sábado, 3 de outubro de 2015

Pragas do Açai e seus Metódos de Controle



Pragas e metodos de controle

Dentre os fatores que comprometem a produção racional do açaizeiro, pode ser destacada a ocorrência de insetos. Com a expansão de cultivos comerciais na Região Norte do Brasil, os problemas causados por esses organismos têm surgido com maior evidência e aumentado a preocupação quanto aos prejuízos que vêm causando ao açaizeiro. Diversos insetos são capazes de atacar o açaizeiro, desde a fase de sementeira até o plantio adulto. As pragas que atacam o açaizeiro ainda são pouco conhecidas, fato que dá importância às informações sobre o assunto.

Principais pragas

a) Cerataphis lataniae Boisudval, 1867 (Heteroptera: Aphididae). Conhecida como o pulgão-preto-do-coqueiro, ataca mais intensamente o açaizeiro no viveiro e durante os 3 primeiros anos de vida no campo.


- Descrição: Esse pulgão tem o formato circular, mede cerca de 2 mm de diâmetro, tem a coloração quase preta e locomoção lenta, podendo ser de forma alada ou sem asas. Excreta uma substância adocicada que atrai vespas, moscas e, principalmente, formigas, que impedem a presença de inimigos naturais dessa praga. Ataca, preferencialmente, a flecha da palmeira e a inserção das folhas jovens ao estipe.
- Ocorrência: No Brasil, ocorre nos Estados do Amazonas, Bahia, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Maranhão, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
- Sintomas: Esse inseto provoca o atraso no desenvolvimento das mudas do açaizeiro, tornando-as raquíticas e com as folhas amareladas, por causa da seiva que tanto as ninfas como os adultos sugam para se alimentarem.
- Controle: No viveiro, o controle é feito separando as mudas atacadas das sadias e os insetos retirados manualmente com auxílio de um pano umedecido em água. As mudas atacadas são mantidas isoladas fora do viveiro e observadas, por cerca de 10 dias, até que haja a certeza de que a praga foi completamente eliminada, quando então poderão retornar ao viveiro. Ainda não existe um método de controle dessa praga no campo, por isso, deve haver o cuidado de não levar mudas atacadas para o plantio definitivo.

b) Alleurodicus cocois (Curtis, 1846) (Heteroptera: Alyrodiae). Conhecida por mosca branca causa maior dano ao açaizeiro no viveiro, mas pode atacar essa palmácea nos primeiros anos de vida no campo.

- Descrição: O adulto se assemelha a uma pequena mosca, tem a cor branca, mede cerca de 2mm de comprimento por 4mm de envergadura, possui 4 asas membranosas e cobertas por uma secreção pulverulenta. As ninfas medem cerca de 1mm de comprimento, têm coloração amarelada, rodeada de serosidade branca e vivem na face inferior da folha, onde excretam uma substância adocicada, proporcionando o aparecimento de formigas e do fungo fumagina. As ninfas e os adultos formam colônias e, na maioria das vezes, ocupam toda a área dos folíolos.
- Ocorrência: A mosca branca ataca um grande número de fruteiras e diversas palmeiras. É encontra de Norte ao Sul do Brasil (Silva et al. 1968).
- Sintomas: Por se alimentar da seiva, torna a planta amarelada, debilitada e depois clorótica, atrasando o desenvolvimento e a produção, podendo causar a morte do açaizeiro no caso de ataque severo. Esse inseto favorece o aparecimento do fungo fumagina, que provoca a diminuição na fotossíntese da planta.
- Controle: Tanto no viveiro como no campo, as medidas de controle são as mesmas propostas para C. lataniae.

c) Atta spp. (Hymenoptera: Formicidae). Conhecidas popularmente por saúvas, tanajura e formigas-saúvas, atacam as plântulas do açaizeiro na sementeira, as mudas no viveiro e as plantas nos primeiros anos de vida no campo. No entanto, os ataques são mais drásticos na sementeira e no viveiro, em virtude das folhas estarem muito tenras (Fig. 2). As espécies mais comuns são: A. laevigata (saúva-da-mata), A. cephalotes (saúva-cabeça-de-vidro) e A. sexdens sexdens (saúva-limão-do-norte ou formiga-da-mandioca).

