domingo, 23 de agosto de 2020

Métodos recomendados na irrigação da Goiaba


Métodos recomendados
Em função das características atuais dos sistemas de produção, os métodos mais recomendados são a irrigação localizada e os sistemas de aspersão por pivô central, por permitirem maior eficiência no uso da água e outros insumos.
A escolha de qualquer método de irrigação depende de uma série de fatores, destacando-se o tipo de solo, a topografia e o tamanho da área, os fatores climáticos, os fatores relacionados ao manejo da cultura, o déficit hídrico, a capacidade de investimento do produtor e o custo do sistema de irrigação (Mantovani, 2001). Considerando o grande volume de água exigido na irrigação e a necessidade de otimizar a utilização, um dos aspectos importantes que está sendo analisado na escolha do método de irrigação é a eficiência como este irriga a cultura.
Dentre os métodos de irrigação, podem ser destacados a irrigação localizada (gotejamento e microaspersão), a aspersão subcopa com mangueiras e o pivô central, como os métodos mais recomendados para a cultura da goiabeira, sendo que ainda existem algumas áreas de fruticultura que utilizam irrigação por superfície, mesmo com as grandes perdas por percolação profunda.

2.2.1. Irrigação localizada
A água é aplicada diretamente sobre a região radicular, em pequena intensidade e alta freqüência, para manter a umidade próxima da ideal, que é a de capacidade de campo.
Gotejamento e microaspersão, mostrados nas Figuras 1 e 2, são os sistemas mais difundidos, sendo, o primeiro o mais antigo no Brasil (1972) e, o segundo, o mais recente (1982).
Diferem entre si quanto ao sistema de aplicação. No gotejamento, aplicam-se vazões menores, de 2 a 10 L/h, gota a gota, e na microaspersão, com vazões aplicadas de forma pulverizada, na faixa de 20 a 150 L/h. São de alto custo. Portanto, devem ser usados em culturas de alto retorno econômico, como café, tomate, morango, melão, pimenta do reino (gotejamento); abacate, citrus, guaraná, manga, seringueira e uva (microaspersão); banana, cacau, mamão, viveiro de frutíferas, de essências florestais, de plantas ornamentais e da cultura da goiaba (gotejamento e
microaspersão).
Existem sistemas alternativos de irrigação localizada, de custos bem mais baixos, não comerciais, que podem ser desenvolvidos na própria fazenda, como o sistema gravatinha.

Figura1 – Sistema de irrigação localizada com gotejadores do tipo alternativo.
Figura 2 – Irrigação localizada por microaspersão na cultura da mangueira

Os industrializados, antigamente eram comercializados em pacotes completos, ou seja, os componentes isolados de cada fabricante não podiam ser adquiridos para compor um projeto.
Atualmente, devido à grande expansão do mercado de equipamentos, é possível compor um projeto com distintos equipamentos e fabricantes.
São vantagens da irrigação localizada:
- controle rigoroso da quantidade d'água a ser fornecida para a planta;
- baixo consumo de energia elétrica;
- possibilidade de funcionamento 24 horas por dia;
- elevada eficiência de aplicação d'água;
- manutenção da umidade próxima à da capacidade de campo;
- menor desenvolvimento de ervas daninhas entre linhas de plantio;
- facilidade de distribuição de fertilizantes e outros produtos químicos junto à água de irrigação;
- pouca mão-de-obra e facilidade de automação e
- possibilidade de uso de água

São desvantagens:
- entupimento (principalmente para o gotejamento);
- exigência de filtragem altamente eficiente e
- alto custo inicial.

Um sistema completo de irrigação localizada consta de conjunto motobomba, cabeçal de controle, linhas de tubulações (de recalque, principal, secundária e lateral), válvulas e emissores (gotejadores ou microaspersores).
O conjunto motobomba é normalmente de menor potência em virtude das pequenas alturas manométricas e das pequenas vazões do sistema.

