sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Produção e obtenção de mudas de Banana Irrigada



Produção e obtenção de mudas

As mudas têm papel fundamental na qualidade fitossanitária do bananal, uma vez que pragas (nematoides e broca-do-rizoma) e doenças (mal-do-panamá, moko, podridão-mole e vírus) podem ser disseminadas pelo uso de mudas contaminadas. Além do aspecto fitossanitário, a precocidade do primeiro ciclo, produção e peso médio do cacho também devem ser considerados em função do tipo da muda. Os principais métodos de obtenção e produção de mudas são a seguir descritos.

Propagação convencional
As bananeiras cultivadas são propagadas por meio de mudas desenvolvidas a partir de gemas do seu caule subterrâneo, o rizoma. O ideal é que as mudas sejam oriundas de viveiros estabelecidos com a finalidade exclusiva de produção de material propagativo de boa qualidade. Os viveiros devem ser implantados no espaçamento de 1,0 x 1,5m e devem ser renovados de quatro em quatro anos.

No caso da inexistência de viveiros, as mudas devem ser obtidas de bananal com plantas bem vigorosas e em ótimas condições fitossanitárias, com idade inferior a quatro anos e que não apresente mistura de cultivares e presença de plantas infestantes de difícil erradicação, a exemplo da tiririca ou dandá (Cyperus rotundus). Para produção de mudas devem ser adotados os seguintes cuidados: 1) utilizar solos que ainda não tenham sido cultivados com bananeiras; 2) usar mudas isentas de pragas e doenças; e 3) fazer desinfecção das ferramentas no viveiro durante os tratos culturais.

As mudas mais adequadas para o plantio são: a) Chifrinho - caracterizada por apresentar altura entre 20 a 30 cm e presença única de folhas lanceoladas; b) Chifre - de 50 a 60 cm de altura e folhas lanceoladas; e c) Chifrão - altura entre 60 e 150 cm, apresentando mistura de folhas lanceoladas com folhas típicas de planta adulta.

Fracionamento de rizoma
É uma técnica de propagação simples e de elevada taxa de multiplicação, indicada para qualquer cultivar de bananeira, consistindo das seguintes etapas: a) arranquio das plantas, preferencialmente com rizoma bem desenvolvido; b) limpeza do rizoma mediante a remoção de raízes e partes necrosadas, c) eliminação de parte das bainhas do pseudocaule, de modo a expor as gemas intumescidas; d) fracionamento do rizoma em tantos pedaços quantas forem as gemas existentes e; e) plantio dos pedaços de rizoma em canteiros devidamente preparados com matéria orgânica.

Recomenda-se que os rizomas tenham peso aproximado de 800 g quando obtidos de plantas que não floresceram, e entre 1200 a 1500 g de plantas já colhidas.

Para o plantio deve-se abrir sulcos com profundidade suficiente para enterrar completamente os pedaços de rizoma, utilizando o espaçamento de cerca de 20 cm entre sulcos por 5 cm entre frações. Durante toda a fase de canteiro deve-se realizar irrigação para manter o solo sempre úmido, assegurando assim índice de pegamento em torno de 70%. Como as gemas apresentam diferentes estádios de desenvolvimento fisiológicos, a transferência das mudas, com todo o sistema radicular, para campo deve ser iniciada a partir do 3º mês.

Micropropagação
A micropropagação, ou propagação in vitro, consiste no cultivo, sob condições assépticas e controladas em laboratório, de segmentos muito pequenos de plantas, os explantes. Por meio dessa técnica obtém-se grande número de mudas idênticas à planta matriz em curto período de tempo. As mudas tipo chifrinho são as indicadas para o cultivo in vitro, mas também podem ser utilizadas gemas laterais de plantas mais desenvolvidas. A planta matriz deve ser vigorosa e livre de patógenos.

As etapas da micropropagação são: a) estabelecimento – redução do tamanho do material de partida (explante), esterilização superficial e introdução in vitro; multiplicação – cultivos sucessivos em meio de cultura contendo regulador de crescimento para estimular a formação de brotações; b) enraizamento e alongamento – individualização dos brotos, crescimento da parte aérea e formação de raízes; e d) aclimatização – adaptação da planta ao ambiente externo ao laboratório.

