quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Cultivares e Propagação da Framboesa



Cultivares

A maioria das cultivares de framboeseira são originárias de cruzamentos entre Rubus idaeus var. VulgatusArrhen, originária da Europa, e R. idaeus var. Strigosus Michx., originária da América do Norte e Ásia, tendo sido acrescentados genes das espécies R. occidentalis L., R. Cockburnianus Hemls., R. Biflorus Buch., R. Kuntzeanus Hemls., R. Parvifolius Hemls., R. pungens oldhamii (Mig.) Maxim., R. arcticus L., R. stellatusSm. E R.odoratus L. (DAUBENY, 1996).
No Brasil, as principais cultivares utilizadas são:
  • `Heritage`: originária de Geneva, Estado de Nova York, Estados Unidos, resultante do cruzamento entre as cultivares (Milton x Cuthbert) e Durham, realizado na Universidade de Cornell, em 1969. Trata-se da cultivar de framboeseira de maior distribuição no mundo, tendo sido, por muitos anos, a principal cultivar dos Estados Unidos e, atualmente, a de maior área plantada no Chile. Por isso, tem sido utilizada como parental em vários programas de melhoramento. As plantas de `Heritage` são de elevado porte (1,5 m a 2,1 m), eretas e muito vigorosas, perfilhando com facilidade. A cultivar é suscetível ao afídeo vetor do vírus do mosaico da framboeseira. É do tipo remontante (primocane). Os frutos são cônicos, de tamanho médio, vermelhos, firmes, de qualidade regular e maturação tardia, indicados para a comercialização tanto na forma in natura quanto congelada. A cultivar desenvolve-se adequadamente em diferentes tipos de solo; no entanto, exige mais de 600 horas anuais de frio hibernal (< 7,2 oC) para frutificação. Por essa razão, no Brasil, vem sendo cultivada somente nas regiões da Alta Mantiqueira (Campos do Jordão e Gonçalves), de Vacaria e de Caxias do Sul (JOUBLANET et al., 2002; PLAZA, 2003; CORNELL UNIVERSITY, 2006b; RASEIRA et al., 2004; NOURSE, 2006).
  • `Autumn Bliss`: originária de East Malling, Inglaterra, resultante de vários cruzamentos realizados em 1974, entre as espécies R. strigosusR. arcticus e R. occidentalis, e as cultivares Malling Landmark, Malling Promise, Lloyd George, Pyne`s Royal e Norfolk Giant. Em geral, a `Autumn Bliss` é mais produtiva e seus frutos são maiores e de melhor sabor do que os da cultivar Heritage, porém não são tão firmes. A produção ocorre nas hastes primárias, que são moderadamente numerosas e glabras, com muitos espinhos. A cultivar é menos exigente em horas de frio do que a `Heritage`, podendo ser cultivada em solos de média fertilidade, mas que apresentem boa drenagem. Trata-se de uma cultivar remontante, como a `Heritage`, porém de produção precoce, resistente a afídeos vetores do vírus do mosaico da framboeseira e suscetível ao vírus do nanismo arbustivo de Rubus. A `Autumn Bliss` tem apresentado bom desempenho produtivo no sul de Minas Gerais e na região de Caxias do Sul (OLMOS, 2000; JOUBLANET et al., 2002; RASEIRA et al., 2004; MICHIGAN STATE UNIVERSITY, 2006).
  • `Batum`: planta com hábito de crescimento semelhante a `Autumn Bliss`. Cultivar também do tipo remontante, com frutas de coloração vermelho e de formato oval. Apresenta baixa exigência em horas de frio, tendo apresentado boa adaptação no sul de Minas Gerais (RASEIRA et al., 2004). Desconhece-se a origem.
  • `Dormanred`: foi obtida por cruzamento entre Rubus parvifolius e a cultivar Dorsett, realizado em 1949, na Estação Experimental da Universidade de Mississipi, Estados Unidos (BROOKS; OLMO, 1997). Suas hastes são prostradas, necessitando ser amarradas à espaldeira. Foi testada em Pelotas, RS, e tem boa adaptação. O sabor das frutas é doce-ácido, predominando a acidez. As frutas têm ótima aparência, apresentando cor vermelha brilhosa. São excelentes para a elaboração de geleias e doces caseiros. Segundo Brooks e Olmo (1997), as plantas da cultivar Dorman red são produtivas e tolerantes às altas temperaturas de verão.
  • `Scepter`: originária de College Park, Madison, Estados Unidos, resultante do cruzamento entre as cultivares September e Durham. As plantas são muito vigorosas, tolerantes a variações de temperatura durante o inverno. A frutificação ocorre nas hastes primárias, com produção de frutos grandes, de coloração vermelho-média e moderadamente macios (BROOKS; OLMO, 1997; RASEIRA et al., 2004).
  • `Southland`: originária de Raleigh, Carolina do Norte, Estados Unidos, resultante de cruzamento realizado em 1953, entre as seleções N.C. 237 e Md. S420-5. As plantas são vigorosas, multiplicam-se com facilidade e necessitam de solos férteis e de boa drenagem, em razão de serem sensíveis à asfixia das raízes. A cultivar é resistente à mancha da folha, oídio e mancha do caule. Apresenta baixa exigência em frio, tendo sido obtidas produções satisfatórias em regiões do País com cerca de 300 horas de frio. As frutas são de tamanho médio, de coloração vermelho-clara, forma cônica, simétrica, firmes e de sabor levemente ácido (RASEIRA et al., 2004).
Várias outras cultivares, de diferentes procedências, apresentam potencialidade de cultivo no Brasil, destacando-se aquelas originárias de regiões com invernos amenos. Nos países de clima temperado, estão sendo conduzidos vários programas de melhoramento genético de framboeseira, tendo sido frequente a disponibilização de novas cultivares. A grande maioria dessas cultivares está protegida por patentes, sendo necessário o pagamento de royalties para o acesso dos produtores a esses materiais genéticos. Dentre essas cultivares, destacam-se: Amity, Anne, Cascade Bounty, Cascade Dawn, Cascade Delight, Caroline, Chemainus, Chilliwack, Chinook, Cowichan, Coho, Cumberland, Durham, Encore, Eskimalt, FallRed, Huron, Illini Hardy, Jaclyn, Kiwigold, Lauren, Malahat, Meeker, Moutere, Munger, Nectar, Prelude, Royalty, Ruby, Titan, Willamette (CORNELL UNIVERSITY, 2006a; NOURSE, 2006).
Há também programas de melhoramento genético conduzidos por empresas privadas, cujas cultivares são disponibilizadas somente a seus fornecedores. É o caso da cultivar Maravilha, de excepcional qualidade e alta produtividade.

