Clima
O abacaxi é uma cultura de regiões tropicais, embora seja cultivado também em muitas regiões subtropicais. A temperatura mais adequada para o crescimento da planta varia de 22 ºC a 32 ºC, com faixa ótima entre 29 ºC e 32 ºC. Uma amplitude térmica diurna de 8 ºC a 14 ºC favorece o crescimento da planta e a qualidade do fruto. Os limites extremos de temperatura, quando o crescimento é paralisado, são +5 ºC e + 40ºC. A pluviosidade ótima para cultivo do abacaxizeiro situa-se entre 1.000 mm e 1.500 mm, com distribuição uniforme ao longo do ano. Entretanto, existem plantios comerciais de abacaxi em regiões semiáridas, com apenas 500 mm ao ano, e também em regiões altamente úmidas, com mais de 5.000 mm anuais. Com referência à luminosidade, o abacaxizeiro requer um mínimo de 1.200 a 1.500 horas de luz por ano, com quantidade ótima entre 2.500 e 3.000 horas por ano, o que corresponde a 6,8 a 8,2 horas de luz por dia. Temperaturas baixas, insolação elevada e sombra muito intensa são prejudiciais ao desenvolvimento geral do abacaxizeiro.
Solos
Exigências edáficas
O abacaxizeiro se desenvolve bem na grande maioria dos tipos de solos, entretanto é uma planta que requer solos com boas condições de aeração e drenagem, o que favorece o desenvolvimento do sistema radicular, com reflexos positivos no crescimento e na produção. O abacaxizeiro é bastante sensível ao encharcamento do solo, condição que prejudica o desenvolvimento e, consequentemente, a produção. É recomendável que o lençol freático esteja a mais de 80 cm a 90 cm da superfície do solo.
Os solos mais indicados para o cultivo do abacaxizeiro são os de textura areno-argilosa, profundos, de boa drenagem, boa aeração, pH variando entre 4,5 e 5,5, e bom teor de matéria orgânica, condições estas importantes para que a planta possa estabelecer um amplo sistema radicular. Os solos de textura arenosa (até 15% de argila e mais de 70% de areia) também são utilizados para o cultivo do abacaxi, requerendo quase sempre a incorporação de resíduos vegetais e adubos orgânicos que melhorem as suas capacidades de retenção de água e de nutrientes.
Com referência aos aspectos físicos, os solos das diversas regiões produtoras de abacaxi do Tocantins atendem às principais exigências dessa cultura; porém, em relação aos atributos de fertilidade química, apresentam geralmente alguma deficiência em fósforo, magnésio e, menos frequentemente, em potássio. Predominam solos com acidez média, com o pH entre 4,5 e 5,5, faixa esta considerada ideal para o cultivo do abacaxi, e sem alumínio ou com baixa acidez trocável.
Escolha do terreno
Os abacaxizais devem ser instalados em regiões classificadas como preferenciais e toleradas pela cultura, observando-se as condições de aptidão edafo-climática em relação às exigências do abacaxizeiro. O plantio deve ser instalado em área plana ou levemente ondulada (declividade inferior a 5%), profundidade efetiva superior a 80 cm, textura média (areno-argilosa), boa drenagem, e pH de 4,5 a 5,5. A instalação de abacaxizais em áreas com declividade superior a 5% requer a adoção de práticas de conservação do solo e de preservação ambiental. É recomendável instalar o plantio próximo a uma fonte de água de maneira a facilitar o suprimento hídrico suplementar durante os períodos secos, assim como para a aplicação de agroquímicos. Os plantios devem ser instalados em regiões classificadas como preferenciais e toleradas pela cultura, observando-se as condições de aptidão edafoclimática e compatibilidade às exigências do abacaxizeiro.