- Descrição: São insetos sociais que vivem em ninhos subterrâneos, onde se alimentam e se reproduzem. O ninho é formado por dezenas ou centenas de câmaras ou panelas, com comunicação entre si por meio de galerias. No nível do solo, chamam a atenção, pois formam montes de terra solta com muitos orifícios (olheiros). As saúvas se alimentam do fungo Gonylophora pholiota (Rhozitles) Moeller, 1893, que são cultivados com folhas trazidas pelas próprias saúvas para o interior do sauveiro.
- Ocorrência: Essas saúvas são encontradas em todos os Estados do Brasil. A saúva-da-mata, além do açaizeiro ataca diversas fruteiras; a saúva-cabeça-de-vidro também ataca diversas fruteiras, assim como o açaizeiro, coqueiro (Cocos nucifera L.) e o dendezeiro (Elaeis guineensis Jack.) e a saúva-limão-do-norte ou formiga-da-mandioca ataca o açaizeiro e outras palmeiras e fruteiras.


- Sintomas: As saúvas cortam os folíolos do açaizeiro no viveiro, provocando o desfolhamento parcial ou total das mudas, concorrendo para o atraso no desenvolvimento ou até mesmo a morte da planta.
- Controle: Como controle preventivo são observados os locais de instalações dos viveiros. Devem ser evitadas as proximidades de áreas de matas, pois são os ambientes preferidos das saúvas. Outro fator a ser observado é se existem sauveiros às proximidades e, quando se tratar de áreas infestadas, esses são retirados e queimados, seguidos de tratamento do solo com inseticida. Essas providências são de grande importância, não só antes da instalação do viveiro, como antecedendo ao plantio do açaizeiro no local definitivo.
O controle químico com gases liquefeitos (metil bromide) é o mais utilizado, mas podem ser aplicados produtos líquidos (termonebulizáveis _ fenitrothion e deltametrin) e iscas granuladas (diflubenzuron), que são mais práticos, eficientes e econômicos.
As saúvas também podem ser controladas por inimigos naturais, como fungos, nematóides, ácaros parasitas, formigas predadoras e um coleóptero da família Scarabaeidae, predador das rainhas (Della Lúcia, 1993). Pode também ser feita a gradagem do terreno para destruir os ninhos no solo.

d) Rhynchophorus palmarum Linnaeus, 1746 (Coleóptera: Curculionidae). Conhecida por broca-do-olho-do-coqueiro, bicudo e broca-do-coqueiro (Fig. 3), ataca o açaizeiro, no campo, a partir dos 3 anos de idade, quando as plantas estão com o estipe suficientemente desenvolvido. Além do açaizeiro, essa praga ataca outras palmeiras, principalmente o coqueiro e o dendezeiro.

- Descrição: Essa praga possui hábito diurno e, pelo seu tamanho, é facilmente vista voando dentro de plantações atacadas. A larva, completamente desenvolvida, mede 75 mm de comprimento por 25 mm de largura, possui corpo recurvado de coloração branco-cremosa. A pupa tem a coloração amarelada, onde é possível observar todos os membros do besouro adulto. O adulto recém emergido, depois de algumas horas, começa a voar à procura de fêmea para acasalar e uma palmeira para se alimentar. O adulto vive de 45 a 60 dias e as fêmeas põem, em média, 250 ovos durante o seu ciclo de vida. Na fase adulta é um besouro de cor preto-aveludada, medindo, em média, 5 cm de comprimento, sendo possível observar machos e fêmeas em constantes acasalamentos, tanto no campo como sob condições de laboratório (Bondar, 1940; Genty et al. 1978; Ferreira et al. 1998).


