quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Propagação do Mirtilo (Blueberry)

Propagação

A propagação desta espécie pode se dar através de sementes (propagação sexuada) ou por enxertia ou estaquia (propagação assexuada). A forma mais utilizada de propagação do mirtilo é a estaquia. Mirtilo do tipo highbush é, geralmente, multiplicado por enraizamento de estacas lenhosas, retiradas durante o período de repouso hibernal. Estas são preparadas em estacas de 15 a 20 cm ou podem ser retiradas e conservadas em câmara fria e, posteriormente, preparadas e colocadas em canteiros (Figura 23 e 24) com leito aquecido. A temperatura do substrato deve ser de 18 a 21 ºC.
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 1. Estaqueamento de estacas lenhosas de mirtilo.
Foto: Luis E. C. Antunes


Figura 2. Inicio de brotação de estacas lenhosas de mirtilo
Para as cultivares do grupo rabbiteye, mais indicadas às condições do Rio Grande do Sul, os melhores resultados são obtidos com estacas herbáceas (Santos e Raseira, 2002). Por ser retiradas da planta em estado mais tenro (herbáceo), o ambiente de enraizamento tem que possuir controle de temperatura e, principalmente, da umidade relativa. Assim, a estrutura normalmente utilizada é a casa plástica (ou de vegetação) com sistema de nebulização intermitente (mist), o qual é acionado em intervalos de 10 minutos por 30 segundos ininterruptos. À medida que as raízes adventícias v ao se formando este intervalo entre o acionamento do sistema pode ser aumentado.
As estacas herbáceas podem ser retiradas durante todo o ciclo vegetativo, embora maior porcentagem de enraizamento seja obtida quando são preparadas na primavera. As plantas matrizes devem apresentar bom estado fitossanitário e representarem fielmente a variedade que as originou. O estado nutricional da planta matriz também é fator importante para o sucesso da propagação, uma vez que plantas com deficiência mineral produzem material vegetal de má qualidade.
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 3. Aspecto das estacas herbáceas de mirtilo, tipo
rabbiteye, com apenas as duas folhas superiores
(Santos e Raseira, 2002).
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 4. Detalhe das estacas em substrato constituído por
areia de granulometria media(Santos e Raseira, 2002).
Retirados os lançamentos da estação de crescimento, os ramos ou varas devem ser mantidos com a base em água, para evitar que se desidratem. Para serem submetidos ao processo de enraizamento, os ramos devem ser preparados em estacas de 10 a 15 cm de comprimento. Deve-se manter de duas a três folhas superiores e eliminar as folhas basais (Figura 25 e 26). A permanência das folhas superiores é importantíssima, uma vez que estas serão uma das fontes reguladoras de crescimento, como as auxinas, facilitadores da formação de raízes adventícias da estaca (Figura 27).
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 5. Estacas enraizadas, sendo apenas as três primeiras da esquerda paraa direita, aptas a serem transplantadas para saquinhos ou recipientesindividuais contendo solo e areia. (Santos e Raseira, 2002).
Recomenda-se a realização de lesão na base da estaca, uma vez que esta irá expor o lenho à ação do regulador de crescimento. Após a preparação das estacas, estas devem ter sua base mergulhada numa solução alcoólica de ácido indolbutirico (IBA) ou ácido naftalenoacético (ANA). O uso do regulador de crescimento na base das estacas, antes do plantio, facilita o enraizamento. As concentrações podem variar de espécies para espécie e de variedade para variedade, assim como entre as marcas comerciais, mas geralmente utilizam-se 2.500 ppm, por 10 segundos. Após, as estacas devem ser enterradas, em um terço do seu comprimento, em substrato que possa ser facilmente drenado. É importante que o ambiente e a parte superior da estaca sejam mantidos úmidos, através das nebulização, mas o substrato não pode estar demasiadamente encharcado. O substrato normalmente utilizado é composto por areia grossa de rio. Tem-se a opção de colocar, no fundo da caixa, brita, para facilitar a drenagem. Outros materiais podem ser utilizados, como serragem decomposta, perlita, vermiculita e mistura entre eles, entre outros matérias. Esta fase é uma das mais críticas do processo de propagação. Dos 30 a 45 após a estaquia, inicia o desenvolvimento das raízes adventícias. Após 90 a 120 dias, faz-se o transplante das estacas enraizadas para sacos plásticos contendo substrato apropriado (Figura 28,29,30 e 31). Vários são os substratos que poderiam ser utilizados, mas especial atenção deve ser dada ao pH das misturas, uma vez que o mirtilo é uma planta que se desenvolve melhor em solos ácidos e suas mudas não são diferentes. Uma das alternativas de substrato é uma mistura de 40% de solo, 40% de esterco bem curtido e 20% de vermiculita ou casca de arroz carbonizada, outra seria mistura 1:1:1 composta por solo (de preferência ácido), areia e esterco curtido.
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 6. Retirada de estaca enraizada em substrato composto por areia.
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 7. Transplante da estaca com o máximo de "torrão" na volta das raízes.
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 8 Após a colocação da estaca enraizada completam-se os sacos com
substrato.
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 9. Leve compressão do solo para retirada de bolhas de ar junto às raízes.
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 10. Ambiente protegido para o desenvolvimento da muda.
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 11. Tipo de estufim para o desenvolvimento inicial das mudas de mirtilo.
Deve-se atentar para o fato de que alguns tipos de compostos adquiridos no comercio possuem pH acima de 7,0. Se a mistura apresenta pH maior de que 6,5, pode-se adicionar 1,5 Kg de enxofre elementar por tonelada de substrato misturando bem e incubando a mistura por 180 dias, até a redução deste. Os substratos preparados, independente da composição, devem sofrer um processo de desinfestação, para evitar contaminação do sistema radicular por fungos ou nematóides, e inativar sementes de plantas invasoras.
Transplantadas para sacos de solo as estacas enraizadas devem permanecer em ambiente protegido (Figura 19 e 20), pois a proteção da muda neste período é fundamental. Os sacos plásticos devem ter de preferência maior comprimento do que largura (15 x 10cm), de maneira a facilitar o desenvolvimento radicular em profundidade e melhorar a qualidade da muda formada.
Este transplante geralmente é realizado no final de verão e início de outono e o transplante definitivo para o campo ocorrerá a partir do próximo verão, quando as mudas terão, então, um ano de idade (Figura 34 e 35).
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 12. Muda de um ano de mirtilo.
Foto: Luis E. C. Antunes
Figura 13 Muda com um ano de idade de `Aliceblue`
O produtor também pode adquirir mudas produzidas através da cultura de tecidos vegetal. Com esta técnica, pode-se produzir um número bastante grande de mudas a partir de um único explante. Estas mudas, normalmente, são comercializadas em tubetes (Figura 36). Tais plantas não devem ser levadas diretamente a campo, pois, além de novas, são muito tenras e sensíveis às variações ambientais.
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 14. Mudas de Georgiagem, oriundas da cultura de tecidos vegetais.
É recomendável que o produtor repique estas mudas para sacolas ou vasos com maior capacidade, com substrato adequado, para que a planta possa se desenvolver rapidamente, formando um sistema radicular e parte área equilibrada.
Fotos: Luis E. C. Antunes
Figura 15. Desenvolvimento de plantas de Georgiagem, com 4 meses de plantio, em 7 diferentes substratos.


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