Preparo do solo
Em áreas para primeiro plantio, o agricultor deve proceder de acordo com a legislação ambiental vigente, efetuar destoca, roçagem, aração e gradagens. Em áreas anteriormente cultivadas com abacaxi, o preparo do solo deve consistir de uma aração e de gradagens em número suficiente para possibilitar bom enraizamento e expansão do sistema radicular e, por conseguinte, bom desenvolvimento da planta. A depender do tipo do solo, a aração e a gradagem devem atingir em torno de 30 cm de profundidade. A aração não é recomendada para solos muito rasos, devendo-se efetuar apenas gradagens leves. É importante manter os restos do plantio anterior como cobertura morta ou proceder sua incorporação ao solo, contribuindo assim para aumentar o teor de matéria orgânica e promover a ciclagem de nutrientes (Figura 1).
Foto: Aristoteles Pires de Matos
Figura 1. Corte e manutenção dos restos do cultivo anterior como cobertura da superfície do solo
Estima-se que em um hectare de abacaxi pode-se obter de 60 a 150 toneladas de matéria verde. Esse material pode ser usado também para outras finalidades, a exemplo da sua utilização para a alimentação animal, especialmente para gado bovino leiteiro (Figura 2). Esta é uma prática bastante comum em regiões com longos períodos de estiagem e escassez de alimentos verdes para os animais.
Fotos: Aristoteles Pires de Matos
Figura 2. Utilização dos restos culturais do abacaxizeiro na alimentação animal
Coleta de amostras de solos para análises químicas
Com antecedência de dois a três meses ao plantio, deve-se efetuar a coleta de amostras do solo para análise laboratorial, de modo que, se necessária, a calagem possa ser feita em tempo hábil. A coleta das amostras de solo deve ser efetuada à profundidade de, pelo menos 0 – 20 cm, seguindo-se as recomendações da assistência técnica ou dos laboratórios referenciados. No entanto, é aconselhável coletar amostra de solo também na profundidade de 20 cm – 40 cm.
Coleta de amostras de solos para análise nematológica
Os sintomas de incidência de nematoides na cultura do abacaxizeiro são frequentemente mascarados por deficiências nutricionais, tratos culturais inadequados, bem como a presença de outras pragas, como cochonilhas, fungos, vírus e/ou bactérias. Caso haja suspeita da ocorrência de nematoides, recomenda-se primeiramente que se faça uma estratificação da área de acordo com o histórico dos cultivos anteriores, presença de plantas infestantes e estrutura do solo. Em cada área homogênea, de um a três hectares, deve-se coletar em torno de 10 subamostras de solo, na profundidade de 0 - 30 cm; juntar as subamostras em um recipiente, misturar bem para constituir uma amostra composta, representativa da área estratificada. As amostras devem ser coletadas, pelo menos, 60 a 90 dias antes do plantio, para que as medidas de controle, se necessárias, possam ser efetuadas antes deste. As amostras, devidamente identificadas, devem ser protegidas do calor, não conter umidade adicional, podendo ser acondicionadas em sacos plásticos, procedendo-se a retirada do ar e devem ser encaminhadas para laboratório credenciado. Independentemente dos resultados obtidos, recomenda-se considerar a necessidade de se repetir as amostragens, seguindo a metodologia acima descrita, pelo menos 30 dias após o plantio da cultura, pois os fitonematoides possuem mecanismos de sobrevivência quando as condições não são favoráveis, dificultando sua detecção na ausência do hospedeiro. Em área onde houver o plantio da cultura, recomenda-se que sejam feitas também amostras do sistema radicular em plantas sintomáticas e em plantas supostamente sadias, pois alguns fitonematoides possuem diferentes hábitos de parasitismo. Essa medida preventiva é importante, pois uma vez estabelecidos, sua eliminação na área de cultivo pode se tornar impraticável.
Correção de acidez do solo
Caso seja necessária a correção da acidez, a mesma deverá ser realizada dois meses antes do plantio, mediante aplicação de calcário dolomítico, e a sua incorporação utilizando-se os meios disponíveis na propriedade (equipamentos de tração mecanizada ou animal, ou, ainda, manualmente).
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