sábado, 25 de agosto de 2018

Adubação da Bananeira Irrigada

Exigências nutricionais

O potássio e o nitrogênio são os nutrientes mais absorvidos e necessários para o crescimento e produção da bananeira. Em ordem decrescente a bananeira absorve os seguintes nutrientes: macronutrientes: potássio (K) > nitrogênio (N) > cálcio (Ca) > magnésio (Mg) > enxofre (S) > fósforo (P); micronutrientes: cloro (Cl) > manganês (Mn) > ferro (Fe) > zinco (Zn) > boro (B) > cobre (Cu). Em média um bananal retira, por tonelada de frutos, por hectare, 1,9 kg de N; 0,23 kg de P; 5,2 kg de K; 0,22 kg de Ca e 0,30 kg de Mg.
As quantidades de nutrientes que retornam ao solo (pseudocaules, folhas e rizomas) após a colheita, em um plantio de bananeira são consideráveis, podendo chegar a valores máximos aproximados de 170 kg de N/ha/ciclo, 9,6 kg de P/ha/ciclo, 311 kg de K/ha/ciclo, 126 kg de Ca/ha/ciclo, 187 kg de Mg/ha/ciclo e 21 kg de S/ha/ciclo, por ocasião da colheita.

Sintomas de deficiências

Quando um nutriente está em deficiência, a planta expressa este desequilíbrio por sintomas visuais que se manifestam, principalmente, por meio de alterações nas folhas, como coloração, tamanho e outras (Tabela 1). Além das folhas, alguns sintomas podem ocorrer também nos cachos e frutos (Tabela 2).
No entanto, a diagnose visual é apenas uma das ferramentas para estabelecer as deficiências nutricionais em bananeira, devendo ser complementada pelas análises químicas de solos e folhas, que confirmarão ou não a deficiência nutricional. Segundo a norma internacional, a folha amostrada para análise química é a terceira a contar do ápice, com a inflorescência no estádio de todas as pencas femininas descobertas (sem brácteas) e não mais de três pencas de flores masculinas. Coleta-se 10 a 25 cm da parte interna mediana do limbo, eliminando-se a nervura central. Este material deve ser acondicionado em saco de papel e encaminhado para análise o mais rápido possível.
Para interpretação dos resultados da análise foliar podem ser utilizados os teores padrões de macro e micronutrientes estabelecidos para as bananeiras ‘Prata Anã’ e ‘Pacovan’ (Tabela 3).

