Irrigação
Exigências hídricas
A grande maioria dos plantios de abacaxi é conduzida em condições de sequeiro, entretanto, ocorrendo déficit hídrico acentuado, o uso da irrigação é a melhor alternativa para o suprimento e a manutenção da umidade do solo, possibilitando o desenvolvimento ideal da cultura. Para otimizar a prática da irrigação, a mesma deve ser fundamentada em critérios técnicos. Recomendações gerais sobre a prática da irrigação podem ser encontradas em diversas publicações especializadas, mas ajustes às condições locais sempre deverão ser consideradas.
O abacaxizeiro embora tolerante à falta de água, apresenta em períodos de escassez de água acentuada redução de seu desenvolvimento vegetativo. Um déficit hídrico durante a frutificação compromete o peso dos frutos. A quantidade de água necessária para a cultura é de 60 a 150 mm/mês. Quando tal situação não é alcançada recomenda-se a irrigação. Os métodos de irrigação mais usados são os de aspersão, pivô central e autopropelido. Micro aspersão e gotejamento podem também ser usados. Em algumas regiões do estado de Rondônia se utiliza irrigação por aspersão convencional.
Floração Natural X Indução Artificial
O florescimento natural do abacaxizeiro é bastante desuniforme, trazendo prejuízos ao produtor, pois, dificulta os tratos culturais e a colheita, inviabilizando a exploração da soca (segundo ciclo) e afetando a comercialização do produto, devido à redução do tamanho médio dos frutos. A floração natural é muito influenciada por condições climáticas, não existindo ainda, medidas de controle eficientes. Entretanto, recomenda-se alguns cuidados: evitar que as plantas atinjam porte elevado ou idade avançada; evitar plantios no período de outubro a dezembro, o que é muito comum em regiões com chuvas de verão (Cerrado); evitar a utilização de mudas velhas para os plantios, fazer uso adequado de irrigação e adubação; e evitar que produtos à base de etefon usados na fase de pré-colheita atinjam as mudas do tipo filhote.
Para antecipar e, principalmente, homogeneizar a época de florescimento e colheita do abacaxizeiro, necessário se faz a indução artificial da floração. Esta prática consiste-se da aplicação de produtos indutores na roseta foliar (olho da planta) ou da sua pulverização sobre a planta.
A época mais adequada para a indução, depende de vários fatores, principalmente do planejamento da data de colheita, uma vez que, após 5 a 6 meses depois da indução os frutos estão aptos para a colheita. Em geral, recomenda-se que a indução seja feita em plantas de 8 a 12 meses de idade.
Os indutores mais usados são o carbureto de cálcio e os produtos a base de etefon (ethrel, arvest ou similar). O carbureto é usado na roseta foliar, na forma sólida (0,5 a 1,0g/ planta) ou líquida (30 a 50 ml/planta). Recomenda-se a forma sólida em épocas chuvosas ou plantios irrigados. A solução é preparada usando-se 345 g do produto em 100 litros de água. O etefon deve ser aplicado no olho da planta usando-se 50ml/planta, ou em pulverização total da planta, sendo que sua eficiência é aumentada com a adição de uréia a 2% do produto comercial.
A eficiência no processo de indução é aumentada executando-se a prática à noite ou nas horas mais frescas do dia, de preferência em dias nublados.
Consorciação de Culturas
O abacaxi pode ser consorciado com feijão, amendoim, girassol, melancia, quiabo, repolho, tomate e outras culturas de ciclo curto, que são plantadas nas entrelinhas e na mesma época da cultura do abacaxi. Deve-se evitar o consórcio do abacaxi com milho que é hospedeiro da gomose ou fusariose. O consórcio deve restringir-se aos primeiros seis meses do ciclo do abacaxi. A cultura também é utilizada em consórcio com outras frutíferas de ciclo mais longo como em citros, guaraná, coco, entre outras. O consorciamento é uma prática viável, que permite a redução nos custos de implantação da cultura.
Manejo do mato e conservação do solo
O manejo correto do mato, especialmente nos primeiros meses após o plantio, é essencial para assegurar uma boa colheita no futuro. Os padrões atuais da produção agropecuária preconizam a utilização de práticas culturais que contribuam para a preservação ambiental e a sustentabilidade. Neste sentido, o manejo das plantas infestantes em plantios de abacaxi deve ser efetuado por meio de práticas que possibilitem a manutenção do solo protegido, entre as quais se destacam: 1) roçagem das plantas infestantes usando-se uma roçadeira manual com motor à explosão (Figura 1); 2) aplicação de herbicidas em pós-emergência; 3) utilização da cobertura morta (Figura 2); 4) capinas manuais mantendo a palhada como cobertura morta; 5) culturas de cobertura (Figura 3); e 6) cultivo mínimo ou plantio direto (Figura 4).
