INTRODUÇÃO
Produzir morangos em sistema orgânico, a exemplo do tomate e da batata, ainda é tido por muitos agricultores como uma missão impossível. Para desmistificar esse pensamento, este texto reúne o conhecimento existente voltados à produção comercial de morango orgânico, até meados de 2016.
Antes de começar a produzir o morango, é importante que o produtor tenha conhecimento que, no Brasil, existe uma legislação específica para produzir e comercializar qualquer produto ou alimento orgânico. Além disso, precisamos enxergar a propriedade e o agricultor no contexto em que estão inseridos e avaliar a aptidão de ambos para o cultivo orgânico da fruta. Por fim, temos de conhecer a origem do morangueiro e o manejo orgânico dessa cultura.
A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA PARA A PRODUÇÃO ORGÂNICA DE MORANGO
Desde o final de 2003, o Brasil conta com a Lei de Orgânicos (Lei Federal 10.831) que estabeleceu o conceito de um sistema orgânico de produção agropecuária. Por essa lei, o sistema orgânico de produção agropecuária e industrial reúne todos os sistemas agroecológicos de produção, ou seja, biodinâmico, natural, ecológico, biológico entre outros que atendam os princípios estabelecidos pela mesma.
Para os agricultores, é importante saber que para vender produtos orgânicos é necessário obter a certificação orgânica por meio de um organismo reconhecido oficialmente.
Os agricultores familiares que realizam a venda direta aos consumidores, por exemplo, em feiras livres, desde que estejam envolvidos num processo de organização e controle social e cadastrados no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, não precisam estar certificados desde que permitam aos consumidores e ao MAPA o acesso aos locais de produção ou processamento e mantenham a rastreabilidade do produto.
De acordo com uma lista divulgada pela Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) , o morango é o segundo alimento com maior índice de contaminação por agrotóxico no Brasil. Por meio do Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos de Alimentos , a Anvisa analisou mais de 2500 amostras de 18 tipos de alimentos diferentes. Segundo os resultados das pesquisas, quase um terço dos vegetais mais consumidos no Brasil apresenta elevado teor de agrotóxicos em suas composições.
Desde 2001 a EPAMIG realiza pesquisas com morangos no Norte de Minas, região do semiárido, com o objetivo de possibilitar o plantio da fruta em regiões de clima quente e seco. Por meio de experimentos conduzidos pela empresa, pesquisadores da EPAMIG concluíram que as altas temperaturas são fatores importantes para produção de morangos com uma redução drástica do número de agrotóxicos, isso porque o clima quente e seco inibe o desenvolvimento de doenças nas frutas.
“As condições climáticas da região do Norte de Minas propiciam a produção de morangos sem o uso de agrotóxicos. Quando há alguma ocorrência de pragas ou doenças, conseguimos combater por controle biológico”, explica o pesquisador da EPAMIG, Mário Sérgio Dias.
O pesquisador explica ainda que o morango se encaixa perfeitamente no sistema de agricultura familiar que predomina no semiárido Norte mineiro, sobretudo nos perímetros irrigados do Jaíba e do Gorutuba, nos municípios de Jaíba e Nova Porteirinha. Somente na região Norte de Minas, a EPAMIG já testou 20 variedades de morangos de diversas localidades do mundo.
Mário Sérgio Dias afirma que o sistema adequado de irrigação de morangos e as variedades com potencial tanto para a produção de mudas, quanto para a produção de frutos já é uma realidade na região do Norte do estado. “Até o momento, as cultivares Oso Grande, Dover, Camarosa e Tudla são as que mais apresentam um bom potencial de produção e comercialização na região”, destaca o pesquisador.
Foto: Erasmo Pereira
Epamig
Nenhum comentário:
Postar um comentário