Tratos Culturais
O controle das plantas daninhas é uma prática indispensável. A ocorrência dessas plantas causa uma série de transtornos que prejudicam o crescimento d desenvolvimento das plantas frutíferas sofrendo perdas qualitativas e quantitativas e favorecem no aparecimento de pragas e doenças, tal infestação dificulta a inspeção e manutenção dos sistemas de irrigação, aumentando o custo operacional nas áreas irrigadas por sistema de aspersão móveis. Devemos salientar que além dos transtornos mencionados, tem também as dificuldades na hora da colheita.
O controle das plantas daninhas, tem sido feito por capinas manuais na projeção da copa, deixando o mato para ser rebaixado com roçadeiras ou manualmente com ferramentas apropriadas. Na Zona da Mata (Região Nordeste); tem sido comum esta prática no período de chuva.
O controle das plantas daninhas mediante a aplicação de herbicidas é recomendável nas áreas das empresas agrícolas de médio e grande porte, que podem contar com assistência técnica especializada. Neste caso é preciso o conhecimento minucioso não só da população invasora como do herbicida a ser aplicado. Há necessidade de estudos nessa área, envolvendo a aceroleira, de modo a evitar efeitos tóxicos à planta e na contaminação dos frutos a serem exportados, ou comercializados no mercado interno.
Podas de Formação e Corretivas
As podas na cultura da acerola são fundamentais, em regiões tropicais a planta chega até 9 safras/ano, com colheitas diárias. Podas de formação, limpeza e drásticas bem executadas facilitarão os tratos culturais e na colheita.
Após o pegamento da muda no local definido, serão necessárias podas de formação para conduzi-las em haste única até a altura de 30-40 cm do solo. Esta haste após podada a gema apical, deverá ficar entre 50 a 60 cm de altura, sendo com isto estimulada a brotação das gemas laterais. Estas gemas originarão ramos laterais dos quais serão escolhidos 3 ou 4 ramos eqüidistantes, com alturas diferentes na metade superior da haste permitindo simetria e equilíbrio físico entre os ramos.
Também é importante podas corretivas a fim de eliminar as brotações que surgem nos três ou quatro ramos principais, especialmente os que se dirigem para o solo. Esta poda é para evitar que os ramos cubram o solo na área da projeção da copa e atrapalhe na prática de cultura – irrigação, adubação e cobertura morta.
É necessário eliminar as brotações nas pernadas ou ramos principais até dez centímetros a partir do tronco, inclusive as que se voltam para o interior da copa a fim de que fique mais aberta no centro e arejada. Marty e Pennock (1965) ressaltam que isso permitirá maior penetração de luz solar no dossel vegetal, atingindo ramos e folhas no seu interior.
A poda de ramos indesejáveis deve ser feita assim que necessária para evitar que a planta gaste energia com ramos que mais tarde terão que ser podados. Se feito isto tardiamente, poderá determinar a formação de uma copa defeituosa.
A poda drástica tem sido executada uma vez ao ano, quando a planta já adulta, encontra-se em repouso vegetativo, o que acontece no período de chuva no Norte/Nordeste ou no inverno para outras regiões.
Essa poda é feita visando reduzir a altura da copa em 1,5 a 2,0m, cortando os galhos mais vigorosos e mal localizados, facilitando a operação de colheitas que se concentram na primavera e verão.
A poda corretiva deverá ser feita após cada ciclo fenológico de produção ou quando necessária, de modo a manter as plantas na altura padrão do pomar. Não se recomenda as podas destinadas a estimular a frutificação, pois ainda carece de estudos, e pesquisas antes que tal prática possa ser implementada em pomares orientados para a produção comercial.
É de forma generalizada, que as aceroleiras com maior volume de copa são mais produtivas. Daí a necessidade de agir com cautela no que concerne às podas de frutificação, pois geralmente diminuem o volume da copa da planta o que em algumas espécies prejudicam a produção.
A poda de limpeza é feita durante toda a vida útil das aceroleiras e torna indispensável a manutenção da conformação desejada. Devendo ser feita quando a planta estiver se flores e frutos, sempre que necessário.