- Ocorrência: O gênero Rhynchophorus é encontrado disperso por todo o Brasil.
- Sintomas: O açaizeiro atacado apresenta porte reduzido, folhas mais curtas e amareladas, com o pecíolo bronzeado, redução do número de folhas, redução ou ausência de cachos, inflorescências abortadas e estipe com furos enegrecidos junto à região da coroa. Quando o açaizeiro está muito atacado, as folhas mais jovens são mais curtas e não se abrem completamente, tomando o formato de uma vassoura. Essa praga além de fazer enormes galerias no estipe e na região da coroa foliar, bloqueando a passagem dos nutrientes, provocando o enfraquecimento ou até a morte da planta, propicia a entrada de microrganismos como fungos, bactérias e vírus, ou insetos secundários capazes de provocar novos danos. Além disso, é o vetor do nematóide causador, nas palmáceas, da doença conhecida por "anel-vermelho".
- Controle: As plantas decadentes ou mortas, que são focos e servem de criadouro para a broca-do-coqueiro, quando eliminadas concorrem para a redução da ocorrência dessa praga. Também devem ser evitados ferimentos mecânicos acentuados durante a colheita dos cachos, para que os adultos não sejam atraídos pela seiva exudada. Os estipes eliminados são cortados em pedaços e queimados fora da plantação.
O uso de armadilhas é o método mais seguro para o controle dessa praga e pode ser feita com o aproveitamento de recipientes descartáveis de plástico (20 litros), utilizados no envasamento de óleo para máquinas agrícolas. A parte superior dos recipientes é retirada e, no local, adaptada uma tampa de madeira, com um furo de aproximadamente 10 cm ao centro, no qual é fixado um funil feito com a parte superior de garrafa de plástico descartável de refrigerante (2 litros), com a parte afunilada voltada para dentro da armadilha, do modo a facilitar a entrada do inseto. No interior da armadilha deve conter iscas compostas por feromônio de agregação sintético rincoforol (trocados a cada 3 meses), mais 6 roletes de cana de açúcar (20 cm cada, cortados transversalmente). As armadilhas (Fig. 4) são colocadas em moirões de madeira com 1 metro de altura e distribuídas dentro do açaizal a cada 150 metros. A troca da cana deve ser feita a cada 15 dias, ocasião em que será feita a coleta dos insetos capturados (Silva et al. 1998).


e) Mytilococcus (Lepidosaphis) bechii (Newman, 1869) (Heteroptera: Diaspididae). Conhecida por escama vírgula e cochonilha escama vírgula, ataca o açaizeiro no viveiro e nos primeiros anos de vida no campo.


- Descrição: Seu corpo é curvo, semelhante a uma vírgula ou um marisco, a coloração varia de marrom-clara a marrom-violeta. A fêmea põe em média 50 ovos e mede cerca de 3 mm de comprimento (Gallo et al. 1988). 

- Ocorrência: Encontrada dispersa por todo o Brasil.
- Sintomas: Essa praga se fixa ao longo da nervura principal, na parte ventral dos folíolos. Em decorrência de sua constante sucção da seiva, a planta fica, inicialmente, com as folhas amareladas e depois cloróticas, atrasando o seu desenvolvimento e sua produção.
- Controle: Como não existe nenhum inseticida registrado para o controle dessa praga em açaizeiro, podem ser adotadas ações preventivas, baseadas em cuidados de não instalar o viveiro próximo a plantas atacadas por esse inseto, para que não haja a possibilidade de ser levada planta atacada para o local de plantio definitivo.

f) Alleurothrixus floccosus (Maskell, 1895) (Heteroptera: Aleyrodiae). Conhecida por mosca branca ou piolho farinhento, ataca o açaizeiro no viveiro e as plantas jovens no campo.

- Descrição: O adulto dessa praga, pelo ao seu formato e a sua cor, é conhecida por mosca branca e o corpo é recoberto por uma serosidade esbranquiçada. As fêmeas põem os ovos na face inferior da folha, e depois de 10 dias ocorre a eclosão das ninfas. Tanto as ninfas como os adultos são facilmente observados, pois são envolvidos por densa aglomeração flocosa, formada por filamentos cerosos de cor branca, chegando mesmo a cobrir toda a folha. Exudam um líquido açucarado, favorecendo o aparecimento de formigas, moscas e do fungo fumagina.
- Ocorrência: A mosca branca é encontrada em todos os Estados do Brasil.
- Sintomas: Os folíolos, por causa do sugamento da seiva, inicialmente, ficam amarelados, depois a planta fica debilitada, atrasando seu desenvolvimento e, conseqüentemente, a sua produção.
- Controle: Pode ser o mesmo descrito para Alleurodicus cocois.

g) Eutropidacris cristata (L., 1758) (Orthoptera: Acridiae). Conhecida por gafanhoto do coqueiro, gafanhotão e tucurão (Fig. 5), ataca o açaizeiro no viveiro e, principalmente, as plantas jovens no campo.

