segunda-feira, 22 de maio de 2017

Produção de sementes de Coqueiro


Produção de sementes

Atualmente, as principais demandas de sementes para implantação de áreas com coqueiro no Brasil, são de anão-verde e do híbrido intervarietal anão x gigante. Para atender a essas demandas, o ideal seria que só existisse no país produtores de sementes e campos de plantas estabelecidos de acordo com as normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Observa-se, no entanto, que grande parte das sementes produzidas no país, ainda é realizada em desacordo com as referidas normas, e procedentes de produtores não idôneos e de campo de plantas heterogêneas estabelecidas em isolamento. Como consequência, obtêm-se sementes constituídas por uma mistura de cultivares indesejadas, resultando em plantios desuniformes em relação às diferentes características de interesses morfológico e agronômico da cultura.
Alguns produtores de coco que exploram híbridos intervarietais de coqueiro (plantas F1 do cruzamento anão x gigante) utilizam as sementes colhidas desses híbridos (sementes F2), para produzir e comercializar mudas. Entretanto, não se recomenda plantar mudas oriundas de material F2, tendo em vista a segregação genética da semente, o que pode gerar plantios muito desuniformes em relação as características morfológicas e agronômicas de importância na exploração do coqueiro, causando grandes prejuízos aos produtores.

Produção de sementes de cultivares de coqueiro

No processo de produção de sementes registradas e certificadas de cultivares de coqueiro, é necessário o registro do produtor e do campo de plantas, como também de um agrônomo responsável pelo acompanhamento da produção de sementes, de acordo com as normas do Mapa.
O campo de plantas para produção de sementes deve ser estabelecido com cultivares homogêneas, de produção estável, de origem comprovada oficialmente e isolados de qualquer plantio de coqueiro. Considera-se como homogêneo, um campo de plantas onde 100% das plantas sejam da mesma cultivar, possibilitando assim, que as sementes produzidas representem geneticamente essa cultivar. O isolamento tem o objetivo de impedir que ocorra contaminação por pólen estranho a partir de plantios vizinhos -, evitando assim, que ocorra a produção de sementes de cultivares indesejadas.

Campo de plantas para produção de sementes de coqueiro-anão

Para produção de sementes de coqueiro-anão, considerando-se que as inflorescências abrem-se e liberam o pólen naturalmente, é importante que o campo de plantas seja estabelecido por apenas uma das cultivares, amarela, verde ou vermelha, com isolamento físico de 500 m, tanto entre si, quanto em relação a qualquer outro plantio de coqueiro. Este isolamento, no entanto, pode ser menor, variando de 200 m ou 300 m, quando ocorrem barreiras naturais (serra, vegetação nativa etc.) ou artificiais (pomares com outras frutíferas, plantio de eucalipto, entre outros).

Campo de produção de sementes de coqueiro-gigante

A demanda de sementes do coqueiro-gigante no Brasil é insignificante e basicamente restrita aos pequenos produtores de coco, pelo fato de ser uma variedade mais tolerante a condições adversas de clima e solo. Comparativamente às outras cultivares de coqueiro, é uma variedade tardia e de baixa produção de frutos. Atualmente, são poucos os plantios legítimos com essa variedade no Brasil, que correspondem, a algumas populações homogêneas e isoladas, prospectadas pela Embrapa. Por ser uma variedade de reprodução cruzada, o isolamento ideal para implantação do campo de plantas é de 1.000 m, podendo ser de 500 m, desde que ocorram barreiras naturais ou artificiais.

Campo de produção de sementes de híbridos intervarietais

As sementes dos híbridos intervarietais são produzidas, empregando-se normalmente o coqueiro-anão como parental feminino, por apresentar porte baixo; crescimento lento; florescimento precoce; inflorescência menor; maior número de emissão de inflorescência por ano e consequentemente menor intervalo entre emissões de inflorescências; maior número de flores femininas/inflorescência; maior produção de sementes/planta; e, maior densidade de plantio (205 plantas/ha). Nesse processo, como a abertura das inflorescências do coqueiro-anão é feita de forma forçada e controlada, o isolamento físico ideal para o campo de plantas de sementes híbridas comerciais é de 1.000 m, podendo ser de 500 m, desde que ocorram barreiras naturais ou artificiais.

Métodos de produção de sementes híbridas

Método natural ou dirigido
O campo de plantas é estabelecido intercalando-se duas ou três linhas do coqueiro-anão (parental feminino) com uma linha do coqueiro-gigante (parental masculino), ambos no espaçamento indicado para o coqueiro-gigante. As linhas correspondentes ao parental feminino podem ser implantadas com a mesma cultivar de coqueiro-anão ou cada uma delas com uma cultivar diferente. Com esse método, só há necessidade de emascular as inflorescências do coqueiro-anão - após a sua abertura forçada, três a quatro dias antes de sua abertura natural.
O pólen para os cruzamentos é proveniente do coqueiro gigante plantado intercalado. Este é um método considerado simples, uma vez que exige apenas a emasculação das plantas-mães, não necessitando de coleta e aplicação de pólen. Além disso, requer menos mão de obra e não apresenta exigência de montagem de um laboratório de pólen, aproximando-se bastante do processo natural de polinização. Esse método apresenta como desvantagem a limitação do processo de hibridação, uma vez que só permite a produção de sementes do(s) mesmo(s) híbrido(s) de acordo com o número de cultivares de coqueiro-anão plantados intercalados ao gigante.
Método controlado sem proteção da inflorescência
Por esse método, ao contrário do anterior, o campo de plantas é estabelecido apenas com o coqueiro-anão, no espaçamento de 7,5 x 7,5 x 7,5 m em triângulo equilátero. Esse método é composto pelos processos de coleta de pólen do parental masculino, tratamento, armazenamento e avaliação da viabilidade desse pólen, emasculação da inflorescência - após a sua abertura forçada três a quatro dias antes da abertura natural – e aplicação do pólen durante a fase de receptividade das flores femininas da inflorescência. Consequentemente, esse método é bem mais complexo, por ser constituído de várias atividades distintas durante a hibridação, exigir mais mão de obra em quantidade e qualidade para essas atividades e necessitar de infraestrutura de laboratório para os trabalhos com o manuseio e tratamento do pólen. Por ocorrer interferência do homem nas diferentes fases reprodutivas das inflorescências do coqueiro-anão, a produção de sementes híbridas por planta é menor - quando comparado a do método anterior -, mas, a produtividade é superior, devido a maior densidade de plantio do coqueiro-anão. É conveniente salientar ainda, que ao contrário do método anterior, esse é um processo bastante flexível no tocante ao número de híbridos que podem ser obtidos por planta, isto é, em uma mesma planta, pode-se obter um híbrido diferente por inflorescência emitida.
Método controlado com proteção da inflorescência
É um método praticamente igual ao anterior em termos das etapas de hibridação. A única diferença, é que o campo de plantas não é isolado no espaço físico de qualquer plantio de coqueiro e, dessa forma, no processo de hibridação para produzir sementes registradas e certificadas de coqueiro, o isolamento das inflorescências é feito de forma mecânica, com saco de lona (saco com 0,60 m de largura por 0,80 m de comprimento, dotado na parte mediana de janela de plástico). Em função dessa proteção, no interior do saco há a formação de microclima com alta umidade e temperatura, consequentemente, a produção de sementes/cacho é baixa (duas sementes/cacho). Portanto, é um método indicado apenas para produção de sementes de híbridos experimentais.




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