2.2.2. Aspersão convencional com mangueiras flexíveis
As mangueiras são utilizadas conectadas às linhas laterais em uma extremidade e ao aspersor na outra (Figura 3). Este é sustentado por um tripé, em sua outra ponta, de modo que, com uma posição montada de linha lateral, é possível se fazerem três posições de irrigação: à direita da linha lateral montada, sobre a linha lateral e à sua esquerda. Para isso, as mangueiras a serem utilizadas no processo devem ter o comprimento correspondente ao espaço entre as linhas laterais.

Figuras 3 – Sistema de irrigação do tipo aspersão convencional com mangueiras flexíveis implantado nas culturas da bananeira e da goiabeira
Figura 4 – Irrigação por aspersão convencional sub-copa na cultura da goiabeira

As grandes vantagens do sistema com mangueiras flexíveis, comparadas com a aspersão convencional utilizada tradicionalmente (Figura 4), são:
- Diminuição do número de mudanças da linha lateral, havendo possibilidades em alguns
casos, principalmente quando o produtor possuir linhas de espera, de o sistema tornar-se
fixo ou semifixo;
- Redução no tempo de mudança de posição dos aspersores e diminuição da necessidade de mão-de-obra para executar tais mudanças;
- Possibilidade de obtenção de uma melhor uniformidade de aplicação de água em culturas arbóreas (banana, goiaba, etc.) irrigadas por sub-copa, devido à maior maleabilidade dos aspersores, que podem ser mais bem posicionados entre as plantas e, conseqüentemente, propiciarem uma melhor distribuição de água para a cultura; 
- Facilidade de adaptação do sistema com mangueiras a um sistema de aspersão convencional comum e
- Não afeta em nada qualquer tipo de aplicação de produtos químicos, via água de irrigação.

Como desvantagens podem-se citar:
- Dificuldades de encontrar no mercado, mangueiras com preços que possibilitem economicamente a sua utilização e, ao mesmo tempo, que sejam duráveis sob condições de arraste constante, exposição ao sol e à umidade;
- Limitação do comprimento das mangueiras a serem utilizadas, uma vez que esta característica é diretamente proporcional ao aumento da altura manométrica do sistema, implicando assim em um impacto no conjunto motobomba e
- Uso restrito em culturas rasteiras, já que o arraste da mangueira no solo pode danificar as plantas, principalmente na época da floração.
É um sistema que vem sendo amplamente utilizado, principalmente nas culturas da banana e goiaba, tendo o equipamento desempenho satisfatório no campo, além de uma grande aceitação por parte dos produtores.

2.2.3. Pivô central
É o equipamento que mais tem sido utilizado, no Brasil. O sistema consiste em uma linha lateral de aspersores montada sobre armações com rodas, denominadas torres, com uma extremidade fixada em uma estrutura piramidal (ponto pivô) no centro da área e a outra movendo-se em torno do ponto pivô, durante a operação. 

Na Figura 5, está apresentado o equipamento de pivô central nas culturas da laranja e do mamão.

O pivô central apresenta as seguintes vantagens:
- Opera com mão-de-obra reduzida;
- Logo que termina uma passagem, a linha lateral já se encontra na posição inicial da próxima;
- Obtém-se elevada uniformidade de aplicação d'água quando bem dimensionado;
- Viabiliza a irrigação de grandes áreas e
- fácil manejo, operacionalmente.
- Excessiva precipitação na periferia do equipamento, podendo provocar escoamento
superficial;

As desvantagens são:
- Exige área totalmente livre de edificações, árvores, canais, etc., e
- Exige mão-de-obra especializada no manejo, manutenção e reforma.

