Pesquisador mostra que, por ser de simples manejo e possuir baixo custo de implantação e manutenção, a amora-preta é ideal para ser cultivada em pequenas propriedades do sul do país. O cultivo de frutas, no Brasil, é muito grande, principalmente de frutas tropicais, como a banana e a laranja. No entanto, devido à diversidade climática e à heterogeneidade de solos que o país possui, outros tipos de frutas estão ganhando cada vez mais espaço entre os fruticultores. Uma delas é a amora-preta, que tem apresentado sensível crescimento de área cultivada nos últimos anos no Rio Grande do Sul (principal produtor brasileiro), como mostra estudo realizado por Luís Eduardo Antunes, da Fazenda Experimental de Caldas, Minas Gerais. Segundo o pesquisador, em artigo publicado na edição de janeiro de 2002 da revista Ciência Rural, "a amoreira-preta é uma espécie arbustiva de porte ereto ou rasteiro, que produz frutos agregados, com cerca de 4 a 7 gramas, de coloração negra e sabor ácido a doce-ácido". É uma planta que geralmente apresenta espinhos e produz em ramos de ano, sendo eliminada após a colheita. "Enquanto alguns ramos estão produzindo, outras hastes emergem e crescem, renovando o material para a próxima produção", explica Antunes no artigo. Ainda segundo ele, a amoreira-preta desenvolve-se bem em solos drenados e medianamente ácidos: "o manejo das plantas é simples, devendo-se tomar maiores cuidado apenas com a adubação, o controle de invasoras, as podas de limpeza e desponte e, particularmente, com a colheita, devido à elevada sensibilidade das frutas". Sua floração ocorre, geralmente, entre setembro e novembro e a colheita costuma ir de dezembro a fevereiro, sendo realizada a cada dois ou três dias.
Além disso, a amora-preta é uma fruta altamente nutritiva. Ela é composta por 85% de água, 10% de carboidratos e por elevado conteúdo de minerais, vitaminas A e B e cálcio. De acordo com o pesquisador, "são atribuídas às frutas de amoreira-preta propriedades, como o controle de hemorragias em animais e seres humanos, o controle da pressão arterial e efeito sedativo, complexação com metais, função antioxidante, ação contra crescimento e alimentação de insetos".
No entanto, Antunes ressalta que a cultura da amora-preta se apresenta como opção dentro da agricultura familiar muito mais devido ao baixo custo de implantação, manutenção do pomar e, principalmente, à reduzida utilização de defensivos agrícolas. Ele explica, ainda, que o retorno da cultura é rápido, à medida que entra em produção já no segundo ano, possibilitando ao agricultor destinar sua produção ao mercado ’in natura’, à indústria de produtos lácteos e congelados ou à fabricação de geléias e doces caseiros. Além disso, a tecnologia de industrialização é simples e acessível.
Dessa forma, Luis Antunes procura mostrar que há grandes possibilidades de mercado para a produção de amora-preta no Brasil, principalmente nos estados do Sul, em São Paulo e no sul de Minas Gerais, regiões cujas condições climáticas favorecem o cultivo desse tipo de fruta. "A produção brasileira das principais espécies frutíferas de clima temperado é insuficiente para atender a demanda interna, gerando uma crescente necessidade de importação de frutas que podem ser produzidas no Brasil", observa no artigo.
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