- Descrição: No Estado do Pará, essa praga é conhecida por gafanhotão, mede 110 mm de comprimento, as asas anteriores são verde-pardacentas e, as posteriores, esverdeadas com leve tonalidade azul. As fêmeas põem os ovos no chão e, quando emergem, recebem o nome de "mosquitos", após atingirem certo desenvolvimento são chamados de "saltões", cujas asas ainda são rudimentares, e só depois alcançam a fase adulta.
- Ocorrência: É encontrado em todos os Estados da Região Norte e em extensas áreas das outras regiões do Brasil.
- Sintomas: Provoca a redução no desenvolvimento da planta e, conseqüentemente, o atraso no início da fase produtiva, pela voracidade com que as ninfas e os adultos se alimentam. Outra maneira de ser detectado o ataque desse gafanhoto, é pela observação de grande quantidade de folíolos severamente cortados, que ficam caídos no solo.
- Controle: Deve ser feito com o uso de iscas colocadas na vegetação rasteira junta às palmeiras, quando o gafanhoto está, preferencialmente, no estádio de "mosquito" ou mesmo "saltões", pois nesses estádios vivem agregados para se protegerem. As iscas são preparadas com a mistura de: 10 kg de farelo de trigo, arroz ou milho; 0,5 kg de triclorfon 50%; 0,4 kg de açúcar mascavo; 0,8 kg de melaço; e 6,5 L de água. Esses componentes são bem misturados, até que seja alcançada a consistência moldável de massa (Gallo et al. 1988).

h) Synale hylaspes (Cramer, 1782) (Lepidoptera: Hesperidae). Conhecida por lagarta-verde-do-coqueiro ou lagarta-verde, ataca o açaizeiro (Fig. 6) no viveiro e nos primeiros anos de vida no campo. Ataca também outras palmeiras (Gallo et al. 1988).

- Descrição: O adulto é uma borboleta com 4,5 cm de envergadura, de cor prata com manchas brancas e translúcidas nas asas anteriores, e branca, com a extremidade amarelo-dourada, nas asas posteriores. A lagarta, verde-clara brilhante, constrói seu abrigo unindo as bordas do folíolo com fortes filamentos brancos, cujo interior é revestido por um pó branco que também lhe reveste, permanece no abrigo durante o dia, sai à noite para se alimentar e usa, também, esse abrigo para empupar (Bondar, 1940).



- Ocorrência: É encontrada nos Estados da Bahia e Sergipe (Silva et al. 1968) e, no Estado do Pará, foi encontrada atacando o açaizeiro nos Municípios de Belém e de Tomé-Açu. 

- Sintomas: A lagarta se alimenta do limbo foliar, tornando-o esgarçado, seco e com a coloração amarronzada.

- Controle: Quando o ataque ocorre no viveiro, as lagartas são retiradas manualmente para não infestar as mudas sadias que estão próximas. Por isso, são imprescindíveis as inspeções mais intensas, quando da produção de mudas. Ainda não existe um método para controlar o ataque dessa praga, no campo, em açaizeiro. Entretanto, em coqueiro, o controle é feito com o uso dos inseticidas carbaryl a 0,16% i.a. ou trichlorphon a 0,15 i.a. (Ferreira et al. 1998).

i) Hemisphaerota tristis (Bohheman,1850) (Coleóptera: Crysomeliade). Conhecida por inseto-rodilha (Fig. 7)

- Descrição: O adulto é um besouro de cor azul escura, corpo relativamente esférico com cerca de 4 mm de comprimento, por 3,2 mm de largura. A larva é branco-amarelada; com o corpo coberto de seus próprios excrementos, formando para se proteger uma espiral em forma de rodilha. Adultos e larvas alimentam-se da face inferior dos folíolos raspando os mesmos, fazendo ranhuras no sentido longitudinal do folíolo (Bondar, 1940). 



