quinta-feira, 18 de abril de 2019

Pragas da Bananeira Irrigada



Principais pragas e métodos de controle

Broca-do-rizoma - Cosmopolites sordidus (Germ.) (Coleoptera: Curculionidae)
O adulto é um besouro preto, conhecido também como moleque-da-bananeira, que mede cerca de 11 mm de comprimento e 5 mm de largura (Figura 1). Durante o dia, os adultos são encontrados em ambientes úmidos e sombreados junto às touceiras, entre as bainhas foliares e nos restos culturais. Os danos são causados pelas larvas, as quais constroem galerias no rizoma (Figura 2), debilitando as plantas e tornando-as mais sensíveis ao tombamento. Plantas infestadas normalmente apresentam desenvolvimento limitado, amarelecimento e posterior secamento das folhas, redução no peso do cacho e morte da gema apical.

Foto: Nilton Fritzons Sanches.
Foto do adulto da broca-do-rizoma da bananeira.
Figura 1. Adulto da broca-do-rizoma da bananeira.

Foto: Zilton José Maciel Cordeiro.
Foto dos danos provocados pela larva da broca-do-rizoma da bananeira.
Figura 2. Danos provocados pela larva da broca-do-rizoma da bananeira.



Controle: a utilização de mudas sadias (convencionais ou micropropagadas) é o primeiro cuidado a ser tomado para o controle dessa praga, evitando que ela não seja levada pelo material propagativo para novas áreas de plantio.

O emprego de iscas atrativas tipo telha ou queijo é bastante útil no monitoramento/controle do moleque. Estas devem ser confeccionadas com plantas recém-colhidas (no máximo até 15 dias após a colheita). Recomenda-se o emprego de 20 iscas por hectare (monitoramento) e de 50 a 100 iscas por hectare (controle), com coletas semanais e renovação das iscas a cada quinze dias. Os insetos capturados podem ser coletados manualmente e, posteriormente, destruídos. As iscas também podem ser tratadas com inseticida biológico à base de um fungo entomopatogênico (Beauveria bassiana), dispensando-se, nesse caso, a coleta dos insetos. O modo de atuação do controle biológico é por contato, sendo que os insetos contaminados podem demorar cerca de sete a dez dias para morrer após a aplicação do produto e mais alguns dias até o aparecimento da massa branca externa ao corpo do inseto, responsável pela disseminação do fungo para insetos sadios.

O controle por comportamento preconiza o emprego de feromônio sintético para atração dos insetos. Utilizam-se armadilhas tipo poço ou rampa (Figuras 3 e 4), ou seja, recipientes plásticos nos quais o sachê contendo o produto deve ser colocado acima do nível do solo e livre para permitir a dispersão do odor. No fundo das armadilhas, recomenda-se que seja adicionada solução de água + detergente neutro a 3% para impedir que os insetos atraídos saiam das armadilhas. Recomenda-se o uso de quatro armadilhas por hectare para o monitoramento da broca, devendo-se renovar o sachê contendo o feromônio a cada 30 dias.

Foto: Marilene Fancelli.
Foto da armadilha de feromônio tipo poço.
Figura 3. Armadilha de feromônio tipo poço.

Foto: Ana Lúcia Borges.
Foto da armadilha de feromônio tipo rampa, com detalhe para o sachê contendo o produto.
Figura 4. Armadilha de feromônio tipo rampa, com detalhe para o sachê contendo o produto.



O uso de inseticidas deve ser realizado de acordo com os procedimentos de segurança recomendados pelo fabricante e órgãos estaduais e federais de defesa vegetal. Informações acerca dos produtos registrados para a cultura para o controle da broca-do-rizoma podem ser obtidas no site do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), em Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários – AGROFIT, na Secretaria de Defesa Agropecuária – DAS  (http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons).

Tripes
Tripes da erupção dos frutos - Frankliniella spp. (Thysanoptera: Aelothripidae)
Apesar do pequeno tamanho (cerca de 1 mm de comprimento) e da agilidade, são facilmente vistos por causa da coloração branca ou marrom-escura. Os adultos são encontrados geralmente em flores jovens abertas. Também podem ocorrer nas flores ainda protegidas pelas brácteas. Os danos provocados por esses tripes manifestam-se nos frutos em desenvolvimento, na forma de pontuações marrons e ásperas ao tato (Figura 5), o que reduz o seu valor comercial, mas não interfere na qualidade da fruta.

Foto: Aristoteles Pires de Matos.
Foto do dano provocado pelo tripes da erupção dos frutos.
Figura 5. Danos provocados pelo tripes da erupção dos frutos.



Controle: a despistilagem e a eliminação do coração podem reduzir a população desses insetos, contribuindo para diminuição dos prejuízos. Recomenda-se a utilização de sacos impregnados com inseticida (conforme procedimentos de segurança recomendados pelo fabricante e órgãos estaduais e federais de defesa vegetal), no momento da emissão do cacho, para reduzir os prejuízos causados pelo tripes da erupção dos frutos.

