segunda-feira, 7 de maio de 2018

Condução de Viveiros Cítricos (limão,laranja e tangerina)

Instalação

O viveiro deve ser instalado, preferencialmente, em local com exposição norte, o mais distante possível de plantas cítricas. O viveiro deverá estar caracterizado quanto às suas coordenadas geodésicas (latitude e longitude), segundo o Sistema Geodésico Brasileiro, expressas em graus, minutos e segundos, tomadas no ponto central do viveiro (BRASIL, 2013).
O viveiro deve ser construído em solo adequadamente nivelado, de maneira a não permitir a entrada de água de escorrimento superficial. Quebra-ventos devem ser instalados na posição dos ventos predominantes, podendo-se utilizar, para tanto, espécies como grevílea (Grevillea robusta A.Cunn.), casuarina (Casuarina equisetifolia L.) ou Pinus spp.

Estrutura

Recomenda-se que as mudas e os porta-enxertos certificados de citros sejam produzidos em ambiente protegido contra insetos vetores de doenças, principalmente cigarrinhas e afídeos.
O ambiente protegido deve apresentar uma estrutura resistente a ventos fortes, para evitar a exposição das mudas durante o processo de produção, e uma mureta lateral de concreto, com altura mínima de 30 cm, para evitar a entrada de água das chuvas por respingos.
Normalmente, os produtores de mudas certificadas de citros têm construído viveiros com estrutura de aço galvanizado e perfis de alumínio, revestidos lateralmente com tela antiafídica branca e cobertura plástica com filme de polietileno transparente com 150 micra de espessura, tratados contra raios ultravioletas (Figura 1). Esse tipo de instalação tem sido a mais prática e econômica, pois possui uma vida útil em torno de 25 anos. Geralmente, a tela antiafídica e a cobertura plástica apresentam durabilidade de cinco e três anos, respectivamente, dependendo do clima e do manuseio dado pelo viveirista.
Foto: Roberto Pedroso de Oliveira.
Figura 1. Modelo de viveiro telado de citros.
A altura do pé-direito e o formato do telado são determinantes no controle da temperatura interna do ambiente protegido. Em média, as cultivares de citros somente apresentam crescimento vegetativo em temperaturas entre 13 ºC e 34 ºC (AMARAL, 1982). No entanto, as condições que maximizam o crescimento situam-se entre 26 ºC e 28 ºC (WREGE et al., 2004). A umidade relativa do ar de 65% é considerada ideal para o desenvolvimento de plantas cítricas (JOAQUIM, 1997). Obviamente, deve-se projetar e manejar a estrutura do viveiro visando temperaturas favoráveis às plantas pelo maior período de tempo possível.
Nas condições climáticas do Rio Grande do Sul, ou seja, invernos frios e prolongados e verões quentes, podem-se utilizar módulos largos com cortinas plásticas móveis, para conservação do calor nos períodos frios, e sistemas de abertura de janelas nas porções superiores do telado e/ou de ventilação forçada para eliminação de ar quente, nos períodos de temperaturas elevadas. Os viveiros telados podem apresentar sistemas de aquecimento a gás ou a vapor de água, regulados manualmente ou por termostato. Diversos sistemas de aquecimento e de refrigeração estão disponíveis no mercado. A opção pelo uso de um desses sistemas deve basear-se na análise da relação custo-benefício.
Para o manejo adequado das mudas, a altura do pé-direito do viveiro-telado deve ser de, no mínimo, 3 m sob as calhas. Em geral, o custo de implantação e de manutenção do sistema de climatização é diretamente proporcional à altura do pé-direito do viveiro.
A cobertura plástica é importante para o manejo da irrigação, principalmente em regiões que apresentam concentração de chuva em determinados períodos. Desta forma, evita-se o encharcamento do substrato, com consequente proliferação de doenças, e a redução da porcentagem de pegamento das enxertias. Esse tipo de cobertura também possibilita melhor captação de calor nos meses mais frios, que pode ser mantido com o fechamento das cortinas laterais.
Diferentes diâmetros de malha da tela podem ser utilizados nos viveiros, desde que com tamanho igual ou inferior a 87 centésimos de milímetro por 30 centésimos de milímetro. Desta forma, o uso de telas com malha de 1 mm2 não é mais permitido em viveiros-telados de citros, devendo-se utilizar telas antiafídicas (BRASIL, 2013). Deve-se ter em mente que telas com menores diâmetros de malha proporcionam menor ventilação, aumentando a temperatura tanto no verão quanto no inverno. No entanto, conferem maior proteção quanto à entrada de pragas no viveiro. Permanentemente, a integridade da tela do viveiro deve ser analisada pelos funcionários, efetuando-se o conserto de furos ou rasgos assim que ocorram.
O viveiro telado deve possuir antecâmara com duas portas dispostas perpendicularmente para dificultar a entrada de insetos. As portas devem permanecer abertas o menor tempo possível, devendo-se abrir a porta que dá acesso ao telado somente quando a externa estiver fechada. Entre as duas portas deve ser instalado um pedilúvio contendo cobre e/ou amônia quaternária para desinfestação dos calçados. A dimensão mínima da antecâmara deverá ser de 4 m2 (BRASIL, 2013).
No interior do viveiro telado, as mudas devem ser dispostas em bancadas com altura mínima de 30 cm. Graf (1999) recomenda bancadas com 40 cm a 50 cm de altura, para facilitar o trabalho dos funcionários e evitar que respingos de água do solo atinjam as mudas. As bancadas podem ser confeccionadas de madeira, ferro ou cimento e as mudas podem ser dispostas em grupos de seis ou oito fileiras (Figura 2). O espaçamento mínimo entre bancadas deve ser de 60 cm para facilitar o manuseio das mudas. Com esta distribuição, podem ser produzidas, em média, 25 mudas por m2 de viveiro.
O piso do viveiro deve ser constituído por uma camada de, pelo menos, 5 cm de espessura de brita ou ser cimentado nas áreas de circulação, o que facilita as operações de limpeza (Figura 3).
Foto: Roberto Pedroso de Oliveira.
Figura 2. Disposição das mudas de citros em grupo de oito na bancada mista de madeira e concreto.
Foto: Roberto Pedroso de Oliveira.
Figura 3. Piso de brita no viveiro telado de citros.