Por causa das frequentes inclusões e exclusões de registros de herbicidas para uso na cultura do abacaxi, recomenda-se consultar o sistema AGROFIT no endereço http://www.agricultura.gov.br/ sempre que for necessário adquirir esses produtos.
Mesmo que se use o controle químico do mato, capinas manuais ou roçagens complementares serão necessárias, visando adequar o plantio para outras práticas culturais como aplicação de fertilizantes em cobertura e amontoa.
Fotos: Aristoteles Pires de Matos
Figura 1. Roçagem no manejo das plantas infestantes e conservação do solo em plantios de abacaxi
Foto: Aristoteles Pires de Matos
Figura 2. Uso de cobertura morta no manejo do mato e conservação do solo em plantios de abacaxi
Fotos: Aristoteles Pires de Matos
Figura 3. Uso do milheto (A) ou do estilosantes (B) como culturas de cobertura no manejo do mato e conservação do solo em plantios de abacaxi
Fotos: Aristoteles Pires de Matos
Figura 4. Cultivo mínimo como prática cultural no manejo do mato e conservação do solo em plantios de abacaxizeiro: (A) manutenção da cultura de cobertura nas entrelinhas; (B) manutenção da palhada resultante da cultura de cobertura dissecada
O abacaxizeiro tem raízes pequenas e superficiais e cresce muito mais lento que o mato. Se o mato não for bem controlado, pode reduzir a produção do abacaxi, pela concorrência por água e adubos.
Quanto menos desenvolvida estiver a planta de abacaxi, maior será o dano causado pelo mato. Dessa forma, o controle do mato é uma atividade muito importante, sobretudo nos primeiros cinco a seis meses após o plantio do abacaxizeiro.
O controle do mato pode ser feito associando-se quatro a cinco capinas manuais e três roçagens, entre o plantio e a indução da floração, período em que não se deve deixar o mato mais alto que o abacaxizeiro. Depois da indução da floração não há necessidade de maiores cuidados com o controle do mato, fazendo-se apenas um raleamento, mediante roçagens, para facilitar as práticas culturais e fitossanitárias, assim como a colheita.
Nas capinas manuais (Figura 1a) deve-se cortar o mato com todo o cuidado, para não ferir as raízes nem as folhas do abacaxizeiro e não jogar terra no "olho" da planta. O mato na linha do plantio deve ser arrancado com as mãos, sem o uso de enxada, para não ferir as raízes da planta. Durante as capinas, deve-se chegar terra para junto das plantas (fazer a "amontoa" - Figura 1b) e nunca tirar terra de junto das plantas, para evitar que elas fiquem soltas ou sem apoio.
As roçagens nas entrelinhas de plantio podem ser feitas de forma manual ou com roçadeira motorizada, compatível com o espaçamento adotado. O material vegetal resultante das roçagens e das capinas deve ser mantido na área, como cobertura (Figura 1c). Também podem ser usados como cobertura do solo outros materiais disponíveis na propriedade, tais como palhas, bagaços ou capins secos, ou restos culturais de um abacaxizal anterior. A cobertura vegetal, além de controlar o mato, também protege o solo do impacto das chuvas e do vento, o que diminui a erosão.
Havendo necessidade, pode-se recorrer ainda ao controle químico, mediante a aplicação de herbicidas. É recomendável uma aplicação única ao longo do ciclo, de preferência em pós-emergência. A escolha do herbicida e a forma correta de aplicação são fundamentais para obter bons resultados e não queimar as folhas do abacaxizeiro. Deve-se aplicar apenas herbicidas registrados para a cultura de abacaxi (Tabela 1) e com orientação técnica de quem realmente tem conhecimento e experiência neste assunto, observando-se inclusive os cuidados com a calibração dos pulverizadores. Herbicidas registrados para a cultura do abacaxi são tóxicos para outras culturas, a exemplo do feijão. Os herbicidas pré-emergentes podem ser pulverizados de modo uniforme sobre o solo, que deve estar úmido para que tenha efeito. Já os herbicidas pós-emergentes devem ser aplicados sobre as plantas da cobertura vegetal, depois que elas crescerem um pouco, com gasto aproximado de 400 a 600 litros de calda por hectare; usar bico em leque e o protetor ('chapéu de Napoleão') para evitar que o vento espalhe a solução com o produto.