Tripes da ferrugem dos frutos - Chaetanaphothrips spp., Caliothrips bicinctus Bagnall,Tryphactothrips lineatus Hood, Bradinothrips musae (Thysanoptera: Thripidae)
São insetos pequenos (1 a 1,2 mm de comprimento), que vivem nas inflorescências, entre as brácteas do coração e os frutos. Seu ataque provoca o aparecimento de manchas de coloração marrom (semelhante à ferrugem) (Figura 6). O dano é causado pela oviposição e alimentação do inseto nos frutos jovens. Em casos de forte infestação, a epiderme pode apresentar pequenas rachaduras em função da perda de elasticidade. B. musae tem importância quarentenária para alguns países importadores de banana.

Foto: Ana Lúcia Borges.
Foto do dano provocado pelo tripes da ferrugem dos frutos.
Figura 6. Danos provocados pelo tripes da ferrugem dos frutos.



Controle: para o controle desses insetos, deve-se efetuar o ensacamento do cacho e a remoção das plantas infestantes, tais como Commelina sp. e Brachiaria purpurascens, hospedeiras alternativas dos insetos.

Lagartas desfolhadoras - Caligo spp., Opsiphanes spp. (Lepidoptera: Nymphalidae), Antichloris spp. (Lepidoptera: Arctiidae)
As principais espécies de Caligo que ocorrem no Brasil são brasiliensis, beltrao e illioneus. No estágio adulto, Caligo sp. é conhecida como borboleta-corujão. As lagartas, no máximo desenvolvimento, chegam a medir 12 cm de comprimento e apresentam coloração parda (Figura 7). No gênero Opsiphanes, registram-se no Brasil as espécies invirae e cassiae. Na fase adulta, são borboletas que apresentam asas de coloração marrom, com manchas amareladas. Na fase jovem, as lagartas possuem coloração verde, com estrias amareladas ao longo do corpo, alcançando cerca de 10 cm de comprimento (Figura 7). O terceiro grupo de lagartas que ataca a bananeira pertence às espécies Antichloris eriphia e A. viridis. Os adultos são mariposas de coloração escura, com brilho metálico. As lagartas apresentam fina e densa pilosidade de coloração creme, medindo 3 cm de comprimento (Figura 7). As lagartas pertencentes ao gênero Caligo e Opsiphanes provocam a destruição de grandes áreas, enquanto que as do gênero Antichloris apenas perfuram o limbo foliar (Figura 8).

Fotos: Antonio Lindemberg Martins Mesquita (a e b) e Aristoteles Pires de Matos (c).
Foto das lagartas de Caligo sp., Opsiphanes sp. e Antichloris sp. (da esquerda para direita). 
Figura 7. Lagartas de Caligo sp. (a), Opsiphanes sp. (b) e Antichloris sp. (c).

Foto: Antonio Lindemberg Martins Mesquita.
Foto dos danos causados por lagartas desfolhadoras.
Figura 8. Danos causados por lagartas desfolhadoras.



Controle: normalmente, não há necessidade de intervenção para controle desses insetos, em vista de que os inimigos naturais mantêm a população de lagartas sob controle. Dessa forma, recomenda-se que qualquer aplicação de inseticidas no bananal seja realizada com cautela, para evitar a destruição dos inimigos naturais.

Pulgão da bananeira - Pentalonia nigronervosa Coq. (Hemíptera: Aphididae)
As colônias desse inseto localizam-se na porção basal do pseudocaule, protegidas pelas bainhas foliares externas. Medem cerca de 1,2 a 1,6 mm de comprimento, sendo que as formas adultas apresentam coloração marrom, enquanto que as formas jovens são mais claras. Os danos diretos são devidos à sucção de seiva das bainhas foliares externas (próximo ao nível do solo), levando à clorose das plantas e deformação das folhas. Em altos níveis populacionais, podem ser encontrados no ápice do pseudocaule, provocando o enrugamento da folha terminal. Os danos indiretos são devidos à transmissão do mosaico da bananeira (CMV).

Controle: os inimigos naturais presentes no bananal são fundamentais para a manutenção das populações do pulgão da bananeira em níveis não prejudiciais à cultura.

Ácaros de teia - Tetranychus spp. (Acari: Tetranychidae)
Na forma adulta, medem cerca de 0,5 mm de comprimento. Apresentam coloração avermelhada, com pigmentação mais acentuada lateralmente. Os ácaros formam colônias na face inferior das folhas, tecendo teias no limbo foliar normalmente em torno da nervura principal (Figura 9). São favorecidos por umidade relativa baixa. O ataque dessa praga torna a região infestada inicialmente amarelada; posteriormente, torna-se necrosada, podendo secar a folha. Sob alta infestação, podem ocorrer danos aos frutos.

Foto: Nilton Fritzons Sanches.
Foto dos danos causados pelos ácaros tetraniquídeos (de teia).
Figura 9. Danos causados pelos ácaros tetraniquídeos (de teia).

Controle: Não há produtos registrados para o controle desta praga em bananeira.



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