segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Pragas da Bananeira e Seu Controle



Pragas e métodos de controle

O momento de controlar as pragas deve ser embasada em avaliações criteriosas, observando se os danos estão sendo muito prejudiciais a cultura e se tambem não existe metodos alternativos menos agressivos à natureza.



1. Broca-do-rizoma ou moleque-da-bananeira
A praga que mais ataca a cultura da bananeira em Pernambuco é a broca-do-rizoma (Cosmopolites  sordidus), conhecida popularmente como moleque-da-bananeira ou, simplesmente, besouro.
Essa praga, na forma adulta, é um besouro preto de hábitos noturnos, que mede 11 mm de comprimento e 5 mm de largura, possui “bico” longo e recurvado (Figura 1). As larvas são brancas, sem pernas, penetram no rizoma das plantas e passam a alimentar-se dos mesmos, sendo responsáveis pela formação de galerias nos tecidos das plantas (Figura 2). Como consequência, o desenvolvimento da planta é prejudicado, as folhas amarelecem, os cachos tornam-se pequenos e as plantas ficam sujeitas ao tombamento (Figura 3) e vulneráveis ao aparecimento de doenças. Quando não controlada, a praga pode ser responsável por perdas de até 80% na produção de banana na maioria das regiões produtoras. No caso das bananeiras do tipo Comprida, que são as mais atacadas, as perdas podem chegar a 100%.
Foto: Luiz Gonzaga Bione Ferraz
Figura  1. Adultos e larvas da broca-do-rizoma.
Foto: Luiz Gonzaga Bione Ferraz
Figura  2. Danos causados pela  larva da broca-do-rizoma.
Foto: Luiz Gonzaga Bione Ferraz
Figura 3. Tombamento de bananeira causado pela broca-do-rizoma.

Controle integrado

A utilização de métodos isolados para o controle da praga não tem sido eficiente. Desse modo, o ideal é a utilização do manejo integrado, abrangendo os seguintes procedimentos:
• Uso de mudas sadias.
• Limpeza e descorticamento das mudas.
• Tratamento químico das mudas: é uma alternativa para obtenção de material sadio. As mudas devem ser imersas em solução de inseticida registrado no Mapa, por 15 minutos, devendo ser plantadas em até 24 horas. Outra alternativa é fazer o tratamento com água quente a 54 °C, por 20 minutos.
• Manejo cultural: destruição de bananais velhos, juntamente com a eliminação de pseudocaules brocados previne e reduz sensivelmente futuras infestações da praga.
• Uso de iscas atrativas: são usadas iscas do tipo telha (com cerca de 50 cm) (Figura 4A) e do tipo queijo (30 cm a 50 cm a partir do solo) (Figura 4B). Elas devem ser feitas de plantas que já produziram (no máximo de 15 dias após a colheita). Para o monitoramento do inseto, são utilizadas, em média, 20 iscas/ha. Caso sejam detectados cerca de quatro besouros por isca, deve-se iniciar o controle. Recomenda-se o uso de 50 iscas/ha a 100 iscas/ha sempre em associação com inseticidas ou defensivos biológicos, principalmente com o fungo entomopatógeno Beauveria bassiana, que age sobre os besouros (Figura 5) e é facilmente produzido, relativamente barato e de grande eficiência. As iscas são pinceladas, imersas ou pulverizadas com a mistura do fungo e água, devendo ser renovadas quinzenalmente, repetindo-se o processo a cada seis meses ou quando necessário. A mistura de 300 g/10 L de água permite o tratamento de 35 iscas.
Foto: Mairon Moura da Silva
Figura 4. Iscas atrativas tipo telha (A) e tipo queijo (B).
• Quando usar inseticida químico em vez de Beauveria, a aplicação pode ser feita em buracos efetuados com a ‘lurdinha’ na planta que foi desbastada.
• Manejo por armadilhas de comportamento: trata-se de armadilhas que trazem uma substância sintética similar ao feromônio dos insetos; os adultos são atraídos devido ao odor exalado, caindo no fundo da armadilha, que pode ser feita com garrafas do tipo “pet” (Figura 6) contendo solução de água e detergente a 3%, e acabam morrendo. A vantagem desse tipo de manejo é não agredir o ambiente e não deixar resíduos nos frutos, pois o feromônio sintético é específico para o inseto. Recomenda-se utilizar de 3 armadilhas/ha a 5 armadilhas/ha, sendo que o feromônio, que é comercializado em sachê, deve ser trocado mensalmente, tendo-se a preocupação de se manter uma distância mínima de 30 m a 35 m entre as armadilhas.
Foto: Luiz Gonzaga Bione Ferraz
Figura 5. Adultos da broca-do-rizoma infectados pelo fungo Beauveria bassiana.
Foto: Mairon Moura da Silva
Figura 6. Armadilha com feromônio.

