sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Manejo de Plantas Daninhas na Banana



Manejo de plantas infestantes
A bananeira é uma planta muito sensível à competição por plantas infestantes pelos fatores de produção como nutrientes e, principalmente, por água, resultando na redução do vigor e queda da produção.

Num programa de controle do mato na cultura da bananeira, é importante considerar seu sistema radicular superficial, portanto, sujeito a danos pelas capinas mecânicas.

Nas áreas com declives acentuados, exige-se um manejo adequado das plantas infestantes, assim como das coberturas vegetais, como práticas conservacionistas.

Outro aspecto a ser considerado na convivência do mato com a cultura da banana, sem prejuízo na produção, é quanto ao enfoque conservacionista, pela redução significativa que a cobertura do solo causa nas perdas de solo e água por escoamento, nas áreas declivosas, além de servir como fonte de alimento e abrigo de inimigos naturais de pragas.

Matocompetição na cultura da banana
A bananeira é muito sensível à competição por plantas infestantes pelos fatores de produção no período de formação do bananal, exigindo limpas mensais, por proporcionarem crescimento mais rápido da planta e produção mais elevada. Avaliando-se o efeito das plantas infestantes sobre o peso do cacho da cultivar Prata em áreas declivosas do Estado do Espírito Santo, foi observado, na planta mãe, que o peso do cacho foi prejudicado quando a primeira capina foi realizada após 30 dias do plantio, tendo sido atribuído à competição por nutrientes a principal causa da queda do peso do cacho.

Apesar da necessidade de limpas constantes, os primeiros cinco meses após o plantio são os mais importantes para a cultura, requerendo nesse período a realização de cinco a seis capinas. Após esse período, a cultura é menos sensível à competição do mato.

Nesse período, o controle das plantas infestantes deve ser realizado adequadamente, para que o crescimento das bananeiras não seja afetado, já que sua recuperação é excessivamente lenta. Com esse conhecimento, as plantas infestantes podem ser manejadas permitindo que sejam utilizadas como fonte de alimento e como abrigo de inimigos naturais de pragas, favorecendo o manejo ecológico do bananal. Mesmo assim, não deve ser descartada a possibilidade de algumas plantas infestantes servirem, também, de hospedeiras de nematoides e agentes causais de doenças como a virose (CMV), sendo necessário eliminá-las, para evitar a convivência com a cultura da banana.

Métodos de controle
Capina
O controle de plantas infestantes com enxada, utilizado pelos pequenos agricultores, deve ser realizado com critério para evitar danos ao sistema radicular superficial da bananeira, evitando, também, a penetração de patógenos de solo nos ferimentos causados às raízes.

Esse método de controle tem um efeito muito curto, com o rápido restabelecimento do mato nos períodos chuvosos, além do baixo rendimento e dos custos elevados, sendo necessário, em média, 15 homens por dia para capinar um hectare de um bananal com densidade de 1.300 touceiras. Dessa forma, a capina manual é impraticável nos grandes cultivos de bananas e plátanos.

Vale lembrar que é proibido capinar a área total do bananal, devendo ser realizado o manejo integrado da vegetação espontânea.

Controle mecânico
Após os primeiros cinco meses da instalação, o uso da roçadeira manual é um método viável, apresentando grande rendimento de trabalho, sem as limitações da capina manual. Outra vantagem dessa prática cultural é a manutenção da integridade do solo, pois evita sua manipulação e a propensão a doenças altamente destrutivas, como o mal-de-panamá. O rendimento pode ser ainda maior com a utilização da roçadeira motomecanizada.

Controle químico
O uso de herbicidas na fase inicial do bananal não é recomendável, pois as plantas ainda pequenas ficam muito sujeitas à deriva destes produtos e são prejudicadas ou mortas mesmo por pequenas quantidades do produto.

O uso de herbicidas deve ser minimizado no ciclo agrícola para evitar resíduos e garantir a biodiversidade. Além disso, deve ser utilizado somente quando outros métodos não forem possíveis, e recomenda-se, no máximo, duas aplicações anuais.

São apresentados na Tabela 1 os herbicidas registrados para a cultura da banana no Brasil. Observa-se que há herbicida pré-emergente ou residual, que é aplicado ao solo logo após o plantio do bananal e antes da emergência das plantas infestantes para inibir sua emergência; e os pós-emergentes (de contato e sistêmicos) para o controle do mato já desenvolvido, provocando sua morte. A escolha do herbicida a ser utilizado vai depender da composição matoflorística presente na área.

