Apesar de ser considerada uma planta que tolera a seca, a goiabeira, quando irrigada, apresenta um aumento significativo da produtividade. A irrigação, aliada a outras técnicas de manejo, proporciona a colheita de duas safras anuais, sendo possível, também, ajustar a época da colheita de acordo com os períodos de maior demanda de mercado.
A prática da irrigação consiste no fornecimento de água às culturas, de maneira adequada e em quantidade suficiente para atender às necessidades hídricas das plantas, em suas diferentes fases de desenvolvimento.
De modo geral, a cultura da goiaba adapta-se a diversos sistemas de irrigação, mas a irrigação localizada facilita o manejo de água. Esta pode ser feita por meio de microaspersão ou por gotejamento, que são sistemas que fornecem água no volume de solo explorado pelas raízes das plantas, reduzindo, dessa forma, a quantidade de água a ser aplicada e evitando as perdas por excesso de água. No caso da goiabeira, a irrigação por microaspersão é a mais indicada, tendo em vista a área explorada pelo sistema radicular da planta e o volume de água consumido diariamente.
A demanda de água pela planta varia de acordo com o tipo de solo, a época do ano e as diferentes fases de desenvolvimento da cultura: crescimento vegetativo, floração, frutificação e maturação dos frutos. Na avaliação da quantidade de água a ser aplicada em cada irrigação, devem ser considerados outros fatores, como: profundidade efetiva do sistema radicular (profundidade do solo onde se encontram cerca de 80% das raízes), capacidade de armazenamento de água no solo e demanda atmosférica. A profundidade efetiva do sistema radicular da goiabeira situa-se em torno de 0,4 m no primeiro ciclo (formação do pomar) e em torno de 0,8 m do segundo ciclo em diante (plena produção).
Pode-se estimar a quantidade de água requerida pela planta por meio da evapotranspiração de referência (ETo, em mm). Para saber a evapotranspiração de uma determinada cultura (ETc, em mm), multiplica-se a ETo por um coeficiente de cultivo (Kc). Em seu primeiro ciclo, a goiabeira tem um Kc médio em torno de 0,40 até o florescimento, e de 0,65 do florescimento em diante. No segundo ciclo, os valores de Kc podem ser: de 0,70 para o período entre a poda e o crescimento vegetativo; de 0,75 para o período de florescimento, de queda fisiológica e de crescimento dos frutos; e de 0,70 para o período de maturação e de colheita.
O resultado encontrado (ETc), dividido pela eficiência de aplicação do sistema (Ea), resulta na lâmina bruta de água (mm) que deve ser fornecida à planta, como pode ser visto no seguinte exemplo:
ETc = ETo (9,0) x Kc (0,75) = 6,75 mm
Lb = 6,75 mm / 0,9 = 7,5 mm
Também é possível estimar a quantidade de água a ser aplicada, através da evaporação do tanque Classe “A”, conforme o exemplo a seguir, em que a lâmina bruta de irrigação é calculada por meio da seguinte expressão:
Lb = kp x Kc x Ev x Am x Fr
CUC
Lb = Lâmina bruta (L/planta/dia)
Kp = Coeficiente de tanque (0,75)
Kc = Coeficiente de cultivo (0,75 para o período de florescimento, de queda fisiológica dos frutos e de crescimento dos frutos).
Ev = Evaporação do tanque Classe “A” (9,0 mm).
Am = Área molhada pelo sistema de irrigação por planta em m² (13 m²).
Fr = Frequência de irrigação (1 dia).
CUC = Coeficiente de uniformidade de aplicação da irrigação (0,90).
Lb = 0,75 x 0,75 x 9,0 x 13 x 1 0,90
Lb = 73,13 L/planta/dia
A irrigação localizada permite o emprego da fertirrigação, que consiste na aplicação de fertilizantes por meio da água de irrigação. Esse método apresenta as seguintes vantagens em relação aos métodos convencionais de aplicação de adubo:
• Maior aproveitamento do equipamento de irrigação.
• Aplicação dos nutrientes no momento certo e na quantidade exata requerida pelas plantas.
• Menor necessidade de mão de obra para a realização das adubações, pois aproveita praticamente o mesmo trabalho requerido para fazer as irrigações.
• Menor compactação do solo, graças à redução do tráfego de máquinas dentro da área, o que é comum quando se utilizam métodos tradicionais de adubação.
• Menores danos físicos provocados às culturas, em razão dos motivos citados anteriormente, evitando, assim, derrubada de flores, frutos e galhos das plantas, o que pode reduzir a incidência e a propagação das pragas e doenças.
• Maior eficiência de aplicação de micronutrientes em comparação com a aplicação manual, considerando a dificuldade de regular, apenas com o uso das mãos, as pequenas doses do produto aplicado.
• Aumento da produtividade e da qualidade comercial dos frutos.
• Uniformidade de distribuição dos adubos.
Entretanto, é importante ressaltar que a prática da fertirrigação exige conhecimentos técnicos sobre os tipos de adubo a serem utilizados e sobre o cálculo das dosagens. Além disso, a fertirrigação pode causar corrosão aos equipamentos e aumentar as perdas de carga no sistema de irrigação.
No sistema de fertirrigação, o injetor tipo Venturi, que é um dispositivo de polipropileno ou PVC, é utilizado para aspirar a solução de produtos químicos e incorporá-lo à água de irrigação (Figura 4).
É preciso lembrar que existem outros tipos de injetores, como os elétricos e os hidráulicos.
Figura 4. Esquema de montagem de um injetor do tipo Venturi.
A aplicação de fertilizantes via água de irrigação compreende três etapas.
Primeira: ativar o sistema durante 15 a 20 minutos para equilibrar, hidraulicamente, as subunidades de rega. Segunda: injetar o fertilizante no sistema de irrigação, por meio de equipamentos apropriados. Terceira: começar a fertirrigação até completar o tempo total de irrigação, visando à distribuição dos fertilizantes, à lavagem do sistema de irrigação e ao carreamento dos fertilizantes para as camadas do solo com maior concentração de raízes. Esse tempo deve ser suficiente para a água percorrer desde o ponto de injeção de fertilizantes até o último emissor da parcela irrigada que estiver localizada mais distante do injetor de fertilizante.
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