas da Agricultura, 2000 a 2004

            Na região, o cultivo da banana é praticado por agricultores familiares, em áreas com até 6 hectares. Eles utilizam em média 1 funcionário permanente/hectare e 3 trabalhadores temporários/hectare durante a colheita5
            Observações de especialistas relatam que há, de forma geral, falta de assistência técnica direcionada para a cultura, o que resulta em manejo inadequado do bananal, com comprometimento da qualidade final do produto.

A experiência da COOPABAN

            Em 2000, foi criada a Cooperativa Palmitalense dos Bananicultores (COOPABAN), localizada no município de Palmital, com o objetivo de fortalecer o agronegócio da banana no Médio Paranapanema. A cooperativa surgiu com a união de 60 bananicultores e, atualmente, conta com 23 cooperados que comercializam a produção em conjunto. 
            A produção média da COOPABAN é de 240.000 caixas de 20kg/ano de banana nanica e 6.000 cx/ano de banana maçã. As variedades de banana maçã mais cultivadas são 'Maçã Bahia' e 'Caipira', enquanto 'Willians', 'Grand Naine', 'Nanicão Jangada', 'Nanicão' e 'IAC 2001' são variedades de nanica utilizadas. 
            As frutas são classificadas e embaladas na propriedade e, posteriormente, encaminhadas para a sede da COOPABAN para a climatização e comercialização. A classificação da banana nanica realizada pelos associados da COOPABAN é feita em três categorias, diferenciadas por tamanho e existência ou não de manchas: a) Tipo Extra: frutos de 18 a 22 cm, sem manchas; b) Tipo A: frutos de 14 a 18 cm, sem manchas; e c) Tipo B: frutos menores de 14 cm e/ou com manchas (fotos 1 e 2). Na banana maçã, a classificação é dividida em duas categorias: a) Tipo A: frutos de 11 a 14 cm; e b) Tipo B: frutos menores de 11 cm


Fotos 1 e 2 – Classificação da banana nanica, Região do Médio Paranapanema, Estado de São Paulo
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Fonte:Ceasa Campinas, 2005

            No ano agrícola de 2004, 40% da produção de banana nanica foram classificados como Tipo Extra; 20%, como Tipo A; e 40%, como Tipo B. Na banana maçã, as frutas classificadas como Tipo A representaram 60% do total da safra 2004, enquanto as do Tipo B corresponderam a 40% da produção. 
            A diferença de tamanho das frutas é decorrente do manejo, das condições climáticas e da incidência de doenças nas lavouras. A adoção de alguns recursos tecnológicos, tais como a utilização de mudas micropropagadas e o cultivo irrigado, entre outros, visa melhorar a qualidade dos frutos e proporcionar cachos maiores e mais padronizados. 
            A produção classificada como Tipo Extra e A (banana nanica) e Tipo A (banana maçã) é embalada em caixas plásticas para melhor apresentação e conservação do produto, enquanto as frutas com qualidade inferior são acondicionadas em caixas de madeira envoltas com papelão e 'colarinho' de plástico. As caixas de plástico são retornáveis e pertencem à COOPABAN e as de madeira são fornecidas pelos compradores (CEASAS e supermercados). O custo da caixa nova de plástico gira em torno de R$ 12,00 e o da caixa de madeira de retorno, R$ 1,50. 
            Para o controle de procedência, as frutas são comercializadas em caixas plásticas com o rótulo da COOPABAN e a banana maçã é rastreada através do número do produtor. As bananas nanicas, até então, não recebem essa identificação por ser um produto com menor valor agregado. 
            De janeiro de 2004 a setembro de 2005, a venda de banana nanica representou 93% do volume total comercializado pela COOPABAN. O preço médio anual recebido pelos bananicultores foi de R$ 0,22 o quilo para a banana nanica e R$ 0,55 o quilo para a banana maçã. 
            O valor da banana nanica Tipo Extra é em média 62% superior ao valor recebido pela banana nanica Tipo B. Na banana maçã, a diferença entre o preço recebido pelas frutas Tipo A e Tipo B é de 50%. 
            Os principais canais de distribuição da COOPABAN são, para a banana nanica, supermercados regionais (Assis, Ibirarema, Marília, Ourinhos e Presidente Prudente) e, para a banana maçã, o CEASA de Curitiba e supermercados de Assis e de Ourinhos. A distribuição da banana na região é realizada com o uso de caminhão da COOPABAN, mas o frete é terceirizado quando o destino da fruta é o CEASA de Curitiba. 
            As frutas são climatizadas na Cooperativa para a comercialização na região. Quando o destino é o CEASA de Curitiba, a fruta não passa por esse processo pós-colheita. É que o atacadista prefere realizá-lo em seu 'box', devido ao fato de a perecibilidade do produto climatizado ser maior do que a daquele que não passou pelo processo.