Irrigação
A irrigação na cultura da acerola tem sido usada especialmente em regiões com problemas de insuficiência e/ou má distribuição de chuvas (abaixo de 1.600mm anuais). Á medida que se reduz a disponibilidade de água, diminui o crescimento do sistema radicular e da parte aérea da planta, porém a água em excesso provoca diminuição da qualidade do fruto, reduzindo os teores de vitamina C. o uso da irrigação de forma racional permiti no mínimo a duplicação da produção e o aumento no número de safras.
Segundo Scaloppi (1986), a escolha dos sistemas de rega depende de uma série de fatores técnicos, econômicos e culturais com as condições específicas da propriedade: 1) recursos hídricos (potencial hídrico, situação topográfica, qualidade e custo da água); 2) topografia; 3) solos (características morfológicas, retenção hídrica, infiltração, características químicas e variabilidade espacial); 4) clima (precipitação, ventos e evapotranspiração potencial); 5) culturas (sistema e densidade de plantio, profundidade efetiva do sistema radicular, altura das plantas exigências agronômicas e valor econômico); 6) aspectos econômicos (custos iniciais, operacionais e de manutenção); 7) fatores humanos (nível educacional, poder aquisitivo, tradição, etc.).
Os tipos de irrigação mais utilizados são: aspersão convencional, microaspersão, gotejamento, e por tubos perfurados (Xique-xique), por sulco de infiltração com bacias de captação na projeção da copa e irrigação por mangueira no mesmo estilo.
Os sistemas de irrigação por sulcos e gotejamento são indicados para solos argilo-arenosos; já os sistemas de aspersão e microaspersão se prestam melhor aos solos arenosos e areno-argilosos.
Cultura intercalar
O plantio de culturas intercalares é viável em pomares de aceroleiras voltadas a exportação, embora esta prática esteja sujeita a algumas restrições. A principal delas diz respeito ao método de irrigação utilizado: a consorciação só é possível quando se adota a irrigação por aspersão ou se for feita no período de chuvas. Nesta época ela pode tornar-se pouco atraente, devido à irregularidade temporal e espacial das precipitações, tal como ocorre, na região Nordeste. O plantio intercalado de aceroleira com outras fruteiras – Principalmente a mangueira – apesar de já ter sido praticado em áreas irrigadas n Nordeste, requer maiores conhecimentos técnicos.
Embora não apresente maiores problemas nos primeiros anos de cultivo, o consórcio entre aceroleiras e mangueiras, pode tornar-se bastante difícil, principalmente depois que as mangueiras iniciam a produção econômica ou quando as copas das fruteiras consorciadas começam a se interceptar. Sérias dificuldades se fazem sentir na tentativa de compatibilizar a irrigação, a adubação e as pulverizações. Estas práticas são especificas de cada cultura e devem ser executadas em épocas predeterminadas, então vai haver uma hora que o produtor terá de eliminar a cultura secundária, para não prejudicar a produtividade da fruteira consorciada considerada principal.
Outro fator que define a espécie da cultura a ser consorciada com a acerola é o sistema de irrigação adotado. Nas irrigações por sulco ou aspersão, as limitações restringem-se apenas às espécies de cultura passíveis de consorciação. Se a irrigação é a localizada, a intercalação de culturas, só pode ser feita entre plantas ao longo da fileira. Porem se o produtor dispuser a movimentar as linhas laterais dos sistemas de irrigação localizada – gotejamento, microaspersão, tubos perfurados, será possível intercalar outras culturas entre as fileiras de aceroleiras.
O alto padrão de qualidade exigida pelo mercado importador de frutas frescas, não é aconselhável a prática da consorciação, já que o produtor de acerola para exportação deve dispensar atenção máxima à obtenção de frutas que atendam aos padrões internacionais de qualidade. Caso isso não aconteça esse produtor terá dificuldades de competir num mercado cada vez mais exigente. Porém, a consorciação deverá ser incentivada durante a fase de formação do pomar de acerola, como uma forma de amortizar ou agilizar o retorno dos investimentos realizados, e a adoção desse sistema poderá ser útil principalmente em pequenas áreas, associando-se a aceroleira com culturas de ciclo curto e tendo em vista, o incremento da renda e da remuneração do fruticultor, bem como o aproveitamento da mão-de-obra familiar.