Propagação

A muda é um dos principais insumos do sistema de produção de fruteiras, pois, com mudas sadias, pode-se reduzir o uso de defensivos químicos (BETTI et al., 2000). Além disso, a muda consiste no ponto de partida para a obtenção de um melhor nível de resposta a qualquer tecnologia empregada no pomar (OLIVEIRA et al., 2004). A renovação ou a formação de novos pomares de framboeseira tem sido frequentemente realizada, utilizando hastes enraizadas de pomares mais antigos, o que não consiste na melhor prática do ponto de vista fitossanitário. Segundo Nickel (2003), a infestação de viroses nos pomares estabelecidos no País pode ser considerada elevada, conforme sugeriram testes biológicos realizados na Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves, RS) em amostras da região. Segundo o autor, essa suposição decorre do fato de que a maioria das cultivares de pequenas frutas foram introduzidas no Brasil antes da década de 1980, quando não havia programas de limpeza clonal e de certificação nos países de origem desses materiais, os quais são propagados vegetativamente. A propagação de framboeseira por meio de sementes também não é recomendada, em função da variabilidade genética decorrente do processo de segregação genética (INFOAGRO, 2006). Visando trabalhar com o conceito de prevenção de pragas e de doenças, como medida de redução de custos e otimização da produtividade e da qualidade dos frutos, o pomar deve ser formado utilizando mudas certificadas, que são as que oferecem melhor qualidade genética, fitotécnica e fitossanitária.




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