quinta-feira, 17 de setembro de 2015

ASPECTOS SOCIAIS, BOTÂNICO DA ACEROLA



Aspectos botânicos, florescimento e frutificação

Quando começaram os estudos da classificação botânica da aceroleira de acordo com Simão (1971), causou grande confusão, sendo inicialmente denominadas de Malpighia punicifolia e Malpighia glabra. Informa esse autor que o nome Malpighia, foi dado em honra do fisiologista italiano Marcello Malphigi, um dos pesquisadores que fez uso do microscópio para estudar estruturas animais e vegetais. A classificação da acerola despertou o interesse de taxonomistas de Porto Rico, que chegaram à conclusão que a cereja das Antilhas é uma planta híbrida de Malpighia punicifolia e Malpighia glabra (Simão, 1971).
Em 1753, a acerola foi classificada por Linaeus, citado por Argles (1976), como Malpighia glabra. Poucos anos depois, em 1762, o mesmo botânico deu o nome de Malpighia punicifolia a uma espécie similar ou idêntica.
Ainda de acordo com Argles (1976), o Dictionari of Gardening da Real Sociedade de Horticultura listou separadamente as duas espécies, descrevendo a M. glabra como uma árvore pequena, medindo cerca de cinco metros de altura, e a M. punicifolia (sonômino de M. biflora) como uma arbusto de 2,4metros de altura. Moscoso citado por Argles (1976), informa que em Porto Rico os botânicos preferem designar a aceroleira como Malpighia punicifolia. Alguns sugerem que a Barbados cherry, a acerola cultivada nesse país, pode de fato ser um híbrido das espécies mencionadas.
Asenjo, citado por Alves (1992), informou que novos estudos haviam permitido concluir que Malpighia glabra L. e Malpighia punicifolia L. são sinônimos, embora se apliquem a uma espécie diferente de acerola. Informou por outro lado, que seu nome correto é Malpighia emarginata Dc.
Ruehle, citado por Simão (1971), esclarece que Malpighia glabra L. é um arbusto de tamanho médio, com 2 a 3 metros de altura. Possui ramos densos e espalhados, folhas opostas, com pecíolo curto, ovaladas e elíptico-lanceoladas, medindo entre 2,5 e 7,45 cm. A base e principalmente o ápice das folhas são agudos, de coloração verde-escuro brilhante na superfície superior e verde-pálido na superfície inferior.
O gênero Malpighia inclui cerca de 30 a 40 espécies de arbustos e pequenas árvores, todas elas encontradas em estado nativo nas Antilhas. Em Cuba estão presentes aproximadamente 20 espécies de Malpighia; em Porto Rico existem apenas seis, duas das quais são endêmicas (International Bord Plant GeneticResources, 1986). Ledin (1958) informa que o gênero Malpighia inclui apenas 15 a 20 espécies importantes.
De acordo com Asenjo (1959), há contradição no que respeita à espécie a que pertence a aceroleira cultivada em Porto Rico, uma vez que para muitos botânicos Malpighia punicifolia e Malpighia glabra não são espécies distintas, mas sim formas botânicas diferentes da mesma espécie. Asenjo menciona ainda que segundo Williams, um botânico da Guatemala, a acerola encontrada em Porto Rico é uma forma atípica de Malpighia punicifolia; Ledin (1958) acrescenta que o nome correto é Malpighia glabra. A denominação mais comum em Porto Rico, entretanto, é Malpigia punicifolia.
Uma vez que os pomares de acerola existentes no Brasil são oriundos de Porto Rico, acredita-se que sejam formados, essencialmente, a partir de Malpighia glabra e/ou Malpighia punicifolia. É importante assinalar que em pomares implantados na região do Submédio São Francisco existem plantas glabras que não produzem irritação na pele durante a colheita. Outras, entretanto, causam forte irritação quando em contato com a pele humana, devido à presença de pêlos nas folhas. Esta observação reforça a hipótese da existência, no Submédio São Francisco, de Malpighia glabra e Malpighia punicifolia.
De acordo com Ruehle, citado por Simão (1971), as inflorescências da aceroleira acham-se dispostas em pequenas cimeiras axilares, pedunculadas, com três a cinco flores perfeitas, medindo 1 a 2cm de diâmetro. Sua coloração evolui do rosa-esbranquiçado ao vermelho. O cálice possui entre seis e dez sépalas sésseis; a corola compõe-se de cinco pétalas franjadas, ou irregularmente dentadas, apresentando dez estames perfeitos.
As flores surgem sempre após um surto de crescimento vegetativo. Podem tanto originar-se na axila das folhas dos ramos maduros em crescimento como nas axilas das folhas do ramo recém-brotados.
Segundo Simão (1971), foram realizados estudos sobre a receptividade do estigma e sobre a deiscência da antera. Ficou caracterizada a não ocorrência de dicogamia e a ocorrência de dicogamia e a ocorrência tanto de autopolinização como de polinização cruzada. Para esse autor, tudo indica que a polinização cruzada responde, em alguns casos, pelo maior tamanho do fruto.
Na observação de áreas de plantio comercial tem-se constatado a presença persistente e contínua de abelhas sobre as folhas abertas, o que pode iniciar ser este inseto um polinizador eficiente para a cereja das Antilhas. Algumas espécies de Malpighia polinizadas por abelhas, entre as quais a M. emarginata, respondem com uma alta taxa de frutificação efetiva (International Board Plant Genetic Resources, 1986).
Os frutos da aceroleira são drupas de forma bastante variável. Há frutos arredondados, ovalados ou mesmo cônicos. Sua cor, quando maduros, pode ser vermelha, roxa e amarela. Está característica é muito importante, pois a indústria de processamento, que prefere os frutos de coloração vermelha, descarta os verdes ou amarelados. Constata-se também que as acerolas crescem isoladas ou em cachos de dois ou mais frutos, sempre na axilas das folhas.
Os frutos da aceroleira são pequenos; seu peso varia de 3 a 16 gramas, em função basicamente do potencial genético da planta e das condições do cultivo. Em geral, o tamanho dos frutos que crescem isolados é maior que o dos que formam cacho. Segundo Arostegui e Pennock (1955), a acerola apresenta um conteúdo médio de vitamina C de aproximadamente 2% e um rendimento médio de suco entre 59 e 73% do seu peso.
Arostegiu e outros (1955) destacaram que o teor de vitamina C do futuro pode ainda variar em função da época da colheita. Campillo e Asenjo (1957) informam, por sua vez que o teor de ácido ascórbico da acerola decresce a medida que esta vai amadurecendo.
A formação do fruto ocorre muito rapidamente. Constatou-se no Submédio São Francisco que o tempo decorrido entre o florescimento e a colheita é de aproximadamente três a quatro semanas. Este conhecimento é da maior importância para o produtor de acerola, que pode assim programar, com maior perspectiva de acerto, suas atividades de colheita e comercialização da fruta nos mercados interno e externo.
Em geral, as acerolas apresentam três sementes por fruto. Cada semente está inserida num caroço reticulado e mais ou menos trilobado (Simão, 1971). É bastante comum que algumas sementes sejam inviáveis, em virtude do abortamento do embrião, que responde pelo baixo índice de germinação constatado.
De acordo com Batista e outros (1989) e Simão (1971), a acerola ou cereja das Antilhas produz de três a quatro safras por ano. A observação direta de pomares irrigados da região do Submédio São Francisco confirma, entretanto, a possibilidade de produção contínua durante quase todo o ano. Almeida e Araújo (1992) informam que, se receber irrigação e tratos culturais adequados, a aceroleira pode produzir quatro a seis floradas por ano. Esse comportamento se deve basicamente às condições de clima associadas à prática da irrigação, que ao favorecerem vários surtos de crescimento propiciam também a floração e frutificação quase contínua. É importante que a planta seja adequadamente suprida de nutrientes essenciais, sobretudo nitrogênio, e de água após uma floração, pois é comum o abortamento de flores submetidas a condições adversas.