Um pivô central é constituído pela central de comando e pelos sistemas adutor e de condução de água, sistema estrutural, sistema de movimentação e sistema de aplicação. O sistema adutor é composto pelo conjunto de sucção completo, motobomba, acessórios e tubulações de recalque. Normalmente, a potência do conjunto motobomba é elevada em virtude do tamanho da área irrigada. A tubulação de recalque é enterrada para não limitar o deslocamento das torres do pivô central e pode ser constituída dos seguintes materiais: aço zincado, ferro fundido, PVC e fibrocimento.
O sistema central de comando é composto pela torre central no ponto pivô e pelo sistema de controle geral do pivô central. A torre central é de forma piramidal, de base quadrada com 3 m de lado e 3,70 m de altura, montada sobre uma base de concreto armado. Pelo seu centro, sobe a tubulação que liga a adutora à tubulação aérea do equipamento, tendo normalmente, neste ponto, um manômetro para monitorar a pressão no ponto pivô. Nessa estrutura, é instalado o painel geral de controle do equipamento, de onde se comandam a velocidade, sentido de rotação, motobomba, todos os comandos elétricos, bomba injetora de produtos químicos, canhão final do pivô e sistema de segurança.
A linha lateral é de aço zincado, com diâmetro de 144 a 200 mm, sendo comum, na maioria dos equipamentos, o uso do diâmetro de 166 mm. A tubulação, além de conduzir a água, faz parte da estrutura do equipamento e fica suspensa sobre torres metálicas equipadas com pneus, sustentadas por treliças ou cabo-de-aço, fazendo a ligação entre torres, montadas a uma altura prefixada do solo, ficando um vão livre em torno de 2,80 m para a maioria das culturas ou 3,80 m para culturas de porte mais elevado, como cana-de-açúcar e mamão.