- Ocorrência: A sua distribuição foi feita através da Colômbia, Suriname e Brasil (Genty et al. 1978). No Brasil, a ocorrência dessa espécie foi registrada na Bahia, por Silva et al. (1968), e, em Sergipe, por Ferreira et al. (1998). Além desses Estados, há registros de ocorrência no Amazonas, Pará e Amapá.
- Sintomas: O açaizeiro atacado tem os folíolos esgarçados longitudinalmente, tornando-os secos, com as cores marrons, que se rompem, facilmente, pela ação do vento. As palmeiras atacadas exibem desenvolvimento e produção reduzidos.
- Controle: Não existe nenhum tipo de controle para essa praga em açaizeiro. Em coqueiro, é controlada com inseticidas fosforados (Ferreira et al. 1998).

j) Brassolis sophorae (Linnaeus, 1758) (Lepidoptera: Nyphalidae). Conhecida por lagarta-das-folhas; lagarta-das-folhas-do-coqueiro e brassolis (Fig. 8).


- Descrição: O adulto é uma mariposa cujas asas, anteriores e posteriores, são marrom-escuras, com uma faixa transversal de cor alaranjada e expansão média de 8,5 cm. Seu hábito de voar é crepuscular vespertino. O ciclo de vida, do estádio de ovo à fase adulta, é de cerca de 100 dias (Ferreira et al. 1998). A crisálida, inicialmente, é verde-clara, depois se torna marrom. A lagarta é cremosa e apresenta listras longitudinais escuras ao longo do corpo. Sua cabeça, castanho-avermelhada, possui bastante movimentação em relação ao corpo e é recoberta por uma fina camada de pelos. Possui hábito gregário, constrói os seus ninhos para se proteger, unindo vários folíolos em forma de sacos alongados, onde permanece durante a noite, ficando pendurado nas folhas.
- Ocorrência: Ocorre em quase todos os países tropicais da América do Sul (Lever, 1969) e, no Brasil, nos Estados do Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal (Silva et al. 1968) e Sergipe (Ferreira & Leal, 1989).
- Sintomas: As lagartas são muito vorazes, consomem grande quantidade de massa foliar, deixando somente as nervuras centrais dos folíolos e da ráquila, podendo ser encontradas mais de mil lagartas em um único ninho. Como conseqüência, ocorre a diminuição da absorção de nutrientes retirados do solo. Dependendo da intensidade do ataque, pode ocorrer o atraso no desenvolvimento da planta, queda prematura dos frutos e a redução da produção, ou ainda a morte da planta.
- Controle: A ocorrência dessa praga pode ser controlada da seguinte forma:
. Controle biológico - Os ninhos examinados, são abertos, parcialmente, para a verificação da existência de lagartas parasitadas pelo fungo Beauveria bassiana ou B. brongniartii, facilmente constatada pela presença de lagartas mortas e esbranquiçadas. Caso seja positiva, os ninhos não são retirados do campo, para que o fungo possa ser disseminado dentro da plantação; e, no caso de ser negativa, os ninhos não-parasitados são retirados e as lagartas eliminadas. Em plantas altas é usada uma vara, com gancho na ponta, para baixar a folha com o ninho, quando isso não for possível, são verificadas as fezes amontoadas no solo, cuja coloração esbranquiçada, pela presença dos esporos, indica que as lagartas estão parasitadas dentro do ninho. Outros agentes biológicos que se destacam são o fungo Bacillus thuringiensis, no controle das lagartas (Ferreira & Leal, 1989), e os parasitóides, bastantes eficientes no controle das crisálidas. No Pará, é muito comum a ocorrência em plantações de dendezeiro e de coqueiro, parasitóides tanto em crisálidas como em ovos;
. Controle mecânico - Consiste da retirada dos ninhos não parasitados por microrganismos, de dentro da plantação;
. Controle químico - Não existe nenhum inseticida registrado e liberado no mercado para essa praga em açaizeiro. Existe recomendação de uso do trichlorphon a 0,4% i.a. e do carbaryl a 0,35% i.a. em casos de altas infestações em plantações de coqueiro.

k) Opsiphanes invirae (Huebner, 1818) (Lepidoptera: Brassolidae). Conhecida por lagarta-desfolhadora e opisifane (Fig. 9).