Recomendações de calagem e adubação

Pela análise química do solo é possível determinar os teores de nutrientes nele existentes e assim recomendar as quantidades de calcário e de adubo que devem ser aplicadas, objetivando otimização da produtividade com viabilidade econômica e ambiental. Com a aplicação adequada de fertilizantes, espera-se aumento mínimo de 50% na produtividade.
Para análise química do solo, retirar 15 a 20 subamostras por área homogênea, nas profundidades de 0-20 cm e, se possível, de 20-40 cm, misturar bem, formar uma amostra composta para cada profundidade e encaminhar para o laboratório, com antecedência de 60 dias do plantio. De posse do resultado, poderão ser realizadas as recomendações de calagem e adubação.
Calagem
Caso o laboratório não envie a recomendação de calagem, esta pode ser calculada baseando-se na elevação da saturação por bases para 70%, quando esta for inferior a 60%, segundo a fórmula:
Equação
onde:
NC = necessidade de calagem (t/ha);
V1 = saturação por bases atual do solo (%) determinada pela análise química do solo;
CTC = capacidade de troca catiônica do solo (cmolc/dm3) determinada pela análise química do solo; e
PRNT = poder relativo de neutralização total (%) do calcário. Informação que deve constar na embalagem do corretivo.
A aplicação de calcário, quando recomendada, deve ser a primeira prática a ser realizada, com antecedência mínima de 30 dias do plantio. O calcário deve ser aplicado a lanço em toda a área. Aplica-se primeiro a dose recomendada para a profundidade de 20 a 40 cm. Para incorporar o calcário deve-se realizar uma escarificação com hastes retas para atingir 30 cm de profundidade. Embora o escarificador não revolva o solo, como o arado, a água das chuvas ajudará a transportar o calcário aplicado. Aguardar 10 a 15 dias e aplicar a dose de calcário recomendada para 0 a 20 cm, seguida de nova escarificação cruzando a primeira. Aguardar mais 15 a 20 dias para realizar o plantio. Caso não seja possível o uso do escarificador, tanto pelo declive superior a 12% quanto pela não disponibilidade do implemento, a incorporação do calcário pode ser efetuada na época da ceifa ou capina da vegetação natural. Neste caso, aplica-se apenas a quantidade recomendada para a profundidade de 0 a 20 cm.
Recomenda-se o uso do calcário dolomítico (25% a 30% de Ca e > 12% de Mg), evitando, assim, o desequilíbrio entre potássio (K) e Mg e, consequentemente, o surgimento do distúrbio fisiológico “azul da bananeira” (deficiência de Mg induzida pelo excesso de K). Considera-se equilibrada a relação K:Ca:Mg nas proporções de 0,5:3:1 a 0,3:4:1.
A presença de camadas subsuperficiais com baixos teores de Ca e/ou elevados teores de Al trocáveis leva ao menor aprofundamento do sistema radicular, refletindo em menor volume de solo explorado, ou seja, menos nutrientes e água disponíveis para a bananeira. O gesso agrícola (CaSO4.2H2O) pode ser recomendado para correção de camadas subsuperficiais, sugerindo-se aplicar a dose de 25% da necessidade de calagem (NC), para a melhoria do ambiente radicular das camadas abaixo de 20 cm.
Adubação orgânica
É a melhor forma de fornecer nitrogênio no plantio, principalmente quando se utiliza mudas convencionais, pois as perdas são mínimas; além disso, estimula o desenvolvimento das raízes. Assim, deve ser usada na cova, na forma de esterco de galinha (3 a 5 litros/cova) ou torta de mamona (2 a 3 litros/cova) ou outros compostos disponíveis. Vale lembrar que o esterco deve estar bem curtido para ser utilizado. No caso de se utilizar esterco bovino (10 a 15 litros/cova) ficar atento à sua procedência, pois pode causar fitotoxidade por herbicidas. O húmus de minhoca pode ser utilizado a cada quatro meses na dose de 2,5 a 5,0 kg por família.
A cobertura do solo com a biomassa das bananeiras (folhas e pseudocaules) deve ser uma prática, pois aumenta os teores de nutrientes do solo, principalmente potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), além de melhorar seus atributos físicos, químicos e biológicos.
Adubação fosfatada
A bananeira absorve pequenas quantidades de fósforo (P), mas se necessário pela análise química do solo e não aplicado, prejudica o desenvolvimento do sistema radicular da planta e, consequentemente, afeta a produção. A quantidade total recomendada após análise química do solo (40 a 120 kg de P2O5/ha) deve ser aplicada no plantio. Pode ser adicionado sob as formas de superfosfato simples (18% de P2O5, 20% de Ca e 11% de S), superfosfato triplo (42% de P2O5 e 14% de Ca) ou o termofosfato magnesiano (17% de P2O5, 18% de Ca e 7% de Mg). Em solos com pH em água maior que 6,5 e plantios com mudas micropropagadas, o MAP (48% de P2O5 e 9% de N) pode ser utilizado.
Anualmente, deve ser repetida a aplicação, após nova análise química do solo. Solos com teores de P acima de 30 mg/dm3 (extrator de Mehlich-1) dispensam a adubação fosfatada.
Adubação nitrogenada
O nitrogênio (N) é um nutriente muito importante para o crescimento vegetativo da planta, recomendando-se de 150 a 270 kg de N mineral/ha/ano, dependendo da produtividade esperada. A primeira aplicação deve ser feita em cobertura, 30 dias após o plantio. Recomendam-se como adubos nitrogenados: ureia (45% de N), sulfato de amônio (20% de N), nitrato de cálcio (14% de N) e nitrato de amônio (34% de N).
Adubação potássica
O potássio (K) é considerado o nutriente mais importante para a produção de frutos de qualidade superior. A quantidade recomendada varia de 100 a 750 kg de K2O/ha dependendo do teor no solo e produtividade esperada. A primeira aplicação deve ser feita em cobertura, no 2º ou 3º mês após o plantio. Caso o teor de K no solo seja inferior a 0,15 cmolc/dm3, recomenda-se a aplicação de 20 kg/ha de K2O no plantio, levando-se em consideração o balanço K:Ca:Mg. O nutriente (K) ser aplicado sob as formas de cloreto de potássio (60% de K2O), sulfato de potássio (50% de K2O) e nitrato de potássio (48% de K2O). Solos com teores de K acima de 0,60 cmolc/dm3 dispensam a adubação potássica.
Adubação com micronutrientes
O boro (B) e o zinco (Zn) são os micronutrientes mais limitantes para as bananeiras. Para teores de B no solo inferiores a 0,2 mg/dm3 (extrator de água quente), deve-se aplicar 2,0 kg/ha de B e para teores de Zn no solo inferiores a 0,6 mg dm-3 (extrator Mehlich-1), recomenda-se 10 kg/ha de Zn. Caso não tenha análise química do solo para micronutrientes, recomenda-se aplicar no plantio 50 g de FTE BR12 por cova.
Parcelamento das adubações
O parcelamento vai depender da textura e da CTC (capacidade de troca catiônica) do solo, bem como do regime de chuvas e do manejo adotado. Contudo, recomenda-se adubações mensais para áreas que não dispõem de sistema de injeção de fertilizantes. Para áreas fertirrigadas recomenda-se parcelar a cada três, sete ou 15 dias.
Localização dos fertilizantes
As adubações em cobertura devem ser feitas em círculo, numa faixa de 10 a 20 cm de largura e 20 a 40 cm distante da muda, aumentando-se a distância com a idade da planta. No bananal adulto os adubos são distribuídos em meia-lua em frente à planta filha e neta. Em terrenos inclinados, a adubação deve ser feita em meia-lua, em frente às plantas filha e neta e na parte superior do terreno.
Fertirrigação
A aplicação dos fertilizantes via água de irrigação constitui-se no meio mais eficiente de nutrição, pois combina dois fatores essenciais para o crescimento, desenvolvimento e produção das plantas: água e nutrientes. Essa prática é indicada para os sistemas de irrigação localizados (microaspersão e gotejamento), uma vez que aproveita as características próprias do método, tais como baixa pressão, alta frequência de irrigação e possibilidade de aplicação da solução na zona radicular, tornando mais eficiente o uso do fertilizante. A frequência de fertirrigação pode ser a cada 15 dias em solos com maior teor de argila; em solos mais arenosos, recomenda-se a frequência de fertirrigação semanal ou até a cada três dias.
Para o monitoramento do efeito da fertirrigação, recomenda-se a análise química do solo, incluindo a condutividade elétrica do solo, a cada seis meses, para verificar se os níveis dos nutrientes aplicados, a condutividade elétrica e o pH do solo estão de acordo com os valores esperados ou permitidos.

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