Durante o controle do mato, com enxada ou herbicida, é importante o operário usar equipamento de proteção individual (EPI), que pode ser constituído de máscara, bota ou calçado fechado, luvas e perneiras de raspas de couro.
Tabela 1. Herbicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para uso na cultura do abacaxizeiro (AGROFIT-MAPA, 2011). | ||||||||
Ingrediente Ativo
|
Grupo químico
|
Produtos Formulados
|
Aplicação2
|
Form.y
|
Toxic. Homx
|
Toxic. Ambw
|
Dose P. C.v
|
Carência (dias)
|
Ametrina | Triazina |
Ametrex WG
|
Pré/Pós
|
WG
|
III
|
II
|
2-3 Kg/ha
|
83
|
Herbipak WG
|
Pré/Pós
|
WG
|
III
|
II
|
2-3 Kg/ha
|
83
| ||
Bromalina + Diurom | Uracila + uréia | Krovar |
Pré/Pós
|
WG
|
III
|
II
|
2-4 Kg/ha
|
60
|
Diurom + Dicloreto de paraquate | Uréia + bipirilídio | Gramocil |
Pós
|
SC
|
II
|
II
|
2-3 L/ha
|
140
|
Diurom | Uréia | Cention SC |
Pré
|
SC
|
III
|
II
|
4,8 L/ha
|
140
|
Direx 500 SC |
Pré/Pós
|
SC
|
II
|
II
|
3,2 a 6,4 L/ha
|
140
| ||
Diuron Nortox |
Pré
|
WP
|
III
|
II
|
2-4 L/ha
|
140
| ||
Diuron 500 Milenia SC |
Pré
|
SC
|
II
|
II
|
5-6 L/ha
|
140
| ||
Grasp |
Pré/Pós
|
SC
|
II
|
II
|
3,2 a 6,4 L/ha
|
140
| ||
Karmex |
Pré/Pós
|
WG
|
III
|
II
|
1-4 Kg/ha
|
140
| ||
Karmex 800 |
Pré/Pós
|
WG
|
III
|
II
|
1-4 Kg/ha
|
140
| ||
Netun SC |
Pré/Pós
|
SC
|
III
|
II
|
2-4 L/ha
|
140
| ||
Sulfentrazona | Triazolona | Boral 500SC |
Pré
|
SC
|
IV
|
III
|
0,8-1,4 L/ha
|
60
|
Explorer 500 SC
|
Pré
|
SC
|
IV
|
III
|
0,8-1,4 L/ha
|
60
| ||
z Pré = Pré-emergente; Pós = pós-emergente
y Formulação: SC = Suspensão concentrada; WG = Granulado dispersível; WP = Pó molhável x Toxicidade ao homem: II - Produto altamente tóxico; III - Produto medianamente tóxico; IV - Produto pouco tóxico w Toxicidade ao ambiente: II - Produto muito perigoso; III - Produto perigoso v Produto Comercial. Usar as doses baixas em solos arenosos e as mais altas em solos argilosos ou com alto teor de matéria orgânica. Quando as aplicações são feitas nas "ruas", as doses têm que ser diminuídas proporcionalmente à diminuição da área coberta pelo herbicida (em geral, cerca de 50 % da área total). Observação: A citação do nome comercial do produto não significa recomendação ou endosso de tais marcas por parte da Embrapa. |
Adubação
O fornecimento de nutrientes deve ser efetuado sempre de acordo com os resultados analíticos do solo. De maneira geral, pode-se afirmar que a definição sobre as quantidades de fertilizantes a serem aplicadas na cultura do abacaxi deve levar em conta os fatores a seguir: a) exigências nutricionais da planta; b) capacidade de suprimento de nutrientes pelo solo; c) nível tecnológico utilizado; d) destino da produção; e) rentabilidade da cultura; f) resultados locais e/ou regionais de trabalhos experimentais voltados para a otimização de doses de nutrientes para a cultura.
Todo o fósforo deve ser aplicado no solo antes do plantio, enquanto nitrogênio e potássio são supridos em aplicações fracionadas durante o ciclo da cultura. Caso seja conveniente para o produtor, a adubação fosfatada pode ser feita por ocasião da primeira adubação em cobertura, junto com o nitrogênio e o potássio. Em função do manejo dispensado à cultura e do tipo de solo, o parcelamento das doses totais dos adubos pode variar de três a cinco ou mais vezes, com a última aplicação efetuada um mês antes do tratamento de indução da floral. É importante adotar técnicas como a amontoa logo após a aplicação dos adubos sólidos, de maneira a minimizar as perdas de nutrientes por lixiviação, evaporação, erosão e outras causas.