Nutrição, Adubação e Calagem
Apesar de o cultivo da aceroleira envolver uma planta rústica facilmente adaptável aos mais variados tipos de solo, requer manejo correto quanto à adubação e nutrição das plantas, principalmente nos pomares orientados para a exportação.
A fertilização é de suma importância em termos percentuais, para o aumento da produtividade. Segundo Lopes e Guilherme (1990), se feita uma aplicação correta o retorno de investimentos realizados reflete-se no aumento da produção por unidade de nutriente aplicado. A ineficiência de fertilizantes significa baixa produtividade e baixo lucro, resultado que pode inviabilizar o retorno dos investimentos.
Para a exportação o manejo racional, dos fertilizantes é fundamentalmente necessário, estas técnicas de manejo básico e essencial, estão a seguir:
a) – Análise de solo – É um excelente meio de se diagnosticar, com maior precisão, o fertilizante e a quantidade a ser aplicada.
b) – Análise foliar – Tornou-se um importante recurso para a diagnose de problemas nutricionais, principalmente em culturas perenes. Se associada à análise de solo proporciona orientação segura no manejo dos nutrientes ao longo do ciclo fenológico da cultura.
c) – Testes de tecidos – Os testes rápidos ou testes de tecidos são muito conhecidos nos Estados Unidos e Europa. No Brasil o seu uso ainda é muito limitado. São utilizados na avaliação nutricional das plantas, sobretudo no que diz respeito a nitrogênio, fósforo e potássio. Feitos no campo, dão uma idéia imediata da situação nutricional do pomar.
d) – Observação dos sintomas de deficiência de nutrientes – Permite a identificação visual da deficiência de nutrientes em plantas, com vistas ao diagnóstico e à previsão dos problemas do pomar.
e) – Conhecimento dos fatores que afetam a disponibilidade de nutrientes – É fundamental para a tomada de decisões a cerca da aplicação de micronutrientes. Esses fatores, entre outros, o nível do pH do solo e a presença do alumínio em níveis tóxicos.
Lopes e Guilherme (1990) assinalam que o histórico da área a ser cultivada é de grande valia na otimização ou maximização do uso e eficiência dos fertilizantes.
No Brasil, há pouca informação disponível a respeito da adubação e nutrição nas condições edafoclimáticas das áreas irrigadas do Nordeste.
Estudos desenvolvidos em Porto Rico, Cibes e Samuels (1955) assinalaram os principais problemas e sintomas de deficiência nutricional na aceroleira cultivada em solução nutritiva:
1 – A eliminação do nitrogênio da solução nutritiva foi o fator que mais deteve o crescimento e a produção das plantas.
2 – A deficiência de fósforo, boro, enxofre e ferro não tiveram efeito tão nocivo sobre o crescimento das plantas quanto o produzido pela carência de nitrogênio, porem diminuiu drasticamente a produção de frutos.
3 – A deficiência de magnésio e manganês produziu efeito pouco significativo sobre o crescimento e a produção das aceroleiras.
4 – A falta de potássio diminuiu o diâmetro dos ramos e o tamanho dos frutos.
5 – A deficiência de cálcio retardou de modo significativo o crescimento das plantas.
6 – Os índices mais altos de nitrogênio foram encontrados em folhas de árvores deficientes em enxofre e ferro.
7 – As plantas deficientes em nitrogênio apresentaram alta concentração de fósforo nas folhas.
8 – As árvores deficientes em fósforo não apresentaram sintoma algum dessa carência.
9 – Os menores níveis de ferro foram observados nas folhas de plantas deficientes em cálcio.
10 – Os sintomas mais sérios de deficiência de nitrogênio provocaram o amarelecimento total e a queda das folhas.
