terça-feira, 29 de setembro de 2015

Importancia Econômica do Açai



O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é nativo da Amazônia brasileira e o Estado do Pará é o principal centro de dispersão natural dessa palmácea. Populações espontâneas também são encontradas nos Estados do Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Tocantins; e em países da América do Sul (Venezuela, Colômbia, Equador, Suriname e Guiana) e da América Central (Panamá). No entanto, é na região do estuário do Rio Amazonas que se encontram as maiores e mais densas populações naturais dessa palmeira, adaptada às condições elevadas de temperatura, precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar.
O açaizeiro se destaca, entre os diversos recursos vegetais, pela sua abundância e por produzir, importante alimento para as populações locais, além de ser a principal fonte de matéria-prima para a agroindústria de palmito no Brasil. As maiores concentrações ocorrem em solos de várzeas e igapós, compondo ecossistemas de floresta natural ou em forma de maciços conhecidos como açaizais, com área estimada em 1 milhão de hectares.
Também ocorre em áreas de terra firme, principalmente quando localizadas próximas às várzeas e igapós.
A produção de frutos, que provinha quase que exclusivamente do extrativismo, a partir da década de 1990, passou a ser obtida, também, de açaizais nativos manejados e de cultivos implantados em áreas de várzea e de terra firme, localizadas em regiões com maior precipitação pluviométrica, em sistemas solteiros e consorciados, com e sem irrigação. Dados estatísticos comprovam que cerca de 80% da produção de frutos têm origem no extrativismo, enquanto os 20% restantes são provenientes de açaizais manejados e cultivados em várzea e terra firme.
Dos frutos do açaizeiro é extraído o vinho, polpa ou simplesmente açaí, como é conhecido na região. O açaí é habitualmente consumido com farinha de mandioca, associado ao peixe, camarão ou carne, sendo o alimento básico para as populações de origem ribeirinha. Com o açaí são fabricados sorvetes, licores, doces, néctares e geléias, podendo ser aproveitado, também, para a extração de corantes e antocianina. As mais recentes pesquisas mostram o novo organograma do aproveitamento do fruto do açaizeiro. O caroço corresponde a 85% do peso total, do qual a borra é utilizada na produção de cosméticos; as fibras em móveis, placas acústicas, xaxim, compensados, indústria automobilística, entre outros; os caroços limpos na industrialização de produtos A4, como na torrefação de café, panificação, extração de óleo comestível, fitoterápicos e ração animal, além de uso na geração de vapor, carvão vegetal e adubo orgânico. A polpa representa 15% e é aproveitada, de forma tradicional, no consumo alimentar, sorvetes e outros produtos derivados (Tinoco, 2005).
O interesse pela implementação da produção de frutos tem se dado pelo fato do açaí, antes destinado totalmente ao consumo local, ter conquistado novos mercados e se tornado em importante fonte de renda e de emprego. A venda de polpa congelada, para outros Estados brasileiros, vem aumentando significativamente com taxas anuais superiores a 30%, podendo chegar à cerca de 12 mil toneladas. As exportações de polpa ou na forma de mix, para outros países, ultrapassam a mil toneladas por ano.
O incremento das exportações vem provocando a escassez do produto e a elevação dos preços ao consumidor local, principalmente no período da entressafra, de janeiro a junho. O reflexo imediato da valorização do produto resultou na expansão de açaizais manejados, em áreas de várzeas, e estimulou a implantação de cultivos racionais em terra firme. Os dados mais recentes estimam em mais de 15 mil hectares de áreas manejadas e financiadas no Estado do Pará, gerando aproximadamente 2 mil empregos diretos. No agronegócio do açaí, no Pará, é estimado o envolvimento de 25 mil pessoas.
Embora o açaizeiro ocorra naturalmente em grandes concentrações em toda a região do estuário amazônico, a produção econômica de frutos é creditada, basicamente, às microrregiões homogêneas de Cametá (MRH 041), Furos de Breves (MRH 035) e Arari (MRH 036) que, ao longo dos últimos 10 anos, contribuíram com mais de 90% da produção estadual. Em termos de oferta de frutos, têm destacadas participações os Municípios de Cametá, Limoeiro do Ajuru, Abaetetuba, Igarapé-Miri, Ponta de Pedras e Mocajuba, responsáveis por cerca de 80% da produção paraense.
A produção anual de frutos se mantém por volta de 160 mil toneladas, mas é esperado sensível aumento quando as áreas de cultivo e de manejo apresentarem níveis satisfatórios de produtividade, estimados em 8 toneladas por hectare. Do total colhido, cerca de 20% é consumido pelas famílias no local de produção. O valor anual da produção de frutos de açaizeiro, no Estado do Pará, é de aproximadamente 66 milhões de reais.
Esta publicação reúne informações tecnológicas e socioeconômicas sobre os sistemas de cultivo, manejo, transporte, processamento e comercialização, com vistas ao incremento do desempenho do agronegócio, à melhoria da renda e da qualidade de vida dos agricultores e extrativistas envolvidos na exploração comercial do açaizeiro.


As cidades ribeirinhas, em geral, possuem economias frágeis e fracas, devido à dependência elevada de subsídios federais, maiores disponibilidade de emprego no setor público, baixa competência em oferecer serviços básicos, tais como acesso à infra-estrutura, educação e segurança pública, e predominância das atividades rurais que funcionam como parte de um sistema econômico informal (Guedes, Costa e Brondizio, 2009; Costa e Brondizio, 2009). Nesse contexto, se sobressai a economia do açaí. Como produto da floresta e base da alimentação do caboclo, o açaizeiro (Euterpe oleracea Mart) é uma palmeira típica da Amazônia, que ocorre espontaneamente nos estados do Pará, Amapá, Maranhão e leste do Amazonas. A palmeira do açaí tornou-se à base da economia de mais de 20 municípios paraenses, dentre eles o município de Ponta de Pedras. Brondízio (2006) aponta que a fruta do açaí é a fonte de renda mais importante para a grande maioria das unidades domésticas ribeirinhas, além de ser a base econômica de inúmeros municípios, podendo ser constatado através de algumas comunidades rurais do município de Ponta de Pedras, para os quais o açaí representa 64% da renda das unidades domésticas de produtos agrícolas (arroz, feijão e coco). É nesse sentido que essa pesquisa se insere, tendo como objetivo entender e analisar o perfil socioeconômico dos moradores do município de Ponta de Pedras, localizado na Ilha de Marajó, estado do Pará, Brasil, tendo como foco a importância da economia do açaí na geração de renda para essa população urbana. Essa pesquisa nos propiciou identificar e compreender o perfil socioeconômico dessa população, que ainda permanece ligada às tradições das comunidades ribeirinhas, à cultura de raízes e à produção agrícola e extrativista. Entretanto, se insere na urbanidade, motivada pela comercialização de um produto que ganhou o mercado global.





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