2. Tripes

Os tripes são pequenos insetos que causam danos aos frutos em desenvolvimento prejudicando a sua aparência (Figura 7). Dois tipos são mais comuns nos bananais: o tripes-da-erupção-dos-frutos (Frankliniella spp.) e o tripes-da-ferrugem (Chaetanaphothrips  spp., Caliothrips bicinctus e Tryphactothrips lineatus). Os frutos atacados adquirem aspecto ferruginoso (no caso do tripes-da-ferrugem-dos-frutos) ou com pontuações ásperas ao toque (tripes-da-erupção-dos-frutos), depreciando-os para comercialização. No manejo dessas pragas, recomenda-se a eliminação do coração e o ensacamento do cacho, logo após a sua emissão, com sacos impregnados com inseticidas registrados no Mapa. 
Figura 7. Tripes-da-erupção-dos-frutos: danos na casca.
Fonte: Cordeiro et al. (2000).
3. Outras pragas
Outras pragas têm sido citadas por agricultores e técnicos das regiões produtoras de banana da Zona da Mata de Pernambuco, provocando danos aos bananais e prejuízos aos bananicultores. A broca-rajada (Metamasius hemipterus) pode causar danos em bananais decadentes, alojando-se nos pseudocaules e provocando a queda da planta. O uso do fungo B. bassiana se constitui opção para o seu controle. É comum a ocorrência dessa praga em áreas contíguas às de plantio de cana-de-açúcar. Comumente, ocorrem surtos de lagartas desfolhadoras, causados por desequilíbrio com as populações de inimigos naturais.
A espécie Brassolis sophorae é a mais frequentemente observada. Ninhos dessa lagarta contendo elevado número de indivíduos podem ser encontrados nos bananais presos aos pseudocaules (Figura 8). O ataque das lagartas pode deixar as plantas totalmente desfolhadas (Figura 9), compromometendo a produção. A retirada manual dos ninhos e eliminação das lagartas nele existentes é uma boa opção de manejo para essa praga. A aplicação de inseticida deve ser feita com cautela. As abelhas do tipo arapuá (Trigona spinipes) são bastante frequentes nos bananais, causando lesões ao longo das quinas dos frutos (Figura 10), depreciando-os comercialmente. Como medida de controle, recomenda-se a eliminação do coração e dos ninhos. Os ácaros-de-teia formam colônias na face inferior da folha, apresentando uma teia característica (Figura 11). Ocorrem mais na época seca, causando um amarelecimento e seca na região atacada da folha.
Foto: Luiz Gonzaga Bione Ferraz
Figura 8. Ninho da lagarta Brassolis sophorae preso ao pseudocaule da bananeira.
Foto: Luiz Gonzaga Bione Ferraz
Figura 9. Desfolhamento da bananeira causado por Brassolis sophorae.
Foto: Luiz Gonzaga Bione Ferraz
Figura 10. Abelha arapurá atacando o fruto da bananeira.
Foto: Josué Francisco da Silva Junior.
Figura 11. Ataque de ácaros-de-teia em bananeira.

pragas na plantação de bananeira









Um comentário:

  1. Parabéns pelo excelente material disponibilizado. Muito obrigada !

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