sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Colheita e Pós Colheita da Banana



Quando colher

Critérios como desaparecimento das quinas ou angulosidades da superfície dos frutos ainda são utilizados.
Nas cultivares de porte médio-alto (Nanicão) e alto (Prata, Pacovan, Terra), a colheita deve ser efetuada por dois operários. Enquanto um corta parcialmente o pseudocaule à meia altura entre o solo e o cacho, o outro evita que o cacho atinja o solo, segurando-o pela ráquis ou aparando-o sobre o ombro. O primeiro operário corta então o engaço e o cacho é transportado até o carreador ou cabo aéreo, sobre travesseiro de espuma, colocado no ombro do segundo operário. Nas cultivares de porte baixo a médio (Figo Anão, Prata Anã, D’Angola), a colheita pode ser feita por apenas um operário.
Para as cultivares Prata e Maçã, recomenda-se a colheita quando do desaparecimento das quinas ou angulosidades da superfície dos frutos. No caso da cultivar Terra, este critério não é utilizado pois as quinas permanecem até a maturação do fruto. Assim, recomenda-se a colheita quando os frutos do meio do cacho apresentarem diâmetro máximo. Outro critério é cortar longitudinalmente um dedo da primeira penca. Se a coloração da penca estiver rósea, o cacho pode ser colhido.
    Um critério que pode ser usado para todos os grupos é a idade do cacho a partir da emissão do coração. Nesta ocasião marca-se a planta com fita plástica, usando-se diferentes cores para as várias datas de emissão. Quando da colheita, a qual pode variar de 100 a 120 dias após a emissão do coração, um gerente de campo, de posse da planilha de controle, orienta os operários para a colheita do cacho das plantas marcadas com uma determinada cor da fita.


Como colher

Para as cultivares recomendadas para este sistema, é fundamental que a colheita envolva dois operários. Como são plantas de porte médio a alto é necessário que um operário corte parcialmente o pseudocaule à meia altura entre o solo e o cacho e o outro evite que o cacho atinja o solo, segurando-o pela ráquis ou aparando-o sobre o ombro, enquanto o outro operário corta o engaço.

Manejo pós-colheita

O transporte dos cachos para o local de despencamento e embalagem deve ser feito por carreadores, de forma manual (no ombro) e ou mecânica, em carrocerias de veículos automotivos ou carreta de trator, forradas com espuma sintética. Deve-se tomar cuidados especiais para evitar ferimentos nos frutos principalmente das cultivares Caipira e Thap Maeo, que têm casca fina. Os cachos devem se mantidos pendurados para proceder o despencamento. As pencas devem sair do cacho para um tanque com água e detergente, onde serão lavadas, subdivididas em buquês e, posteriormente, embaladas em caixas de papelão, madeira ou plástico fabricadas especificamente para frutos. Em todos os casos, as dimensões são de 52 x 39 x 24,5 cm (comprimento x largura x altura), com capacidade para aproximadamente 18 kg de frutos. As caixas devem ser revestidas com plástico de baixa densidade para proteção dos frutos contra escoriações.
O transporte dos cachos para o local de despencamento e embalagem deverá ser feito pelos carreadores. Deve-se colocar folhas de bananeira na base e nas laterais dos compartimentos mecanizados ou não, utilizados no transporte, para evitar escoriações nos frutos.

