domingo, 17 de setembro de 2017

Coeficientes técnicos para a produção de Mirtilo


Por envolver consumidores de diversos segmentos econômicos, o mirtilo atinge valores interessantes no mercado externo, representando uma boa alternativa para a cadeia produtiva de regiões ainda com pouca tradição na sua comercialização, como a América do Sul. Dados registrados pela Organização Mundial de Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO) indicam que nos últimos 40 anos a produção mundial de mirtilo aumentou 7 vezes. No mesmo período, a área cultivada teve um acréscimo ao redor de 15 vezes. Nos últimos 11 anos, esses números praticamente duplicaram, passando de 105 mil toneladas em 1992 para 207 mil toneladas em 2002. O crescente interesse dos consumidores norte-americanos, europeus e asiáticos tem pressionado os tradicionais produtores mundiais a aumentarem a oferta do fruto, somado a novos empreendedores, entre eles o Chile, a Argentina e, mais recentemente, o Brasil. Os Estados Unidos detêm 50% da produção mundial do fruto, seguidos pelo Canadá, com 33%, e pelo continente europeu com 16%, cabendo ao restante do mundo apenas 1% de participação no volume produzido em 2002. É também nos Estados Unidos onde se encontram os maiores índices de consumo. Os norte-americanos importam cerca de 82% da produção do restante do mundo. Embora seja o maior produtor de mirtilo, o país não é auto-suficiente e, exceto nos meses de maio, junho e julho (período de safra), depende diretamente do abastecimento canadense, chileno, neozelandês e argentino. O crescente interesse dos consumidores norte-americanos, europeus e asiáticos tem pressionado os tradicionais produtores mundiais e os novos empreendedores a aumentar a oferta do fruto, entre eles o Chie, a Argentina e, mais recentemente, Uruguai e Brasil. Quanto aos países da América do Sul, cabe destacar a participação do Chile, que produz cerca de 7.500 t/ano, sendo o representante deste grupo que mais produz e mais exporta para o mercado norte-americano, concentrando seu abastecimento entre os meses de janeiro e abril. Outro país que merece destaque é a Argentina, que ingressou no mercado externo de mirtilo há pouco tempo, mas já apresenta números relevantes no abastecimento mundial da fruta. A primeira exportação argentina ocorreu em 1994 para o Reino Unido, mas somente em 1997 o país começou sua incursão pelo mercado norte-americano. Produzindo hoje cerca de 380 t/ano, 74% dessa produção é destinada ao abastecimento dos Estados Unidos entre os meses de outubro e dezembro. O quadro produtivo atual, no Brasil, está estimado em cerca de 60 toneladas, concentradas nas cidades de Vacaria e Lavras do Sul no Rio Grande do Sul, e Campos do Jordão em São Paulo, totalizando uma área de 12 ha em produção comercial. Para o ano de 2004, projeta-se um incremento de 15 ha de área plantada, o que poderá praticamente duplicar a produção. Para os próximos cinco anos, a empresa Nice Blueberries na cidade de Itá (RS) projeta aumentar a área explorada em 100 ha o que, definitivamente deixa claro o interesse brasileiro em inserir-se neste promissor mercado. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Fruticultura (IBRAF), em 2002 o Brasil exportou cerca de quatro toneladas de mirtilo, o que representou uma receita de US$ 24.000,00 aos produtores e divisas para o Brasil. Trata-se de um número pouco significativo, face ao potencial natural que o País oferece para a produção comercial. Porém, em vista das previsões otimistas, novos investidores surgirão, preenchendo a fatia do mercado interno, ainda não explorado com o produto nacional e, principalmente, o mercado internacional, facilitado pela política cambial ora praticada no Brasil.

Coeficientes de produção

A cultura do mirtilo explorada com fins comerciais, no Brasil, é recente e carece de informações econômicas, capazes de registro, como custo de produção, vida útil de um pomar, produtividade média durante a vida útil, etc. Na Tabela 8 discriminam-se as operações que compõem o sistema de produção explorado comercialmente no País e seus coeficientes técnicos.
Tabela 1. Coeficientes técnicos para a produção de Mirtilo (por hectare)
Especificação
Unidade
Quantidade
Implantação
Produção
1. Insumos
 
 
 
Mudas
muda
2.200
--
Sulfato de amônia
kg
--
200
Sulfato de potássio
kg
150
--
Superfosfato triplo
kg
216
60*
Mangueira (irrigação por gotejo)**
m
3.300
--
Formicida
kg
4
--
Cumbuca (100 gr)
Un.
60.000
--
Caixas de papelão
Un.
6.000
--
2. Preparo do solo e plantio
 
 
 
Roçada mecânica (3x)
H/M
0,5
0,5
Aração mecânica (1x)
H/M
0,5
--
Gradagem mecânica
H/M
0,5
--
Marcação e nivelamento
D/H
2
--
Coveamento e plantio
D/H
3
--
3. Tratos culturais
 
 
 
Capina mecânica (3x)
D/H
1
1
Capina manual (3x)
D/H
3
3
Aplicação de adubo (cobertura)
D/H
3
6
Aplicação de formicida
D/H
2
2
Poda verde
D/H
2
4
Poda de inverno
D/H
--
5
Irrigação
D/H
10
15
4. Colheita (***)
 
 
 
Colheita manual
D/H
--
15
Transporte interno
D/H
10
40
Embalagem
D/H
--
20
(*) Dependendo da análise foliar
(**) Moto bomba 3 a 5 cv/uma mangueira de 2"
(***) 3 t/ha no primeiro ano de produção; 6 t/ha nos anos seguintes.
Fonte: Embrapa Clima Temperado



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