- Descrição: O adulto é uma mariposa cujas asas anteriores são negras, com uma faixa larga amarela na parte mediana e duas pontuações da mesma cor na parte superior. A lagarta é de cor verde-clara brilhante, com duas listras finas longitudinais amarelas-claras ao longo do corpo, cujo abdômen termina por dois prolongamentos caudais, sua cabeça é cor-de-rosa com dois cornos cefálicos em forma de espinho, e vivem na face inferior dos folíolos. Alimenta-se dos folíolos causando danos à planta, em virtude da alta voracidade. A crisálida, inicialmente, é verde-clara brilhante, depois se torna marrom com listras transversais e longitudinais róseo-ferrugem. Não possui nenhuma proteção externa em seu corpo, quando está para empupar permanece dependurada em algum ponto da planta, até a emergência do adulto, principalmente nos folíolos próximo ao estipe, quando a população é grande podem também empupar na vegetação rasteira junto ao açaizeiro. 

- Ocorrência: Essa praga está distribuída por toda a parte setentrional das 

Américas do Sul e Central (Lepesme, 1947). No Brasil, está presente em quase 
todos os Estados (Silva et al.1968; Ferreira et al. 1998), mas, no Pará, só foi 
constatada, em 2003, atacando açaizeiros jovens e adultos.

- Sintomas: O açaizeiro, quando atacado, apresenta grande parte dos folíolos destruídos desordenadamente, no entanto, ataca com maior freqüência o coqueiro e o dendezeiro.
- Controle: O controle dessa mariposa, pode ser feito com armadilhas feitas com o aproveitamento de latões cilíndricos, com 80 cm de comprimento e 15 cm de diâmetro, cortados transversalmente, ou vasilhas de plástico cortadas de maneira a formar uma janela para entrada dos insetos adultos. No interior das armadilhas, é colocado o inseticida trichlorphon a 0,1% do produto comercial. As armadilhas devem ficar suspensas a 1 metro do solo, fixas em suportes de madeira, à distância uma das outras de 150 m. Devem ser realizadas inspeções periódicas, com vistas à constatação da ocorrência dessa praga e à avaliação dos danos causados.

l) Eupalamides dedalus (Cramer, 1775) (sin. Castnia dedalus, Lepidoptera: Castniidae). Conhecida por broca-do-estipe, broca-da-coroa-foliar e broca-dos-cachos-do-dendezeiro (Fig. 10).