2.3. Manutenção e conservação dos sistemas de irrigação
A eficiência da aplicação de água depende em grande parte, de uma adequada manutenção do sistema de irrigação. Por manutenção, entendem-se todas as etapas que visem manter o equipamento ou a estrutura implementada em condições de funcionamento adequado.
Canais, drenos, tubulações, motobomba, aspersores, gotejadores, sistema de movimentação e outros componentes apresentam desgastes e alterações que exigem acompanhamento ao longo do tempo e, no momento oportuno, devem-se substituir os componentes e ajustar as estruturas. Não existem recomendações gerais para um plano de manutenção, principalmente pela quantidade de sistemas de irrigação e pela grande variabilidade de condições de funcionamento. Equipamentos mais complexos, como o pivô central ou o autopropelido, vêm acompanhados de manuais que especificam a manutenção periódica e contêm informações que devem ser ajustadas às condições, nas quais são utilizados.
Na irrigação pressurizada (aspersão e localizada) é necessário o sistema de bombeamento proporcionar água em quantidade e pressão compatível com o sistema utilizado. Para isso, é necessário avaliar o funcionamento do motor e da bomba, substituindo e ajustando os componentes com problemas. As tubulações não devem perder água nas junções e as possíveis ocorrências devem ser imediatamente eliminadas. As juntas de borracha, presentes nas conexões das tubulações, não devem ressecar e, no período em que o sistema estiver parado, as tubulações devem ser guardadas em locais onde as borrachas fiquem protegidas da incidência direta dos raios solares.
Os componentes responsáveis pela distribuição da água (aspersores, difusores, gotejadores e microaspersores) devem ser permanentemente observados. A substituição ou a recuperação daqueles que apresentam problemas promove ganhos significativos de uniformidade.
Um outro aspecto da manutenção do sistema é o aumento dos cuidados em função de sua quimigação. Primeiramente, pela ação corrosiva de muitos dos produtos químicos aplicados, os quais podem comprometer a durabilidade do equipamento de irrigação e, em segundo lugar, pelos cuidados especiais com o manejo e o funcionamento da irrigação durante a aplicação do produto químico. Neste caso, é importante que nenhuma etapa da manutenção do sistema, como eliminação de fugas, troca de aspersores, gotejadores ou microaspersores defeituosos, adequação e ajuste da pressão, seja esquecida. Sintetizando, a implementação de programas de manutenção preventiva e corretiva, fundamental para se obter um manejo cada vez mais adequado da irrigação, vem proporcionar também uma maior eficiência na quimigação.
A vida útil de qualquer sistema de irrigação depende em primeiro lugar, de um manejo correto do sistema e de uma manutenção preventiva dos equipamentos que o compõem.
O manejo dos equipamentos de um conjunto de irrigação deve ser executado de modo a mantê-los o maior tempo possível na sua forma original, sem deformações, rachaduras, trincas e
outros danos, os quais podem provocar vazamentos que, além de reduzir a vida útil, ainda
comprometem a eficiência do sistema.
Deve-se ter cuidado para não expor estes equipamentos a intempéries desnecessariamente, como deixá-los expostos ao sol, chuva e vento, quando estes não estiverem em funcionamento. Nas situações, onde a exposição a fatores adversos for inevitável (irrigação com água salina) ou mesmo necessária (caso da quimigação) deve-se seguir à risca, todas as instruções recomendadas para evitar o desgaste dos equipamentos.
A atenção deve ser dirigida também no sentido de se reduzir ao mínimo, a necessidade de reposição de peças, de modo a tornar os sistemas menos onerosos.
Os sistemas de irrigação, de um modo geral têm exigências particulares quanto ao seu manejo, em função da maior ou menor complexidade tecnológica envolvida. Quanto maior a complexidade do sistema, mais equipamentos são necessários e, portanto, tem-se maior custo,
como ocorre com os sistemas do tipo pivô central. Para estes sistemas, existem manuais de recomendações fornecidos pelos próprios fabricantes.
Os sistemas convencionais, apesar de fazerem uso de uma tecnologia mais simples, exigem cuidados especiais, pois neles ocorre a maior interferência do irrigante. Portanto, não sendo adequadamente manejados, não cumprirão seu objetivo principal, que é o de irrigar de forma eficiente a maior área, com o menor custo. Os sistemas de laterais com movimentaçãomanual  exigem um contato ainda maior com o irrigante, em função de sua própria composição.
Os cuidados para o manejo adequado do sistema aspersão convencional devem ser tomados com relação a todos os equipamentos que formam o corpo do sistema (motobomba, tubulações, etc.). Ao colocar a motobomba em funcionamento, deve-se verificar se ela está escorvada e se o registro da linha de recalque está fechado para não sobrecarregar o motor. Tão
logo a bomba atinja a velocidade normal de funcionamento, o registro deverá ser aberto lentamente. Processo inverso, isto é fechamento lento do registro deve ser feito antes de desligar o motor. Os tubos devem ser mantidos alinhados para evitar maior esforço nas juntas de vedação.
Nos casos em que as linhas forem desmontadas, evitar a exposição das peças ao sol, para que estas não se ressequem e percam sua função. As partes submetidas a desgastes como aspersores giratórios, bocais e juntas de vedação deverão ser examinadas periodicamente e, se necessário, substituídas.
A manutenção refere-se às operações de conservação, para o bom desempenho dos sistemas, evitando o desgaste prematuro das peças. A aspersão convencional é uma tarefa muito simples de ser realizada e refere-se praticamente à manutenção do sistema motobomba.
Para os sistemas motobomba com motor a explosão, a manutenção consiste na limpeza do filtro de ar, troca do óleo lubrificante e filtro de óleo do motor. Estas trocas devem ser realizadas no momento e nas proporções recomendadas pelos fabricantes. Para as bombas, deve-se ter o cuidado de verificar o nível do óleo lubrificante, completando-o sempre que necessário; raramente há necessidade de substituição deste óleo. A drenagem da voluta da bomba é uma operação de manutenção que só deve ser realizada quando a bomba não vai ser utilizada por um longo período.
Os sistemas de irrigação localizada (gotejamento e microaspersão) variam com as peculiaridades de cada tipo e concepção, sendo em princípio, semelhantes. A composição de um sistema de irrigação por gotejamento pode ser considerada como um modelo básico desse
método de irrigação.
A irrigação localizada é um sistema fixo e se fundamenta na passagem de pequena vazão em orifícios de diâmetro reduzido de estruturas especiais chamadas de emissores. Estes são adaptados a tubulações de plástico, colocados ligeiramente acima, juntos ou imediatamente abaixo da superfície do solo. A filtragem da água (para evitar entupimento dos microaspersores e gotejadores), a possibilidade de aplicação de fertilizantes na água de irrigação, o controle volumétrico e o fornecimento de água sob pressão necessária são realizados pelo cabeçal de controle, que recebe o líquido da fonte de abastecimento através de tubulação de recalque, impulsionado por um conjunto motobomba.


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