domingo, 14 de outubro de 2018

Irrigação e Tratos Culturais na Bananeira



Irrigação

Métodos

Nas condições semiáridas do Submédio São Francisco, os métodos pressurizados aspersão, microaspersão, miniaspersão e gotejamento são os mais recomendados.

O método da aspersão é o que molha completamente todo o solo (área molhada de 100%), e, quando usado, os aspersores devem ficar a 1 m do solo, com ângulo de inclinação no máximo de 7 graus.

No caso da microaspersão, utilizar um microaspersor de vazão superior a 45 L/h, para quatro plantas, preferencialmente dispostas em fileiras duplas.

No caso do gotejamento, deve-se utilizar pelo menos dois gotejadores por planta, preferencialmente em faixa continua. É o sistema de menor área molhada, dificulta a mineralização da matéria orgânica por não molhar a superfície do solo e requer fertirrigação, podendo, portanto, não ter o resultado dos sistemas anteriores.

Quantidade de água necessária
A demanda de água pela bananeira em seu primeiro ciclo inicia-se com 45% da evapotranspiração potencial nos primeiros 70 dias, elevando-se para 85% da evapotranspiração potencial aos 210 dias (fase de formação dos frutos), atingindo um máximo de 110% da evapotranspiração potencial aos 300 dias.

Tabela 1. Sugestões para aplicação de água em litros por planta, por dia, para condições semiáridas.

Meses após o plantio
Meses do ano
1 - 2 mês
5 - 8 mês
9 - 12 mês
----------------------------------- L/planta/dia -----------------------------------
Janeiro - abril
13
25
36
Maio - julho
10
20
28
Agosto - setembro
11
22
30
Outubro - dezembro
16
30
42
A Tabela 1 sugere volumes de água a serem aplicados conforme o estádio da planta e o período do ano. Esses valores devem servir de base para irrigação, mas devem ser ajustados localmente conforme a necessidade.

Manejo da irrigação
Os níveis de tensão de água do solo recomendados para a bananeira situam-se entre 0,25 atm a 0,45 atm, para camadas superficiais do solo (até 0,25 m), e entre 0,35 atm até 0,50 atm, para profundidade próxima de 0,40 m. Caso se decida pelo uso de tensiômetros para monitorar a disponibilidade de água no solo, recomenda-se instalá-los em quatro baterias por hectare, sendo cada bateria composta por dois tensiômetros à profundidade entre 0,20 m e 0,40 m e distância de 0,30 a 0,40 m da planta em direção ao microaspersor.

Em se utilizando a evaporação do tanque classe A para estimar a demanda de água pela bananeira, deve-se multiplicar a leitura do tanque por 0,85 a 1,0 para as condições do Submédio São Francisco.

Frequência de irrigação
A irrigação por aspersão em solos franco-arenosos e arenosos pode ser feita em intervalos máximos de cinco dias em regiões semiáridas, podendo-se estender para sete dias em caso de solos argilosos.

A irrigação localizada deve ser feita em intervalo de um dia, e pelo menos duas vezes por dia em solos arenosos (areia franca e areia).

Tratos culturais

A realização das práticas culturais de forma correta e na época adequada é de fundamental importância para o bom desenvolvimento e produção da bananeira. As principais práticas no cultivo da bananeira são:

Desbaste
Esta prática consiste na seleção de um dos filhos na touceira, eliminando-se os demais. Os filhos podem começar a surgir a partir dos 45 a 60 dias após o plantio. Selecionar, preferencialmente, brotos profundos, vigorosos e separados 15 a 20 cm da planta mãe. Deve-se desbastar as touceiras, mantendo uma população de plantas que permita uma boa produtividade, qualidade e que favoreça o controle de pragas.

Em cada ciclo de produção do bananal estabelecido em espaçamentos convencionais, deve-se conduzir a touceira com mãe e um filho. A seleção do neto deve ocorrer quando a planta-mãe está para ser colhida. Recomenda-se manter uma planta de cada geração por touceira.