- Descrição: O adulto é uma mariposa com asas marrom-escura e reflexos violeta, a envergadura das asas da fêmea varia de 170 a 205 mm e dos machos de 170 a 185 mm. Possui duas fileiras de pontuações amarelas esbranquiçadas acompanhando o contorno das asas posteriores e, na parte média das asas anteriores, há uma faixa amarela transversal com pontuações da mesma cor nas extremidades. Na cabeça chama atenção o tamanho grande dos olhos. A longevidade do macho, em média, é de 12 a 13 dias e, das fêmeas, de 15 a 18 dias.
No período de 12 a 17 dias, o número de ovos postos pela fêmea varia de 200 a 500, com uma média de 265, dos quais a maioria é colocada nos 5 primeiros dias e, em cada local de postura, a fêmea deposita de 2 a 30 ovos, o que indica a grande capacidade de dispersão da espécie (Korkytkowski & Ruiz, 1979b). A postura é feita em grupos de 2 a 8 ovos (Ray, 1973). O ovo mede de 5 a 6mm de comprimento, por 2mm de largura, com formato ovalado e provido de 5 estrias longitudinais proeminentes, semelhantes a um grão de arroz. Inicialmente é esbranquiçado, depois levemente rosado e, finalmente, escuro quando se aproxima a eclosão da larva. A incubação do ovo varia de 10 a 15 dias (Korkytkowski & Ruiz, 1979a).
A larva possui coloração branca leitosa, cabeça fortemente esclerificada de cor castanha brilhante e com mandíbulas negras muito fortes. Ao emergir, mede aproximadamente 7 mm de comprimento e pode alcançar de 110 a 130 mm no último estádio de seu desenvolvimento. Seu hábito de vida é do tipo "minador", constrói galerias no estipe do açaizeiro, junto à coroa, onde permanece durante todo seu desenvolvimento, que varia de 144 a 403 dias, com uma média de 233 dias.
No final de seu desenvolvimento a lagarta passa por um período de pré-pupa, durante 19 dias, em média (Korkytkowski & Ruiz, 1979b). No final do ciclo, transfere-se para a região superior do estipe onde empupa. A pupa é de cor castanho-escura brilhante e mede de 64 a 95 mm de comprimento; o casulo formado pela pupa é marrom escuro e é confeccionado com as fibras da palmeira, fortemente compactadas (Korkytkowski & Ruiz 1979b). O período pupal foi estimado por Korkytkowski & Ruiz (1979a) em aproximadamente 30 dias, e o ciclo biológico completo é de aproximadamente 14 meses.
A mariposa possui comportamento matutino e vespertino muito característico, voando somente por um período de 10 a 15 minutos nas primeiras horas da manhã (6h às 6h15m) e nas primeiras horas da noite (18h às 18h15m), permanecendo, durante o dia, pousada no estipe próximo a copa da palmeira, o vôo é rápido e silencioso, e se realiza a uma altura entre 1 a 4 metros.
- Ocorrência: É encontrada, em plantações de dendezeiro, coqueiro e algumas palmeiras nativas, na Venezuela, Suriname, Guiana, Brasil (Região Norte), Colômbia, Equador, Peru e Panamá, (Ray, 1973; Genty et al. 1978; Korkytkowski & Ruiz, 1979b). Em 1996, foi detectada a presença dessa praga atacando os estipes de açaizeiro e de bacabeiras (Oenocarpus maropa H. Karst e O. minor Mart.), palmeiras nativas da Região Norte. No Estado do Pará, o primeiro registro desta praga atacando diversas palmeiras foi por Silva et al. (1968).
- Sintomas: O ataque, inicialmente, ocorre na região da inserção da folha (axila foliar). Após a emergência, as larvas se dispersam pela coroa da palmeira e na medida que crescem, caminham em direção ao estipe fazendo enormes galerias, danificando seus tecidos, impedindo a circulação e o transporte de nutrientes para a região da copa, causando grandes prejuízos à produção (Schuilling & Dinther, 1980). O estipe, junto à coroa, fica totalmente perfurado e enegrecido em decorrência da oxidação da seiva, que escorre por meio das galerias abertas externamente. Como conseqüência, as folhas ficam carcomidas ao nível dos pecíolos, que pendem junto ao estipe e terminam por cair.
Concomitantemente, com os prejuízos causados pelas larvas desse inseto, é possível encontrar danos simultâneos de larvas de Rhynchophorus palmarum atraídos pelo odor de fermentação dos tecidos danificados pelas larvas da broca-do-estipe (Risco, 1996). Este autor estima que a forte incidência dessa broca no coqueiro pode reduzir a produção em até 50% e, concorrer para a ocorrência de problema mais sério, propiciando o ataque de broca-do-coqueiro, principal vetor do agente causal da doença "anel-vermelho".
- Controle: Não existem informações sobre o controle dessa praga em açaizeiro, entretanto, podem ser utilizadas algumas práticas de controle adotadas para o coqueiro e o dendezeiro, como a poda das folhas infestadas e a coleta manual de crisálidas e adultos, reduzindo consideravelmente a população da praga (Genty et al. 1978). O inseticida carbosulfan, na concentração de 0,02% de i.a., pulverizado na coroa foliar do coqueiro, tem sido eficiente no controle dessa praga. (Lins et al. 1998; Ohashi et al. 1998; Souza et al. 1998). Pouco se conhece sobre a ação de agentes naturais que tenham ação efetiva de controle dessa praga no campo.

Outras pragas

a) Caracóis: São moluscos, providos de conchas, com cerca de 10 mm de comprimento, encontrados por toda a planta, principalmente nos 2 primeiros anos de vida no campo. São encontrados, principalmente, na flecha e nos folíolos mais jovens, raspando os mesmos para se alimentarem. O controle pode ser feito por meio de catação manual, realizada periodicamente nas plantas jovens.
b) Lesmas: São moluscos desprovidos de conchas, mas com hábito alimentar semelhante ao dos caracóis. Atacam o açaizeiro tanto no viveiro como palmeiras jovens no campo. Alimentam-se raspando os folíolos mais jovens e as flechas. Ocorrem, com maior freqüência, na época chuvosa e em lugares mais úmidos. Dependendo da população, podem causar sérios problemas às mudas de açaizeiro ou ainda nos primeiros anos de vida. O controle pode ser feito através da catação manual nas plantas e limpezas ao redor do viveiro, retirando os pedaços de madeiras podres, uma vez que se reproduzem em material vegetal úmido e em decomposição.









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