segunda-feira, 20 de abril de 2020

BIOLOGIA da GOIABEIRA



1. PLANTA 
A goiabeira (Psidium guajava L.) pertence à família das Mirtáceas, sendo essa espécie a mais conhecida no Brasil. A planta apresenta porte pequeno a médio, podendo atingir de 3 a 8 metros quando não podadas. Os ramos são redondos, tortuosos, com a casca lisa, castanho arroxeado-clara, que se solta em lâminas. As folhas são opostas, grossas, coriáceas, de coloração verde-amarelada e persistentes. Em geral, as flores e frutos aparecem nas axilas das folhas. O sistema radicular apresenta raízes adventícias primárias que se concentram a uma profundidade de 30 cm no solo, de onde se desenvolvem verticalmente as raízes adventícias secundárias, que chegam à profundidade de 4 a 5 metros, de onde crescem as radicelas. O fruto é do tipo baga, globosa e de tamanho, forma, sabor, aroma, espessura e coloração da polpa muito variáveis (Figura 1). 

Figura 1 - Vista geral de uma planta de goiabeira cultivar Pedro Sato - Bauru/SP. 

Nas culturas comerciais são realizadas podas anuais o que tem possibilitado reduzir o porte das goiabeiras para alturas em torno de 3 metros. O crescimento lateral tem sido também reduzido pelas podas, permitindo o estabelecimento de pomares em espaçamentos menores. A utilização de poda dos ramos e raleio intenso de frutos promovem, em geral, um maior peso dos frutos. 
A goiabeira, no Estado de São Paulo, inicia as novas brotações predominantemente no início do período chuvoso, setembro e outubro. As brotações não são uniformes, razão pela qual a florada ocorre durante o período de setembro a novembro e a maturação dos frutos no período de janeiro a março. A produção pode ocorrer durante todo o ano, que é conseguido através de poda drástica realizada em diferentes épocas do ano, associada à poda verde e irrigação. As inflorescências surgem apenas nos ramos do ano e apresentam grande e pronta resposta à poda parcial da copa. 

2. BIOLOGIA FLORAL 
A inflorescência é do tipo dicásio, isto é, a gema florífera do ramo do ano desabrocha, trazendo um botão na extremidade do eixo. Este possui na sua base duas brácteas opostas, em cujas axilas surgem dois novos botões florais laterais. Como conseqüência, as flores da goiabeira podem-se apresentar isoladas ou em grupos de duas a três, na axila das folhas de ramos em crescimento (Figuras 2A e 2B). São brancas, hermafroditas, com quatro ou cinco pétalas; possuem estames longos e numerosos e um único pistilo central, sendo o cálice persistente. O ovário ínfero, plurilocular com numerosos óvulos (Figura 2C). As inflorescências surgem nos ramos do ano. 

Figura 2 - Botão floral isolado (A), botão floral em grupos (B) e flor da goiabeira (C). 

É mais comum à presença de inflorescências com apenas um botão florífero, sendo encontrado também inflorescências com dois e três botões. A ocorrência de botões florais isolados ou em grupos varia em função das condições ambientais, da fertilidade do solo e, principalmente, da cultivar. Essa característica pode ser importante, porque interferi diretamente na necessidade ou não de realização de desbaste de frutos, o que pode alterar os custos de produção. Na maioria dos casos o botão do eixo principal é o único que chega a desenvolver o fruto. 
A abertura floral ocorre por volta das 06h00m prolongando-se por aproximadamente uma hora. Esta hora de inicio é variável e está na dependência da temperatura do dia. A deiscência das anteras e a receptividade do estigma ocorrem logo depois da abertura da flor. As pétalas e os estames começam a cair no mesmo dia da abertura da flor, levando-se aproximadamente cinco dias para a sua queda total. 
Na goiabeira, devido à presença de flores hermafroditas, ocorrem principalmente a autopolinização e a polinização cruzada pelo transporte do pólen, principalmente pelas abelhas de uma flor para outra. O principal agente polinizador é a abelha européia Apis mellifera (Figura 3A), existem outras espécies que também visitam as flores, como por exemplo, mamangava (Bombus morio) (Figura 3B); arapuá (Trigona spinipes) (Figura 3C), etc. 

Figura 3. Flor da goiabeira polinizada pela abelha européia (A), mamangava (B) e arapuá (C). 

Todos os visitantes florais concentram-se nas flores apenas no período da manhã, com pico de visitação, por volta de uma hora após o início da abertura das flores, quando há maior disponibilidade de alimento no pomar. 
Normalmente, o pegamento dos frutos da goiabeira é de aproximadamente 20%, considerando-se a relação entre o número de botões florais emitidos pela goiabeira e o número de frutos colhidos. O ciclo entre a fecundação da flor e o ponto normal de colheita do fruto é de aproximadamente 130 dias. 






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