O desbaste é feito cortando-se a planta, filho ou neto, rente ao solo. Em seguida extrai-se a gema apical com auxílio da ferramenta denominada "lurdinha", ou pode-se ainda optar pelo simples corte das brotações, que, neste caso, teriam que ser realizadas três a quatro vezes, para impedir o crescimento. Em áreas de ocorrência de bacterioses, fazer a devida desinfecção das ferramentas.

Desfolha
Consiste em eliminar as folhas secas, partes de folhas doentes, folhas totalmente amarelas e folhas que deformem ou causem danos aos frutos. As operações devem ser realizadas eliminando folhas com cortes de baixo para cima, rente ao pseudocaule, evitando o esfacelamento da bainha.

Eliminação da ráquis masculina ("coração")
A eliminação do coração da bananeira proporciona aumento do peso do cacho, melhora a sua qualidade e acelera a maturação dos frutos; reduz os danos por tombamento das bananeiras, além de ser uma prática fitossanitária no controle do tripes e do moko.

A eliminação da ráquis masculina deve ser feita logo após a abertura da última penca, quando houver 10 a 20 cm de raque, mediante a sua quebra ou corte e, em seguida, a mesma deve ser fracionada, acelerando assim a sua decomposição.

Ensacamento do cacho e eliminação da última penca

Ensacamento do cacho e eliminação da última penca é uma prática comum realizada na região do Submédio São Francisco. O uso do saco tem a finalidade de proteger a fruta dos ataques de predadores, tripes, fungos e até mesmo das visitas de insetos como mariposa, traça-das-bananeiras e abelhas arapuás. A prática reduz também o ataque das lesmas, dos pássaros e dos morcegos, principalmente durante o inverno, quando há falta de alimentos para esses animais, que chegam a se alimentar de frutos ainda verdes, bem como evita que as cobras venham a se aninhar nos cachos. Além disso, melhora a aparência e qualidade da fruta, ao reduzir os danos provocados por arranhões e pelas queimaduras no pericarpo, em consequência da fricção de folhas dobradas.

Antes de colocar o saco, eliminam-se os frutos da última penca, deixando-se apenas um fruto na região central dessa penca para facilitar a circulação da seiva (a prática pode ser realizada também se eliminando as duas últimas pencas do cacho). Na mesma ocasião, faz-se também a eliminação dos restos florais para evitar a decomposição das brácteas dentro do cacho. Em seguida, realiza-se o ensacamento utilizando o saco enrolado, evitando-se assim o seu rompimento, desenrolando-o em seguida, cuidadosamente. O saco dever ser amarrado ao engaço, na parte imediatamente acima da primeira cicatriz da bráctea.

Após o uso, são obrigatórios a coleta e o encaminhamento dos sacos para reciclagem.

Escoramento
Pode ser feito utilizando-se escora de madeira (ex: bambu) ou fitas de polipropileno. As fitas podem ser amarradas preferencialmente no engaço, junto à roseta foliar e na base de outra planta que, pela sua localização, confira maior sustentabilidade à planta com cacho. A fita de polipropileno apresenta boa durabilidade (até a colheita do cacho), baixo custo e fácil manejo. Após o uso, as fitas devem ser retiradas da área de cultivo e destinadas à reciclagem.

No Submédio São Francisco não é comum a prática do escoramento. Devido ao custo elevado, o produtor deve optar por cultivares de porte baixo e mais resistentes ao tombamento. Nas cultivares de porte alto como a ‘Pacovan’, o escoramento é oneroso e pouco eficiente.

Corte do pseudocaule após a colheita
Do ponto de vista prático e econômico, o mais aconselhável é o corte do pseudocaule próximo ao solo, imediatamente após a colheita do cacho, pelas seguintes razões: a) evita que o pseudocaule, não cortado, promova a ocorrência de doenças; b) a matéria orgânica adicionada melhora os atributos físicos e químicos do solo, devido à rápida e eficiente incorporação e distribuição da fitomassa da colheita; e c) reduz custos pela realização de um único corte.

No momento de corte do pseudocaule, é indicado proceder à confecção de iscas para o controle do moleque da bananeira. O material não utilizado para as iscas deve ser seccionado e espalhado na área.

Capina
O controle de plantas infestantes será abordado em item específico.






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