A adubação do abacaxizeiro também pode ser efetuada na forma líquida, seja via aplicação mecanizada ou por fertirrigação nos plantios conduzidos em sistema irrigado (Figura 5).
Fotos: Aristoteles Pires de Matos
Figura 5. Sistemas de adubação em cobertura de abacaxizeiro: A) adubação manual; B) detalhe da colocação do adubo junto à planta; C) implemento para adubação mecanizada; D) adubação líquida
As recomendações de adubação para a cultura do abacaxi em plantios no Tocantins podem ser feitas com base na Tabela 1, na qual, as doses recomendadas pressupõem densidades de plantio em torno de 28 mil plantas/ha.
Tabela 1. Recomendações de
adubação para o abacaxizeiro, no Estado do Tocantins, com base em resultados
analíticos do solo; primeira aproximação
Nutriente
|
No plantio
|
Em cobertura – após o plantio
|
|||
1º ao 2º mês
|
3º ao 4º mês
|
5º ao 6º mês
|
30 a 60 dias antes da indução
floral
|
||
N (kg/ha)
|
|||||
Nitrogênio
|
50
|
60
|
70
|
80
|
|
P2O5 (kg/ha)
|
|||||
Fósforo no solo (método Mehlich)
mg/dm3
|
|||||
Até 5
|
90
|
||||
6 a 10
|
60
|
||||
11 a 15
|
30
|
||||
K2O (kg/ha)
|
|||||
Potássio trocável no solo cmolc/dm3
|
|||||
Até 0,07*
|
100
|
120
|
140
|
160
|
|
0,08 a 0,15
|
90
|
105
|
120
|
140
|
|
0,16 a 0,23
|
75
|
90
|
105
|
120
|
|
0,24 a 0,31
|
60
|
75
|
90
|
100
|
|
0,32 a 0,40
|
50
|
60
|
70
|
80
|
*Estas faixas equivalem
aproximadamente às faixas de: até 30; 31 a 60; 61 a 90; 91 a 120 e 121 a 155 mg
dm3 de K
As alternativas mais frequentes para a adubação nitrogenada são a ureia e o sulfato de amônio. Como fonte de fósforo, pode-se utilizar o superfosfato triplo, o fosfato monoamônico, o fosfato diamônico ou o superfosfato simples, sendo que este último é também boa fonte de enxofre. O potássio pode ser suprido mediante cloreto de potássio, sulfato de potássio ou sulfato duplo de potássio e magnésio, sendo que as duas últimas fontes, além de mais caras, são menos frequentes no comércio. Para a escolha das fontes de nutrientes, vários aspectos devem ser levados em consideração, dentre eles o custo por unidade do nutriente.
A utilização de adubos orgânicos (estercos, tortas vegetais, compostos), quando possível, é particularmente importante nos solos de textura arenosa e pobres em matéria orgânica. Estes adubos devem, em princípio, ser aplicados por ocasião do plantio ou na primeira adubação em cobertura.
Constatando-se plantas pouco vigorosas e/ou com sintomas de deficiências nutricionais, na época prevista para a indução do florescimento, podem ser feitas adubações suplementares, por via sólida ou líquida, que deverão se estender, de preferência, até 60 dias após a indução.
Indução artificial da floração na cultura do abacaxi
O tratamento para provocar o florescimento do abacaxizeiro, também conhecido como carburetação, diminui o ciclo da planta e o tempo para a colheita e tem a finalidade de uniformizar a frutificação. Essa prática permite também que a colheita seja feita numa época mais favorável à venda do fruto. Pode ser usada, ainda, para escalonar ou ampliar o período de colheita e facilitar o controle químico da fusariose e broca-do-fruto.
O produto mais usado é o carbureto de cálcio, que pode ser aplicado nas formas sólida (granulado) e líquida (dissolvido em água)
Na aplicação sólida coloca-se 0,5 a 1,0 grama do carbureto granulado no "olho" da planta, de preferência com ajuda de um funil de gargalo comprido. Essa aplicação deve ser feita nas épocas úmidas ou chuvosas, quando tiver um pouco de água no "olho" da planta.