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Importâncias Econômica, alimentar e social

O cultivo da acerola vem acentuando de forma persistente e tem despertado interesse entre os produtores e consumidores brasileiros ou estrangeiros, tanto em natura ou outros sub produtos industriais.
A importância econômica da acerola nas estatísticas é prejudicada pelo fato de que exploração comercial é em escala recente, há pouca informação a seu respeito.
É fácil compreender, a sua grande importância econômica real e potencial, em termos de exportação.
Uma vez que conquistou europeus, japoneses e norte-americanos a acerola será um produto de peso na pauta exportação. No Brasil uma empresa baiana exporta anualmente 85% da sua produção, o equivalente a 1.500 toneladas de polpa (Lucas, 1993).
A exportação da fruta e do suco congelados de acerola são promissores. No Japão, segundo Genthon (1992), o valor dos sucos cultivados sem a aplicação de pesticidas, é 50% maior que ao similares que são usados agrotóxicos. As condições ecológicas das áreas irrigadas do Nordeste, onde o cultivo da acerola é reduzido o emprego de pesticidas permitirão ao Brasil atingir o mercado japonês para exportação.
No Brasil alguns estados já exportam acerola sob a forma de suco, polpa ou fruta congelada para Holanda e o Japão, alem de explorarem o mercado interno. Vaz, citado por Alves (1992), informa que o Japão pretende importar o equivalente a US$ 30 milhões em suco concentrado, polpa e fruta em natura. A produção brasileira de acerola ainda é suficiente para atender a essa demanda.
Estudada desde 1946 por diversos pesquisadores, dentre eles Asenjo (1959) e Sena e Pereira (1984), como uma rica fonte de vitamina C, o consumo da acerola deve ser incentivado pois possui grande valor nutricional e medicinal.
Além do alto teor de vitamina C, estão presentes em sua composição doses expressivas de vitamina A, ferro e cálcio. A acerola contém ainda, de acordo com Ledim (1958), tiamina, riboflavina e niacina, além de ferro, cálcio e fósforo, necessário às funções vitais do homem.
Por ter um alto teor de vitamina C, conclui-se que a acerola pode desempenhar um papel importante na alimentação das pessoas.
A acerola é caracterizada de mão-de-obra intensiva, principalmente nas etapas de colheita e classificação dos frutos. Tratando-se de uma fruteira cuja produção nas áreas irrigadas é quase ininterrupta, seu cultivo requer maior contingência de mão-de-obra.
O cultivo da acerola nos projetos irrigados do Nordeste é de suma importância social, para o pequeno fruticultor que terá o fluxo de caixa quase contínuo. Este aspectos e importante, uma vez que o pequeno fruticultor em geral não dispõe de capital de giro.




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