Tabela 1. Herbicidas registrados para a cultura da banana no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) - Agrofit.
Herbicida / Marca
Dose (L ou kg/ha do produto comercial)
Modo de aplicação
Credit
0,5 – 6,0
Pós (Jato dirigido)
Direct
0,5 – 3,5
Pós (Jato dirigido)
Diuron Nortox
1,5 – 6,0
Pré-emergência e pós-inicial das infestantes com jato dirigido
Finale
2,0
Pós (Jato dirigido)
Glifosato Nortox
1,0 – 6,0
Pós (Jato dirigido)
Gli-up 720 WG
1,0 – 7,0
Pós (Jato dirigido)
Gramocil
2,0
Pós (Jato dirigido)
Gramoxone 200
1,5 – 3,0
Pós (Jato dirigido)
Helmoxone
1,5 – 2,0
Pós (Jato dirigido)
Laredo
1,5 – 2,0
Pós (Jato dirigido)
Liberty BCS
2,0
Pós (Jato dirigido)
Maxizato
0,5 – 3,5
Pós (Jato dirigido)
Paradox
1,5 – 3,0
Pós (Jato dirigido)
Preciso
0,5 – 3,5
Pós (Jato dirigido)
Orbit
1,5 – 2,0
Pós (Jato dirigido)
Roundup original
0,5 – 6,0
Pós (Jato dirigido)
Roundup Transorb
0,75 – 4,5
Pós (Jato dirigido)
Roundup WG
0,5 – 3,5
Pós (Jato dirigido)
Tradicional
0,5 – 5,0
Pós (Jato dirigido)


Em virtude da facilidade de manuseio, do menor impacto ambiental e da formação de uma cobertura morta, que possibilita a conservação da umidade do solo por um período mais longo, recomenda-se o uso de herbicidas pós-emergentes sistêmicos, por apresentarem custo de controle muito menor que as capinas manuais.

Controle integrado com manejo de coberturas vegetais
Controle integrado é definido como a combinação de métodos que, de forma eficiente, promovem o controle de plantas infestantes na bananicultura, reduzindo custos e uso de herbicidas, possibilitam um manejo ambientalmente correto do bananal pela melhoria e preservação dos recursos naturais como solo e água, proporcionando, dessa forma, maior competitividade e sustentabilidade ao produtor.

Em bananais novos, recomenda-se fazer o coroamento das plantas, com capinas ou roçadas rente ao solo, com foice ou roçadeira motorizada. Outra opção é o uso de cobertura morta de capim seco, serragem ou outro material disponível, num raio mínimo de meio metro em volta das plantas. No restante da área, recomenda-se a roçada manual ou mecânica.

Ressalta-se, contudo, duas alternativas de controle integrado viáveis a qualquer extensão do cultivo, sendo a primeira a integração do método mecânico com o químico, pela aplicação de herbicidas pós-emergentes no espaço estreito (linhas da cultura) e no espaço largo (entrelinhas) o uso de roçadeira para o controle da vegetação espontânea num nível baixo em determinadas épocas do ano, minimizando a concorrência por água.

Uma segunda alternativa para o primeiro ano de instalação do bananal sem irrigação é o plantio de feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) no espaço largo, plantado no início das chuvas e ceifado (em qualquer fase de desenvolvimento) na estação seca (para evitar a competição por água com a bananeira), e deixado na superfície do solo. Nas linhas da cultura, o uso de herbicidas pós-emergentes para o controle do mato e formação de cobertura morta.

Genericamente, as plantas de cobertura e melhoradoras do solo são chamadas, também, de adubos verdes. De qualquer maneira, são plantas cultivadas para proteção do solo contra a ação da chuva, dos ventos e do sol que resultam em melhorias nos atributos físicos, químicos e biológicos do solo.

As leguminosas destacam-se entre as espécies vegetais que podem ser utilizadas como plantas melhoradoras do solo, pois apresentam raízes geralmente bem ramificadas e profundas, que atuam estabilizando a estrutura do solo e reciclando nutrientes. Entre as leguminosas, estão o feijão-de-porco, o guandu, as crotalárias, o caupi, a pueraria, a mucuna preta, o amendoim forrageiro, a ervilhaca comum entre outras.

Contudo, para a bananeira, tão importantes quanto as leguminosas são as não leguminosas (introduzidas ou nativas), especialmente aquelas que apresentam capacidade de vegetar no ambiente sombreado dos bananais. Isso porque a presença de raízes de outras espécies é muito importante para reduzir a pressão dos patógenos (nematoides e fungos) sobre as raízes da bananeira. Dentre as não leguminosas implantadas, as que melhor vegetam sob o bananal são o sorgo e o milheto. A grande vantagem de se manter o solo permanentemente coberto com espécies vegetais é, justamente, o controle da erosão.

A utilização de coberturas mortas como um método integrado de controle do mato, utilizando o capim picado, bagaço de cana e outros, apesar de elevar a produtividade, tem um custo elevado, seja na produção do material a ser usado como cobertura, seja para transportá-lo, não se caracterizando como prática viável em grandes bananais, ficando sua aplicação restrita a cultivos em pequenas áreas.





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