Controle de acesso

A propriedade deve ser fechada com cerca-viva para garantir melhor controle do acesso de pessoas e de veículos. Antes de entrar na propriedade, os veículos, principalmente caminhões, devem ser vistoriados em relação à presença de restos de cultura, os quais devem ser removidos. Em seguida, devem passar por um sistema fixo de arco rodolúvio ou ser pulverizados manualmente com solução bactericida composta por amônia quaternária, na diluição de 1 L do produto comercial para 1.000 L de água. O ideal é que toda a superfície dos veículos entre em contato com a solução desinfetante. Deve-se, sempre, respeitar o prazo de validade da amônia quaternária antes e após a diluição do produto em água. Segundo Feichtenberger (1998), a solução bactericida deve ser substituída a cada 48 horas. Estas medidas visam evitar a entrada de pragas e de doenças no viveiro, principalmente o cancro cítrico.

Treinamento de funcionários

Os funcionários do viveiro devem receber treinamento sobre todas as fases de produção da muda, com ênfase em aspectos relacionados à qualidade e à eficiência dos processos envolvidos. Todos os funcionários devem conhecer os sintomas provocados pelas doenças, desequilíbrios fisiológicos, deficiências e toxidez de nutrientes. Catálogos com ilustrações dessas situações estão disponíveis no mercado para esse tipo de treinamento. Dessa forma, as mudas devem ser constantemente inspecionadas.
Recomenda-se que certas atividades, como semear, enxertar, desbrotar, irrigar, aplicar defensivos e nutrientes, sejam divididas entre os funcionários, de forma a atribuir responsabilidades individuais.
O viveirista deve fornecer uniformes aos funcionários, que devem ser lavados diariamente. Antes de iniciar o trabalho, os funcionários devem trocar de roupa, inclusive de calçados, e lavar as mãos com sabonete. A pele humana pode ser desinfestada com produto químico à base de digluconato de clorohexidina, na diluição de 1 L do produto comercial para 200 L de água (CARVALHO et al., 2000).
As ferramentas de trabalho devem ser exclusivas para cada telado, devendo ser desinfestadas com formalina a 2,5% antes e após o uso.



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Carlos Pena compartilhou os seguintes PDF:

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