Silva e Junior e outros (1988), citados por Alves (1992), observaram que o nitrogênio e o potássio são os elementos extraídos em maior quantidade pelos frutos.
Marty e Pennock (1965) ressaltam a conveniência de suprir fartamente a aceroleira de elementos maiores, principalmente o nitrogênio, sugerindo a aplicação da fórmula 14-4-10, duas vezes por ano na quantidade de 160kg/ha, nos dois primeiros anos da implantação do pomar.
Os adubos devem ser distribuídos em circulo sobre a superfície do terreno, na projeção da copa.
Simão (1971) indica a fórmula 8-8-15 a base de 500g/planta até a idade de quatro anos. Para as plantas adultas, recomenda a mesma fórmula, usando porém 1,5 a 2,5kg/planta em duas aplicações.
Simão (1971) recomenda ainda que até o início da frutificação a planta seja adubada anualmente com esta mistura: 400 gramas de superfosfato de cálcio e 200 gramas de cloreto de potássio. Iniciada a frutificação, recomenda a aplicação da seguinte fórmula: 660 1.000 gramas de sulfato de amônio ou nitrocálcio; 600 a 900 gramas de superfosfato de cálcio e 375 a 500 gramas de cloreto de potássio. Esta adubação que é indicada para áreas dependentes de chuvas, deve ser dividida em duas doses iguais, uma aplicada no início do período chuvoso e a outra no fim desse período, em faixa circular distante entre 20 e 40cm do tronco ou na projeção da copa.
Para as áreas irrigadas do submédio São Francisco, recomenda-se aplicar em fundação (cova) 400-500 gramas de superfosfato simples; 300-400 gramas de cloreto de potássio e 20 litros no mínimo de esterco bem curtido. Durante o primeiro ano recomenda-se a adubação mensal em cobertura e na projeção da copa 30-40 gramas de uréia e 30-40 gramas de sulfato de potássio por planta, adicionando-se a cada seis meses também em cobertura, 20 litros de esterco bem curtido.
As adubações regionalizadas ou generalizadas nem sempre devem ser adotadas indiscriminadamente, sobretudo se não estiverem acompanhadas de uma caracterização detalhada do solo, do manejo e do estádio de desenvolvimento da cultura.
Na adubação orgânica, apesar das poucas experiências realizadas, seu uso é recomendável principalmente por ocasião do plantio e, depois, duas vezes por ano em cobertura sob a projeção da copa. Deve ser incentivado nos solos arenosos da região semi-árida do Nordeste, em virtude da sua pobreza em matéria orgânica e pela proteção que essa adubação oferece contra a insolação direta e a conseqüente evaporação.
A análise química do solo deve ser feita pelo menos a cada dois anos, para que se possa avaliar a necessidade não só da aplicação, de corretivos, como da adequação dos níveis de cálcio e magnésio.
A calagem é recomendada com base no teor de alumínio trocável ou em função dos níveis de cálcio e magnésio no complexo sortivo do solo. Também poderá basear-se no teor de matéria orgânica presente no solo.
Estudos realizados por Hernandez-Medina e outros(1970) relatam que a aceroleira apresentou um sistema radicular mais vigoroso nos solos com pH na faixa de 5,5 a 6,5. As árvores cresceram com maior vigor, apresentaram uma folhagem verde-escuro e propiciaram, maior produtividade. Nos pomares de acerola orientados para a exportação, a calagem constitui-se pois, numa prática indispensável, com vistas à correção do pH do solo, para situá-lo na faixa que melhor atenda às exigências da cultura. Hernandez, (1970) ainda ressalta que a aplicação de calcário aumenta a produtividade i o conteúdo de ácido ascórbico da fruta.
O sucesso da calagem dependerá, das características do corretivo, bem como da dosagem e do método de aplicação do produto.
É indispensável que o produtor dispense cuidados especiais à adubação e à correção do solo, para que possa conseguir na sua atividade frutícola uma relação custo/benefício
Nenhum comentário:
Postar um comentário