Conservação pós-colheita

Frigoconservação
As bananas podem ser conservadas sob refrigeração pelo período de uma a três semanas, findo o qual devem ser removidas para câmaras de maturação, onde são tratadas com etileno ou, previamente, com ethephon. A temperatura mínima de armazenagem depende da sensibilidade da banana a danos pelo frio, sensibilidade esta que é afetada pela cultivar, condições de cultivo e tempo de exposição a uma dada temperatura. Os danos pelo frio são causados pela exposição a temperaturas inferiores a 13,3ºC, os quais depreciam a qualidade do fruto, porém sem afetar a consistência e o paladar da polpa. A melhor indicação de danos pelo frio em banana verde é a presença de pintas marrom-avermelhadas sob a epiderme. Na banana madura, os danos são caracterizados por uma aparência cinza opaca esfumaçada, em vez da cor amarela brilhante da casca. Outro indicador de danos é a exsudação de látex ou translucidez do mesmo.
A intensidade dos danos pelo frio é fortemente influenciada pela umidade relativa do ar, de modo que, para uma dada temperatura, o aumento da umidade retarda o aparecimento de danos. A umidade também afeta a qualidade da banana, sendo recomendado o seu armazenamento na faixa de 85 a 95%. Embora esta faixa de umidade possa ser mantida em câmaras sem controle automático, regando-se o piso com água duas vezes por dia, a operação é tediosa e consome tempo. Por esta razão, é recomendável a frigoconservação em câmaras automatizadas, que controlam tanto a temperatura quanto a umidade relativa.


Conservação em atmosferas controlada e modificada

A conservação de bananas pode ser aumentada significativamente com o uso de atmosfera controlada ou modificada. Em atmosfera controlada com 7 a 10% de CO2 e 1,5 a 2,5% de O2, as bananas podem ser conservadas por mais de quatro meses a 20ºC, amadurecendo normalmente após transferência para câmara de maturação.
A modificação da atmosfera, selando as bananas em sacos de polietileno, também aumenta significativamente o tempo de conservação. A inclusão de permanganato de potássio, um absorvente do etileno, estende ainda mais o período de armazenagem. Uma vantagem adicional dos sacos de polietileno é que o seu uso é efetivo em uma larga faixa de temperatura, desde 13 até 37ºC.
O uso de emulsões de cera e produtos à base de éster de sacarose permitem estender o período pré-climatérico de bananas por uma a duas semanas, reduzir a perda de água e a ocorrência de escurecimento da casca. O enceramento causa modificações na atmosfera interna do fruto, aumentando a concentração de CO2 e reduzindo a de O2, daí o prolongamento do período pré-climatérico, como ocorre em câmaras com atmosfera controlada e nas embalagens plásticas.
Maturação controlada – climatização
Temperatura e umidade relativa na câmara

A faixa ótima de temperatura do ar para a climatização é de 13,9 a 23,9ºC, na qual não ocorrem alterações na qualidade dos frutos. O aumento da temperatura reduz o tempo para atingir-se um determinado estágio de cor da casca. 
A manutenção da umidade relativa entre 85 e 95% durante a maturação é vital para a obtenção de frutos de boa qualidade de cor e sabor. Alta umidade relativa com adequada temperatura contribui grandemente para melhorar a aparência, a palatabilidade e aumentar o período de comercialização.



Empilhamento das caixas na câmara


Uma adequada circulação de ar na câmara é essencial para uniformização da maturação. O sistema de ventilação da câmara e o tipo de empilhamento das caixas afetam sensivelmente a circulação do ar. 
Uma vez que a temperatura aumenta devido à respiração das bananas, a área exposta do topo das caixas é muito importante para prevenir aumento de temperatura na pilha e manter a temperatura da polpa estável durante a climatização. Para operação paletizada usando paletes de 1,00 x 1,20 m (40 x 48), o melhor padrão de empilhamento é o 4-bloco alternado. 
As pilhas devem ser distribuídas uniformemente na câmara, para propiciar um bom fluxo de ar, necessário ao controle da temperatura da polpa e progresso da coloração. Os paletes não devem ser colocados a menos de 45 cm das paredes frontal e traseira da câmara. Quando se usa o padrão 4-bloco alternado, as pilhas podem ser justapostas. No entanto, se for usado outro padrão de empilhamento, deve-se deixar 10 cm entre cada pilha.



