domingo, 27 de agosto de 2023

Cultivo do Limão Taiti (introdução)

 

De origem tropical, o limão-taiti (Gtrus latiJolia) não é, na realidade, um limão verdadeiro mas uma lima ácida. Cultivado desde o século passado na Califórnia, EUA, admite-se que sua introdução naquele estado tenha ocorrido a partir de sementes de frutos importados do Taiti , derivando daí sua denominação.

No Brasil, o 'Taiti' é uma das espéciescítricas de maior importância comercial, estimando-se que sua área plantada ultrapasse, atualmente, 40 mil hectares. O Estado de São Paulo é o primeiro produtor nacional, contribuindo com quase 70% do total.

É uma planta de porte médio a grande, vigorosa e quase sem espinhos.

A folhagem é verde densa, com folhas de tamanho médio. As flore s, com cinco pétalas, também de tamanho médio, não apresentam pólen viável. A floração ocorre durante quase todo o ano, mas principalmente nos meses de setembro e outubro.

Em regiões de temperaturas elevadas, o 'Taiti' exibe fluxos contínuos de crescimento e floração, só interrompidos nos períodos de falta de chuvas. As sucessivas brotações dão origem a várias floradas que, por sua vez, proporcionam várias colheitas ao longo do ano.

Os frutos são de tamanho médio, têm a casca lisa e fina, raras sementes e, quando amadurecem (cerca de 120 dias após a florada), apresentam polpa tenra e suculenta, de cor amarelo-esverdeada, pálida. O suco, bem ácido, representa cerca de 50% do peso do fruto. O teor de ácido ascórbico varia de 20 a 40 mg/I 00 rnL de suco.

Entre as espécies cítricas, o limoeiro, ou melhor, o limão-taiti, é das mais precoces, produzindo a partir do terceiro ano. 

Na Região do Recôncavo, na Bahia, um pomar com quatro anos de idade rende, em média, 300 frutos por planta (30 kg), ou 107 mil frutos por hectare. Aos onze anos, a produtividade vai a mais de 1.100 frutos por planta (113 kg), ou cerca de 403 mil frutos por hectare.

Como referência, assinale-se que, na Flórida, EUA, o rendimento de plantios experimentais variou de 9,1 a 13,6 kg por planta no terceiro ano após o plantio; de 27 ,2 kg a 40,9 kg no quarto ano; de 59,0 kg a 81 ,7 kg no quinto ano; e de 90,8 a 113,5 kg porplanta, no sexto ano. A partir desse periodo, a produção variou com os espaçamentos no plantio. Pés com doze a quinze anos de idade chegaram a produzir 317,8 kg de frutos por ano, mas o normal por árvore é de 204,3 kga249,7 kg.

Em São Paulo, os rendimentos de pomares comerciais variam de acordo com a fase de produção: de 8,0 kg a 15,0 kg com três anos de idade; de 23,0 kg a 37,0 kg com quatro anos; de 64 kg a 86 kg com cinco anos; de 68 kg a 141 kg com seis anos e de 98 kg a 177 kg com sete anos.

A análise da produção mensal de 'Taiti' no Estado da Bahia, por três anos, mostrou que o volume colhido foi mais elevado no período de janeiro a junho, correspondendo a 61,2% do total anual. O trimestre janeiro março representou 39,2% do total, com pico no mês de março (I 7,6%). O trimestre outubro-dezembro foi o de menor produção (I 5, I % sobre o total anual), e outubro o mês de menor colheita (1,9%). Como a oferta concentra-se fortemente no primeiro semestre, nem sempre os preços do limão-taiti são compensadores.

Dai a necessidade de buscar alternativas capazes de alterar a época de floração,  forçando o amadurecimento dos frutos na entressafra.

Nas regiões semi-áridas de clima tropical, a exemplo do Nordeste brasileiro, a florada pode ser induzida pelo manejo da irrigação e da quantidade de água disponível para a planta. Após um período de déficit hídrico, com efeito, o retomo da umidade induz a planta a um ciclo de florescimento.

A aplicação correta dessa técnica de irrigação, associada a adubações balanceadas, permite obter frutos maduros no período de entressafra, quando os preços são altamente compensadores. Na maioria dos anos, o pico dos preços do limão ocorre entre os meses de setembro e novembro.

Outra alternativa muito estudada, mas ainda de pouco uso prático, consiste no uso de reguladores de crescimento, a exemplo do ethephon. Esse produto é eficiente para promover a queda de flores sendo, às vezes, utilizado com a finalidade de eliminar floradas que resultarão em safras cuja expectativa é de preços baixos. Pequena dose de ethephon, na razão de 200 ppm, é suficiente para eliminar praticamente todas as flores e frutinhos. Isso, porém, não assegura a emissão de flores na época comercialmente mais adequada. Além disso, convém destacar que o produto provoca alguns danos à planta, em virtude da fitotoxicidade.



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