Plano é ter agroindústria

            A COOPABAN almeja instalar, nos próximos três anos, uma agroindústria para o processamento da fruta (banana passa, farinha de banana e purê de banana). A idéia é utilizar a banana nanica, principalmente da variedade IAC 2001, que é um cultivar altamente produtivo e tolerante a doenças como a Sigatoka Negra e a Sigatoka Amarela, o que diminui seu custo de produção. 
            Para a instalação da agroindústria, será necessário expandir, ainda mais, a área da cultura plantada no Médio Paranapanema, a fim de atender ao mercado regional de derivados da fruta, que hoje é mantido por produtos provenientes do Vale da Ribeira. Para tanto, é fundamental o apoio da pesquisa, com estudos da cadeia de produção da banana regional, tendo em vista implementar a atividade embasada na sustentabilidade social, econômica e ambiental.6

Banana Prata tem boa cotação no mercado
Bananicultura nos tempos áureos. Há algum tempo os perímetros irrigados do Jaíba e do Gorutuba demonstram que produzir banana tem sido uma das atividades mais presentes na vida do produtor rural da região.
Alguns especialistas acreditam que se o homem do campo tivesse acesso aos mercados seria mais fácil ter maior renda, já que os negócios seriam feitos por quem plantou. Mas a Abanorte- Associação dos fruticultores do Norte de Minas acredita que a existência de atravessadores ou compradores de banana são a válvula propulsora das vendas na região. Só na região há pelo menos cerca de 30 compradores de banana, sendo a variedade prata anã, a mais plantada, oito mil hectares.
Conforme a abanorte já existiu aqui no Norte de Minas mais de 100 intermediários na comercialização da banana. Atualmente, a região conta com a organização dos intermediários, através da Associação dos Compradores de Frutas do Norte de Minas - FRUCOM, fundada em 2001, e que assumiu nova diretoria em fevereiro/2008.

Os objetivos da Associação dos Compradores são a melhoria da comunicação entre os produtores e compradores, evitar a duplicidade de cargas através de bolsa de frutas evitando pressão sobre os preços da banana, a melhorar das informações disseminadas sobre o mercado, profissionalização do comprador entre outros benefícios para a classe.
 
OUTRAS VARIEDADES


Há algumas semanas a Epamig- Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais resolveu apresentar para a sociedade como cunho de pesquisa novas variedades de banana, a Tropical, PA 4244 e a Thap-Maeo. No geral a que mais caiu nas graças do público foi a Tropical.
A intenção era ir até os supermercados e fazer avaliação e verificar qual a aceitação do consumidor quanto às novas variedades de banana passíveis de substituir a banana prata no mercado. Na oportunidade várias pessoas foram questionadas sobre a textura, sabor, acidez e outros requisitos encontrados nessas novas variedades que são produzidas sem o uso de agrotóxicos. A maioria dos entrevistados achou que a variedade Tropical foi a que mais se adequaria ao paladar dos consumidores e aceitariam pagar mais por um produto que preserva o meio ambiente e ainda contribui significativamente para a saúde.
A pergunta a que a Empresa de Pesquisa Agropecuária gostaria de saber é: qual das três variedades tem melhor qualidade e se o consumidor está interessado em obter um produto que não prejudica o meio ambiente ou consumir um produto que tem menor valor de mercado?- Essa indagação é do gerente da Epamig, Marco Antônio Viana Leite que informou também que essa mesma avaliação foi feita em Belo Horizonte em estabelecimentos como o Carrefour, Villefort entre outros.

Para Odete Pereira de Oliveira a banana prata ainda a agrada muito, mas tendo em vista, o não uso de substâncias químicas, vale levar para casa novas variedades. E como diria o provérbio gosto todo mundo tem o seu e não foi diferente com Silvana Lopes Silva e Graiciele de Carvalho Maia. Elas experimentaram as três variedades e as opiniões foram diferentes. Silvana preferiu a PA 4244 por acreditar que nela há maior presença de doce, maciez e menor acidez. Já Graiciele preferiu a Tropical pelos mesmos motivos. Mas o que elas têm em comum é que pagariam mais caro por um produto 100% saudável. 

PRAÇAS


As praças compradoras da banana prata da região são: Rio de Janeiro, Distrito Federal, Belo Horizonte, e São Paulo; a cotação da caixa está na casa de R$ 28 embalada e R$ 26 preço pago ao produtor. De acordo com explicação da Abanorte o preço da fruta é de R$ 26 mais o adicional da taxa de embalagem no valor de R$ 2,00.
Cerca de 80% do produto regional segue rumo a essas praças comercializadoras. A reclamação dos produtores é quanto ao alto custo de produção e as possíveis doenças que a bananeira pode atrair.
Conforme informações da Empresa de pesquisa agropecuária de Minas Gerais novas variedades de banana estão sendo pesquisadas e novas serão apresentadas nos próximos meses. Com está acontecendo nesse período nas grandes cidades de Minas. Problemas como a sigatoka negra, mal do panamá entre outros são constantes de pesquisa da Epamig e da Unimontes.



2 comentários:

  1. muito esclrecedor este texto. Parabens

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  2. Tenho banana nanica tipo A e B pra vender quem estiver interessado ligue 013 96471503 João.
    Grato.
    Excelente publicação!

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