O abacateiro (Persea americana Mill.) e nativo das serras do Mexico e da Guatemala e da costa do Pacifico da America Central.
As variedades de abacateiro sao organizadas em tres racas horticolas, de acordo com sua origem. A raca Mexicana provem das terras altas do Mexico, enquanto a raca Guatemalense e originaria da Guatemala. A raca Antilhana e originaria das terras baixas da costa do Pacifico da Guatemala ate o Panama.
A chegada do abacateiro ao Brasil esta indiretamente ligada a fatos de grande Importancia historica. No seculo XIX, a Europa ocidental atravessava um periodo de intensas disputas e, por isso, a familia real portuguesa decidiu imigrar para o Brasil em fins de 1807. Ja aqui, o imperador Dom Joao VI criou o atual Jardim Botanico com a finalidade de promover a aclimatacao de plantas com potencial de cultivo no Brasil.
Assim, em 1809, quatro mudas de abacateiro da raca Antilhana provenientes do Jardim Botanico La Gabrielle da Guiana Francesa foram introduzidas no Brasil. Na decada de 1920, ocorreram duas novas introducoes de materiais provenientes da Florida. Esses materiais difundiram-se pelo Pais e, por meio de cruzamentos naturais, surgiram materiais promissores que foram identificados, clonados e estudados, originando, assim, as principais cultivares de abacate do Brasil.
As cultivares de abacateiro no Brasil sao classificadas em dois grupos distintos.
O primeiro e constituido pelas cultivares de Abacate Tropical, conhecidas como “abacate manteiga”. Possuem frutos grandes e alongados, de baixo teor de oleo, e sao adaptadas a regioes de clima tropical. As principais cultivares deste grupo sao as seguintes: Geada, Quintal, Fortuna, Margarida e Breda.
No segundo grupo, estao as cultivares de Abacate Subtropical ou Avocado.
Possuem frutos de tamanho pequeno a medio, casca enrugada e alto conteudo de oleo. Essas cultivares, entre as quais a principal e o Hass, sao adaptadas ao clima subtropical.
Achados arqueologicos evidenciam que, desde 500 a.C., o abacate ja era cultivado no Mexico, e seus frutos serviam tanto como alimento quanto como produto para trocas comerciais pelas populacoes nativas. Embora os povos locais tenham iniciado sua domesticacao, com a selecao de frutos em funcao do seu tamanho, o abacate ainda se mostrava uma fruta bastante distante daquela que conhecemos hoje. Apos o descobrimento da America, o abacate se dispersou para outros locais, despertando o interesse cientifico de especialistas em fruticultura, visando a domesticacao e ao aprimoramento dessa especie para sua utilizacao como cultura fruticola comercial.
Primeiros passos
1)O processo que transformou o abacate ate torna-lo a fruta que conhecemos nos tempos atuais seguiu tres etapas basicas: 1) estudo de populacoes de plantas propagadas por sementes para identificacao das plantas que apresentassem caracteristicas superiores desejaveis;
2) clonagem dessas plantas selecionadas para plantio e avaliacao em escala agronomica, visando obter cultivares;
3) desenvolvimento de praticas culturais para aumentar a produtividade das cultivares selecionadas.
Assim, as bases que alavancaram o aprimoramento cientifico do abacate foram o melhoramento genetico, as tecnologias de clonagem de plantas e as tecnologias agronomicas para aumentar a produtividade.
As flores do abacateiro sao hermafroditas, porem apresentam um desencontro na maturacao dos orgaos masculino e feminino, fazendo com que a fecundacao ocorra de forma cruzada, com o polen vindo de outra planta. Essa particularidade faz com que cada caroco de abacate resulte em uma planta distinta, com caracteristicas ineditas ate entao, e isso cria variabilidade de forma natural e facilita a obtencao de novas variedades, cabendo ao cientista identificar sua superioridade e fazer a clonagem.
Desenvolvendo cultivares
Dessa forma, as mais de 500 cultivares de abacate existentes no mundo surgiram, na sua maioria, como hibridos naturais.
Bons exemplos sao as cultivares Hass e Fuerte, que surgiram nos Estados Unidos e no Mexico, respectivamente, e atualmente dominam o mercado internacional, e as cultivares Geada, Quintal,Na decada de 1970, tanto o cultivo quanto o mercado do abacate no Brasil eram pouco expressivos, e evoluiram muito nesses 50 anos. As modernas tecnicas de propagacao e de cultivo protegido possibilitam a producao de mudas em estufas sobre bancadas suspensas e em substrato totalmente organico, com elevados padroes de sanidade, vigor e uniformidade.
A adocao de plantio mais adensado com irrigacao localizada e manejo de podas, diversificacao de variedades plantadas, aprimoramentos nas praticas de adubacao e nutricao das plantas, manejo integrado de pragas e doencas e manejo pos-colheita tambem sao avancos tecnologicos recentes, que resultam de ardua pesquisa cientifica e promovem aumento na producao, melhor qualidade dos frutos, extensao do periodo de oferta, melhor conservacao e transporte da producao ate locais mais distantes.
A mais recente contribuicao da ciencia foi o sequenciamento do genoma do abacate realizado em 2019. Essa pesquisa obteve importantes informacoes para a compreensao das funcoes dos genes e para uso na engenharia genetica, visando incrementar a produtividade, aumentar a resistencia a doencas e criar frutoscom novos sabores e texturas.
Desafios e perspectivas
Trabalhos inovadores de pesquisa estao expandindo as fronteiras da cultura do abacate no Brasil. A viabilizacao da producao de abacate no Semiarido
A selecao de cultivares com frutos de caracteristicas distintas quanto ao tamanho, formato e teor de oleo possibilitou atender as mais diversas exigencias e preferencias dos consumidores e nas serras do Nordeste representa novos desafios para a pesquisa, com boas perspectivas de sucesso nos empreendimentos que ja se iniciaram.
Os principais desafios da pesquisa em abacate estao relacionados ao aprimoramento dos sistemas de producao, visando aumentar a produtividade e a qualidade dos frutos, bem como melhorar a eficiencia na utilizacao do espaco fisico, da agua, dos nutrientes e demais insumos.
A pesquisa tambem busca obter novas cultivares com melhor adaptacao ao cultivo em condicões de estresse abiotico (frio, calor e restricao hidrica), alem de porta enxertos mais tolerantes a condicoes adversas de solo, como salinidade e presença de patogenos.