Na aplicação líquida, recomendada para períodos menos chuvosos, colocam-se 150 litros de água fria e limpa numa vasilha ou recipiente com capacidade de 200 litros (e que possa ser bem fechada), e adicionam-se 400 a 600 gramas de carbureto. Em seguida, fecha-se e agita-se bem a vasilha, até não se ouvir mais o barulho da solubilização do carbureto. Logo depois, enche-se um pulverizador costal (sem o bico) com a solução, e aplicam-se aproximadamente 50 ml da solução no "olho" da planta (é mais ou menos a quantidade que cabe num copinho plástico de café). No lugar do pulverizador, pode-se usar outra vasilha adaptada, com uma mangueira na parte inferior, sem precisar fazer o bombeamento. A aplicação pode ser feita, também, com o próprio copinho plástico.
A solução com carbureto pode ser preparada, ainda, diretamente dentro do pulverizador costal, onde são colocados não mais do que 15 litros de água e 40 a 60 gramas de carbureto (dentro de um saquinho de aninhagem ou meia usada). Logo depois que o carbureto se dissolve na água, abre-se o pulverizador, retira-se o saquinho e aplica-se a solução no "olho" das plantas, conforme explicado anteriormente.
A aplicação do carbureto deve ser feita, de preferência, à noite ou nas horas menos quentes do dia (de manhã cedo ou no final da tarde). Para as condições locais, a recomendação é que a indução da floração seja feita antes do período frio, que se inicia em maio/junho e se prolonga até julho/agosto.
As plantas devem estar bem desenvolvidas, com dez a 11 meses de idade. Plantas vigorosas, com muitas folhas e sadias produzem frutos mais pesados e, também, mais mudas, principalmente nas épocas de chuva. Não se deve induzir plantas pouco desenvolvidas ou pequenas e com poucas folhas, pois os frutos serão pequenos. Na época da indução, no caso da variedade Pérola, a folha "D" deve ter uma massa fresca superior a 80 gramas. A folha "D" é a mais longa entre as folhas jovens e se localiza geralmente a 45º entre o nível do solo e um eixo imaginário que passa pelo centro da planta. O tratamento de indução da floração deve ser feito cinco a seis meses antes da época em que se pretende vender os frutos.
Antecipação da Floração e Uniformização da Colheita
O abacaxi pode ser forçado a produzir frutos fora de época mediante a aplicação de indutores do florescimento, como o carbureto de cálcio e o etefon (consultar o AGROFIT para os produtos registrados para uso na cultura do abacaxi). O carbureto de cálcio, em sua forma sólida, pode ser aplicado diretamente no “olho” da planta, na quantidade aproximada de 0,5 g a 1,0 g por planta, desde que na presença de água. Em épocas secas, o carbureto pode ser aplicado dissolvido em água. Nesse caso, a mistura deve ser feita em um recipiente com capacidade para 20 litros onde se colocam 12 litros de água limpa e fria, e adicionam-se 60 g de carbureto de cálcio, fechando-se bem para evitar escapamento do gás. Aplicar cerca de 50 mL diretamente no “olho” de cada planta. Optando-se pelo uso do etefon, o mesmo pode ser aplicado por sobre a planta, não havendo necessidade de dirigir o produto para o “olho” do abacaxizeiro. O preparo da solução de etefon depende da concentração do produto comercial. Para o produto com 24% de ingrediente ativo, utilizam-se 20 mL para 20 L de água, acrescentando-se 400 g de ureia. Para aumentar a eficiência do tratamento, recomenda-se adicionar 7 g de cal de pintura, aplicando-se de 30 ml a 50 mL da mistura por planta. Nas épocas mais quentes, a indução floral com o etefon tende a ser menos eficiente, havendo necessidade de aumentar a concentração do princípio ativo na mistura, de acordo com a orientação da assistência técnica e das instruções contidas na bula do produto.
O tratamento de indução floral deve ser realizado em plantios com cerca de um ano de idade, com plantas bem desenvolvidas, isto é, que tenham altura superior a 1,0 m e peso fresco da folha mais comprida (folha ‘D’) superior a 80 g. Observar, também, o desenvolvimento da planta, pois quanto maior a base desta, maior tenderá a ser o fruto. A aplicação do indutor da floração deve ser feita à noite ou nas horas mais frescas do dia (início da manhã ou final da tarde), preferentemente em dias nublados. Na definição da melhor época para o tratamento de indução floral, deve-se considerar a possibilidade de colher os frutos num período em que os preços sejam mais favoráveis, o que ocorre, tradicionalmente, no primeiro semestre. Nas condições quentes do Estado do Tocantins, a colheita dos frutos ocorre cinco meses após a data da indução floral.
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