As mudas de banana micropropagadas, por serem geneticamente uniformes, sadias, vigorosas e por permitirem a aplicação de tratos culturais e colheitas mais homogêneas, são recomendadas para sistemas de produção tecnificados. São ainda mais produtivas e evitam a disseminação de pragas e doenças.

Mudas

A produção comercial de mudas de bananeira é feita a partir dos rebentos que se desenvolvem no caule subterrâneo, chamado rizoma, bem como por meio do corte desse rizoma em pedaços e por micropropagação, que é realizada em laboratório.

As mudas de bananeira devem ser de boa procedência. Para a sua retirada do bananal, devem ser selecionadas touceiras que apresentem melhor vigor vegetativo e que tenham produzido cachos de bom peso e com bananas de bom tamanho. Existem vários tipos de muda, destacando-se as seguintes: chifrinho, chifre, chifrão, muda adulta (Figura 1) e rizoma fracionado. Os diferentes tipos de muda têm uma única origem: são todas provenientes do rizoma e diferenciam-se apenas no que se refere ao desenvolvimento. O rebento com 0,20 m a 0,30 m ou dois a três meses de idade, recebe o nome de chifrinho; passa a denominar-se chifre ao atingir 0,30 m a 0,60 m de altura, ambos possuem folha em forma de lança. Quando o rebento encontra-se mais desenvolvido, com idade aproximada de sete a nove meses (0,60 m a 1,50 m) e apresentando a primeira folha normal, recebe o nome de chifrão. O contínuo desenvolvimento do rebento leva-o ao estágio de muda adulta, ocasião em que está apta a emitir a florescência (futuro cacho).

Foto: Luiz Gonzaga Bione Ferraz
Figura 1. Tipos de muda de bananeira.

Para o arranquio deve ser feita uma vala em torno da muda a ser retirada e separada da planta-mãe usando uma pá reta, fechando-se a vala em seguida. Deve-se ter o cuidado para não retirar mudas em excesso, nem tampouco retirar na época de produção do cacho. A limpeza das mudas deve ser realizada no local de origem, retirando-se todas as raízes e eliminando de forma superficial o tecido escuro que envolve o rizoma da muda, com o uso de uma faca. Essa operação é chamada de descorticamento (Figura 2). Após a limpeza, as mudas que apresentarem galerias provocadas pela broca-da-bananeira ou lesões causadas por nematóides deverão ser descartadas.

Foto: Luiz Gonzaga Bione Ferraz
Figura 2. Limpeza da muda de bananeira.

Foto: Luiz Gonzaga Bione Ferraz
Figura 3. Muda limpa e rebaixada

Na propagação por fracionamento de rizoma, que é usada quando há dificuldade de se obter mudas, selecionam-se plantas que já produziram ou que estejam em floração, e também mudas altas. Em seguida são retirados os rizomas, que após a limpeza são cortados verticalmente em pedaços longitudinais podendo variar entre quatro e oito pedaços, a depender do tamanho do rizoma e da variedade; porém, devem ter um peso mínimo em torno de 1 kg. Após o tratamento preventivo, os pedaços de rizoma necessitarão da “ceva” para cicatrização do corte e desenvolvimento das gemas laterais. A ceva consiste em enterrar os pedaços de rizoma em canteiros especialmente preparados para este fim, nos quais serão abertos sulcos distanciados 20 cm entre si para que o pedaço de rizoma seja colocado levemente inclinado, com o “olho” voltado para baixo e enterrado completamente. Deve-se cobrir o canteiro com plástico ou palhas e periodicamente irrigá-lo para manter o solo sempre úmido. Após 21 dias, realizam-se as primeiras observações e a retirada dos pedaços com gemas laterais inchadas. A segunda retirada deve ser realizada oito dias após a primeira e, daí por diante, semanalmente até a quarta retirada. Os pedaços que até então não brotarem serão descartados, por possuir baixo vigor. Cada retirada irá compor um talhão diferente, para dar maior uniformidade às mudas por ocasião do plantio definitivo.

Atualmente, vem ganhando espaço entre os bananicultores a utilização de mudas propagadas por cultura de tecidos (Figura 4) em laboratórios chamados biofábricas. Essa forma de produzir mudas é chamada micropropagação ou propagação in vitro. São mudas livres de doenças e pragas, o que evita a disseminação desses problemas no campo.

Foto: Luiz Gonzaga Bione Ferraz
Figura 4. Mudas de bananeira micropropagadas.




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