Procedimentos para climatização


Bananas de diferentes variedades e origens não devem ser climatizadas numa mesma câmara. Dentro de um mesmo cacho existem pencas com distintos graus de maturidade, sendo que as pencas do ápice (extremidade do engaço) são mais imaturas do que as pencas da base. Por esta razão, os cachos devem ser separados em dois lotes: um contendo as seis ou oito pencas mais velhas e o outro as demais. Quando não for possível, deve-se colocar o lote mais jovem no fundo e o mais velho na frente da câmara, pois este amadurecerá mais cedo. 
Aproximadamente 12 horas antes de aplicar-se o etileno, a temperatura da câmara deve ser ajustada para 15,5ºC a 16,7ºC. A dosagem recomendada para climatização com etileno é 0,1% ou 28 L para cada 28 m3 da câmara. Se for usado produto comercial (Etil-S ou Azetil) a quantidade será de 280 L por 28m3. Durante as primeiras 24 horas após aplicação do gás, a câmara deve ser mantida hermeticamente fechada. Após este tempo procede-se a ventilação por 15 a 20 minutos, para suprir a câmara com o oxigênio essencial para a respiração normal das bananas. Como alternativa à utilização do gás etileno, pode-se usar o ethefon, conforme descrito a seguir.



Climatização com ethephon

O ethephon (Ethrel ou similar), é utilizado na maturação em concentrações inferiores a 1%, não oferecendo riscos durante o manuseio.
  • Concentração da solução de ethephon
Para cultivares do grupo AAB, como ‘Prata Anã’, recomenda-se 166 mL do produto comercial para 100 litros de solução. Para ‘Nanica’ e ‘Nanicão’ utiliza-se 833 mL para 100 litros de solução e banana tipo ‘Terra’ 208 mL para 100 litros de solução. Quando são cultivadas bananas de todos os grupos, visando facilitar o procedimento de climatização, utiliza-se apenas a concentração mais alta. A solução pode ser reutilizada por até 200 dias.

  • Tratamento de indução da maturação


O tratamento consiste em submergir as pencas ou subpencas de banana, contidas ou não em caixas de madeira ou de plástico, na solução de ethephon por dez minutos. Quando se utiliza caixas de papelão, as bananas devem ser embaladas após evaporação da solução. Pode-se utilizar tanques de cimento, amianto ou de alvenaria ou mesmo tonéis. Como regra geral, enche-se o tanque em torno de 2/3 da sua capacidade. 
Um tanque de 1.000 litros comporta cerca de 250 pencas de banana e um tonel de 200 litros, 50 pencas. Assumindo-se que o tempo de tratamento de cada lote pode durar 30 minutos, incluindo o despencamento e a lavagem prévia, num dia de trabalho é possível tratar 4.000 pencas no tanque e 800 no tonel. 
A solução destinada à reutilização deve ser armazenada no próprio recipiente de tratamento. Para evitar perda da solução por evaporação, o recipiente deve ser hermeticamente tampado. Apesar das bananas absorverem apenas pequena quantidade de solução, durante o tratamento sempre ocorre perda de solução quando as bananas são removidas do tanque. Quando o nível não mais cobrir todas as bananas, pode-se completar o volume com solução recém-preparada, na mesma concentração da anterior ou reduzir a quantidade de banana.

  • Instalações para climatização com ethephon


Para a obtenção de produto com qualidade ótima de cor e de consumo, as bananas tratadas com ethephon devem ser armazenadas nas mesmas condições de temperatura e umidade relativa utilizadas na climatização com etileno. Quando não se dispuser de câmaras com controle de temperatura e umidade, pode-se usar galpões já existentes na propriedade ou construí-lo. As dimensões dependerão da quantidade de banana a ser climatizada. Idealmente, o galpão deve ser construído em local sombreado, sob árvores dispostas nas laterais, para evitar temperaturas elevadas no seu interior. Na ausência de árvores, podem ser plantadas variedades de banana de porte alto (Prata, Pacovan ou Terra) em espaçamento denso (1,50m), nas laterais e no fundo do galpão. A temperatura no interior do galpão deve ficar entre 14 e 26ºC. 
Para as regiões e estações do ano com umidade do ar inferior a 80%, é imprescindível construir valas impermeabilizadas no piso, ao longo das paredes, para colocação de água; uso de forro sob o telhado e porta com boa vedação. Pode-se também, para garantia de elevada umidade, regar o piso com água diariamente.





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