IMPORTÂNCIA
A amoreira-preta é uma espécie nativa no Brasil, mas foi a partir da introdução de variedades melhoradas, no início da década de 70, pelo, então, Centro Nacional de Pesquisa em Fruticultura de Clima Temperado (CNPFT), atual Embrapa Clima Temperado, que os produtores da região iniciaram plantios comerciais. Apesar de ser espécie pouco cultivada no Brasil, representa uma ótima opção para diversificação de pequenas propriedades, por ser rústica e de alta produção. É uma fruta que possui sabor marcante e com propriedades nutracêuticas comprovadas.
Com as observações deste cultivo no País e pelas pesquisas desenvolvidas durante quatro décadas na Embrapa, apresentamos a técnicos, produtores e viveiristas as experiências com o manejo da cultura, e esperamos que esta publicação possa servir aos interessados como mais uma opção de melhor utilização da propriedade rural ou urbana e de diversificação de produtos. O Sistema de Produção sobre o cultivo da amoreira-preta aborda de forma sucinta e em linguagem simples diversos aspectos da cultura, desde a classificação botânica das espécies, condições de clima, cultivares, tratos culturais, manejo pós-colheita e custos de implantação.
Esperamos com isto estar contribuindo para o desenvolvimento da fruticultura brasileira e para melhoria da qualidade de vida dos usuários da pesquisa, o que, em ultima instância, é a função da Embrapa.
INTRODUÇÃO:
A mudança no hábito alimentar da população brasileira, observado nos últimos anos, tem aumentado a demanda para produção de frutas frescas. A produção brasileira das principais espécies frutíferas de clima temperado é insuficiente para atender à demanda interna, gerando uma crescente necessidade de importação de frutas que, a princípio, podem ser produzidas no Brasil.
Tal situação propicia enormes possibilidades de mercado para a produção de frutas frescas e industrializadas no Brasil. Assim, os desafios de geração de renda para a pequena propriedade agrícola e de melhoria da competitividade, com produtos oriundos de regiões tradicionais de cultivo, só serão superados com investimentos na geração de tecnologia adaptada às condições socioeconômicas do Sul do País, mas também com o esforço conjunto das diversas instituições de apoio à agricultura em realizar programas de fomento agrícola que permitam às novas tecnologias geradas chegarem ao alcance do setor produtivo, traduzida em ganhos à sociedade, pelo aumento da oferta de alimentos e geração de empregos no campo.
A fruticultura, além de ser geradora de divisas tanto para o produtor quanto para o Estado, é uma das atividades que mais exige mão-de-obra, nas diversas atividades inerentes ao pomar, como podas, desbastes, raleio, colheita, embalagem e distribuição. A atividade frutícola consegue gerar mais empregos diretos e indiretos do que as indústrias, hoje tão procuradas pelo poder público.
Dentre as várias opções de espécies frutíferas com boas perspectivas de comercialização, surge a amoreira-preta (Rubus spp), como uma das mais promissoras. É uma das espécies que tem apresentado sensível crescimento de área cultivada nos últimos anos no Rio Grande do Sul (principal produtor brasileiro) e que tem elevado potencial para regiões com microclima adequado, como Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais.
Devido aos baixos custos de implantação e manutenção do pomar e, principalmente, à reduzida utilização de defensivos agrícolas, a cultura se apresenta como opção para a agricultura familiar. Cultura de retorno rápido, pois já no segundo ano entra em produção, proporciona ao pequeno produtor opções de renda, pela destinação do produto ao mercado in natura, indústria de produtos lácteos e congelados e fabrico de geléias caseiras que, com o potencial do ecoturismo regional, torna-se bastante atrativo para a agregação de valor ao produto.
Em associação às demais pequenas frutas (mirtilo, framboesa e morango), a amora-preta possui reais possibilidades de exportação para países do hemisfério norte, na contra estação de produção destes. Evidente que temos que superar obstáculos de produção e de logística de distribuição, uma vez que se trata de uma fruta extremamente sensível e com período de pós-colheita relativamente curto.
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